A Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo publicou na quinta-feira (12/6) a gravação da peça Notícias Populares no canal do grupo no YouTube. Inspirado no jornal homônimo que marcou época com manchetes sensacionalistas, o espetáculo foi criado em 1997. A gravação disponível no YouTube é de uma apresentação da peça em março deste ano, no Teatro da CAESB, em Águas Claras (DF), em comemoração aos 30 anos de trajetória da Cia brasiliense.
Notícias Populares é uma grande sátira sobre a busca pela audiência, abordando com humor os exageros da cobertura jornalística. A peça é composta por esquetes independentes, cada uma delas abordando temas como política, segurança pública, cultura pop e comportamento. A apresentadora, interpretada por Adriana Nunes, anuncia as “notícias” que serão encenadas pelos atores Adriano Siri, Jovane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal e Welder Rodrigues. A direção de filmagem e edição é de Rodrigo Fernandes.
O espetáculo tornou-se um clássico do grupo Os Melhores do Mundo. Em 2006, ganhou projeção nacional quando uma icônica cena do personagem Joseph Klimber foi exibida no programa de Jô Soares e viralizou nas redes sociais.
“Agora, quase três décadas após sua estreia nos palcos, Notícias Populares chega em formato audiovisual para uma nova geração de espectadores, e também para os fãs nostálgicos que acompanharam sua trajetória”, escreveu a Cia, em release sobre a novidade.
O jornal Notícias Populares, que inspirou o espetáculo, foi uma publicação que circulou em São Paulo por 38 anos, publicado pelo Grupo Folha. Fundado em 1963 e encerrado em 2001, o jornal, que utilizava o slogan Nada mais que a verdade, tinha em suas capas manchetes chocantes e sensacionalistas, com nudez, teorias da conspiração e eventos sobrenaturais, com o objetivo de chamar a atrair (e divertir) o público.
Enquanto a cidade de Nice, na França, recebe durante esta semana a 3ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), um dado inquietante chama atenção: apesar da relevância global do tema, a saúde do oceano não tem o espaço que deveria na cobertura jornalística.
Luciana Gurgel
Um estudo recente do Pulitzer Center, intitulado Making Waves, traz evidências dessa realidade, que muda quando há um grande evento como o encontro de líderes globais na cidade francesa − mas na maior parte do tempo as questões ligadas ao mar ficam em segundo plano.
O relatório revela que, mesmo reconhecendo a importância vital do tema, a mídia ainda trata a saúde do oceano como um nicho ambiental, deixando de conectá-lo com outras grandes questões globais, além de enfrentar dificuldades para a cobertura, que incluem orçamentos limitados e treinamento.
Esse cenário de visibilidade limitada preocupa, já que a saúde do oceano está diretamente ligada ao clima, à economia e ao bem-estar humano.
Entretanto, segundo o Pulitzer Center, a cobertura jornalística não reflete toda essa complexidade e urgência, oferecendo ao público apenas vislumbres fragmentados do problema.
O estudo do Pulitzer Center buscou embasar estratégias para fortalecer a narrativa sobre a saúde do oceano na mídia.
Para isso, adotou uma metodologia mista. Na fase qualitativa, foram realizadas 11 entrevistas em profundidade com especialistas de diversas áreas: biologia marinha, economia, conservação, comunicação e ONGs, todos com o oceano no centro de seus trabalhos para impulsionar mudanças.
Na etapa quantitativa, jornalistas de um banco de dados interno participaram de um questionário online de cinco minutos, disponível em inglês, espanhol, francês, português e bahasa indonésio.
No total, 78 jornalistas de 30 países responderam − 63% freelancers e 37% vinculados a organizações de mídia. A maioria (77%) já havia abordado temas como conservação, impactos das mudanças climáticas, predatória, saúde pública, pesquisa científica, disputas territoriais e crimes ambientais.
O estudo analisou ainda a visibilidade nas mídias sociais, usando ferramentas como Brand24, BuzzSumo e Media Cloud. Foram monitoradas palavras-chave relacionadas a aquecimento global, poluição e perda de biodiversidade.
Os dados revelaram que a cobertura é pontual, com pouca continuidade e dificuldade de conectar o tema à realidade das comunidades costeiras e ao cotidiano das pessoas.
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Esta semana em MediaTalks
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O quarto encontro do ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insights, que J&Cia realiza como parte das comemorações de seu 30º aniversário, em parceria com a ESPM São Paulo, está marcado para o dia 30 de junho, das 9h30 às 12h30, no auditório da ESPM Tech (rua Joaquim Távora, 1.240, Vila Mariana).
O debate terá como tema Nativos Digitais: Experiências digitais que estão transformando e revitalizando o Jornalismo brasileiro. Participarão Lilian Tahan (diretora executiva do Metrópoles), Mateus Netzel (diretor executivo do Poder360) e Murilo Garavello (diretor de Conteúdo do UOL). A mediação será de Maia Fortes (diretora executiva da Associação de Jornalismo Digital − Ajor). As inscrições, gratuitas, podem ser feitas por este link. Haverá transmissão ao vivo pelo Youtube.
Não foi uma condenação qualquer. Ao determinar que os jornalistas Octávio Costa e Tábata Viapiana paguem R$ 150 mil de indenização ao ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, corrigidos monetariamente desde a publicação da reportagem Negócio Suspeito, na revista IstoÉ em 2017, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) abre um preocupante precedente na história da liberdade de imprensa no País, não só pela decisão em si, mas por tudo que a cerca.
Importante ressaltar que o recurso foi impetrado por Gilmar Mendes ao STJ em maio de 2021, após perder na primeira e na segunda instâncias. Na ocasião, o ministro Villas Bôas Cueva, relator do caso no STJ, rejeitou a apelação em uma decisão monocrática. No entanto, quase quatro anos depois, sem nenhum fato novo, o mesmo Cueva mudou de entendimento e afirmou que a matéria está “permeada de ironias e insinuações” contra o ministro, defendendo a condenação da revista e dos jornalistas, no que foi seguido por outros quatro magistrados.
Ao atingir o presidente da ABI, uma das mais importantes e respeitadas instituições do País, a decisão do STJ atinge frontalmente a própria liberdade de imprensa, já que praticamente passa um recado aos jornalistas e à sociedade de que os membros da corte suprema são intocáveis e podem se voltar contra qualquer profissional que, cumprindo o seu ofício, escreva sobre eles, independentemente do motivo. No caso em questão, a partir de reportagem amplamente documentada, como entenderam as instâncias inferiores.
Octávio Costa
Ironia do destino, Octavio trabalhou por quase um ano no STJ, primeiro como assessor do ministro Edson Vidigal e, depois, chefe da Assessoria de Comunicação, em 2004.
Chama a atenção o valor arbitrado, de R$ 150 mil, com correção monetária e juros moratórios a contar da data da publicação da matéria, podendo superar os R$ 300 mil, o que é excessivo e desproporcional. No caso de Octavio, atinge um profissional de 75 anos, que tem como única fonte de receita a aposentadoria pelo INSS, e que hoje se dedica única e exclusivamente a presidir a ABI, trabalho voluntário e não remunerado. E, no caso da repórter Tábata Viapiana, trata-se de uma profissional que vive do seu trabalho em uma assessoria de comunicação em Curitiba. Ou seja, nem em sonho os dois terão como pagar o que Gilmar quer receber.
Vale também lembrar que a Editora Três foi condenada no mesmo processo, mas que, como massa falida, não será atingida pela decisão.
A este J&Cia, Octavio informou que entrará com embargo no STJ tão logo seja publicado o acórdão com a íntegra da decisão. E que, em não tendo sucesso, apelará ao próprio STF, de Gilmar Mendes, esperançoso de que os demais magistrados da Suprema Corte, defensores intransigentes da liberdade de imprensa, revejam essa decisão absurda, que tantos riscos traz para a democracia e para as liberdades constitucionais, vindos do ministro decano do STF.
Para entender o caso
Tábata Viapiana
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu na noite de segunda-feira (9/6) condenar a Editora Três e os jornalistas Octávio Costa e Tabata Viapiana por danos morais ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Em 2017, Octávio e Tabata assinaram uma reportagem na revista IstoÉ sobre a venda, em 2013, de uma universidade da família do magistrado para o governo do Mato Grosso por R$ 7,7 milhões.
A matéria em questão, intitulada Negócio Suspeito, abordava uma investigação de improbidade administrativa relacionada ao processo de estatização da universidade, de Diamantino, no Mato Grosso. A instituição foi fundada por Mendes e a irmã, que permaneceu sendo uma das proprietárias até a venda investigada.
Em seu voto pela condenação dos jornalistas, o relator Ricardo Villas Bôas Cueva declarou que a reportagem está “permeada de ironias e insinuações que se voltam nitidamente contra Gilmar, sendo nítido o intuito de associá-lo, de forma pejorativa, à imagem de alguém que se distancia da ética e que visa apenas resguardar benefícios pessoais e favorecer pessoas próximas”. Acompanharam o relator os colegas Humberto Martins, Daniela Teixeira, Moura Ribeiro e Nancy Andrighi.
Mendes havia sofrido derrotas judiciais relacionadas ao caso, em primeira e segunda instâncias, no Distrito Federal, mas conseguiu reverter agora a situação no STJ. Antes da votação, entidades defensoras da liberdade de imprensa haviam alertado para o perigo da decisão sobre o caso, que poderia abrir um precedente de censura judicial contra jornalistas que atuam sem má-fé e em prol do interesse público. O processo também levanta discussões sobre o uso do sistema de Justiça por figuras públicas para intimidar repórteres e veículos de comunicação.
A origem de tudo foi a compra, em 2013, pelo então governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (MDB), da faculdade União de Ensino Superior de Diamantino (Uned), que pertencia a Maria Conceição Mendes França, irmã de Gilmar, por R$ 7,7 milhões. Ele transformou a instituição num dos campi da Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat), no município de Diamantino, cidade natal do ministro.
Em 2017, conforme informou o jornal Gazeta do Povo, do Paraná, “a IstoÉ teve acesso a investigação do MP sobre a negociação e publicou a matéria Negócio suspeito. A defesa do decano do STF acionou a justiça por considerar que a revista ‘se prestou a tecer uma série de impropérios, com a clara intenção de desabonar a honra e a imagem do Autor e de minar sua credibilidade’”.
Ressalta a Gazeta do Povo: “Gilmar perdeu na primeira e na segunda instância. O juízo de primeiro grau considerou o pedido improcedente e condenou o ministro ao pagamento das despesas processuais e de honorários advocatícios, fixados em 10% do valor da causa. Gilmar apelou, mas a Quinta Turma Cível, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), rejeitou o recurso por unanimidade. Para o TJDFT, a matéria jornalística foi publicada ‘nos limites do direito à livre expressão das atividades de comunicação, assegurado nos artigos 5º, inciso IX, e 220 da Constituição Federal, em que inexistiu ato ilícito por parte do suposto ofensor, não enseja a reparação civil por dano moral’. Os embargos de declaração de Gilmar, uma espécie de recurso após a decisão, também foram negados. Em um recurso especial, a defesa do ministro argumentou que o tom utilizado pelos jornalistas na matéria continha ‘maliciosa insinuação’ para ‘induzir’ seus leitores a acreditarem que Gilmar ‘exerceria suas atribuições como magistrado em desacordo com a legislação e a Constituição, flertando com ilicitudes das mais repugnantes’. Em maio de 2021, o recurso foi analisado pelo ministro Villas Bôas Cueva, relator do caso no STJ, que rejeitou a apelação do decano do Supremo em uma decisão monocrática. Em fevereiro deste ano, a defesa de Gilmar apresentou um agravo e o relator reconsiderou e levou o caso para análise da Terceira Turma.”
Entidades apontam “precedente de censura judicial” contra jornalistas
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) destacou a preocupação com a liberdade de imprensa diante da possibilidade de condenação dos jornalistas, apontando para o risco da criação de um “precedente de censura judicial contra jornalistas que atuam sem má-fé e em prol do interesse público”.
“O processo também levanta discussões sobre o uso do sistema de Justiça por figuras públicas para intimidar repórteres e veículos de comunicação”, apontou a Fenaj. A Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) reforçou que “as decisões de primeira e segunda instâncias julgaram a ação improcedente, destacando a veracidade das informações publicadas e a legitimidade das críticas jornalísticas”.
A CDJor fez um apelo aos integrantes da 3ª Turma do STJ para que siguissem o “já consolidado entendimento do STF de que críticas dirigidas a autoridades públicas podem ser fortes e ácidas sem que isso gere o dever de indenizar”.
O caso Rubens Valente
Rubens Valente
Esse processo de Gilmar Mendes contra jornalista não foi o primeiro. São vários os que ele abriu contra profissionais.
Um dos mais emblemáticos foi contra o repórter Rubens Valente, que, condenado a pagar uma indenização da ordem de R$ 400 mil ao magistrado, em última instância, decidiu recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em processo acolhido contra o Estado brasileiro. O relatório de admissibilidade é de março de 2025. Valente, representado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), alega que foi condenado a pagar uma indenização a um ministro do STF [Gilmar Mendes] após publicar um livro criticando sua atuação num caso sobre corrupção. Valente também afirma que o Poder Judiciário brasileiro teria determinado a inclusão da condenação em edições futuras do livro.
O caso seguirá para exame de mérito quando a CIDH, após alegações das partes, decidirá se o Brasil violou os direitos humanos da vítima à honra, à liberdade de expressão e à propriedade.
No caso de uma derrota final, Octavio Costa tenderá a seguir o mesmo caminho de Valente.
A edição 2025 do Prêmio Jatobá PR, que está em sua nona edição, terá uma categoria especial sobre a COP30. Ao contrário das demais, exclusivas para Grandes Agências, Agências-Butique ou Organizações Empresariais e Públicas, a nova categoria será aberta a cases de todas as verticais.
Podem concorrer, segundo destaca o Regulamento da premiação, “projetos de qualquer das disciplinas de comunicação e mesmo projetos integrados que demonstrem um claro compromisso de contribuir com os debates, de propagar e incentivar o cumprimento das diretrizes das autoridades ambientais e climáticas junto à sociedade, que se desdobrem em ações complementares pelo mercado, que assumam claros compromissos internos e externos em defesa do meio ambiente, que busquem engajar os vários stakeholders da marca nos projetos desenvolvidos, que contenham compromissos públicos e oficiais da alta cúpula da organização na aderência à causa da emergência climática etc”.
O objetivo, segundo explica o diretor do Grupo Empresarial de Comunicação (Gecom) Thales Toffoli, foi o de abrir uma janela na premiação para a multiplicidade de ações que estão em curso em todo o mercado voltadas para a Conferência do Clima: “Temos visto empresas empenhando-se em levar para Belém todos os tipos de iniciativas com foco na preservação ambiental, na disseminação de uma cultura preservacionista, no letramento da sociedade sobre os temas mais urgentes da emergência climática e entendemos que seria importantíssimo abrir espaço no Jatobá para que esses cases fossem apresentados, analisados e eventualmente premiados”.
“Mas não só isso”, complementa Hélio Garcia, também diretor do Gecom. “Todos esses cases, vencedores ou não, finalistas ou não, terão um lugar de destaque no Banco de Cases da premiação, ganhando uma perenidade que não teriam de outra forma. E esse é o propósito do Banco de Cases, dar perenidade às centenas de cases que todos os anos disputam o Jatobá, independentemente do resultado final. E por que isso? Para permitir ao mercado, às universidades e a todos os interessados acesso aberto e gratuito ao estado da arte da comunicação corporativa no Brasil”.
Até o próximo dia 31 de julho, as inscrições ao Jatobá contarão com um desconto promocional de 15%. Clique aqui para mais informações.
Felipe Luchi (esq.), Francisco Soares Brandão, Edgard Soares Filho e Marcos Trindade
A FSB Holding anunciou em 9/6 a aquisição da produtora de filmes Santeria. Fundada há cinco anos e com mais de cem trabalhos anuais, firmou-se como uma das produtoras mais premiadas do Brasil internacionalmente, conforme o ranking do Meio & Mensagem. O empresário Edgard Soares Filho e o diretor de criação Felipe Luchi são os fundadores da Santeria, que seguirá sob a liderança executiva de ambos. Eles também conduzirão a expansão e estruturação de um novo grupo dentro da holding, especializado no audiovisual.
“É a nossa estratégia desenhada, de construir um ecossistema mais completo na área de reputação, pois pretendemos chegar a 1 bi em 2027”, definiu Marcos Trindade, CEO da FSB Holding. O grupo detém o maior faturamento bruto – R$ 735 milhões em 2024 – entre as agências brasileiras de comunicação corporativa. Trindade conversou com Cristina Vaz de Carvalho, editora do Portal dos Jornalistas no Rio de Janeiro, sobre mais esse passo.
Felipe Luchi (esq.), Francisco Soares Brandão, Edgard Soares Filho e Marcos Trindade
Jornalistas&Cia – Por que o audiovisual?
Marcos Trindade – A parte de vídeo tem uma demanda grande dos clientes. O vídeo é muito eficiente – uma pesquisa do LinkedIn mostrou que cresceu 52% na comunicação dos CEO, tanto interna como em relatórios para os clientes. É a mídia mais potente e mais autêntica. E estamos aqui para investir em um negócio dentro do projeto de gestão de reputação. Já tínhamos feito uma parceria com a Santeria, que tem sinergia com o que fazemos. Resolvemos, então, adquirir, trazer para dentro.
J&Cia – A aquisição foi anunciada como sendo o início de um “novo grupo audiovisual com ambição nacional”. Seria o primeiro passo para ser o maior do Brasil? Concorrer com a Globo?
Trindade – Se é para sonhar, vamos sonhar grande. Edgard e Luchi são os dois sócios que vão tocar a operação. Não se trata de concorrer com a Globo, mas de podermos produzir para a Globo. Ter como parceiro uma plataforma de streaming como o Globoplay.
J&Cia – Quando começou a negociação?
Trindade – Temos parceria há um ano e meio com a Santeria; montaram um bureau dentro do nosso escritório. Essa experiência mostrou-se lucrativa e demandada pelos clientes sob dois pontos de vista. Em primeiro lugar, a realidade de atender à carteira de clientes. Depois, uma necessidade de mercado, de poder construir um hub na área do audiovisual.
J&Cia – O anúncio afirma que a FSB pretende ainda “criar e incorporar novas produtoras audiovisuais” e ter uma “estrutura dedicada exclusivamente à produção de conteúdo para entretenimento”.
Trindade – Pretendemos adicionar mais produtoras. Na produção de streaming, na área de incentivo fiscal, tem também muita gente especializada. São produções bonitas, como a do Ayrton Senna. Outro dia vi uma produção muito boa sobre Osama Bin Laden. Na medida em que se consegue viabilizar isso na plataforma de streaming, temos ganhos efetivos. É uma operação casada: projeto, produtor, plataforma, recursos. Uma decisão olhando para a frente no mercado. Mas, em primeiro lugar, essa área passa a atender à carteira de clientes, o institucional, olhando também para o produto de incentivo.
J&Cia – Foi divulgada a formação de um conselho consultivo com nomes relevantes do mercado. Quantos serão e com que perfil? Mais voltados para o negócio em si ou para o mercado?
Trindade – O conselho que avalia os projetos da Santeria está investindo muito na questão de governança, processo que vai alavancar o crescimento da produtora. Só entra no negócio gente para tocar essas competências.
Nosso modelo de crescimento é por meio de partnership na holding e sócio nas operações. São coisas diferentes. No grupo, são 11 sócios da holding e cerca de 20 sócios nas operações. Temos mais de 50 pessoas líderes de negócios de frente. E há muita troca entre as lideranças. Atualmente, só existe o conselho para o grupo dos sócios. O conselho da holding está se formando ainda.
A operação ficou grande, precisa de gente participando. Fazemos isso para investir no negócio, dentro do projeto de gestão de reputação.
Fernando Collor de Mello (Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O Ministério Público Federal recomendou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que não aceite um recurso da Globo e obrigue a emissora a renovar o contrato com a TV Gazeta, do ex-presidente Fernando Collor, até 2030. A Folha de S.Paulo teve acesso ao parecer do Ministério Público, assinado pelo subprocurador-geral da República Maurício Vieira Bracks, que acredita que, sem o apoio financeiro da Globo, a Gazeta demitirá muitos funcionários e não conseguirá cumprir o plano de pagamento de credores.
A Globo recorreu ao STJ para romper o contrato de afiliação com a TV Gazeta em Alagoas. A emissora carioca utiliza como argumento casos de corrupção envolvendo Collor e sua emissora. A Justiça do Alagoas negou dois recursos da Globo sobre o caso. A expectativa é de que, até o fim de junho, haja uma sentença definitiva.
É bem verdade que a profissão de jornalista não tem muito uma rotina estabelecida. Chegamos à redação e não temos hora para ir embora. Em dias com pautas mais “quentes”, a situação piora ainda mais. Isso sem contar os outros empregos, colaborações e frilas. E o fato de a maior parte da categoria ser contratada como Pessoa Jurídica (PJ), segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), também não ajuda.
Os jornalistas, portanto, estão de certa forma expostos a uma série de abusos e situações desagradáveis no que diz respeito a direitos trabalhistas. Considerando também a baixa estabilidade de trabalho da profissão, como podemos combater esses abusos? Como buscar nossos direitos?
Rubens Gama Jr
Pensando nesses tópicos, o Portal dos Jornalistas conversou com Rubens Gama Jr., advogado especialista em direito trabalhista que atende a muitos jornalistas que enfrentam justamente esses tipos de problema. Ele falou ao repórter Victor Félix sobre o que fazer para impedir ou evitar ao máximo abusos trabalhistas na jornada de trabalho, sobre assédio judicial contra o trabalho jornalístico, e o que a imprensa deve ter em mente ao enfrentar esse tipo de situação.
Confira a entrevista na íntegra:
Portal dos Jornalistas − O jornalista, na grande maioria das vezes, não tem uma rotina fixa. Chega à redação, e não tem hora certa para sair, boa parte deles trabalha no final de semana, raramente tem feriados. Como evitar rotinas de trabalho e empresas abusivas, quando falamos de direitos trabalhistas?
Rubens Gama Jr. − Hoje, talvez o principal desafio, não só para os jornalistas, obviamente, mas para eles em especial, é o fenômeno da “pejotização”, muitos comunicadores sendo contratados em esquema de Pessoa Jurídica. Na medida em que o empregador coloca seus funcionários como PJs – e essa PJ é só uma formalidade, porque, na prática, o funcionário é tão subordinado quanto qualquer empregado registrado na CLT –, não se aplica mais a lei, não se aplica mais a CLT e a jornada de trabalho fica ad infinitum (sem fim). Então, esse é o principal desafio, combater essa “pejotização” no jornalismo.
Um segundo desafio é um certo surto, uma epidemia de ansiedade e depressão entre os jornalistas, que algumas vezes podem ser mal diagnosticados. O advento das novas tecnologias e a diminuição dos postos de trabalho, assim como uma geração nova chegando já com maior intimidade com essas tecnologias, fazem com que os jornalistas sejam ainda mais demandados. E essa demanda adicional, essa pressão adicional, interfere diretamente na saúde, especialmente a mental. E a saúde mental, inclusive tem um agravante por ser de certa forma “oculta”, e às vezes com um pouco de estigma ao redor. As pessoas não gostam, têm vergonha de admitir que estão deprimidas, então é importante valorizar e atentar-se também à saúde mental dos jornalistas.
E um terceiro fator, que se soma aos dois primeiros, é o fato de os jornalistas serem muito apegados à própria atividade, esquecendo que estão trabalhando para um empregador, com uma certa autoridade. Ou seja, na medida em que são muito apegados, vestem muito a camisa, eles acabam não priorizando cuidados próprios à saúde, cuidados de controle de jornada de trabalho, ou seja, acabam não se priorizando e colocando o trabalho à frente deles mesmos.
Portal −Outra preocupação da categoria é a falta de estabilidade. Muitos frilas, contratos curtos para a cobertura de determinado evento, fazem parte do cotidiano do jornalista para complementação de renda. Como podemos, ao mesmo tempo, lutar pelos direitos e fugir desses abusos trabalhistas, mas também garantir estabilidade de trabalho?
Rubens − Creio se tratar de uma questão de cultura. Os empregadores ganham quando têm um empregado ativo por períodos mais longos, a cultura da empresa é mais bem incorporada por esses empregados e, portanto, a contratação de freelancers deve ser reservada apenas para situações esporádicas, muito específicas ou de muita demanda. Porque os jornalistas da casa conhecem muito mais a cultura da empresa e conseguem traduzir na sua atividade a cultura corporativa melhor do que aquele que é freelancer. Então, é uma questão de sabedoria tanto do empregado, mas também do empregador. É preciso que as empresas jornalísticas tenham isso em mente.
Portal − Os jornalistas sofrem muito com ataques, processos e ações judiciais, muitas vezes sob o argumento de “danos morais”. Mas, por outro lado, quando falamos de jornalismo sério, feito com apuração, baseado em fatos, os conteúdos são de interesse público. Como combater esse assédio judicial e proteger o conteúdo jornalístico de censuras e exclusões?
Rubens − A sua própria pergunta tem parte da resposta. Porque, na medida em que o jornalismo foi bem-feito, se você tem uma informação precisa, objetivamente constatada, isso já é uma vacina contra qualquer tipo de demanda judicial externa. Você já está bem protegido do ponto de vista dos fatos e, portanto, uma demanda judicial será infrutífera. O que acredito que pode e deve ser feito é que os sindicatos de jornalistas e as próprias empresas fiquem atentos para que, em situações desse tipo, que envolva a pessoa física do jornalista, do repórter que é vítima da ação, o empregador, o veículo, também atue junto na defesa daquela reportagem, daquele determinado conteúdo. Que eles estejam também envolvidos naquela apuração e que deem assistência jurídica, para que a condição do repórter seja mais protegida e mais confortável.
Portal − O que os jornalistas devem saber, ter em mente a todo o momento, quando enfrentam esse tipo de situação em suas trajetórias, seja de violação de direitos trabalhistas ou de assédio judicial por algo publicado? Quais são as “lições de casa” que os jornalistas devem fazer para se defenderem?
Rubens − O primeiro “diploma” é a própria CLT. Ler e se atentar aos artigos 303, 304, 305, até o 309, que são os que falam da profissão do jornalista. A primeira lição de casa é estudar essa parte da CLT especificamente sobre a categoria. A partir disso, um segundo passo é se atentar à questão da “pejotização” que comentei antes, ter o cuidado para não se permitir ser contratado como PJ em situações muito generalizadas e muito vulgares, pois isso derruba todos os seus direitos de uma vez só.
A CazéTV anunciou nesta terça-feira (10/6) a contratação do narrador Rômulo Mendonça, que chega para reforçar a equipe de transmissão do Mundial de Clubes, que começa no próximo sábado (14/6). A CazéTv vai transmitir todos os jogos do torneio, incluindo as partidas de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras, que representam o futebol brasileiro no campeonato.
Não é a primeira vez que Mendonça integra o time da CazéTV. O narrador atuou na cobertura dos Jogos Olímpicos de Paris, narrando diversas modalidades esportivas no canal. Vale lembrar que a CazéTV fechou recentemente um acordo com o Grupo Disney e passa a integrar o streaming Disney+.
Conhecido por seus bordões e a forma bem humorada de conduzir transmissões esportivas, Rômulo Mendonça foi narrador da ESPN entre 2011 e 2022. Nos últimos três anos, comandou as transmissões de NBA no Amazon Prime Video. Narra também jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil.
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu na noite de segunda-feira (9/6) condenar a Editora Três e os jornalistas Octávio Costa (atual presidente da Associação Brasileira de Imprensa) e Tabata Viapiana por danos morais contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Em 2017, Octávio e Tabata assinaram uma reportagem na revista IstoÉ sobre a venda de uma universidade da família do magistrado para o governo do Mato Grosso por R$ 7,7 milhões, em 2013.
A matéria em questão, intitulada Negócio Suspeito, abordava uma investigação de improbidade administrativa relacionada ao processo de estatização da universidade, de Diamantino, no Mato Grosso. A instituição de ensino foi fundada por Mendes e sua irmã, que permaneceu sendo uma das proprietárias até a venda investigada.
Em seu voto pela condenação dos jornalistas, o relator, Ricardo Villas Bôas Cueva, declarou que a reportagem está “permeada de ironias e insinuações que se voltam nitidamente contra Gilmar, sendo nítido o intuito de associá-lo, de forma pejorativa, a imagem de alguém que se distancia da ética e que visa apenas resguardar benefícios pessoais e favorecer pessoas próximas”. Acompanharam o relator os colegas Humberto Martins, Daniela Teixeira, Moura Ribeiro e Nancy Andrighi.
Mendes havia sofrido derrotas judiciais relacionadas ao caso, em primeira e segunda instâncias, no Distrito Federal, mas conseguiu reverter agora a situação no STJ. A condenação por danos morais inclui o pagamento de indenização de R$ 150 mil, com correção monetária e juros moratórios.
Antes da votação, entidades defensoras da liberdade de imprensa haviam alertado para o perigo da decisão sobre o caso, que poderia abrir um precedente de censura judicial contra jornalistas. A Coalizão em Defesa do Jornalismo havia feito um apelo à Terceira Turma do STJ para que seguissem o entendimento de instâncias anteriores: “Críticas dirigidas a autoridades públicas podem ser fortes e ácidas sem que isso gere o dever de indenizar. Trata-se de importante proteção às liberdades de expressão e de imprensa, que visa resguardar não somente os direitos do veículo e dos jornalistas, mas também da sociedade, de ser informada”.