A acirrada disputa entre o governo australiano e as gigantes de tecnologia ganha corpo após o relatório Tech-xit, do think tank Centro para Tecnologia Responsável, propor uma alternativa estatal para as plataformas no país.
Google e Facebook não aceitaram a proposta do governo de remunerar as empresas jornalísticas pelo conteúdo nelas exibido e ameaçam deixar os australianos sem os seus serviços. A ideia é criar uma rede social sem fins lucrativos, administrada pela emissora pública ABC, com as mesmas funções do Facebook. O relatório que faz a proposta é uma radiografia completa do papel das redes, em tom nacionalista, invocando a soberania digital do país.
Para nós, correspondentes da grande imprensa em Belo Horizonte, o 3º Encontro das Américas, em maio de 1997, foi uma pauta inesquecível, não apenas porque vimos de perto o maior evento internacional realizado em Minas e a mais relevante reunião diplomática organizada pelo governo brasileiro, fora as cúpulas ambientais (Rio92 e Rio+20). A pauta hemisférica, termo que esbanjávamos, foi única, sobretudo por suas histórias paralelas.
Por meses, fizemos reportagens exclusivas sobre bastidores de negociações duras e desafios para os anfitriões. Depois, mais de 100 jornalistas nacionais e estrangeiros cobriram os ministros de 34 países (Cuba excluída) e suas respectivas delegações, engajados na fracassada missão de criar até 2005 a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Destaque para a cobertura de quatro da Gazeta Mercantil Latino-Americana, com André Lacerda à frente.
O consenso prévio, de implantação gradual do tratado, com salvaguardas para blocos regionais (leia-se Mercosul) acabou assim que Charlene Barshefsky, a líder da numerosa comitiva dos Estados Unidos, pousou na capital mineira. A tensão estava tão alta que um guarda-costas dela aplicou vistoso “balão” em Eduardo Oliveira, da Globo, na entrada do Palácio das Artes, sede da conferência, só porque o repórter apontara seu microfone.
Às 11h40 de 7 de abril, um mês antes desse episódio, o principal auditório reservado ao encontro havia sido destruído pelo fogo. Fabiano Lana, do Jornal do Brasil, flagrou as chamas da janela da sucursal, no sétimo andar do prédio em frente. Uma hora após seu chefe Teodomiro Braga avisar o governador da notícia, o local com 1,6 mil assentos desabou e as sessões de abertura e encerramento precisaram ser transferidas para o teatro do Minascentro.
Os espaços de reuniões ministeriais e empresariais e o comitê de imprensa ficaram intactos. A cidade recebeu dois mil visitantes cadastrados, ávidos por oportunidades de negócios num eventual contraponto americano à União Europeia. Curiosamente, a realização do foro empresarial estava ameaçada até a véspera pela polêmica disputa em torno de sua marca de fantasia.
Foram quatro dias de divergências e falsos progressos no 3º Encontro das Américas. O Mercosul insistiu que precisava de tempo para sua indústria preparar-se para competir com a dos apressadinhos ianques. Mas o tempo revelou grande disparate: ignorada, a China exerceu em todo o mundo papel crescentemente dominante nessa seara e, sem Alca, o mercado americano consolidou-se como o maior comprador de manufaturas made in Brazil.
A Alca – iniciativa americana durante a 1ª Cúpula das Américas, em Miami (1994) – motivou várias reuniões de ministros, sendo que de Belo Horizonte sairiam detalhes do acordo. Curiosamente, nessas duas décadas e meia, as tratativas entre Mercosul e Europa evoluíram paralela e lentamente até chegarem ao tardio, embora muito festejado, entendimento em 2019.
Sílvio Ribas
A história desta semana é novamente uma colaboração de Sílvio Ribas, assessor parlamentar do senador Lasier Martins (Podemos-RS).
Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para [email protected].
O jornal sem conteúdo ACAPA chega a 500 edições com uma homenagem a Pelé, que faz 80 anos nesta sexta-feira (23/10). O ilustrador Claudio Duarte fez a capa da edição de número 500 com uma caricatura de Pelé, após a conquista da Copa de 1970.
“ACAPA de número 500 dá um soco no ar, neste 23 de outubro de 2020, para homenagear os 80 anos de um preto brasileiro tão soberano que não há no mundo quem não o conheça e reverencie”, informa a publicação. “Para o jornal sem jornal, como um gol bonito sem inspiração nele, mesmo que sua genialidade tenha sido calhordamente usada pela ditadura para vender um país que jurava ir pra frente enquanto assassinava a liberdade, o atleta do século ignorou todos os limites e ousou virar adjetivo. Você é um Pelé, Pelé! Feliz aniversário”.
ACAPA é um “jornal sem jornal”, cujas publicações vão ao ar nas redes sociais, acompanhadas de um texto com críticas e diferentes interpretações sobre temas do noticiário. O projeto foi criado em 2016 por Edgar Gonçalves Jr., Fabrício Cardoso e Nélson Nunes. O design é de responsabilidade de Tchô Hermes e conta com colaborações especiais de diversos artistas gráficos do País.
O jornal mantém um sistema de assinaturas com recompensas para os assinantes. Para participar, clique aqui e apoie o projeto.
O Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) e o Volt Data Lab anunciaram nesta sexta-feira (23/10) o início da pesquisa para a quarta edição do Atlas da Notícia, que visa a mapear veículos jornalísticos por todo o País, com informações sobre fechamento de empresas, novas iniciativas e jornalismo local em geral.
A organização, análise e publicação dos dados será realizada pelo Volt Data Lab, liderado por Sérgio Spagnuolo. A coordenação da pesquisa nas cinco regiões brasileiras estará a cargo de Sérgio Lüdtke, com os seguintes pesquisadores regionais: Angela Werdemberg (Centro-Oeste), Dubes Sônego (Sudeste), Jéssica Botelho (Norte), Mariama Correia (Nordeste) e Marcelo Fontoura (Sul).
A próxima edição terá melhorias técnicas na API (Interface de Programação de Aplicações), disponibilizando mais dados, recursos e tutoriais. A publicação do quarto Atlas da Notícia está prevista para dezembro.
Quem quiser fazer parte da equipe da pesquisa como voluntário deve preencher este formulário.
A CNN Brasil anunciou em 22/10 a contratação de Glória Vanique para apresentar um telejornal diário em horário nobre. Ela iniciou a carreira na Rádio Bandeirantes e chegou à Globo em 2007. Ao lado de Rodrigo Bocardi, apresentava o Bom dia SP.
Segundo Maurício Stycer (UOL), a CNN contratou Glória e anteriormente Márcio Gomes pois planeja expandir suas atividades: deve lançar no primeiro trimestre de 2021 o canal de streaming gratuito CNN Brasil+.
O serviço apresentará conteúdo exclusivo das 19h à meia-noite. Márcio será o âncora do principal telejornal dessa faixa, disponível apenas na plataforma. Este será o primeiro serviço de streaming gratuito do Brasil, que funcionará sem receita de assinantes, com modelo de negócios baseado em publicidade.
O Projeto Facebook para Jornalismo anunciou os resultados do Acelerador de Notícias Locais. Juntas, as empresas jornalísticas que fizeram parte do projeto geraram mais de US$ 3 milhões em valor adicional. Integraram a iniciativa A Crítica (AM), A Gazeta (ES), Correio (BA), Correio do Estado (MS), Estado de Minas (MG), Gazeta do Povo (PR), Jornal do Commercio (PE), NSC Total (SC), O Popular (GO), e O Povo (CE).
Realizado em parceria com o Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês), o Acelerador de Notícias Locais visou a promover a transformação digital e expandir o alcance do conteúdo produzido pelos veículos participantes, maximizando seus lucros.
Outros números relevantes do projeto mostram que, em seis meses, a Gazeta obteve 300 mil novos registros e aumentou a taxa de conversão de assinaturas diárias em 30%. Além disso, as newsletters produzidas por O Popular e NSC obtiveram bons resultados: o veículo goiano conseguiu 80% novos assinantes enquanto a empresa catarinense trouxe 120.000 novos inscritos.
Fernando Rodrigues (esq.) e Dias Toffoli (Crédito: Divulgação/SBT)
O Poder360 e o SBT anunciaram nesta quinta-feira (22/10) o fim da parceria para a exibição do Poder em Foco. O programa de entrevistas foi relançado pela emissora de TV em outubro de 2019, e Fernando Rodrigues, diretor de Redação do Poder360, comandava a atração desde então. A partir de novembro, isso será feito por Roseann Kennedy, atual editora-chefe do programa.
Em comunicado, o SBT agradeceu a Fernando pelo trabalho e explicou que ele “decidiu que precisa concentrar-se exclusivamente na coordenação do jornal digital Poder360”. Ao agradecer pela parceria, Fernando destacou que o Poder em Foco entrevistou “os chefes dos Três Poderes da República, ministros, governadores, políticos governistas e de oposição, empresários e pessoas de relevância na sociedade civil”.
A última edição do programa em parceria vai ao ar no próximo domingo (25/10), com participação do publicitário Washington Olivetto.
A página contém informações como os critérios e motivos utilizados para a remoção de um conteúdo, os direitos do usuário de contestar a retirada de um vídeo, e as políticas de segurança da empresa.
Entre abril e junho deste ano, o YouTube removeu da plataforma mais de 11 milhões de vídeos que violavam as regras da empresa, sendo cerca de 1 milhão no Brasil. Além disso, desde 2019, foram feitas mais de 30 alterações no algoritmo de recomendação de vídeos, para evitar ao máximo a propagação de informações falsas.
O reality de futebol Uma Vida, Um Sonho, interrompido por causa da pandemia de coronavírus, deve retomar a produção em novembro. A reestreia está prevista para 24 de janeiro, e o programa irá ao ar nas manhãs de domingo do SBT.
A ideia é que os apresentadores da atração sejam Aline Riscado e Luigi Baricelli, que substituem a Glenda Kozlowski, que havia assinado com a emissora justamente para estar à frente do reality, mas que por causa da paralisação deixou o SBT e assinou com a Band.
Com participação dos treinadores Joel Santana e René Simões, o programa reunirá 22 jovens garotos, selecionados após uma série de peneiras, que concorrem ao grande prêmio, a chance de jogar em um grande clube da Europa.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou em 21/10 dados sobre a situação da liberdade de imprensa no Brasil. Foram registrados 102 alertas para discursos estigmatizantes, feitos somente por autoridades públicas, contra profissionais de imprensa no Brasil em 2020. Em 2019, o número foi de 59, o que caracteriza um aumento de 73%.
Vale destacar que só o presidente Jair Bolsonaro foi responsável por 72 dos 102 ataques registrados. Além disso, seus filhos foram responsáveis por 12 dos discursos estigmatizantes.
Ao todo, o relatório da Abraji reportou 275 casos, e os discursos estigmatizantes representam 37% deles. No ano passado, foram 130 alertas reportados, sendo 59 declarações que atacam os profissionais de imprensa. O estudo também leva em conta assassinatos, desaparecimentos forçados, sequestros, detenções arbitrárias, tortura, violações ao acesso à informação, ações judiciais contra mídia e jornalistas, quadros jurídicos fora dos padrões e abusos de poder estatal.
Para Leticia Kleim, assessora jurídica da Abraji, “essas declarações se apoiam em um tom de descredibilização, ofensa, intimidação e visam a desvalorização sistemática da imprensa como um todo”.
Marcelo Träsel, presidente da entidade, declarou que “o presidente Jair Bolsonaro abandonou as normas de interação entre o Planalto e os jornalistas válidas em Brasília desde o fim da ditadura militar, as quais garantiam um mínimo de civilidade e respeito entre as partes, mesmo nos períodos mais tensos. Infelizmente, muitos de seus ministros e apoiadores políticos vêm seguindo o exemplo e passaram a buscar a intimidação da imprensa. (…) É um comportamento inaceitável para qualquer mandatário ou servidor público, mas principalmente para o presidente da República”.