Os desafios que chegam ao novo Jornalismo do Nordeste
Este conteúdo foi publicado originalmente pela LatAm Journalism Review em 11 de maio de 2022
Por Júlio Lubianco
A região Nordeste do Brasil é a segunda mais populosa do país, tem o terceiro maior PIB e o menor PIB per capita do país. O jornalismo da região sofre duplamente com a falta de recursos e a reduzida visibilidade nacional. Apesar das limitações econômicas, iniciativas jornalísticas indepedentes se multiplicam nos nove estados do Nordeste e são capazes de produzir impacto mesmo com recursos restritos.
Segundo a mais recente edição do Atlas da Notícia, 62,4% dos municípios do Nordeste ainda são desertos de notícias — é o segundo maior percentual do Brasil. São considerados desertos de notícias cidades onde não há nenhum veículo jornalístico sequer. Para piorar, em 2021 a crise tirou das ruas três jornais tradicionais de circulação diária na região: o Jornal do Commercio, o Diário do Nordeste, em Fortaleza(CE) e O Estado do Maranhão.
“A sustentabilidade financeira é uma grande barreira para o desenvolvimento do jornalismo independente no Brasil como um tudo e no Nordeste em particular, já que muitas das oportundiades de financiamento se concentram na região Sudeste, mais rica,” disse à LatAm Journalism Review (LJR) a jornalista Mariama Correia, idealizadora da newsletter Cajueira e pesquisadora do Atlas da Notícia no Nordeste. “A descentralização desses recursos e de oportunidades de formação é importante para que comunicadores e jornalistas da região possam desenvolver novas formas de financiar suas iniciativas.”
Diante disso, iniciativas digitais locais ganham ainda mais importância embora sobrevivam com enormes sacrifícios de suas equipes. Neste artigo, a LJR mostra cinco casos de novos veículos que surgiram nos últimos anos e produzem jornalismo de alto nível, embora lidem diariamente com o desafio de sobrevivência financeira.
Saiba Mais: oásis num deserto de notícias
Há quatro anos, a Agência Saiba Mais cobre o dia a dia do Rio Grande do Norte e sua capital, Natal. O estado tem 82% dos seus municípios classificados como desertos de notícias, segundo a mais recente edição do Atlas da Notícia. Com um orçamento mensal de parcos BRL 17.500 (USD 3.500) provenientes principalmente de doações de leitores, o veículo conta com seis jornalistas, dos quais apenas um em tempo integral.
O fundador da Saiba Mais é o experiente jornalista Rafael Duarte, natural de Brasília e com mais de 20 anos de atuação em jornais potiguares. À LJR, ele criou a agência por dois motivos: a falta de perspectiva profissional num mercado restrito e a concetração de propriedade dos veículos tradicionais do estado.
“Quando eu cheguei [de Brasília], eu me assustei: todos os canais de rádio e televisão, por exemplo, eram loteada por pelos políticos aqui com o mandato. O principal jornal, a Tribuna do Norte, e a afiliada da TV Globo é da família Alves [do ex-ministro e deputado federal Henrique Eduardo Alves]; a afiliada da TV Record é de José Agripino Maia [ex-governador e ex-senador], e por aí vai,” disse Duarte.
A Saiba Mais se inspira na bem sucedida Agência Pública de Jornalismo Investigativo, embora Duarte admita não ter condições de fazer o mesmo tipo de jornalismo de profundidade por falta de recursos. Mesmo assim, é capaz de produzir furos com repercussão, como a notícia de que o prefeito de Natal reajustou o próprio salário para ser o segundo mais bem pago prefeito entre as capitais do Brasil.
“A gente ficou umas duas semanas só dando a matéria [sobre o reajuste]. Ninguém mais [da imprensa falou no assunto], todo mundo ficou calado. É esse tipo de cobertura que dá um orgulho danado, porque os colegas dos outros veículos vêm parabenizar a gente, dizer que não deram porque não puderam,” disse Duarte. “Minha grande inspiração é a Pública, só que a gente não tem orçamento, não tem um financiamento fixo. A gente precisa muito da audiência para gerar receita. Então a gente faz o hard news. Eu acho que a cidade precisa disso, né?”
Retruco: na disputa com Folha e TV Globo
Há quatro anos, sete estudantes de jornalismo de Pernambuco propuseram uma pauta para o edital da Agência Pública e nem acreditaram quando ganharam BRL 7.000 (USD 1,200) para produzirem uma reportagem em vídeo sobre um tema difícil: violência policial. A reportagem reconstruiu dois casos em que policiais militares balearam manifestantes em protestos no Nordeste.
“[Fundamos a Retruco] com um desejo em comum: comunicar de forma efetiva, acessível, moderna e livre de amarras, mas claro, a partir de um olhar do Nordeste! Sabe? Queríamos ir além do jornalismo tradicional e descentralizar o fazer comunicação, que é bastante centrado no Sudeste do país,” disse à LJR Juliana Aguiar, uma das fundadoras da Retruco. “[A seleção nos edital da Pública] nos deu a certeza que estávamos indo no caminho certo.”
Em 2021, a Retruco foi finalista na categoria multimídia do prestigioso Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos com o projeto Dependências, sobre a rede de interesses econômicos, políticos e religiosos no entorno da oferta de vagas de acolhimento e internações de dependentes de drogas em comunidades terapêuticas e clínicas de reabilitação no Nordeste.
“Concorremos ao lado de trabalhos do Fantástico e da Folha de S. Paulo,” disse Aguiar. A reportagem especial foi fruto de uma bolsa da Fundação Gabo no valor de BRL 14.000 (USD 2745,76).
Apesar do reconhecimento da qualidade jornalística, a Retruco ainda não tem fonte fixa de receita. Por isso, nenhum dez integrantes da equipe se dedica integralmente à agência.
“O nosso projeto ainda não é sustentável e essa é a nossa principal dificuldade atualmente. O que nos mantém são as bolsas de reportagem que conseguimos aprovar por editais. Os valores nos ajudam a contribuir com os custos de produção/logística, remunerar os colaboradores e fazer reportagens mais robustas,” disse Aguiar.
Tatu: pioneirismo em jornalismo de dados
Quando a Agência Tatu foi ao ar pela primeira vez em 25 de abril de 2017, os três fundadores, todos ainda estudantes de jornalismo, sabiam que se tratava da primeira iniciativa de jornalismo de dados criada no estado de Alagoas. O que eles não sabiam é que era a primeira também de todo o Nordeste do Brasil.
“A nossa intenção era obter, analisar e produzir matérias com dados focando em Alagoas, explorando personagens, especialistas e fontes locais. O que nos motivou foi, principalmente, o potencial do Jornalismo de Dados e vendo que era uma área inexplorada em Alagoas. Também nos incomodava a divulgação rasa de dados, principalmente os públicos, já que os veículos locais davam, geralmente, as informações passadas pelas assessorias,” disse à LJR Graziela França, fundadora e diretora de conteúdo da Tatu.
Cinco anos depois, a Tatu tem uma equipe de oito pessoas: cinco jornalistas, um designer gráfico e dois estagiários. A agência desfruta também de um raro reconhecimento nacional para veículos do Nordeste, conquistado através de prêmios nacionais e internacionais, e de editais de financiamento. Hoje 100% do faturamento vem de parcerias com empresas privadas, instituições públicas e ONGs, fornecendo desde projetos de checagem de fatos, produção de matérias com dados e até reportagens especiais.
“A nossa produção própria, disponível gratuitamente em nosso site, não nos traz lucro diretamente, mas funciona como mecanismo de impacto por oferecer conteúdo de qualidade à sociedade, além de ser fundamental para criar uma grande vitrine de apresentação dos nossos projetos e de todas nossas competências como startup de mídia,” disse França.
Entre as principais reportagens, está “O Amargo da Cana”, que mostra o elevado índice de acidentes de trabalho e sequelas sofridas pelos trabalhadores de cana de açúcar, um segmento importante da economia de Alagoas. Já o Monitor da COVID divulgava informações atualizadas diariamente sobre a doença no estado — foi descontinuado em março com o arrefecimento da pandemia.
“A sustentabilidade financeira é um dos principais pontos, mas também encontramos dificuldades em conseguir atender a todas as demandas de gestão, produção e expansão, já que somos três sócios jornalistas e tivemos que desenvolver habilidades voltadas ao empreendedorismo, programação, designer, etc,” disse França. “Atualmente, estamos em um processo de aceleração que trata justamente da expansão da Tatu para outros estados do Nordeste. Estamos trabalhando diversas ideias para alcançarmos mais pessoas em Alagoas e outros estados da região, que passarão a contar com uma cobertura de dados mais especializada e aprofundada.”
Paraíba Feminina: nenhum dinheiro e ameaças de morte
A LJR conversou com a jornalista Tatyana Valério, fundadora e única jornalista do Paraíba Feminina, no dia em que ela publicou a última reportagem nos três anos de existência do site de jornalismo feminista baseado no estado da Paraíba. Por falta de dinheiro para manter a iniciativa, Valério decidiu encerrar as operações, embora admita retormar o trabalho caso consiga novas opções de financiamento.
Valério lançou o Paraíba Feminina em 2019 para dar visibilidade aos temas feministas no estado. Naquele momento, o presidente Jair Bolsonaro havia acabado de tomar posse com um discurso de oposição à agenda feminista. Depois de dois anos sem remuneração, tocou o site como pode com recursos próprios até que conseguiu duas publicidades que rendiam BRL 3.700 (USD 722) por mês. Os acordos venceram em abril e não foram renovados.
“Tem um quadro aqui na minha frente com um monte de matéria para eu fazer, só que eu preciso me dedicar ao [trabalho] que vai pagar as minhas contas, então eu vou deixando as pautas aqui em stand-by,” disse Valério, que trabalha como assessora de imprensa na Assembleia Legislativa da Paraíba.
Em três anos, Valério se orgulha do resultado das reportagens que publicou. Numa delas, ela denunciou casos violência sexual contra adolescentes por uma celebridade local. Noutra, mostrou situações de abuso e assédio contra trabalhadoras de uma empresa. Em mais uma, conseguiu que a ex-mulher de um detento recebesse proteção policial após ameaças do ex-marido. Como resultado, colheu diversas ameaças, duas das quais ela considera “mais sérias”.
“Minha mãe me pergunta se vale a pena sofrer essas ameaças. Eu não sei. Talvez eu não consiga viver disso, que era o meu sonho, mas eu estou fazendo alguma coisa. Eu estou deixando algum legado quando os meus filhos tiverem adultos, eles vão lembrar? Vão dizer, ‘minha mãe fez isso, minha mãe fez aquilo, minha mãe ajudou as pessoas’,” disse Valério. “Eu fiquei com medo na época que eu recebi as ameaças. Eu fiquei com medo, de verdade.
Agência Tambor
São Luís, capital do estado do Maranhão, é a cidade com a maior quantidade de veículos jornalísticos registrados do Nordeste: 127, segundo o Atlas da Notícia. A Agência Tambor, criada em 2018, é uma dessas iniciativas. Criada a partir do Jornal Vias de Fato, publicação impressa mensal que circulou de 2009 a 2018, a Tambor se descreve como um veículo de “comunicação comunitária, livre, alternativa e popular.”
Como boa parte dos veículos desta lista, a Tambor tem como “maior desafio o financeiro. É existir, mantendo um projeto editorial comprometido com as pautas para o qual fomos criados: defesa dos direitos humanos, da classe trabalho, da preservação do meio ambiente,” disse à LJR a jornalista Rejane Galeno, que preside a Sociedade Maranhense de Mídia Alternativa e Educação Popular Mutuca, responsável pela operação da Tambor.
São cinco pessoas na equipe: três jornalistas e dois estudantes de comunicação. Além das reportagens para o site, a Tambor produz ainda um noticiário diário ao vivo no YouTube e um podcast.
“Já recebemos prêmios na área de direitos humanos, tivemos nosso trabalho reconhecido por diferentes categorias e organizações. Mas o maior orgulho é existir num ambiente tão adverso. E existir garantindo a total é aboluta liberdade de expressão dos nossos entrevistados,” disse Galeno.
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Jornalistas de jornais e revistas do RJ anunciam paralisação por reajuste salarial
Profissionais de jornais e revistas, impressos e digitais do Rio de Janeiro anunciaram uma paralisação de duas horas na próxima quarta-feira (25/5), mais de três meses após a data-base (1º de fevereiro) e sem que a negociação avance. A decisão foi tomada em assembleia realizada em 16/5, com participação de 135 jornalistas.
O ato, que deve ser realizado em horário de fechamento, é um protesto contra a proposta patronal de reajustar os salários muito abaixo do índice de inflação. A mobilização envolve jornalistas dos jornais O Globo, Extra, Valor Econômico, O Dia, Lance e de revistas da Editora Globo, entre outros.
Segundo publicado no site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o clima nas redações é de revolta. A inflação até a data-base é de 10,65%, e os patrões ofereceram reajuste de apenas 3,5% e somente para os salários, sem retroatividade.
“O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro alerta que a paralisação de duas horas é uma sinalização de que os jornalistas não abrem mão da reposição da inflação”, diz a nota. “O recado é claro: jornalistas não abrem mão da reposição de 100% da inflação”.
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Elaine Bast pede demissão da Globo

Elaine Bast pediu demissão da Globo após 23 anos de casa. De acordo com apuração feita por Ricardo Feltrin em matéria publicada no UOL, a repórter, que já atuou como correspondente em Nova York, saiu da emissora por falta de perspectiva e ascensão profissional.
Formada em Economia pela USP, ainda segundo a apuração, há tempos Elaine tentava emplacar em um quadro ou coluna sobre economia popular, mas sem sucesso. Recentemente, a Globo criou uma coluna do gênero nos telejornais regionais e seguiu colocando homens para ocupar o posto.
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Conheça os finalistas dos +Admirados da Imprensa do Agro
Jornalistas&Cia preparou esta edição especial para que você conheça os jornalistas e publicações finalistas da segunda edição do Prêmio Os +Admirados da Imprensa do Agronegócio. Com patrocínio de Cargill, Syngenta Proteção de Cultivos e Yara, apoio de Mosaic Fertilizantes e Portal dos Jornalistas, além de apoio Institucional da CNA e da Rede Brasil de Jornalistas Agro, o certame distingue os jornalistas e veículos em nove categorias: Veículo Impresso, Veículo especializado, Site/Blog, Canal Digital, Programa de TV aberta, Programa de TV em canais especializados, Programa de Rádio, Podcast e Agência de Notícias, além dos tradicionais TOP 25 jornalistas +Admirados do País.
Foram mais de 200 jornalistas indicados, dos quais 59 são finalistas, representando 28 veículos. E mais de 330 veículos e programas foram indicados nas nove categorias, dos quais 82 são finalistas.
Neste primeiro turno, os eleitores puderam indicar livremente os jornalistas e veículos +Admirados em cada uma das categorias. Já na segunda fase, que começa nesta quinta-feira (19/5), os participantes poderão indicar, dentre os finalistas, até cinco nomes
por categoria, do 1º ao 5º colocado. Os +Admirados serão definidos a partir da somatória de pontos conquistados neste turno, com cada posição rendendo uma pontuação específica (1º lugar: 100 pontos; 2º lugar: 80 pontos; 3º lugar: 65 pontos; 4º lugar: 55
pontos; e 5º lugar: 50 pontos).
A votação seguirá aberta até 2 de junho, e a cerimônia de premiação está marcada para 5 de julho, de forma presencial, no restaurante Figueira Rubayat, em São Paulo.
Confira a lista completa dos finalistas aqui.
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Levantamento aponta baixa presença de negros nas agências de comunicação

Lançada na última segunda-feira (16/5) pela Mega Brasil, publicação revela que a presença de negros nas agências de comunicação é de 20,7%, entre os 17 mil colaboradores – 11,2% de pardos e 9,5% de negros
Um levantamento inédito, realizado pelo Anuário da Comunicação Corporativa, finalmente jogou luzes sobre a presença dos negros em um dos mais importantes segmentos da comunicação corporativa no País, o das agências de comunicação, cujas 900 agências (1.500 se consideradas as micro de perfil informal) empregam pouco mais de 17 mil profissionais. Coordenado pelo Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas, o estudo revela que os negros empregados na atividade são 20,7%, sendo 11,2% de pardos e 9,5% de negros. O inusitado, segundo analisa Maurício Bandeira, que assina o estudo, é que os pretos não estão sub-representados, já que eles são 9,3% do total da população brasileira. Já os pardos, que são 46,5% da população, sim, e de forma acentuada (35,3% a menos).
“Há aqui uma ponderação metodológica”, afirma Bandeira no comentário que fez para o Anuário, “que faz com que esses resultados sejam vistos e analisados como uma primeira aproximação sobre a questão racial nas agências de comunicação. Diferentemente de como se procede no censo demográfico do IBGE, onde a autodeclaração da cor/raça foi o procedimento utilizado, nesse estudo a informação veio de um questionário respondido pela empresa, que identificou, segundo seus próprios critérios, a composição racial de seus empregados. Isso pode trazer distorções a esses resultados, mas também nos aproxima dessa questão nesse setor econômico, e abre essa importante discussão, até aqui não colocada publicamente”.
Versão digital já disponível
A edição digital do Anuário da Comunicação Corporativa 2022 já está acessível e pode ser consultada gratuitamente no site da publicação. Nas suas 312 páginas são apresentadas reportagens sobre o mercado assinadas pelos repórteres Ceila Santos, Cristina Vaz de Carvalho, Dario Palhares, Fernando Soares, Martha Funke e Vanderlei Campos, além de um artigo de autoria de Carlos Parente e Renato Delmanto, sobre os cuidados empresariais e da comunicação corporativa em relação às eleições presidenciais.
A edição impressa estará disponível no final de maio e será comercializada pela Mega Brasil pelo preço de R$ 100, mais custo de postagem.
Folha de S. Paulo cria comitê de Inclusão e Equidade
Buscando promover a diversidade na redação do jornal, a Folha de S. Paulo criou o Comitê de Inclusão e Equidade. Com 17 profissionais, a iniciativa é uma das medidas criadas após 208 jornalistas assinarem uma carta em repúdio à publicação do artigo Racismo de Negros contra Brancos Ganha Força Com Identitarismo, do antropólogo Antonio Risério, em janeiro desse ano.
Com encontros trimestrais com a secretária-assistente de redação e editora de diversidade, Flávia Lima, o comitê é formado por 12 jornalistas negros e 5 brancos, sendo 11 mulheres e 6 homens. Estão sendo trabalhadas iniciativas que garantam a pluralidade e inclusão em todos os setores do jornal, dentro e fora da redação.
O primeiro encontro já aconteceu no dia 7/4 e contou com a participação do diretor de redação, Sérgio Dávila.
Caê Vasconcelos estreia coluna de tema LGBT+ na Ponte Jornalismo

Caê Vasconcelos estreou na última quarta-feira (18/5) a coluna Pluralidades na Ponte Jornalismo. Autor do livro Transresistência: Pessoas Trans no Mercado de Trabalho, ele irá colaborar semanalmente com artigos que dão visibilidade à luta e às conquistas de pessoas trans, trazem dicas culturais, reflexão interseccional sobre gênero e raça, e principalmente, contam sua própria vivência como homem trans.
Sendo o primeiro jornalista trans a ocupar a bancada do Roda Viva e passar por mastectomia, hoje atua como editor na ESPN Brasil e, de acordo com a Ponte Jornalismo, deve lançar neste ano a primeira agência de jornalismo feita por pessoas transvestigêneres.
“Uma coisa que eu percebi com a transição é que o que eu tinha para falar era importante de ser ouvido. A gente está em um momento, ainda em 2022, em que poucas pessoas trans têm acesso efetivamente aos espaços e conseguem ter sua voz ouvida”, disse. “A galera está aí falando dentro de suas áreas, nas redes sociais, mas acho que o jornalismo tem um potencial que é diferente das outras áreas. As artes conseguem funcionar de uma forma, o esporte de outra, outras profissões também”.
Caê deu início à transição de gênero no período em que trabalhou como repórter na Ponte, entre 2017 e 2021. Ele já contribuía escrevendo sobre algumas de suas experiências mais marcantes.











