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terça-feira, agosto 26, 2025

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100 Anos de Rádio no Brasil: Indústria da música cresceu 6,5% e movimentou US$ 36,2 bilhões no mundo

Por Álvaro Bufarah (*)

O mercado global da música atingiu a marca de US$ 36,2 bilhões em 2024, registrando um crescimento de 6,5% em relação ao ano anterior, segundo dados do relatório anual da consultoria MIDiA Research. O desempenho positivo mantém a tendência de recuperação e adaptação da indústria em meio a um cenário global ainda desafiador, marcado por instabilidades econômicas, inflação persistente, juros altos e mudanças no comportamento de consumo.

Quando excluídos os chamados “direitos expandidos” − como merchandising, licenciamento e experiências −, a receita do setor ficou em US$ 32,1 bilhões. O crescimento, embora abaixo dos 9,4% registrados em 2023, reflete a capacidade do setor de se adaptar a transformações econômicas e tecnológicas que vêm redesenhando a cadeia produtiva da música.

O streaming digital segue como principal fonte de receita do mercado, mas deu sinais de desaceleração. Pela primeira vez, sua participação na receita total caiu levemente, passando de 61,5% em 2023 para 61,3% em 2024, mesmo com um faturamento expressivo de US$ 22,2 bilhões. A contribuição do streaming para o crescimento global foi mais de 20% inferior à registrada em 2022. Especialistas apontam que o modelo de negócios do streaming está se aproximando da maturidade e que os recentes reajustes de preços e tentativas de introdução de planos superpremium ainda não compensam a desaceleração natural do setor.

O segmento físico, por sua vez, voltou a apresentar retração − queda de 4,8% −, mantendo um comportamento cíclico de crescimento e queda observado ao longo da década. O avanço da indústria em 2024 teve impulso significativo de outras fontes de receita, como sincronização (uso de músicas em filmes, séries e publicidade), direitos de performance pública e os já mencionados direitos expandidos. Este último segmento somou US$ 4,1 bilhões, evidenciando o sucesso das gravadoras em monetizar o engajamento dos fãs com produtos e experiências além da música.

As receitas provenientes dessas categorias cresceram 17,3%, sendo que a Sony Music foi a grande destaque, ao registrar um salto de 38,6% nas receitas de “outros”. No ranking geral, o Universal Music Group (UMG) manteve sua posição como a maior gravadora do mundo, com receita de US$ 10,5 bilhões. No entanto, o Sony Music Group (SMG) foi o que mais cresceu entre os grandes, com alta de 10,2% em 2024, ampliando sua participação de mercado em 700 pontos-base, alcançando 21,7%. Desde 2020, o SMG acumulou um crescimento de 73,9%.

As gravadoras independentes também ampliaram sua participação e chegaram a representar 29,6% do mercado. Já os artistas independentes, que lançam suas músicas diretamente nas plataformas − conhecidos como Artists Direct − movimentaram US$ 2 bilhões em 2024. Apesar de o número de artistas nesse perfil ter crescido 17,2%, alcançando 8,2 milhões de criadores, sua receita ficou abaixo da média do mercado. Serviços chineses como Tencent Music e NetEase destacaram-se por impulsionar esse crescimento na Ásia.

O relatório aponta ainda uma tendência preocupante: a crescente distância entre o crescimento das plataformas de streaming (DSPs) e o das gravadoras e detentores de direitos autorais. Em 2024, as DSPs aumentaram sua receita em um ritmo três vezes maior do que as gravadoras, tendência que já dura três anos. Esses serviços estão diversificando suas fontes de receita por meio da oferta de conteúdos como podcasts, audiolivros, músicas mais baratas oriundas de bibliotecas de produção, inteligência artificial generativa e novos modelos de licenciamento. Algumas plataformas, como o Spotify, ainda passaram a cobrar das gravadoras pelo acesso promocional aos seus algoritmos, como no caso do “Modo Descoberta”.

Embora os números gerais sejam positivos, o relatório traz um alerta importante: a indústria precisa rever suas estratégias diante do avanço das plataformas e da movimentação crescente de artistas independentes que buscam novas formas de distribuição fora dos grandes serviços de streaming. O risco, segundo os analistas, é que parte significativa da cultura musical do futuro seja criada e consolidada em ambientes que fogem ao controle tradicional das grandes gravadoras.


Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: O cego na História

Por Assis Ângelo

Em 1825, o francês Louis Braille tinha 16 anos. Com essa idade, ele surpreendeu muita gente ao apresentar pela primeira vez um método que desenvolveu para ajudar as pessoas cegas, na leitura e na escrita.

Pouco antes dos anos 30 do século 19, o jovem foi melhorando o que inventara.

Quer dizer, há 200 anos as pessoas cegas em todo o mundo passariam a ter a esperança de uma vida melhor, até porque essa invenção possibilitaria a alfabetização.

Essa história toda começa em 1812, quando o caçula dentre quatro irmãos sofreu um acidente quando brincava na oficina do pai.

O pai de Louis, Simon-René Braille, era de profissão seleiro. muito benquisto na região onde vivia com mulher e filhos.

Quando sofreu o acidente, o menino brincava com pedaços de couro. De repente, uma fivela atingiu com violência um dos seus olhos. Foi um Deus nos acuda. Tudo o era possível fazer foi feito para que a infecção não alcançasse o outro olho. Até uma benzedeira de fama foi chamada, mas não adiantou. Dois anos depois, o menino Louis estava completamente cego dos olhos.

Todo mundo se envolveu na educação do pequeno Louis, que sempre tirava ótimas notas na escola.

No começo dos anos 40 do século 19, Louis já tinha o seu método bastante conhecido e o seu nome nele agregado. Assim: Braille, método Braille.

Louis Braille e seu alfabeto

Em 1844, um brasileiro de dez anos chegava a Paris para ler na cartilha criada por Louis. Esse brasileiro atendia pelo nome de José Álvares de Azevedo. Era de família pujante e nasceu desprovido de brilho nos olhos.

Seis anos se passaram quando o agora adolescente José voltava à terrinha e aos braços do pai e da mãe.

Bem articulado, versátil e brincalhão, José passou a dar palestras nas casas e noutros lugares onde era chamado.

Um dia, o filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Silveira da Motta Azevedo estacou diante do imperador Pedro II e a este o jovem fez uma bela e detalhada apresentação do método Braille. O objetivo desse encontro era convencer o imperador a instituir uma escola para cegos.

Louis Braille morreu em 1852, de tuberculose.

De tuberculose também morreu José Álvares de Azevedo, com 20 anos de idade.

O encontro de José com D. Pedro rendeu frutos, sob o título Imperial Instituto dos Meninos Cegos.

José Álvares de Azevedo

José morreu seis meses antes da inauguração da instituição.

Do quadro dos professores desse Imperial Instituto fazia parte Benjamin Constant. Matemática era uma das matérias que lecionava.

Com a morte de Benjamin em 1891, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos passou a se chamar Instituto Benjamin Constant. Até hoje.

A cegueira sempre foi um problema para o seu portador ou portadora. Fora isso, as pessoas cegas na Antiguidade e até praticamente nos dias recentes eram consideradas malditas. Havia quem pensasse que a cegueira era um castigo divino. Noutras palavras: o cego era pecador que não merecia perdão.

Na Antiguidade grega, os cegos eram tidos como adivinhos e por aí vai.

Tirésias, filho de um pastor, transita por séculos em histórias lendárias como o cara que virou mulher por obra e graça da deusa Hera, que não gostou de vê-lo enxotando um par de cobras em plena cópula. A ira teve um prazo: sete anos. Passado esse tempo, Tirésias voltou a ser o que era antes: um homem.

Saliente, Tirésias caiu na besteira de flagrar a deusa Atena tomando banho. Aí dançou. Irritada, ela o cegou para sempre. Cego e sábio. Acha-se até nas páginas da Odisséia de Homero. Curiosidade: Tirésias, que perdeu o “s” para o diretor francês Bertrand Bonello, ganhou o telão num enredo envolvendo uma transexual brasileira que vive na periferia da França com o irmão. O filme é de 2003. Mas essa é outra história.

Expressões como “deficiente visual” e “pessoas de baixa visão” foram cunhadas nos primeiros anos do século 20.

A partir do século 21, a sociedade passou a respeitar um pouco mais as pessoas portadoras de quaisquer tipos de deficiência física, auditiva, visual etc.

Não são poucos os personagens cegos que se movimentam na literatura brasileira e estrangeira. E há até autores cegos que deixaram obras monumentais, como os argentinos Jorge Luis Borges (1899-1986) e Ernesto Sabato (1911-2011).

Meu amigo, minha amiga, você sabia que o pai da literatura brasileira Machado de Assis ficou cego por um tempo logo após o Natal de 1878?

Meu amigo, minha amiga, você sabe o que eu acho da cegueira?

A cegueira não é o fim.


Contatos pelos assisangelo@uol.com.br, http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

STF mantém indenização de Eduardo Bolsonaro a Patricia Campos Mello

Justiça de SP condena Hans River a indenizar Patrícia Campos Mello por danos morais
Patrícia Campos Mello (Crédito: TV Cultura)

O Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por 9 votos a 2, um recurso do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e manteve a decisão que o condena a indenizar Patricia Campos Mello, repórter da Folha de S.Paulo, em R$ 35 mil por danos morais. O julgamento ocorreu em 11/4.

Campos Mello acionou a Justiça contra Eduardo após ataques feitos pelo deputado em maio de 2020. Na ocasião, o parlamentar afirmou que a repórter da Folha “tentava seduzir” fontes para obter informações prejudiciais ao então presidente Jair Bolsonaro. Para o presidente do STF Luís Roberto Barroso, não existem novos argumentos para reverter a decisão contestada.

“Com efeito, para divergir da conclusão do tribunal de origem acerca da configuração de ato ilícito no caso concreto seria necessário um novo exame dos fatos e das provas constantes dos autos, providência inviável nesta fase processual”, declarou Barroso. Também votaram por manter a decisão os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Edson Fachin e Luiz Fux. Os únicos dois votos contrários foram de André Mendonça e Kassio Nunes Marques.

Ajor e Embaixada Britânica lançam Prêmio de Jornalismo Digital Socioambiental

Ajor e Embaixada Britânica lançam Prêmio de Jornalismo Digital Socioambiental

A Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e a Embaixada do Reino Unido no Brasil lançaram o Prêmio de Jornalismo Digital Socioambiental, que vai premiar trabalhos jornalísticos com foco em pautas socioambientais em duas categorias. As inscrições vão até 30/4.

O prêmio é uma homenagem póstuma a Bruno Pereira e Dom Phillips, assassinados em junho de 2022, no Vale do Javari, no Amazonas. Segundo texto publicado no site da Ajor, a premiação é um “reconhecimento ao legado de Bruno e Dom na defesa do meio ambiente e dos povos originários”. Além disso, o prêmio faz parte das celebrações do bicentenário das relações diplomáticas entre Reino Unido e Brasil.

As duas categorias são Melhor Reportagem Socioambiental e Melhor Cobertura Socioambiental Local. Podem ser inscritos trabalhos publicados entre 31 de março de 2024 e 31 de março de 2025.  Os finalistas serão anunciados no dia 25 de maio. O vencedor de cada uma das categorias será premiado com R$ 10 mil.

“Diante da emergência climática e o papel da desinformação nesse contexto, a cobertura socioambiental precisa ser reconhecida e apoiada”, disse Maia Fortes, diretora executiva da Ajor. “O prêmio é uma oportunidade de valorizar profissionais e organizações comprometidos com pautas que conscientizem a sociedade, influenciem governos e fomentem o debate público. É também uma forma de fortalecer a construção de um futuro sustentável e resiliente”.

Confira o edital completo e inscreva-se aqui.

Nissan define a Bowler como sua nova agência de Comunicação Corporativa

Nissan define a Bowler como sua nova agência de Comunicação Corporativa

A Bowler foi anunciada oficialmente nesta semana como a nova agência de Relações Públicas da Nissan do Brasil, ficando responsável por dar suporte estratégico em âmbito nacional à Diretoria de Comunicação Corporativa da empresa nas atividades de assessoria de imprensa, comunicação interna e operações.

A nova conta terá direção de Liana Pires (liana.pires@bowler.com.br) e gerência de Daniel Rela (daniel.rela@). Também integram o time de atendimento Fernando Pedroso (fernando.pedroso@), como consultor sênior; Veruska Santos (veruska.santos@), que ficará responsável por Eventos; Gabriela Oliveira (gabriela.oliveira@) e Charles Freitas (charles.freitas@), na Comunicação Interna; e o designer Matheus Alves (matheus.alves@). Além deles, Fagner Oliveira, que cuidava da frota pela antiga agência responsável pela conta, foi transferido e seguirá seu trabalho agora pela Bowler.

Alexandre Freeland assume a Comunicação Institucional da Rede D’Or São Luiz

Alexandre Freeland assume a Comunicação Institucional da Rede D’Or São Luiz

Alexandre Freeland é o novo diretor de Comunicação Institucional da Rede D’Or São Luiz. Ali chega depois de uma jornada de 3 anos e 10 meses como diretor executivo da In Press Porter Novelli, em sua segunda passagem por lá, e de 1 ano e 9 meses na mesma função no Grupo In Press. Entre essas passagens, foi por 2 anos editor executivo de I tendo acumulado no período final a Diretoria de Projetos Especiais da Infoglobo. Anteriormente, foi por quase 5 anos diretor de Redação de O Dia e do Meia Hora.

Em seu Linkedin, Alexandre compartilhou seu entusiasmo e suas experiências no novo cargo: “Nessas primeiras semanas na Rede D’Or, encontrei colegas acolhedores, empolgados, cheios de talento, energia e propósito. Em diferentes áreas e especialidades, dos profissionais de saúde ao time do corporativo, passando por marketing, sustentabilidade, RH, RI… Tem sido um turbilhão de conhecimento. Agradeço a todos pela acolhida generosa e, em especial, a Paulo Moll, Rodrigo Gavina da cruz e Pablo Meneses pela oportunidade e pela confiança”.

Yuri Alves Fernandes recebe prêmio inédito do International Center for Journalists

Yuri Alves Fernandes recebe prêmio inédito do International Center for Journalists
Yuri Fernandes (Crédito: Ascanio Pepe /Journalism Fest)

Yuri Alves Fernandes recebeu o Prêmio Criador de Notícias de Excelência em Jornalismo de Vídeo Independente, do International Center for Journalists (ICFJ), pela idealização e produção da série LGBT+60: Corpos que Resistem, produzida para a plataforma #Colabora. Yuri foi o único profissional sul-americano entre os vencedores.

A cerimônia de premiação, em Perúgia, na Itália, fez parte do XIX Festival Internacional de Jornalismo. Além de receber o prêmio, Yuri foi convidado para compartilhar suas experiências no painel Tornando-se independente: Como jornalistas estão construindo audiências e expandindo negócios em todo o mundo.

A série LGBT+60 revela a trajetória de vida, os obstáculos, as conquistas e as celebrações de brasileiros LGBTQIAPN+ na terceira idade. Desde que estreou, em 2018, já ganhou diversos prêmios. Em sua terceira temporada, o projeto está disponível na Globoplay, via Canal Futura, nas redes sociais e no canal do #Colabora no YouTube.

“Se a série vem recebendo tanto reconhecimento, não só no Brasil, mas em todo o mundo, isso prova que o assunto é relevante e precisa ser pautado”, declarou Yuri. “Espero que “LGBT+60″ seja essa semente para que a gente consiga falar de um futuro dentro da comunidade LGBTQIAPN+. Que a gente fale da resistência e da luta, mas que também possa falar sobre essas pessoas que já estão na longevidade e que lutaram tanto para que pudéssemos ter os nossos direitos hoje”.

Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Yuri é sócio e diretor-geral da #Colabora, plataforma brasileira de jornalismo dedicada à sustentabilidade e aos direitos humanos. Antes, trabalhou na Rede Globo e foi repórter do GShow.

Programa da Universidade Columbia recebe inscrições até 14/4

Programa da Universidade Columbia recebe inscrições até 14/4
Crédito: Daniel Chicchon/ Unsplash

Jornalistas brasileiros sêniores ou de meio de carreira podem se inscrever até 14/4 para participar de um seminário intensivo e receber uma bolsa de reportagem voltada à produção de conteúdos sobre os impactos das mudanças climáticas, da tecnologia e da desigualdade social e racial em crianças de 0 a 6 anos. A iniciativa, do Dart Center for Journalism and Trauma, da Universidade Columbia (EUA), selecionará 20 profissionais, que receberão US$ 1.000 (cerca de R$ 5,8 mil) cada.

O seminário será realizado de 27 a 29 de junho, no Rio de Janeiro, e contará com palestras de especialistas e painéis sobre temas como neurociência do desenvolvimento cerebral na primeira infância, políticas públicas e os efeitos das mudanças climáticas, da tecnologia e das desigualdades sociais e raciais nas crianças.

Serão cobertos os custos de viagem, hospedagem e alimentação. A oportunidade é destinada a profissionais de todas as mídias e regiões do Brasil, incluindo freelancers, desde que apresentem uma proposta com foco em crianças pequenas, acompanhada de um veículo provável de publicação ou transmissão. As reportagens devem ser veiculadas até 15 de novembro de 2025. A seleção levará em conta a experiência prévia nos temas, localização geográfica e o tipo de veículo do candidato. Saiba mais aqui.

Abraji lança curso gratuito sobre cobertura da COP30

Abraji lança curso gratuito sobre cobertura da COP30

Estão abertas até 22/4 as inscrições para o curso gratuito COP30 em pauta, promovido pela Abraji com apoio do Itaú e curadoria de Cristiane Prizibisczki e do site ((o))eco. A iniciativa, que tem como objetivo apoiar jornalistas, estudantes e comunicadores na cobertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), será realizada de 24 de abril a 30 de maio.

O curso abordará fundamentos técnicos e contextuais da pauta climática, além de apresentar estratégias práticas para a atuação jornalística, tanto presencial quanto remota. As aulas serão oferecidas no formato MOOC (Curso Online Aberto e Massivo), com transmissões ao vivo e acesso livre até novembro.

A capacitação contará com profissionais experientes na cobertura ambiental e pesquisadores da área de ciência climática. Serão cinco módulos, com um total de dez aulas − cada uma com 1h30 de exposição e 30 minutos dedicados a perguntas e debates. Ao final, participantes com pelo menos 70% de presença receberão certificado digital.

Inscrições e mais informações aqui.

Novo documentário lança luz sobre uma tragédia britânico-brasileira: o caso Jean Charles

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A história de Jean Charles de Menezes − imigrante brasileiro morto pela polícia britânica em 2005 − será tema de uma nova série documental da Disney+, lançada no ano em que a tragédia completa 20 anos.

Em um momento de medo e caos, uma semana após os atentados de 7 de julho daquele ano, a Met − a polícia metropolitana de Londres, então reconhecida por sua seriedade e eficiência − cometeu um erro fatal que tirou a vida de um inocente, confundido com um terrorista e abatido a tiros no metrô.

O erro policial, porém, foi agravado pela cobertura da mídia. As primeiras reportagens distorceram a imagem de Jean Charles, alimentando versões falsas que aprofundaram ainda mais a tragédia.

Suspect: The Shooting of Jean Charles de Menezes estreia em 30 de abril, em quatro episódios. Familiares de Jean participaram como consultores da produção, o que confere ao projeto uma narrativa mais autêntica e menos limitada pela ótica britânica.

Em entrevistas recentes à imprensa local, a mãe de Jean, Maria de Menezes, expressou a esperança de que o documentário “mostre ao mundo a verdade” e ajude a corrigir equívocos que persistem até hoje − entre eles, a forma como seu filho foi retratado nos dias seguintes ao crime.

Na época, veículos britânicos, ao reproduzirem sem questionamento as primeiras informações fornecidas pela polícia, contribuíram para consolidar uma narrativa equivocada. Alegava-se que Jean teria se comportado de maneira suspeita ou desobedecido ordens − versões que mais tarde seriam desmentidas por testemunhas e por investigações oficiais.

O irmão de Jean Charles, Giovani da Silva, destacou como essa cobertura inicial feriu ainda mais a memória do brasileiro, desviando o foco das falhas policiais.

Mas uma personagem real se destacou na luta para expor a verdade: Lana Vandenberghe, secretária da Independent Police Complaints Commission (IPCC), teve acesso a documentos que desmentiam informações cruciais divulgadas pela polícia − como a roupa que Jean vestia no momento do crime.

Ela decidiu denunciar o acobertamento, vazando os documentos para a rede ITV, o que mudou o rumo das investigações. Seu ato de coragem custou seu emprego e rendeu até uma prisão, mas revelou inconsistências que seriam posteriormente comprovadas.

Outro documentário recente, Shoot to Kill: Terror on the Tube, exibido pelo Channel 4 em 2024, também trouxe à tona novos elementos do caso − incluindo um depoimento inédito de um dos policiais envolvidos −, lançando luz sobre as decisões equivocadas que levaram à morte de Jean Charles e sobre a tentativa de controlar a narrativa pública.

Esses projetos documentais vão além do resgate histórico. Eles funcionam como um alerta sobre os riscos de decisões precipitadas em tempos de crise − e sobre o papel decisivo da mídia na construção da memória coletiva.

Não se trata apenas de uma tragédia pessoal. Erros desse tipo têm efeitos devastadores para as vítimas e suas famílias, dificultam a responsabilização dos culpados e perpetuam injustiças, prejudicando os processos de reparação e de aprendizado social.


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