O repórter Luiz Maklouf Carvalho morreu no sábado (16/5), aos 63 anos, em São Paulo, de câncer de pulmão. No Estadão desde 2016, teve passagens por Resistência, Movimento, Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil e Jornal da Tarde, além das revistas Época e piauí.
Nascido em Belém, Maklouf formou-se em Direito pela Universidade Federal do Pará. Morava em São Paulo desde 1983. É autor de obras como Mulheres que foram à luta armada e Já vi esse filme: reportagens e polêmicas sobre Lula e o PT (1984-2005), títulos que lhe renderam dois prêmios Jabuti. Seu livro mais recente, lançado ano passado, é O cadete e o capitão: a vida de Jair Bolsonaro no quartel, que conta como o atual presidente trocou a carreira militar pela política.
Ederaldo Kosa, sócio da Linhas Comunicação, apresenta nesta quinta-feira (21/5), das 15h às 17h, o webinarComunicação e fake news em tempos de pandemia, que debaterá o compartilhamento de informações falsas durante a crise de saúde global e suas consequências de curto a longo prazos.
O evento também analisará a concorrência que o jornalismo profissional vem enfrentando com influenciadores e social media, além de fornecer dicas sobre como identificar fake news e a veracidade de informações. O foco são empresários e profissionais de bares e restaurantes, um dos setores mais afetados pela pandemia.
“Ninguém escapa das fake news”, afirma Ederaldo. “A própria OMS já advertiu para o problema, que pode matar assim como o vírus. Desinformação, em saúde, pode levar à morte. Na economia, pode levar a decisões erradas. Mesmo entre empresários é comum observar compartilhamentos de mentiras. A imensa maioria não faz por mal, mas porque a ideia de uma mensagem às vezes vai ao encontro da sua ou simplesmente porque não a pessoa não quer checar antes a informação”.
O webinar contará com a presença de Lúcio Mesquita, consultor de comunicação que mora no reino Unido há mais de 30 anos e que teve passagens por Estadão e Jovem Pan antes de chegar à BBC, onde atuou por cerca de 25 anos. Para receber o link do evento, é preciso enviar um e-mail para comunicao@anrbrasil.org.
Clarissa Oliveira (Band TV) foi agredida no último domingo (17/5) por uma manifestante bolsonarista, durante o ato pró-governo realizado em frente ao Palácio do Planalto. A agressora acertou a cabeça da repórter com a bandeira do Brasil enquanto a balançava, criticando a imprensa e chamando os jornalistas de “lixo”. Logo depois do ocorrido, a manifestante desculpou-se com Clarissa, mas sorrindo.
A repórter da Band TV contou que se preparava para uma entrada ao vivo, mas um problema técnico a obrigou a sair do ar por alguns minutos. Foi nesse momento que a manifestante a agrediu. Clarissa relatou o episódio e declarou que, “logo em seguida, ela se desculpou, meio aos risos. Mas tive também a solidariedade de outros manifestantes que vieram me perguntar se estava tudo bem. A bandeirada não foi forte. Tudo segue aqui. Seguimos trabalhando normalmente”. A repórter fez um boletim de ocorrência numa delegacia em Brasília.
O ocorrido ganhou enorme repercussão negativa nas redes sociais. O ministro do STF Alexandre de Morais escreveu que “é absolutamente inadmissível que uma repórter, exercendo sua profissão, seja covardemente agredida por uma manifestante radical, que jamais saberá o real significado do direito de livre manifestação e da imprensa livre, um dos sustentáculos da democracia”.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) iniciou na sexta-feira (15/5) uma pesquisa sobre os profissionais de imprensa contaminados pelo novo coronavírus, com o objetivo de obter números oficiais e mapear o real quadro de infectados na categoria.
A entidade enviou a pesquisa aos sindicatos de jornalistas de todo o País, e pede para que o formulário chegue até todas as redações, para abranger o maior número possível de profissionais e obter dados próximos aos reais. Maria José Braga, presidenta da Fenaj, declarou que a convocação para que os jornalistas respondam o formulário é “para acompanhar a evolução da doença entre a categoria, num cenário de subnotificação e, com isso, readequar a ação sindical sempre que for necessário”.
O curso de Jornalismo da ESPM promove nesta quarta-feira (20/5), das 10h às 11h30, o webinarA pandemia e o fortalecimento do telejornalismo, que discute os novos modos de produção e circulação de notícias à distância, durante a quarentena.
O evento, gratuito, receberá Silvana Requena, editora executiva do SPTV – 2ª edição, e Rodrigo Hornhardt, chefe de Redação do SBT. As mediadoras serão as professoras Maria Elisabete Antonioli e Heidy Vargas. Inscreva-se!
A Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) realiza na terça-feira (26/5), às 18h, a liveA crise do coronavírus e a comunicação, que discutirá os impactos da pandemia nas agências e o que é preciso fazer em tempos de crise.
A live será realizada pelo Google Hangout, com apresentação do presidente-executivo Carlos Henrique Carvalho, que entrevistará a consultora Rosângela dos Santos, responsável por gerenciar a crise da Samarco após o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais. Ela vai falar sobre a experiência e contar como foi fazer a comunicação de crise em uma empresa que ficou com as atividades suspensas e elaborar um plano estratégico de reconstrução da marca e sua reputação, temas extremamente relevantes em meio à crise gerada pelo coronavírus. Não perca!
O Jornal Nacional mudou seu cenário para homenagear as vítimas do novo coronavírus. Na última quinta-feira (14/5), durante a exibição do telejornal, o apresentador William Bonner anunciou que o cenário da atração passaria a exibir os rostos das vítimas de Covid-19, e não mais o desenho do vírus, que aparecia até então.
O apresentador declarou que, “a partir de hoje, aquela imagem do inimigo número um vai sair do nosso painel. Em todos os momentos que o Jornal Nacional estiver tratando da pandemia, vão estar lá atrás os rostos de brasileiros que ela nos tirou. Esses sorrisos e olhares dos brasileiros que nós perdemos podem ajudar a fortalecer a mensagem que importa de verdade: a necessidade de proteger vidas”. A mudança foi muito repercutida e elogiada nas redes sociais.
O jornal cearense O Povo lançou o projeto O Povo Mais (OP+), plataforma multistreaming que oferece um amplo acervo de conteúdo, como séries e documentários, reportagens especiais, podcasts, cursos, palestras, livros e colunistas. Os assinantes do jornal já têm acesso à plataforma.
O OP+ tem as categorias Reportagens Especiais, Jornal & Colunistas, Livros Digitais, Séries & Docs, Cursos & Palestras e Podcasts. Novas editorias serão adicionais em breve. Filipe Dummar, head de Estratégia Digital de O Povo, diz que o projeto visa a “oferecer uma nova maneira de fazer e consumir informação, trabalhando diferentes linguagens e oferecendo narrativas plurais aos nossos assinantes”.
Para acessar a plataforma, basta acessar o site do OP+ e usar o mesmo login e senha que dão acesso ao conteúdo exclusivo do jornal. A assinatura custa R$ 1,99 nos primeiros três meses (promoção por tempo limitado).
O Roda Viva (TV Cultura) recebe nesta segunda-feira (18/5), às 22h, o youtuber Felipe Neto, uma das figuras mais populares da internet nos dias de hoje, com cerca de 37 milhões de inscritos em seu canal. Com apresentação de Vera Magalhães, o programa irá ao ar na TV, no site da emissora, Twitter, Facebook, YouTube e LinkedIn.
Felipe fundou a empresa Paramaker, que gerencia aproximadamente cinco mil outros canais no YouTube. Ele falará sobre influência digital e a pandemia do novo coronavírus e seus impactos na comunicação. Crítico assíduo do governo Bolsonaro, também opinará sobre a situação política do País. Em 9/5, Felipe publicou um “vídeo-carta aberta” para todos os artistas e influenciadores do Brasil, destacando o fim da tolerância com aqueles que não usam sua influência nas redes sociais para posicionar-se politicamente diante do cenário político atual.
A banca de entrevistadores será formada por Maria Claudia Almeida, head de comunicação do Twitter; Rachel Sheherazade, âncora do telejornal SBT Brasil; a jornalista e escritora Mariliz Pereira Jorge; Edgard Piccoli, apresentador e radialista; e Carol Pires, correspondente do NYT e colunista da revista Época. Haverá ainda a participação remota do cartunista Paulo Caruso.
Matéria de Veja com os croquis que Bolsonaro desenhou
Por Thales Guaracy
Em outubro de 1987, Bolsonaro revelou a uma repórter de Veja no Rio de Janeiro, Cassia Maria, um plano de explodir bombas em quartéis, como forma de pressionar o alto comando do Exército por melhores salários.
Chegou a desenhar como aquilo funcionaria. Explicou o plano, mas pediu sigilo sobre sua autoria.
Cassia Maria mandou seu relatório à direção da revista, em São Paulo. Esta resolveu abrir o sigilo da fonte. Considerou que não poderia manter o compromisso da repórter, diante da possibilidade da consecução de um crime.
Sei dos detalhes porque eu estava lá. Era subeditor de Economia em Veja e trabalhava ao lado da seção de Assuntos Nacionais, responsável pelas reportagens de política, que eu mesmo viria a editar, dois anos depois.
Recentemente, perguntei a José Roberto Guzzo, diretor de Redação de Veja na época, de quem foi a decisão de quebrar o sigilo da fonte e expor Bolsonaro.
Guzzo me respondeu que não lembra. “Mas deve ter sido eu, porque todas essas decisões passavam por mim”, afirmou.
Assim, Bolsonaro falou com uma repórter sob a condição do sigilo e no sábado viu seu nome estampado com todas as letras na revista, ao lado de outro capitão, então identificado apenas como “Xerife”, e sua mulher, Lígia.
Bolsonaro aproximara-se da revista um ano antes, ao escrever um artigo, publicado na última página, onde ficava a seção Opinião, reclamando de tudo – do soldo, da carestia, do aluguel. “Corro o risco de ver minha carreira de devoto militar seriamente ameaçada, mas a imposição da crise e da falta de perspectiva que enfrentamos é maior”, escreveu.
O artigo, assinado por ele, era inescapável – e o mandou por algum tempo para a prisão. No inquérito militar sobre as bombas, Bolsonaro negou ter sido ele a fonte de Cassia Maria, apesar de exames grafológicos indicarem que os desenhos apresentados por Veja eram de sua autoria.
De forma salomônica, o Exército não puniu Bolsonaro, exatamente: decidiu afastá-lo, sem tirar-lhe a patente de capitão. Daí, Bolsonaro entrou para a política. Três décadas depois, a história fez dele, por ironia, na condição de presidente da República, o chefe das Forças Armadas. Para Bolsonaro, é uma volta por cima. Sobre os militares, certamente. E, segundo acredita, sobre a imprensa.
Ao contar seu plano terrorista, Bolsonaro quis usar a imprensa de maneira a obter o efeito que desejava sem se prejudicar. Descobriu que a imprensa livre se chama livre porque ninguém a controla – seja o governo, sejam suas fontes, e por vezes seus repórteres.
Tendo assumido o compromisso do sigilo com a fonte, Cassia Maria acabou de certa forma também traída. Acabou deixando a Veja, não sem antes pedir ajuda para a contratação de seguranças, pois desde a publicação da reportagem passou a ser ameaçada.
Três décadas depois, como presidente, Bolsonaro poderia mostrar grandeza e deixar o passado para trás. Porém, além de desconfiado, ele continua se mostrando rancoroso, truculento e vingativo.
Reclama sistematicamente de veículos como Folha de S. Paulo e TV Globo, atacando sua credibilidade. Menospreza os repórteres que o entrevistam, com certo prazer em mandá-los “calar a boca”. Mais: procura humilhá-los, obrigando-os a esperá-lo debaixo de uma mangueira pela manhã, na saída do Palácio da Alvorada.
Colocados à distância, os jornalistas ficam num chiqueirinho onde têm de lidar com o menosprezo do próprio presidente e os impropérios de bolsonaristas escolhidos a dedo. São colocados ali para funcionar como sua claque pessoal, procurando constranger e intimidar os profissionais.
A hostilidade com a imprensa passa de Bolsonaro para a militância, que chegou a agredir repórteres fotográficos na sua mais recente manifestação, que eles estavam cobrindo por dever de ofício. Como resultado, a agressão tornou-se mais importante que a própria manifestação. Os bolsonaristas passaram assim ao público uma imagem ainda mais significativa sobre sua natureza.
Em nenhum momento, Bolsonaro mostrou-se indignado com a violência. Ao contrário, atribuiu a responsabilidade pelo episódio às vítimas, dizendo, em vídeo que circulou pelas redes sociais, que a “TV Globo foi longe demais”.
Bolsonaro diz que não precisou da imprensa para eleger-se e acha que não precisa dela para governar. Ceva o ódio à imprensa diuturnamente e sua milícia digital trabalha para desmoralizá-la.
Não é apenas uma postura indigna de um presidente eleito democraticamente. É contraproducente. A imprensa é como o boneco de piche da fábula. Quanto mais você bate nela, mais ela gruda em você.
A onda de fake news promovida tanto pelo lulopetismo, antes, como pelo bolsonarismo, agora, tem restaurado a força da imprensa. Mostra o valor do jornalismo profissional. E funciona como o contraponto indispensável diante da avalanche de conteúdo deletério oriunda de robôs e MAVs – os militantes virtuais – nas redes sociais.
A campanha de Bolsonaro contra a imprensa é o melhor incentivo que o presidente poderia lhe dar. Mostra apenas que ela está fazendo seu trabalho. Dar notícia não é agradar a ninguém. Ao contrário: a imprensa cresce justamente quando incomoda. E Bolsonaro tem se revelado mais que incomodado. À medida em que o tempo passa, sente-se cada vez mais ameaçado, subindo o tom de seus ataques.
A responsabilidade pelo que um presidente faz não é do veículo que noticia. Ao criticar os veículos, Bolsonaro parece querer transferir responsabilidades. Mostra o medo.
Evitando a imprensa, e utilizando somente seus canais nas redes sociais, Bolsonaro fala apenas com seus militantes, não com o povo brasileiro, a quem ele governa. Não alcança a população como deveria e, exceto para seus fanáticos fiéis, perde em credibilidade.
Com suas lives e declarações sob a mangueira, Bolsonaro sobretudo informaliza a figura do presidente da República. Sua postura e seu comportamento, incluindo no trato com a imprensa, colaboram para uma crescente perda de autoridade.
Orlando Britto, repórter fotográfico que atravessou várias décadas com seus respectivos presidentes na cobertura de Brasília, conta em seu blog que pediu ao presidente que tratasse a imprensa com mais respeito e, sobretudo, devolvesse respeito ao próprio cargo, transferindo suas entrevistas para ambiente solene, de acordo com a liturgia do cargo.
Britto disse que Bolsonaro serviu aos fotógrafos um café da manhã, mas não teve coragem de se desculpar, nem aceitou a sugestão.
Quanto mais Bolsonaro nega ou confronta a imprensa, mais se transforma em um presidente marginal, que vai perdendo força moral. Seu esforço de comunicação nas próprias redes sociais somente reforça esse processo.
Não há Twitter que recupere tal prejuízo.
Thales Guaracy
O texto desta semana é de Thales Guaracy, que foi, entre outros, diretor editorial da Forbes Brasil, diretor de Playboy e editor de Política e Nacional em Veja, e hoje atua como consultor independente, escritor e colunista de política do Poder360. Ele o publicou no Poder360 em 11/5 e nos autorizou a reproduzir.