-0.3 C
Nova Iorque
sábado, dezembro 6, 2025

Buy now

" "
Início Site Página 39

Morre Marcelo Beraba, parte da história do jornalismo nos últimos 50 anos

Marcelo Beraba (Crédito: Poder360)

Velório será nesta quarta-feira (30/7), no Memorial do Carmo, no Rio

Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro

Marcelo Beraba morreu nesta segunda-feira (28/7), aos 74 anos. Ele estava internado no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, Zona Sul do Rio. Descobriu em março deste ano um câncer no cérebro e passou por cirurgia em abril. O velório está marcado para a quarta-feira (30/7), das 12h30 às 15h30, na capela 6 do Memorial do Carmo (rua Monsenhor Manuel Gomes, 287) no Caju, Zona Portuária do Rio.

Ele começou a carreira como repórter de O Globo, em 1971, antes mesmo de concluir o curso de Comunicação na ECO-UFRJ. Obteve ali seu primeiro furo de reportagem, quando explodiram duas bombas, durante um festival no Riocentro, no carro de dois militares, um dos quais morreu no local. Beraba conseguiu, com um médico que atendeu o militar sobrevivente da operação frustrada, o filme com imagens da cirurgia.

Contratado pela Folha de S.Paulo em 1984, no ano seguinte foi promovido a diretor da sucursal do Rio do jornal. Na sucursal conheceu a repórter Elvira Lobato, com quem viria a se casar e viver por 30 anos até o fim da vida.

No início da década de 1990, Beraba foi secretário de redação da Folha em São Paulo. Em 1996, voltou ao Rio para ser editor-executivo do Jornal do Brasil, onde ficou até 1999. Depois disso, por um breve período, foi editor-executivo do Jornal da Globo, na TV Globo.

Marcelo Beraba (Crédito: Poder360)

Em 2002, após o assassinato de Tim Lopes, da TV Globo – por traficantes durante uma reportagem sobre aliciamento infantil em bailes funk –, Beraba tomou a iniciativa de fundar a Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Durante o período que passou à frente da entidade, recebeu reconhecimento internacional com o prêmio Excelência em Jornalismo, oferecido pelo International Center for Journalism (ICFJ), nos Estados Unidos, em 2005.

Retornou à Folha para dirigir novamente a sucursal Rio. E voltou a São Paulo como ombudsman e repórter especial, até trocar o jornal, em 2008, pelo principal concorrente, O Estado de S.Paulo. Beraba dirigiu as sucursais do Estadão no Rio e em Brasília, e foi editor-chefe do jornal. Lá esteve por 11 anos, até se aposentar das redações em 2019, após 48 anos de carreira.

Chamado de “mestre” pelos que trabalharam com ele, Beraba orientou coberturas históricas. Era extremamente rigoroso com a checagem de dados, muito antes da explosão das fake news e das redes sociais. Assim ele próprio se definia: “Já fui editor, fechei Primeira Página…, mas o que me deu mais prazer, deu mais motivação, foi trabalhar com produção de reportagens, com repórteres, fazer planejamento, a pauta”.

ECA-USP indica Vladimir Herzog para título de Doutor Honoris Causa in memoriam

Escola Vladimir Herzog recua e desiste de adotar modelo cívico-militar
Vladimir Herzog (Crédito: Instituto Vladimir Herzog)

A Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo aprovou, por unanimidade, a indicação do nome de Vladimir Herzog, jornalista assassinado pela ditadura militar em 1975, para receber o título de Doutor Honoris Causa in memoriam. O título é concedido por instituições de ensino a pessoas falecidas que se destacaram em suas áreas de atuação. No caso de Herzog, por seu trabalho no jornalismo.

A iniciativa de indicar Vladimir Herzog ao título veio do Conselho do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), onde o jornalista lecionava a disciplina de Jornalismo Televisivo no ano de 1975, quando foi assassinado.

“Em função da atuação de Herzog enquanto jornalista comprometido com a comunicação pública e o direito à informação de qualidade, bem como com os direitos e a formação de jornalistas, tanto enquanto reconhecimento profissional, como também por uma política de memória e verdade defendidas pela USP para promoção da democracia, entendemos que Vladimir Herzog faz jus ao recebimento do título”, declarou o professor Wagner Souza e Silva, chefe do CJE.

A proposta de indicação foi encaminhada ao Conselho Universitário, a quem cabe a decisão sobre a concessão do título. A próxima reunião do conselho está agendada para 26 de agosto. Vale lembrar que, em outubro deste ano, o assassinato de Vladimir Herzog completará 50 anos. Ao longo de 2025, entidades defensoras do jornalismo realizaram atos e eventos em memória dele.

Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada abre inscrições em agosto

Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada abre inscrições em agosto
Crédito: Kevin Schmid/Unsplash

Começa na sexta-feira (1º/8) o período de inscrições para a 24ª edição do Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada – Projeto Repórter do Futuro, promovido por Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e Oboré Projetos Especiais. As aulas abordarão conflitos e emergências armadas e outras preocupações humanitárias no Brasil e no mundo.

As aulas serão realizadas em formato online aos sábados, de 06 de setembro a 18 de outubro. Participarão do curso correspondentes que atuaram em situações de conflito e violência armada, para compartilhar experiências sobre o trabalho, como realizar uma cobertura ética e responsável, como evitar a revitimização das pessoas afetadas.

Serão selecionados ao todo 50 comunicadores para o curso. No dia 6 de setembro, às 19h, haverá uma aula magna aberta para todos os inscritos. A participação na aula faz parte do processo seletivo. Já os quatro encontros seguintes (nos dias 27 de setembro e 04, 11 e 18 de outubro) são exclusivos para os selecionados.

Entre os confirmados no curso estão Tarciso dal Maso, jurista e consultor legislativo do Senado Federal para Direito Internacional, que discutirá o que o repórter precisa saber sobre as “leis da guerra”; e Edmar Martins, chefe do Programa com Forças Policiais e de Segurança da Delegação Regional do CICV, que falará sobre normas internacionais aplicáveis à função policial no uso da força e de armas de fogo.

As inscrições poderão ser realizadas no site do Oboré.

Novo portal traz visibilidade ao trabalho das ONGs no Brasil

Novo portal traz visibilidade ao trabalho das ONGs no Brasil

Está no ar o ONG News, portal voltado exclusivamente à cobertura do trabalho de Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e demais instituições do Terceiro Setor. A ideia do projeto é ampliar a visibilidade e fortalecer a credibilidade das ONGs brasileiras.

“Queremos preencher uma lacuna deixada pela grande imprensa, que costuma reservar pouco espaço para retratar o trabalho dessas instituições em lugares onde nem o Estado nem o setor privado chegam”, declarou Adriana Silva, diretora-executiva do Instituto Pauta Social, mantenedor do ONG News. Além de Adriana Silva, fazem parte da equipe do portal a editora Amanda Maciel e os colaboradores Felipe Tavares e Fernanda Lagoeiro.

O portal traz reportagens especiais, artigos e colunas, notícias e informações sobre cursos e eventos , com o objetivo de dar visibilidade às iniciativas das OSCs no Brasil e no mundo. Além disso, todos os conteúdos publicados no site podem ser reproduzidos gratuitamente, desde que seja citada a fonte “ONG News” e o respectivo autor ou autora dos textos e colunas.

Os contatos para pautas e outras informações são o e-mail [email protected] e/ou o telefone (11) 3251-4482.

Confira o site do ONG News aqui.

Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública entregue pela ABCPública vai para Maria Helena Weber

Maria Helena Weber (Crédito: TV Campus da Universidade Federal de Santa Maria/YouTube)

O prêmio Beth Brandão é entregue pela Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública), a cada dois anos, durante o Congresso Brasileiro de Comunicação Pública (Compública), para reconhecer o trabalho de profissionais cuja atuação tenha contribuído significativamente para o uso estratégico da comunicação na construção da cidadania no Brasil e fortalecimento da democracia. Neste ano, a solenidade de entrega será no dia 20 de outubro, em Aracaju, cidade sede do III Compública.

A homenageada será a pesquisadora e professora titular aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maria Helena Weber, que é referência nacional na interface entre comunicação e política. Ao longo da carreira, desenvolveu produção científica e intelectual voltada à análise dos discursos políticos, da comunicação institucional e da construção simbólica da esfera pública.

Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq (nível 1C), a professora Maria Helena coordena o Núcleo de Comunicação Pública e Política (Nucop) e o Observatório da Comunicação Pública (OBCOMP/UFRGS). É autora e organizadora de dezenas de livros, artigos e capítulos que se tornaram referência para pesquisadores e profissionais da área. Ao longo de sua carreira, orientou dezenas de dissertações e teses premiadas por entidades como Capes, Compolítica, Abracorp, Compós e SBPJor.

“Recebi com surpresa com a indicação porque é um prêmio muito importante e fiquei emocionada por saber que minhas reflexões, produção científica, minhas experiências e meu trabalho como professora foram reconhecidos e até premiados”, descreveu a professora Maria Helena Weber, destacando que “o legado de Elisabeth Brandão é um dos mais importantes no campo da comunicação pública com repercussões fundamentais para a comunicação política e governamental e, também, para a profissão de Relações Públicas. Beth Brandão questiona e analisa a responsabilidade dos sistemas e profissionais na comunicação entre o estado brasileiro e a sociedade e, a partir deste movimento, ‘comunicação pública’ passa a ser um conceito em construção, instigante teoricamente como demonstram tantas abordagens da produção científica e, ainda, profissionalmente, desafiador.”

Maria Helena Weber falou com exclusividade para a ABCPública sobre a emoção de ser indicada ao prêmio, sobre sua trajetória na comunicação e também sobre questões atuais e desafios que estão postos aos comunicadores públicos na atualidade. Leia a íntegra da entrevista aqui.

A comissão avaliadora, composta pelos comunicadores públicos Lincoln Macário, Alessandra Anselmo e José Agnaldo Montesso, declarou que “a professora preenche integralmente os requisitos do edital: relevante trajetória profissional em comunicação pública; contribuição acadêmica e/ou profissional significativa para a comunicação pública no Brasil; e atuação vinculada às diretrizes e missão da ABCPública”. Confira aqui a íntegra da justificativa.

Sobre o Prêmio Beth Brandão – O recebeu este nome em homenagem à jornalista, relações públicas, pesquisadora, consultora e professora Elizabeth Pazito Brandão, pela relevante atuação e engajamento na área de comunicação no Brasil. Brandão dedicou-se ao ensino, à pesquisa e a diversas atividades profissionais, sempre buscando o aprimoramento da comunicação, especialmente aquela voltada à qualidade da informação e ao relacionamento entre instituições e sociedade.

Participe do III Compública – O III Compública será realizado de 20 a 22 de outubro no campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A expectativa é reunir cerca de 300 participantes de todo o país, entre pesquisadores, profissionais e estudantes da área, para discutir temas como emergência climática, direito à informação e as práticas contemporâneas da comunicação voltada ao interesse público.

Além das mesas de debate, já estão confirmadas minicursos e oficinas sobre temas como linguagem simples, comunicação pública estratégica, participação social, escuta ativa. Informações e inscrições aqui.

Grupo RBS contrata Cacau Corazza para a equipe de Esportes

Grupo RBS contrata Cacau Corazza para a equipe de Esportes
Cacau Corazza (Crédito: Arquivo pessoal)

O Grupo RBS anunciou a contratação de Cacau Corazza, que passa a integrar a equipe de Esportes da empresa. Ela atuará nos programas Globo Esporte e Bom Dia Rio Grande, da RBS TV, e vai apresentar o Segue o Fio, programa esportivo de GZH no YouTube, em substituição a Kelly Costa, que assinou com a TV Globo. A estreia de Cacau na nova emissora ocorreu nesta sexta-feira (25/7).

Cacau trabalha com jornalismo esportivo desde 2014. Foi repórter do programa Futebol Show, na Band FM, em Florianópolis. Posteriormente, atuou como p

Além de Kelly Costa, também deixa o Grupo RBS o repórter Bruno Halpern, que vai para Esporte da Globo no Rio de Janeiro. O profissional que substituirá Bruno será anunciado em breve.

Seis meses de Trump: repressão à imprensa avança nos EUA e inspira o mundo

Seis meses de Trump: repressão à imprensa avança nos EUA e inspira o mundo

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) observou uma intensificação dos ataques à imprensa nos primeiros seis meses do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, com repercussões além das fronteiras americanas.

Segundo a entidade, desde 20 de janeiro, quando retomou o controle da Casa Branca, Trump consolidou-se como figura central em um movimento global que compartilha táticas autoritárias para restringir a liberdade de imprensa.

A RSF alerta que essas práticas estão sendo adotadas por regimes com pouca tolerância à mídia crítica, que se inspiram nas ações da Casa Branca para justificar suas próprias repressões.

Entre os métodos identificados estão o uso abusivo do sistema judicial, tentativas de controle de veículos por aliados políticos, cortes no financiamento à mídia pública, censura de linguagem, violência contra jornalistas e acusações infundadas contra organizações independentes.

A organização afirma que, embora muitas dessas estratégias não sejam inéditas, Trump contribui para sua amplificação global, legitimando ações semelhantes em países como El Salvador, Hungria, Rússia, China, Sérvia, Turquia, Geórgia e Argentina.

A RSF aponta que a troca de ideias e discursos entre líderes com histórico autoritário criou um ciclo de retroalimentação que ameaça o jornalismo em escala internacional.

Leia a matéria completa em MediaTalks.


Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço.

Esta semana em MediaTalks

Pesquisa global revela que violência digital atinge 9 em cada 10 ativistas do clima, mas plataformas ignoram ameaças. Leia mais

One World Media oferece apoio de até R$ 22,5 mil a projetos documentais de jornalistas e cineastas em meio de carreira; saiba como se inscrever.

América Latina tem mais jornalistas assassinados em 2025 do que em todo o ano passado, diz RSF. Leia mais

Comitê para a Proteção de Jornalistas reúne organizações de direitos civis em Atlanta para exigir libertação de jornalista salvadorenho preso em protesto contra Trump. Leia mais

Em entrevista exclusiva para a ABCPública, Maria Helena Weber fala sobre a sua indicação ao Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública

Maria Helena Weber (Crédito: TV Campus da Universidade Federal de Santa Maria/YouTube)

A pesquisadora e professora Maria Helena Weber foi indicada pela Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) para receber o Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública. A solenidade de entrega do prêmio será em outubro de 2025, durante o III Congresso Brasileiro de Comunicação (III Compública). O prêmio é uma iniciativa da ABCPública para homenagear profissionais que se destacam pela pesquisa e/ou prática da comunicação pública em favor do fortalecimento da democracia brasileira.

Nessa conversa exclusiva com a ABCPública, Maria Helena Weber fala sobre e emoção de ser indicada ao prêmio, sobre sua trajetória na comunicação e também sobre questões atuais e desafios que estão postos aos comunicadores públicos na atualidade.

Professora, como a senhora recebeu a notícia da indicação ao Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública?

Fiquei surpresa porque é um prêmio muito importante e fiquei emocionada por saber que minhas reflexões, produção científica, minhas experiências e meu trabalho como professora forma reconhecidos e até premiados.

Que importância tem, para a senhora, o legado da Beth Brandão no campo da comunicação pública?

O legado de Elisabeth Brandão é um dos mais importantes no campo da comunicação pública com repercussões fundamentais para a comunicação política e governamental e, também, para a profissão de Relações Públicas. Ela promove o conceito, a partir de Pierre Zémor, quando o Brasil voltava a respirar democracia e a comunicação – imanente a este regime –  precisava extrapolar a dimensão persuasiva, funcional e autoritária executada pelo regime militar. Beth Brandão questiona e analisa a responsabilidade dos sistemas e profissionais na comunicação entre o estado brasileiro e a sociedade e, a partir deste movimento, ‘comunicação pública’ passa a ser um conceito em construção, instigante teoricamente como demonstram tantas abordagens da produção científica e, ainda, profissionalmente, desafiador.

O 3º Congresso Brasileiro de Comunicação Pública, em outubro deste ano em Sergipe, tem como tema comunicação pública e emergência climática. Qual deve ser o papel da CP na promoção do diálogo social em favor de avanços nesse tema?

São muitas as experiências que incidem sobre as temáticas “comunicação pública e emergência climática” e precisam ser analisadas, sob duas perspectivas. Na perspectiva epistêmica, o entendimento e as pesquisas sobre a relação entre informação, comunicação e meio ambiente são fundamentais na produção de novas linhas de pesquisa de caráter interdisciplinar como a recente produção científica vem demonstrando. Essa relação indica a perspectiva técnico-estratégica necessária para a compreensão e a prevenção dos desastres e tragédias climáticas. Essas perspectivas exigem a normatividade própria da comunicação pública sob a responsabilidade do estado, das instituições de ensino, da imprensa, das mídias sociais, do mercado e da sociedade.

Ao longo da sua trajetória, a senhora contribuiu para consolidar o conceito de comunicação pública como campo. Como ocorreu este processo?

A consolidação desse conceito ocorreu aos poucos. As experiências e a militância na política, desde a adolescência, e a minha formação em Comunicação me permitiram atuar em diferentes instituições na redemocratização do país (Ministério da Educação e Prefeitura Municipal de Porto Alegre) e foi essa combinação que me levou à comunicação pública. Entendia que meu ingresso na universidade como docente seria transitório, pois sempre disse que não queria ser professora. Mas foi este lugar que me permitiu refletir sobre política, poder, comunicação até chegar à comunicação pública. Na década de setenta (auge da ditadura brasileira) fui estudante e professora, na UNISINOS e depois na UFRGS, porque minha mestra Martha D’Azevedo me convenceu que eu sabia ensinar e … aqui estou até hoje. Aos poucos, a busca de conhecimento nos novos tempos democráticos me levaram para o mestrado (Sociologia UFRGS) e o doutorado (Comunicação UFRJ), com teses voltadas à ditadura e à comunicação política. No entanto, a participação no primeiro governo democrático da Prefeitura de Porto Alegre foi diferenciada e falávamos na comunicação pública, na comunicação e participação da sociedade. Essa experiência fantástica (enquanto dava aulas) gerou meu primeiro projeto como pesquisadora CNPq. Meu ingresso no PPGCOM/UFRGS, a sequência de orientações de teses e dissertações e o funcionamento do Núcleo de Pesquisa em Comunicação Pública e Política (NUCOP) e do Observatório da Comunicação Pública (OBCOMP) permitiram debates e produção coletiva que ampliaram o conceito ‘Comunicação Pública’ sustentado pelo interesse público, para além da comunicação estatal e governamental.

Como a senhora avalia a relação entre comunicação pública e processos democráticos no contexto atual?

A Comunicação Pública ocorre somente em regimes democráticos porque exige o debate público, a liberdade de expressão, a organização e participação da sociedade. O fortalecimento e a qualidade da democracia dependem, portanto, da comunicação pública (escrevemos recentemente sobre isso). Essa hipótese permite pesquisar, especialmente, dois aspectos. Primeiro, sobre o interesse público: de que maneira a informação, a publicidade, os discursos e eventos dos poderes legislativo, executivo e judiciário; das instituições públicas; das universidades; do mercado e da imprensa respondem ao interesse público, considerando o poder das mídias sociais, das mídias convencionais. O segundo aspecto está relacionado ao debate público sobre temas de interesse público e vitais à democracia – que deveria ser promovido pelos poderes do Estado, na tomada de decisões relacionadas a políticas públicas.

Em suas pesquisas, a senhora destaca o papel da escuta e da interlocução. Que dicas a senhora nos dá para avançar nesse quesito no Brasil?

Abordei a questão do debate público, essencial à democracia e, portanto, à comunicação pública, ou seja, a participação da sociedade – escuta e interlocução – são partes indissociáveis à qualidade das democracias. Não tenho dicas, porque este avanço depende de projetos políticos-ideológicos e de governança que privilegie o interesse público e crie espaços de participação.

Recentemente a senhora lançou o livro “A imagem pública tecida entre política, mídias e afetos”, que é uma reflexão da imagem pública num cenário de disputa de poder. Como a comunicação pública estratégica pode contribuir para fomentar mudanças nesse cenário? 

A obtenção de uma imagem pública favorável é o desejo de políticos, governantes e cidadãos em lugares de poder e domínio. Neste sentido, a imagem pública será sempre uma disputa permanente entre as informações e imagens veiculadas pelas mídias sociais, imprensa e aquelas produzidas pela própria organização. Em relação a isso não há mudanças nesse cenário e a história nos mostra isto. Os dispositivos de comunicação, propaganda, discursos visam mobilizar afetos (paixões e emoções) e atrair cada eleitor e cidadão para que formem a imagem desejada. Muitas são as variáveis que limitam esse processo sempre finalizado na opinião.

Nesse cenário, cabe ressaltar, o grande problema da comunicação pública na relação entre imagem pública e instituição constituído pelo “paradoxo político-comunicacional”, (Weber, 2023) que é aparentemente indissolúvel. O conceito define a dependência e a decisão voluntária de associar o projeto político de um governante, por exemplo, à comunicação da instituição governada, ou seja o interesse público submetido a um projeto privado. A comunicação pública é o posto disso.

Quais os principais desafios que as instituições públicas enfrentam para efetivar a comunicação como direito e não como instrumento de marketing?

O instrumental e a estética do marketing estão consolidados pelo mercado e a tecnologia, as IAs e os dispositivos de conteúdo tornam cada vez mais fascinantes as propostas das agências às instituições públicas. O problema não é o marketing. O grande desafio reside na compreensão sobre a normatividade da comunicação pública e a capacitação de profissionais para que a tradução do projeto político seja feita a partir do interesse público, da visibilidade da instituição e do direito público de saber. Ou seja, a responsabilidade é da instituição e não do marketing. O próprio brieffing para campanhas depende da compreensão da instituição sobre suas funções e responsabilidades político-sociais. Também o uso qualificado do aparato de radiodifusão e das próprias mídias sociais depende de uma política de comunicação pública.

O que falta para que a comunicação pública seja uma diretriz efetiva nas políticas de Estado, e não apenas de governo?

A Comunicação Pública, em suas características definida pela Constituição e deveria se tornar uma política pública. No entanto, a comunicação é tradutora de políticas governamentais, então, dificilmente terá uma configuração que atenda a todos os governos democráticos. Mesmo assim é possível pensar que poderia haver diretrizes para a formulação de políticas de comunicação para cada governo e isso seria o papel do Poder Legislativo, mas este privilegia a comunicação privada. Esta questão é um debate e um desafio importante.

Como a senhora vê o futuro da comunicação pública em tempos de desinformação e ataques à esfera pública?

Vivemos na era de grandes transformações políticas, econômicas, sociais e pessoais desencadeadas pelo espectro da comunicação digital. A desinformação e a circulação de mentiras e maldades a partir de poderosas estruturas tecnológicas desafiam governos e leis. Em meio a isto, as instituições públicas passam a ter uma papel pedagógico que deve ser exercido através de políticas de Comunicação Pública que indiquem a apropriação da tecnologia digital a ser usada para esclarecimentos, para promover o debate público com o objetivo de diminuir a vulnerabilidade das pessoas e da sociedade.

Que experiências ou projetos institucionais mais a inspiram hoje no Brasil ou fora dele?

Os projetos mais interessantes e fundamentais à democracia são aqueles que promovem a pesquisa, o debate, a formação e a circulação da produção científica em torno de temas como comunicação e meio ambiente e comunicação e democracia. Muito dos editais do CNPq e de outras agências de pesquisa, por exemplo, tem feito essa chamada. São muitos os projetos institucionais voltados à qualificação da democracia no Brasil, mas citaria três com objetivo diferenciados na sua estrutura mas que abrangem a comunicação Pública: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT-DD); Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD) e a própria Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública).

Se pudesse resumir sua trajetória com uma palavra ou imagem, qual seria?

Comunicação (meu trabalho), política (minha utopia), poesia (minha literatura).

Que mensagem gostaria de deixar às pessoas que lutam diariamente por uma comunicação pública ética, democrática e inclusiva?

Creio que as instituições de ensino têm uma grande responsabilidade sobre a formação de profissionais de comunicação que possam estabelecer relações e fazer a crítica no campo da comunicação política, comunicação governamental e comunicação pública, especialmente, os graduandos em jornalismo, propaganda e relações públicas e a pós-graduação que promove a pesquisa. A competência de lidar com temas políticos inicia em aula e evolui para TCCs, teses e dissertações. Por isto creio que a disciplina comunicação e política deveria ser obrigatória. Os profissionais que trabalham com a comunicação pública precisam, ininterruptamente, pesquisar, refletir, debater e atuar junto às instituições públicas incorporando as facilidades dos dispositivos comunicacionais, mas lutando por estratégias de comunicação que atendam ao interesse público, promovam a ética e a democracia.

Conquistar um espaço de poder nas instituições é também dominar, defender e explicar a normatividade do conceito Comunicação Pública, bem como as suas implicações para a democracia.

Grupo Kalunga e ESPN fecham parceria para o X-Sports, novo canal esportivo em TV aberta

Grupo Kalunga e ESPN fecham parceria para o X-Sports, novo canal esportivo em TV aberta

O Grupo Kalunga e a ESPN fecharam um contrato de sublicenciamento de eventos para o X-Sports, novo canal esportivo em TV aberta que deve estrear em agosto. Em São Paulo, vai usar o canal 32, frequência da extinta MTV Brasil. As informações são de Gabriel Vaquer, do F5 (Folha de S.Paulo).

A parceria entre Kalunga e ESPN não é de operação e sim de sublicenciamento de eventos. O X-Sports vai pagar para poder exibir eventos esportivos cujos direitos de transmissão pertencem ao Grupo Disney. Henrique Meira, executivo que trabalhou anteriormente na própria ESPN e na BandSports, é o principal responsável pela operação do X-Sports.

Entre os torneios que serão transmitidos no novo canal estão Premier League (Inglaterra), La Liga (Espanha), Serie A (Itália), Liga Portugal e a EFL Championship, segunda divisão do futebol inglês, além da Copa do Rei (Espanha) e a Copa da Alemanha. Segundo o F5, o X-Sports está negociando também a transmissão da Bundesliga, o campeonato alemão de futebol. A prioridade de escolha das partidas, porém, seguirá na ESPN. O X-Sports vai exibir partidas menos importantes dos torneios.

Além disso, segundo apurou o F5, a ESPN não terá nenhuma participação no conteúdo do novo canal, incluindo equipes de transmissão, narradores, comentaristas e repórteres, além de questões comerciais, como participação em vendas no mercado publicitário.

O Grupo Kalunga foi o responsável pelo canal Loading, voltado ao público geek, lançado em 2020, mas que saiu do ar cerca de seis meses após a estreia.

Prêmio SAE Brasil está de volta

Com o apoio da Toyota, o Prêmio SAE Brasil de Jornalismo retorna em 2025 depois de ter sua edição de 2024 cancelada. A iniciativa, que tem como objetivo reconhecer o trabalho de jornalistas e publicações sobre tecnologia da mobilidade, chega à sua 18ª edição premiando reportagens nas categorias Mídia Impressa, Internet e Vídeo.

Poderão concorrer reportagens veiculadas entre 1º de julho de 2024 e 1º de julho de 2025, sobre os avanços tecnológicos em diferentes modais – automotivo, aéreo, ferroviário e naval –, que abordem mobilidade urbana, veículos autônomos, sustentabilidade, soluções energéticas, mineração e aplicações no agronegócio.

A cerimônia de premiação será realizada durante o 32º Congresso e Mostra Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE Brasil, nos dias 7 e 8 de outubro, em São Paulo.

Regulamento e inscrições em saebrasil.org.br/premios.

Últimas notícias

pt_BRPortuguese