A Volkswagen anunciou a promoção de Cláudio Rawicz a Head de Comunicação da companhia. Ele substitui a Silene Chiconini, que deixou a companhia em agosto após dois anos à frente da área. Na fabricante automotiva desde agosto de 2023, Rawicz vinha atuando como gerente-executivo de Imprensa, Comunicação Digital e Heritage. Com a promoção, ele também fará parte do Comitê Executivo da Volkswagen do Brasil.
Jornalista com especialização em Comunicação Empresarial, teve passagens por Fiat Powertrain Technologies, Iveco, Renault e mais recentemente na Audi, onde foi reconhecido em 2021 pela Forbes como um dos dez melhores CMOs do Brasil.
Uma jovem repórter em ascensão, repleta de sonhos e ideais, desembarca “de mala e cuia” no coração da Amazônia. Seu objetivo: investigar e denunciar os mandos e desmandos que ameaçam a maior floresta tropical do mundo.
Mas sua aventura rapidamente é interrompida por uma ligação inesperada e um tanto quanto misteriosa. Do outro lado da linha, uma jornalista britânica mede suas palavras (que podem estar sendo monitoradas) e a convoca para partir imediatamente para o interior das Inglaterra e participar de um projeto que não só medirá forças com a maior potência do planeta como também mudará a história do jornalismo mundial.
Aventura, espionagem, romance, intrigas, prisões.
Roteiro de um filme? Não, mas bem que poderia ser.
Essa história, real, é o pano de fundo de O Vazamento, novo livro de memórias de Natalia Viana, fundadora e diretora da Agência Pública. Nele, ela narra sua participação no Cablegate, vazamento de telegramas diplomáticos dos Estados Unidos divulgado pelo WikiLeaks, de Julian Assange, que chacoalhou o mundo em 2010 e 2011.
Os dias de apreensão e expectativa em Ellingham Hall, QG do WikiLeaks no Reino Unido, o difícil trabalho de cooperação com algumas da principais publicações do mundo, a luta para ser ouvida em um ambiente tradicionalmente machista, a pressão estadunidense pela prisão de seus integrantes e até os impactos pessoais na vida da autora são retratadas em O Vazamento.
Em entrevista para a coluna J&Cia Livros e para este Portal dos Jornalistas, Natalia Viana fala, entre outros assuntos, sobre os desafios para a produção do livro, seus conflitos internos, a experiência de participar do Cablegate e o impacto que o WikiLeaks trouxe ao jornalismo e à democracia mundial. Confira:
Portal dos Jornalistas/J&Cia Livros – O Vazamento é um livro reportagem, de memórias ou um thriller?
Natália Viana – Confesso que, quando estava escrevendo, nem eu sabia direito. Eloah Pina, da Fósforo, editora que me acompanhou durante a produção do livro, classificou-o como um “thriller jornalístico”. A verdade é que foram mais de dez anos trabalhando nessa história e quando comecei, lá em 2013, escrevendo os primeiros capítulos, segui aquele padrão mais clássico do jornalismo, escrevendo em terceira pessoa. Mas depois acabei deixando de lado porque achei muito frio e pouco sincero. Como me envolvi muito com a história, se me afastasse dela não seria tão verdadeiro.
Mas eu tinha alguns dilemas na minha cabeça, principalmente porque jornalista não gosta de se expor, principalmente as suas relações pessoais, suas dúvidas e medos. E eu teria que abordar isso, até porque não tem como contar essa história sem falar do romance que tive com o Kris [N. da R.: Kristinn Hrafnsson, jornalista islandês que integrou a equipe do Cablegate] e o quanto isso impactou na minha maneira de enxergar e fazer jornalismo.
Meus hábitos mudaram, não consigo mais ficar em escritório. Virei uma pessoa muito mais internacional, que cobre temas que eu jamais imaginaria, como tecnologia, fora tudo o que impactou na criação da Agência Pública.
Então, para chegar a um formato ideal para o livro, procurei manter a respeitabilidade e a seriedade do jornalismo, até porque precisei fazer muita pesquisa e reportagem para produzi-lo, mas também ser mais sincera em relação à pessoa Natalia. No final, ele acabou sendo quase que uma autobiografia parcial do ano mais importante para a minha carreira. Um livro bom de ler, não só pra jornalista, mas que extravasa, que é dinâmico e prazeroso, quase como se fosse um filme.
PJ/J&Cia Livros – Você se inspirou em algum outro livro para chegar a esse formato?
Natália Viana – Sim. Já em Dano Colateral [N. da R.: livro dela lançado em 2021 pela Objetiva] eu tinha sido muito influenciada por A Republica das Milícias, de Bruno Paes Manso. Acho que é uma obra de muito impacto, porque ele se colocou dentro da narrativa, detalhando as suas apurações. Ao ler aquilo percebi que a gente vive uma era de heróis vazios, de influenciadores famosos, mas que não têm nada a dizer. Nunca pensei que o jornalista tinha que virar influenciador, mas acho que ele também precisa sair do pedestal de quem tem todo conhecimento e se abrir para se aproximar do público. Foi então que cheguei a esse modelo. Acho que a gente tem uma missão, de defender o jornalismo, senão ele vai acabar. A gente tem que convencer a sociedade de que o jornalismo é importante, de que vale a pena, e que os jornalistas sérios são pessoas de valor. Eu gostaria que outros jornalistas também fizessem isso.
PJ/J&Cia Livros – Você começa seu relato lembrando que estava em Alter do Chão (PA), onde pretendia dar um novo rumo para a sua carreira com foco na Floresta Amazônica, quando chegou o convite para integrar o time do WikiLeaks. Você já se perguntou como teria sido sua carreira se aquele convite inesperado não tivesse surgido?
Natalia – Naquela época eu queria ser como a Eliane Brum (risos). Eu provavelmente seria uma pessoa muito mais envolvida com o tema da floresta, mas acabei indo por outro caminho, que é o impacto da disrupção que a tecnologia traz para a democracia. Não era algo que eu esperava, mas que foi muito bom.
Natalia Viana durante sua curta moradia no Pará
PJ/J&Cia Livros – Em algum momento você cogitou não aceitá-lo?
Natalia – Por uns três segundos. Quando me ligaram fazendo o convite, mas não me informaram o que seria de fato, apenas que seria um projeto enorme, fiquei com uma cara meio estupefata, me questionando se deveria aceitar. Mas ao meu lado estava a também jornalista Natália Garcia, que na mesma hora me disse que esse tipo de convite a gente não recusa. Desde então nunca mais pensei duas vezes.
PJ/J&Cia Livros – Fazer jornalismo investigativo na Amazônia ou “peitar” o imperialismo americano. O que é mais perigoso?
Natalia – Os dois, infelizmente. Desde o período do WikiLeaks até hoje, o trabalho de jornalista ficou muito mais perigoso. Infelizmente, o jornalismo como um todo perdeu respeitabilidade social, poder político e financeiro, e com isso também perdeu influência em termos de participação na vida do público em geral. Atacar jornalista tornou-se uma arma política muito popular. Todos os líderes da extrema direita e alguns da extrema esquerda que são populistas atacam o jornalismo corriqueiramente e isso acaba se normalizando também na sociedade. Quantos repórteres não são atacados nas ruas quando estão fazendo alguma reportagem? Ficou muito mais perigoso e violento. Jornalistas sempre foram alvos, mas piorou muito. Não importa se estamos na rua, no meio da Amazônia ou questionando grandes poderes, hoje é muito mais difícil ser jornalista.
PJ/J&Cia Livros – Quase 15 anos depois, qual a análise que você faz sobre o impacto do WikiLeaks no jornalismo global?
Natalia – Foi muito grande em vários sentidos. O Cablegate assustou não só o governo dos Estados Unidos, mas o mundo inteiro, pois mostrou que a digitalização permitia não só o vazamento de informações em larga escala, mas uma verdadeira disrupção nas instituições tradicionais. Também inspirou muitos jovens a saírem às ruas e influenciarem a sociedade de maneira mais direta, como aconteceu nas revoluções do início de 2010.
No jornalismo ampliou a facilidade de incentivar o vazamento de dados. Se antes precisaríamos de uma pilha imensa de documentos, ocupando salas e mais salas, hoje tudo pode estar ao alcance de um clique. Foi o que aconteceu no Brasil, por exemplo, com a Vaza Jato, que mudou o rumo da política.
Além disso, o modelo de trabalho do Wikileaks trouxe diversos exemplos positivos ao inaugurar uma época de parceria entre redações, seja para trabalhar em cima do vazamento de informações ou como aconteceu aqui no Brasil na época da Covid, em que o governo deixou de ser uma fonte confiável de informações e vários veículos se uniram para coletar dados e publicar informações sobre a pandemia. Também trouxe um impacto interessante, especialmente em organizações pequenas, que foi a adoção do modelo de uma redação menos hierarquizada e mais colaborativa.
Enfim, foram muitas influências. Assange, mesmo não sendo jornalista, trouxe muitas novidades, encontrou caminhos e soluções interessantes para o jornalismo digital. Obviamente ele não é uma pessoa sem defeitos, mas foi um grande influenciador da atividade no Século 21.
PJ/J&Cia Livros – Você comenta em muitos momentos que Assange é uma pessoa muito centralizadora. Como isso impactou positiva e negativamente o Cablegate?
Natalia – Assange é uma pessoa genial, com ideias disruptivas e capaz de fazer uma intersecção entre tecnologia, comunicação e política como poucos. Foi uma pena ele ter ficado preso justamente durante as discussões em relação à regulamentação das big techs, porque ele teria sido uma voz muito importante nesse debate. Ele consegue trazer ideias e conceitos muito relevantes.
Por outro lado, é uma pessoa caótica, muito concentradora, micromanager, que compartimentaliza e é muito controladora, sem uma visão estratégica institucional, um pouco de propósito. Ele deixava claro que o WikiLeaks era uma instituição de vanguarda, que não queria ter um modelo de gestão clássica. Ele achava que isso poderia impactar no resultado, mas o que vemos é que hoje o WikiLeaks tem pouca influência, sendo que na época ele poderia ter criado uma redação global, indo por outros caminhos. Acho que foi uma oportunidade perdida.
Natalia Viana e Julian Assange no “QG” do WikiLeaks
PJ/J&Cia Livros – Você voltaria a trabalhar com ele?
Natalia – Voltaria. Não para ele, mas com ele, sim. Até pensei em visitá-lo depois que saiu da cadeia. Não sei como ele está, pois não falei com ele. No pronunciamento da ONU, ele disse que estava precisando se recuperar. Não sei como ele está e nem quais são seus planos, mas eu trabalharia com ele novamente, mas desta vez como parceiro, pois barbudo nenhum vai mandar na gente (risos).
PJ/J&Cia Livros – O machismo institucionalizado é mostrado em diversos momentos de O Vazamento, desde a falta de crédito pelo seu trabalho até a ausência de convites para eventos realizados aqui no Brasil e que privilegiaram seus pares internacionais do sexo masculino para falarem do caso, como ocorreu em um dos Congressos da Abraji. Se fosse um jornalista homem brasileiro a integrar a equipe do WikiLeaks, você acha que a repercussão e o relacionamento com a imprensa brasileira teria sido diferente?
Natalia – Acho que sim. E acho que se fosse de um veículo maior também seria. Imagina se quem tivesse trazido fosse o próprio Fernando Rodrigues, que foi o nosso parceiro aqui no Brasil pela Folha de S.Paulo, é obvio que ele estaria em todos os programas de tevê, iria abrir o Congresso da Abraji, escreveria um livro. A recepção da minha figura foi de desconfiança, depois de dúvida em relação ao meu trabalho e só depois veio o convencimento. Mas foi um caminho difícil, primeiro porque no começo eu estava sozinha. Depois veio a Marina, minha sócia na Pública, que trabalhou muito junto comigo.
Mas uma coisa que considero ter sido muito boa foi o trabalho com as editoras da Fósforo, que publicou meu livro. Com elas entendi que a angustia que sentia durante toda a operação do Cablegate era culpa do machismo institucional. Isso explica o motivo de, por ser mulher, você tem que muitas outras barreiras, mesmo estando com o maior furo da história nas suas mãos. Elas me ajudaram a entender isso.
Foi muito bom ter tido o apoio da editora para entender o que na verdade era estrutural e para entender quer tudo o que fazemos na Agencia Pública é para quebrar esse machismo estrutural, que já melhorou muito, mas não acabou. Um exemplo claro disso é o podcast que acabamos de lançar sobre o caso do Samuel Klein. Esta é uma história que acompanhamos há bastante tempo e logo que descobrimos, procuramos redações grandes para republicá-la, porém não tivemos nenhum espaço. A história até hoje não passou na televisão, sendo que ele usou a estrutura das Casas Bahia pra estuprar meninas por muitos anos. Eu entendo que quando um diretor de Redação vê uma história que é polêmica, ele busca um equilíbrio, mas quando é uma mulher que houve essa história, ela sabe que é algo que precisa ser divulgado. Isso deixa claro que até hoje o machismo estrutural tem influência no jornalismo. A gente não quer diversidade só por querer, mas porque há muitas histórias por aí que importam e que não estão sendo contadas.
PJ/J&Cia Livros – Você dedica três capítulos para falar sobre suas viagens pelo Caribe para levar os documentos do WikiLeaks para publicações locais em países como República Dominicana. Haiti e Jamaica. Tudo isso foi documentado em vídeo por Eliza Capai, um material que resultaria em um documentário que nunca saiu do papel. O que aconteceu?
Natalia – Era uma proposta do WikiLeaks que acabou sendo abandonada. Foi uma das minhas grandes tristezas, porque foi uma história que poderia ter ajudado muitas pessoas, mas que não teve um desfecho. Esses documentos trouxeram grandes esperanças, pois revelavam relações de poder que nunca tinham vindo a público, mas infelizmente o projeto não foi pra frente.
PJ/J&Cia Livros – Hoje, em um novo momento de sua carreira, bem mais estabelecida e à frente de um dos principais veículos independentes do Brasil, você toparia passar por tudo isso novamente? Em que moldes?
Natalia – Toparia sem a menor dúvida, exatamente do jeito que aconteceu. Uma experiência como essas é muito importante. Apesar do Assange ter uma personalidade difícil, desorganizada em alguns aspectos, e dos erros de segurança, o nosso compromisso com o jornalismo era inquebrantável. Era um grupo muito comprometido e isso supera qualquer coisa. Se fosse eu a comandar, seria mais organizado. Te prometo. (risos)
Sobre Natalia Viana – Co-fundadora e diretora executiva da Agência Pública, Natalia Viana é autora e co-autora de outros cinco livros-reportagem, entre eles Dano Colateral (Objetiva), sobre civis mortos pelo Exército. Uma das mais premiadas jornalistas do Brasil, acumula ao longo de sua carreira importantes reconhecimentos, entre eles os prêmios Gabo, Direitos Humanos de Jornalismo, Vladimir Herzog, Comunique-se, Troféu Mulher Imprensa e Ortega y Gasset. Bolsista da Fundação Nieman, em Harvard, é membro do Conselho assessor do Centro para a Integridade de Mídia da OEA.
Em uma iniciativa voltada para fomentar a modernização do setor de radiodifusão em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas anunciou em 3/12 a criação da Desenvolve Radiodifusão. Essa linha de crédito especial, administrada pela Desenvolve SP, destina-se a incentivar a aquisição de equipamentos, investimentos em inovação e sustentabilidade nas emissoras de rádio e televisão. Com operações de crédito de até R$ 30 milhões por projeto, o programa dispõe de um aporte total de R$ 200 milhões.
O anúncio ocorreu durante a inauguração do Estúdio Aesp, promovido pela Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo. A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades, como Jorge Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico; Lais Vita, secretária de Comunicação; Ricardo Brito, presidente da Desenvolve SP; e Luiz Arthur Valverde Rodrigues Abi Chedid, presidente da Aesp.
Tarcísio de Freitas destacou a relevância do programa no contexto de transição tecnológica enfrentado pela radiodifusão: “As linhas da Desenvolve SP são cruciais para viabilizar o ingresso da TV digital 3.0, a conversão de rádios AM para FM e a sustentabilidade por meio da energia fotovoltaica. Queremos facilitar esse processo de modernização e inovação”.
A linha de crédito é direcionada a empresas com faturamento anual de até R$ 300 milhões, que estejam em dia com suas obrigações fiscais. Estima-se que cerca de 6.224 empresas de rádio e televisão no Brasil atendam a esses critérios, sendo São Paulo o maior mercado de radiodifusão do País, com um número significativo de emissoras elegíveis.
Para Ricardo Brito, presidente da Desenvolve SP, o programa é estratégico para o futuro do setor: “Radiodifusão é essencial: ela informa, democratiza e promove o desenvolvimento. Essa iniciativa reflete nosso compromisso em modernizar o setor no estado de São Paulo”.
O governador Tarcísio de Freitas anuncia a linha de crédito
A Desenvolve Radiodifusão oferece financiamento para uma ampla gama de projetos, incluindo:
Desenvolvimento da TV 3.0;
Conversão de rádios AM para FM;
Implantação de energia fotovoltaica;
Aquisição de máquinas e equipamentos novos;
Compra de software e serviços correlatos;
Equipamentos de informática;
Serviços técnicos especializados;
Obras civis associadas aos projetos.
O programa apresenta condições diferenciadas, com taxas de juros atrativas, a partir de 7,18% ao ano + IPCA para projetos de investimento e aquisição de equipamentos, ou 4,23% ao ano + TR para iniciativas de inovação. Os prazos de financiamento variam conforme o tipo de projeto:
Até 120 meses para investimentos;
Até 96 meses para inovação;
Até 60 meses para aquisição de máquinas e equipamentos.
As emissoras interessadas devem submeter seus projetos detalhados pelo site www.desenvolvesp.com.br. O processo é 100% online e requer informações financeiras e operacionais detalhadas para análise.
A Desenvolve Radiodifusão representa um marco para o setor de radiodifusão em São Paulo, possibilitando que emissoras ampliem sua competitividade por meio de avanços tecnológicos e sustentabilidade. A medida alinha-se à crescente demanda por inovação, ao mesmo tempo em que promove o fortalecimento do mercado de comunicação no estado.
Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.
Álvaro Bufarah
(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.
O alagoano de Tanque D’Arca Audálio Dantas (1929-2018), que marcou época na Folha de S.Paulo e na extinta revista Realidade, escrevia e fotografava muito bem. Escreveu de tudo ou de um tudo como costumava dizer. Cobriu o lançamento do livro Grande Sertão: Veredas numa livraria do centro da Capital paulista, em 1956. Tentou entrevistar o autor, Guimarães Rosa, mas “ele estava mais interessado em paquerar uma jovem admiradora e não falar com repórter”, lembrou rindo.
Audálio Dantas
Escreveu e publicou vários livros. Também participou de coletâneas como Corpos: Contos Eróticos, 2001. Esse livro se inicia com um conto seu intitulado Sob o Sol da Manhã.
É a história de um homem e de uma mulher se masturbando, sem que ela o veja no seu ato de prazer solitário.
Ela, uma dondoca, tomando banho numa banheira de seu apartamento, e ele, um limpador de vidraças, pendurado num banquinho a muitos metros do chão.
Nesse livro também há textos de Fernando Bonassi, Mouzar Benedito, Moacyr Scliar e outros.
O autor de Grande Sertão: Veredas gostava muito de abordar essa temática. Exemplo disso são os personagens Riobaldo e Diadorim e raparigas que alegram os machos do romance.
A identidade feminina de Diadorim só é descoberta quando morre, com o corpo cheio de balas durante um tiroteio entre jagunços.
Bom de se ler e também cheio de erotismo é o livro Corpo de Baile, especialmente o último conto, intitulado Buriti.
E quem não leu ainda é tempo de ler A Hora e Vez de Augusto Matraga. O protagonista é do tipo pernóstico, prepotente e que judia de todo mundo. Provoca brigas e é chegado a tomar a mulher dos outros. Uma hora cai em desgraça, é quando a porca torce o rabo. A mulher dele vai-se embora com outro e a filha Mimita cai na vida. Virou filme com trilha sonora de Vandré.
A Hora e Vez de Augusto Matraga é o último dos nove contos que encerra o livro Sagarana, o primeiro de Rosa, publicado em 1946.
O penúltimo conto de Sagarana é Conversa de Bois.
Conversa de Bois foi originalmente escrito em 1937 e incluído num livro de contos apresentado no concurso literário Humberto de Campos, em 1938. Ficou em segundo lugar, perdendo apenas por um voto para Luís Jardim.
O conto Conversa de Bois é uma história do tempo em que bichos falavam.
O carreiro da história, Agenor Soronho, é um cara chato, brabo, metido a besta e amante da mulher de um amigo seu, que morre lascado e cego. O corpo é transportado num carro de boi carregado de rapadura. O guia do carro é um menino, um pedacinho de gente como diz o autor, chamado Tiãozinho. Tinha ali uns 9 ou 10 anos. Estava triste, pois sobre o carregamento de rapadura achava-se o corpo de seu pai, Jenuário.
Os bois à frente do carro, Buscapé e Namorado, captam a tristeza de Tiãozinho, que consigo mesmo matuta: se eu fosse grande, eu vingaria meu pai…
Era comum antigamente dar-se nome aos bois. No caso aqui, os bois tocados por Agenor tinham por nome Capitão e Brabagato, Dançador e Brilhante, Realejo e Canindé, além dos dois primeiros já citados.
E desse conto não vou dizer o final. Nem amarrado!
O que posso dizer, e que pouca gente sabe, é que Guimarães Rosa chegou a escrever e a publicar histórias com contexto policial. Mais: também chegou a escrever e a publicar em jornais poemas com rima e tudo mais. Aliás, o compositor Téo Azevedo chegou até a musicar alguns poemas de Rosa espalhados na sua rica bibliografia.
Poderíamos até dizer que a prosa de Rosa é pura poesia, certo?
Bom, não custa lembrar que Audálio foi conterrâneo do escritor Graciliano Ramos e sobre ele publicou dois livros: A Infância de Graciliano Ramos (2011) e O Chão de Graciliano (2007), feito em parceria com o fotógrafo Tiago Santana.
Graciliano escreveu pouco sobre temas eróticos. Pouco, mas não tão pouco assim.
Os seus três primeiros romances foram Caetés (1933), São Bernardo (1934) e Angústia (1936).
No primeiro, um empregado se apaixona pela mulher do patrão. Termina em sangue.
No segundo, que também termina em sangue, o protagonista é um menino adotado por uma doceira. Cresce e conhece uma jovem com quem passa a ter relações. Surge na parada um Ricardão, que cai nas graças da moçoila. Nervoso, o protagonista comete o primeiro crime e vai parar na cadeia. Ao sair, vira uma espécie de “coroné” prepotente e coisa e tal. Ao casar-se, quer dominar a esposa, mas não consegue. O ciúme o corrói. Ao fim e ao cabo, a mulher se suicida.
No terceiro livro, Angústia, o personagem central, Luís da Silva, um pobre diabo, apaixona-se pela vizinha Marina. Chega a noivar, mas aí entra na história um bambambã bonitão e cheio de grana… Luís entra em desespero ao flagrar a sua amada com o rival. Num segundo, agiganta-se e devorado pelo ciúme dá fim ao adversário. E pronto.
Estão abertas até 31/1 de 2025 as inscrições para a Categoria Estudante do 6º Edital de Jornalismo de Educação. Promovido pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca), o edital valoriza e reconhece Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) de estudantes de Jornalismo com temáticas relacionadas à educação, realizados em 2024, 2023 e 2022.
Podem ser submetidos diferentes tipos de produtos, como reportagens, documentários, podcasts, monografias, entre outros, desde que respeitem o formato comunicacional. O primeiro lugar receberá R$ 3 mil, enquanto o segundo e o terceiro colocados receberão, respectivamente, R$ 2 mil e R$ 1 mil.
Os TCCs podem ser individuais, em dupla ou em grupo. Nos dois últimos casos, o valor do prêmio permanecerá o mesmo, e a inscrição do trabalho deve ser feita por um representante. O resultado será divulgado até 28 de março de 2025.
O SBT confirmou nesta quarta-feira (4/12) a contratação de José Luiz Datena como novo apresentador da emissora. Na última semana, ele e a Bandeirantes decidiram não renovar o contrato, que se encerrou em 30 de novembro. A partir da próxima segunda-feira (9/12), Datena comandará o programa Tá na Hora no SBT, enquanto Marcão do Povo, atual apresentador, assumirá parte da apresentação do Primeiro Impacto.
Sobre o novo desafio, Datena expressou entusiasmo: “Vir para o SBT é cumprir o meu sonho de trabalhar na casa que foi montada pelo maior apresentador de todos os tempos. Silvio Santos foi e sempre será o meu ídolo e a minha referência”.
Natural de Ribeirão Preto, Datena começou sua carreira no rádio como locutor esportivo até migrar para a televisão, onde se destacou e conquistou prêmios como o Vladimir Herzog de Direitos Humanos. Em 1989 entrou na Rede Bandeirantes como repórter esportivo e, em 1996, ganhou fama na Record TV comandando programas policiais. Ao longo da carreira, também passou pela RedeTV! e retornou à Record e Band, onde permaneceu até junho de 2024.
A Rede de Jornalistas e Comunicadores de Ciências (RedeComCiência) oferece o curso de imersão Popularização da Ciência: os múltiplos atores sociais da comunicação de ciências. Online e presencial, na próxima terça-feira (10/12), das 8h às 16 horas. Presencial será no auditório da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), no Rio de Janeiro (rua General Severiano, 90, em Botafogo). Para as duas modalidades, inscrições aqui.
No encontro, especialistas discutirão a situação atual do jornalismo e da divulgação científica, e as perspectivas da área. Entre os palestrantes, estão Cristiane d’Avila e Elisa Andries. A RedeComCiência é uma comunidade de profissionais de jornalismo de ciência e divulgação científica no Brasil, e este ano celebra cinco anos de fundação
O Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) divulgou os vencedores da quinta edição do Prêmio IREE de Jornalismo, que reconhece trabalhos jornalísticos sobre a importância e o fortalecimento da democracia.
São três categorias: Principal, que concederá R$ 50 mil para o vencedor; Política, e Economia e Negócios, que premiarão cada uma seus respectivos vencedores com R$ 30 mil.
O Prêmio Principal foi concedido a Marcelo Godoy, Heitor Mazzoco e Rayanderson (O Estado de S. Paulo) pela série de reportagens sobre a infiltração de organizações criminosas em negócios públicos.
Na categoria Política, ganhou a série de reportagens de Thiago Bronzatto, Dimitrius Dantas e Patrik Camporez (O Globo), que mostra a espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Bolsonaro, incluindo políticos, jornalistas e servidores públicos.
Já em Economia e Negócios o vencedor foi Luiz Vassallo (Metrópoles), por investigar o desconto indevido de R$ 2 bilhões de aposentados por entidades conveniadas ao INSS.
A Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (Aceesp) anunciou os vencedores do 41º Troféu Aceesp, que reconhece o trabalho do jornalismo esportivo. A cerimônia de premiação foi realizada em 2/12, no Auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol.
Confira a lista dos vencedores:
TV (Aberta e fechada)
Narrador (a):Everaldo Marques (TV Globo/SporTV)
Comentarista:Alexandre Lozetti (TV Globo/SporTV)
Repórter: Eduardo Affonso (Canais ESPN)
Apresentador (a):Renata Fan (TV Bandeirantes)
Rádio
Narrador (a):Oscar Ulisses (Rádio CBN)
Comentarista: Raphael Prates (Rádio CBN)
Repórter: Alinne Fanelli (Rádio BandNews FM)
Apresentador (a):João Paulo Cappellanes (Rádio Bandeirantes)
Mídia Digital/Online
Melhor veículo: Portal UOL Esportes
Melhor profissional do ano: André Hernan (Canal do André Hernan)
Opinião – Mídia Escrita (Impresa ou Digital)
Melhor colunista: PVC (Portal UOL Esporte)
Interior
Rádio: Rádio CBN (Ribeirão Preto)
TV: EPTV (Ribeirão Preto) e Thathi TV (Ribeirão Preto) – empate
Jornal/site: A Cidade ON (Ribeirão Preto)
Litoral
Rádio: Rádio Caraguá FM
TV: TV Tribuna (Santos)
Jornal/site: A Tribuna de Santos
Ex-atletas
Melhor profissional do ano: Neto (TV Bandeirantes)
Assessoria de Imprensa
Melhor profissional do ano: Felipe Espíndola (São Paulo Futebol Clube)
Troféu Ely Coimbra – Pedro Bassan (TV Globo) Honra ao Mérito – Waldo Braga e Júlio Deslbosque
Melhor matéria escrita (mídia impressa ou plataformas online) – Danilo Sardinha (Globo Esporte.Com), pela reportagem Conheça a bola criada por crianças que virou sinônimo de esperança em campo de refugiados na África
Melhor imagem do Esporte em 2022 – Mathilde Missioneiro (Folhapress), com foto de Rebeca Andrade comemorando a medalha de prata na final de salto, em Paris-24, com a bandeira do Brasil em formato de coração
O GTI, que visa formular políticas públicas para promover a igualdade racial no campo da comunicação, falhou em não incluir de forma transparente e reconhecida as ações e contribuições da Articulação pela Mídia Negra, um grupo que desempenhou papel fundamental na sua concepção.
“Essa é uma ação de incidência estratégica, resultado de intensos tensionamentos e de muita pressão para que pudesse se concretizar”, explica Marcelle Chagas, CEO e fundadora da Rede JP – Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação. “O que mais preocupa, no entanto, é o constante apagamento de lideranças negras, que são fundamentais para promover mudanças reais. Que este marco seja um ponto de partida para avanços significativos e para a criação de legislações capazes de transformar os rumos do país rumo a uma democracia verdadeiramente inclusiva”.
Marcelle Chagas, fundadora da Rede JP e integrante da Articulação pela Mídia Negra
A Articulação pela Mídia Negra é composta por 55 organizações lideradas por jornalistas e comunicadores de grupos sub-representados de todo o Brasil, entre veículos, empresas de comunicação, entidades e coletivos de produção e difusão de notícias que dizem respeito à comunidade negra e à promoção da igualdade racial na mídia.
A Articulação nasceu em novembro de 2022 com missão específica: fomentar a elaboração de políticas públicas voltadas à igualdade racial na mídia.
A primeira campanha eleitoral de Donald Trump nos EUA, em 2016, evidenciou novamente o impacto devastador da desinformação e da polarização digital. Essa fórmula, já conhecida como um “modelo de sucesso” em campanhas políticas, precisa ser urgentemente enfrentada.
A comunicação antirracista é essencial para garantir a integridade da informação. De acordo com a UNESCO, é fundamental que os meios de comunicação combatam narrativas discriminatórias e amplifiquem as vozes de comunidades marginalizadas, promovendo representações diversas e equitativas. Esse compromisso fortalece a liberdade de expressão, combate a desinformação e contribui para sociedades mais justas, onde a diversidade cultural e racial é respeitada e valorizada como pilar da democracia.
Antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representantes da Articulação pela Mídia Negra já se reuniam com a equipe de transição do futuro governo, em dezembro de 2022, para falar da importância das políticas de comunicação pela igualdade racial e chamar a atenção do governo em relação à interferência das fake news na comunicação e no processo democrático do país.
Em 9 de março de 2023, a Articulação enviou um ofício ao gabinete da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República solicitando uma reunião com o ministro-chefe Paulo Pimenta. O pedido foi feito reiteradamente mais de uma vez. Infelizmente, a solicitação nunca foi atendida.
Em 11 de julho de 2023, a Articulação pela Mídia Negra foi a Brasília e entregou à Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), em reunião ocorrida na sede do Ministério das Comunicações com a presença de representantes do Ministério da Igualdade Racial, Secretaria de Comunicação, Ministério das Comunicações, Ministério da Cultura, dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, EBC e Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro, um documento com 59 reivindicações, formuladas após consultas com jornalistas, comunicadores, pesquisadores e lideranças, para fomentar e incentivar a produção e difusão de notícias relevantes para comunidades negras, periféricas e indígenas. Na ocasião, a Articulação destacou a urgência em promover uma comunicação antirracista e combater a desinformação e o discurso de ódio na sociedade brasileira. No dia seguinte, em 12 de julho, a Articulação foi recebida pela Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a quem entregou também as reivindicações.
Colaboramos estreitamente com o Governo Federal durante meses, com esforço custeado através dos nossos próprios recursos, para a construção de políticas públicas antirracistas. Com o apoio e a participação de organizações históricas e um esforço coordenado, reivindicamos a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial com a participação da sociedade civil. Havíamos também ressaltado para o governo federal a importância da diversidade nas reuniões de imprensa no Governo Lula.
Como resultado de toda essa articulação com o Governo Federal, em 20 de novembro de 2023, Dia da Consciência Negra, o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto nº 11.787, instituindo o Grupo de Trabalho Interministerial Comunicação Antirracista, com a finalidade de elaborar proposta do Plano Nacional de Comunicação Antirracista.
Neste dia, o Governo Federal, por meio da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e do Ministério da Igualdade Racial, deu início à consulta pública para ouvir a sociedade civil para reunir subsídios para a elaboração do Plano Nacional de Comunicação Antirracista.
No dia 13 de setembro de 2024, a Articulação pela Mídia Negra lançou o Relatório de Impacto como um marco na luta pela democratização na comunicação e referência para o desenvolvimento de políticas públicas que fortalecem a democracia e criam um ecossistema informativo mais inclusivo e diverso no Brasil.
Falta de Transparência e Apagamento
Desde a criação do GTI, têm-se observado diversos problemas relacionados à transparência na tomada de decisões e na elaboração de ações. Entre os principais pontos de preocupação, destacam-se:
Falta de comunicação: o GTI tem falhado em fornecer informações claras e acessíveis sobre os processos de decisão e a implementação de ações, limitando a participação das organizações da sociedade civil;
Apagamento da Ação da Articulação pela Mídia Negra: a Articulação pela Mídia Negra foi uma das principais forças motrizes por trás da criação do GTI, lutando incansavelmente para garantir que as questões de desigualdade racial fossem adequadamente abordadas. No entanto, nota-se que desde as primeiras comunicações do GTI até seu estabelecimento formal, a contribuição da Articulação pela Mídia Negra tem sido sistematicamente apagada.
Os seguintes aspectos ilustram este apagamento:
Falta de reconhecimento: apesar do papel crucial desempenhado pela Articulação, não houve reconhecimento público ou formal de sua contribuição para a criação do GTI. Lembrando que a Articulação é formada por grupos históricos de diversas localidades do país reconhecidos na luta antirracista;
Marginalização em relatórios e documentos: a presença da Articulação nas discussões e formulações políticas do GTI não é adequadamente refletida em documentos oficiais e relatórios de progresso.
Impacto e Consequências
A falta de transparência e o apagamento da Articulação pela Mídia Negra têm sérias implicações para a eficácia e a legitimidade do GTI:
Perda de confiança: a falta de inclusão e transparência compromete a confiança entre o GTI e as organizações da sociedade civil, especialmente aquelas que representam comunidades marginalizadas;
Políticas desconectadas da realidade: sem a contribuição ativa de grupos como a Articulação pela Mídia Negra, as políticas formuladas pelo GTI correm o risco de não refletirem as necessidades e realidades das populações mais afetadas. A Articulação entregou um material rico que compôs iniciativas passadas, como a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom);
Atraso no material: A exclusão de atores-chave envolvidos na concepção da ação prejudicou a capacidade do GTI de formular estratégias eficazes, colaborativas e inclusivas. Essa limitação foi agravada pela dificuldade do governo em articular um fluxo de trabalho capaz de integrar as demandas da sociedade civil, o que resultou no atraso na finalização do material do plano e comprometeu o alinhamento necessário para a execução plena da iniciativa.
Recomendações
Para restaurar a confiança e garantir a eficácia do GTI, recomenda-se:
Reintegração e reconhecimento da Articulação pela Mídia Negra: o GTI deve reconhecer publicamente o papel da Articulação e garantir sua inclusão nos processos decisórios, tendo em vista o processo sistemático e histórico de apagamento da população negra. Reconhecer os processos históricos é fundamental neste momento. Pela primeira vez na história, um grupo significativo de líderes e intelectuais negros alcançou uma expressiva incidência política e social, consolidando um marco na luta pela equidade e pela amplificação das vozes negras em espaços de decisão e poder. Apagar essa conquista é perpetuar erros historicamente cometidos, silenciando trajetórias de resistência e protagonismo. Mais do que um avanço, este momento representa o fortalecimento de uma luta coletiva por justiça, inclusão e transformação social, cujo impacto será decisivo para as próximas gerações;
Adoção de práticas transparentes: é fundamental que o GTI adote práticas de transparência, comunicando claramente suas decisões e ações às partes interessadas;
Criação de mecanismos de participação: estabelecer mecanismos formais de participação de organizações da sociedade civil, garantindo a democratização de acesso às representações de todas as populações, principalmente as sub-representadas.
Conclusão
A falta de transparência e o apagamento das contribuições da Articulação pela Mídia Negra na construção do GTI são questões que devem ser abordadas de forma urgente. Para que o GTI cumpra seu objetivo de promover a igualdade racial na comunicação é essencial que suas ações sejam inclusivas, transparentes e reconheçam devidamente as contribuições daqueles que têm lutado na linha de frente dessas questões.
O momento atual exige responsabilidade e compromisso. É essencial permanecermos vigilantes e empenhados na construção de um ambiente informativo mais justo, plural e transparente — pilares indispensáveis para a consolidação da democracia no Brasil. A luta por uma comunicação verdadeiramente antirracista e inclusiva é contínua e essencial para a preservação da democracia. E dela, não abriremos mão.