-0.3 C
Nova Iorque
sábado, dezembro 6, 2025

Buy now

" "
Início Site Página 30

100 anos de Rádio no Brasil: Do vinil à nuvem – assinaturas de áudio e a consolidação do mercado sonoro

Por Álvaro Bufarah (*)

Quem cresceu trocando fitas-cassete, empilhando CDs ou vasculhando sebos por vinis importados talvez jamais imaginasse que, em 2025, o áudio passaria a ser algo intangível − um fluxo digital acessado por senha, não mais por prateleira. O modelo de consumo mudou e, com ele, também se transformaram os negócios. A era da posse deu lugar à era do acesso. O streaming por assinatura, hoje, é o formato hegemônico de consumo de música, rádio e audiolivros.

Essa mudança estrutural é mapeada com precisão pela pesquisa Share of Ear, da Edison Research, uma das principais referências globais na medição do consumo de áudio. Segundo dados mais recentes, referentes ao primeiro trimestre de 2025, mais da metade dos americanos com 13 anos ou mais já pagam por pelo menos um serviço de áudio − uma métrica reveladora da consolidação de um novo paradigma na indústria sonora.

O crescimento dos serviços de assinatura acompanha uma lógica mais ampla da chamada economia do compartilhamento. Em vez de comprar um CD, um disco ou um livro narrado, o consumidor paga por uma experiência contínua, personalizável e multiplataforma. Apple Music, Spotify, YouTube Music, Audible, SiriusXM e tantos outros players oferecem catálogos com milhões de títulos − mas nenhum pertence de fato ao usuário.

Para Tom Webster, analista de mídia e cofundador da Sounds Profitable, “essa transição é mais do que econômica − é cultural. As pessoas querem praticidade, atualizações constantes e integração com seu estilo de vida. A posse virou um fardo; o acesso, uma liberdade”.

A pesquisa da Edison mostra que, apesar de o total de assinantes ter se mantido relativamente estável nos últimos dois anos − oscilando em torno dos 50% da população americana −, há transformações sutis, porém significativas. Em 2022, 13% dos ouvintes pagavam por mais de dois serviços de áudio. Em 2025, esse índice caiu para 6%. Em contrapartida, os que mantêm apenas uma assinatura subiram de 28% para 35% no mesmo período.

Ou seja, os ouvintes continuam dispostos a pagar − mas estão racionalizando suas escolhas. Analistas interpretam isso como o início de uma fase de shakeout: um termo do jargão econômico que define o momento de consolidação em que empresas menos competitivas saem do mercado, enquanto os líderes se fortalecem.

Os líderes desse novo cenário são conhecidos: Spotify domina o streaming musical, Audible é soberana nos audiobooks, e Apple Music tenta manter sua fatia de mercado entre usuários do ecossistema iOS. Além disso, rádios por assinatura como SiriusXM ampliam suas ofertas, enquanto plataformas menores enfrentam dificuldades para manter seus catálogos e usuários.

Com os consumidores optando por menos serviços, os gigantes do setor se consolidam ainda mais. Segundo o relatório MIDiA Research Audio Trends 2025, os cinco maiores serviços do mundo já detêm mais de 85% da base pagante global, cenário que levanta preocupações sobre concentração de mercado e limitações de diversidade cultural.

A retração no número de múltiplas assinaturas também é sintoma da conjuntura econômica. Com a inflação elevada e os juros ainda em patamares altos nos Estados Unidos, os consumidores estão fazendo escolhas mais criteriosas. Muitos cortam gastos supérfluos e concentram seus investimentos em plataformas que oferecem maior valor agregado − seja por curadoria, usabilidade, conteúdo exclusivo ou integração com outros serviços (como podcasts ou vídeo).

A professora Megan Paquette, da University of Southern California, observa que “em tempos de incerteza econômica, os consumidores reavaliam sua cesta de serviços digitais, priorizando qualidade e utilidade. O áudio, por ser emocional e diário, ainda ocupa espaço importante, mas não imune a cortes”.

Ainda que o estudo seja norte-americano, os ecos chegam ao Brasil com força. Segundo dados do Data Reportal 2024, cerca de 38% dos brasileiros com acesso à internet já pagavam por serviços de música ou audiolivros − número que deve crescer nos próximos anos, especialmente nas classes B e C. O Spotify lidera com folga, mas Amazon Music, Deezer e YouTube Music mantêm nichos relevantes, enquanto startups locais tentam inovar com ofertas regionalizadas.

No campo dos audiobooks, iniciativas como Ubook, Tocalivros e os catálogos em português da Audible crescem lentamente, enfrentando ainda barreiras de preço, letramento digital e escassez de títulos nacionais.

(Crédito: Yorkshire-village)

O momento vivido pelos serviços de áudio por assinatura lembra o que o cinema viveu com os streamings de vídeo: uma explosão inicial de ofertas, seguida por uma onda de concentração e especialização. Quem vence essa corrida é quem oferece mais do que catálogo − oferece contexto, inteligência algorítmica, originalidade e experiência imersiva.

A consolidação do setor parece, assim, um processo inevitável. O desafio está em equilibrar inovação com diversidade, escala com personalização, e sobretudo, negócios com cultura sonora.

Fontes consultadas:

  • Edison Research. Share of Ear Report – Q1 2025
  • Webster, Tom. “The Economics of Streaming Audio”, Sounds Profitable, 2024
  • MIDiA Research. Audio Streaming Trends Global 2025
  • Data Reportal. Digital 2024: Brazil
  • Paquette, Megan. “Digital Consumer Behavior in Recession Contexts”, USC Annenberg School, 2024

Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Bloomberg estreia programa de jornalismo no Brasil

Alunos na Bloomberg Journalism Programs realizado no Brasil. (Crédito: Bloomberg)

O Brasil é o primeiro país da América Latina a receber o Bloomberg Journalism Programs, iniciativa global voltada à formação em jornalismo de negócios. A primeira edição aconteceu entre de 1º a 3/8, em São Paulo, em parceria com a Faculdade Cásper Líbero e a Hussman School of Journalism and Media, da Universidade da Carolina do Norte. 

Ao todo, 13 estudantes foram selecionados entre mais de 400 candidatos, representando 11 instituições de ensino superior de diferentes regiões do país. Durante o programa, eles tiveram experiências práticas em jornalismo de negócios, com treinamento de profissionais da Bloomberg News, acesso ao Terminal Bloomberg e formação baseada no The Bloomberg Way – guia editorial que orienta as práticas de reportagem do veículo. 

Participaram dos treinamentos Alice Bastos (UFMG), Gisele Martins Cabral Fernandes (Celso Lisboa), João Gabriel Rosas Leitão (UFRR), João Vitor Beltrame (Cásper Líbero), Julia do Nascimento Martins (USP), Lorenzo Vieira de Castro (UFRGS), Maria Julia de Oliveira Blanes (Cásper Líbero), Miguel de Andrade Gonçalves (ESPM-Rio), Pedro Felix de Souza Henriques (UFJF), Sophia Sampaio Setúbal de Lima (Cásper Líbero), Victoria Nascimento (UESPI), Vinícius de Melo do Nascimento (FAM) e Vitória Araújo de Aleluia (UFRB). 

Criado em 2017, o Bloomberg Journalism Programs integra a Iniciativa Global de Educação em Jornalismo de Negócios e Finanças da Bloomberg, que busca fortalecer o jornalismo de negócios e ampliar oportunidades para estudantes. 

Mais de 200 jornalistas perderam a vida desde o início da guerra em Gaza, diz RSF

Mais de 200 jornalistas perderam a vida desde o início da guerra em Gaza, diz RSF
Crédito: Ahmed Abu Hameeda/Unsplash

Um ataque aéreo do exército israelense contra o Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, matou pelo menos 20 pessoas na segunda-feira (25/8). Entre as vítimas, estavam cinco jornalistas. Segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), já são mais de 200 profissionais de imprensa que foram mortos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.

Os jornalistas assassinados são Hossam al-Masri, fotógrafo freelancer da Reuters; Mariam Abu Daqqa, jornalista independente que colaborava com o Independent Arabia e a Associated Press; Moaz Abu Taha, correspondente da rede americana NBC; Mohamad Salama, fotógrafo da Al Jazeera; e Ahmed Abu Aziz, que atuava em veículos locais palestinos e para a rádio tunisiana Diwan FM. Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, foram dois ataques separados ao hospital: O primeiro foi executado com um drone explosivo e o segundo foi um bombardeio realizado enquanto equipes de resgate prestavam socorro aos feridos.

As Forças Armadas israelenses confirmaram os ataques, mas lamentaram “a morte de pessoas não envolvidas”, e declararam que vão abrir uma investigação “o mais rápido possível”.

Dois dias antes, no sábado (23/8), o exército israelense assassinou o cinegrafista da Palestine TVKhaled al-Madhoun, morto no norte de Gaza enquanto filmava a distribuição de alimentos. Segundo informações da RSF, um tanque israelense teria mirado diretamente no cinegrafista.

Vale lembrar que, há duas semanas, pelo menos seis jornalistas foram mortos em um ataque israelense à Cidade de Gaza. O bombardeio foi direcionado a uma tenda que abrigava profissionais da imprensa, localizada em frente ao portão principal do Hospital al-Shifa. O Exército Israelense admitiu o ataque, alegando que o alvo era o correspondente Anas Al-Sharif, considerado terrorista pelo governo de Benjamin Netanyahu.

Entidades defensoras do jornalismo e do trabalho da imprensa condenaram os assassinatos. A RSF destaca que, desde outubro de 2023, mais de 200 jornalistas foram mortos pelo exército israelense, incluindo pelo menos 56 em decorrência direta de seu trabalho.

“Até onde irá o exército israelense em seu esforço gradual para eliminar as informações que vêm de Gaza? Até quando continuarão a desafiar o direito humanitário internacional?”, questionou a RSF. “A proteção dos jornalistas é garantida pelo direito internacional, no entanto, mais de 200 deles foram mortos pelas forças israelenses em Gaza nos últimos dois anos. (…) A RSF pede uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para garantir que esta resolução seja finalmente respeitada, e que medidas concretas sejam tomadas para acabar com a impunidade dos crimes contra jornalistas, proteger os jornalistas palestinos e abrir o acesso à Faixa de Gaza a todos os repórteres”.

Nesta terça-feira (26/8), o Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas (ACNUDH), da ONU, afirmou que Israel deve ser responsabilizado pelos ataques e as mortes. Thameen al-Kheetan, porta-voz da ACNUDH, afirmou que os jornalistas “são os olhos e os ouvidos do mundo inteiro e devem ser protegidos. É preciso haver justiça. É responsabilidade de Israel, como potência ocupante, investigar. Mas essas investigações precisam gerar resultados. Ainda não vimos qualquer responsabilização ou consequência”.

Melissa Domenich Bianchi começa na Inpasa

Melissa Bianchi (Crédito: LinkedIn)

Melissa Domenich Bianchi está iniciando nova jornada, como gerente de Comunicação Corporativa e Impacto Social na Inpasa Brasil. Ex-Votorantim Cimentos, onde atuou por mais de 12 anos e meio, ele chega ao novo desafio após 1 ano e 4 meses como head de comunicação corporativa da Citrosuco.

Em mensagem no Linkedin salientou: “É um privilégio contribuir com uma empresa que tem como missão oferecer soluções limpas e sustentáveis para atender à crescente demanda de energia do planeta, assumindo um papel fundamental na descarbonização global e na segurança alimentar”.

Na Comunicação da Votorantim Cimentos, Bianchi passou por diversos cargos, como gerente de Comunicação Corporativa & Marca Institucional, analista sênior e consultora de comunicação externa. Antes, trabalhou em

Folha de S.Paulo entra com ação contra OpenIA por uso indevido de conteúdo

Folha de S.Paulo entra com ação contra OpenIA por uso indevido de conteúdo
Crédito: Levart Photographer/Unsplash

A Folha de S.Paulo entrou com uma ação judicial contra a OpenIA, empresa de inteligência artificial, responsável pelo ChatGPT, pelo uso e coleta indevidos de conteúdos produzidos pelo jornal, sem autorização ou pagamento. A publicação pede indenização por uso indevido e que a OpenIA encerre essas práticas.

O jornal apontou que a empresa está utilizando textos publicados pela Folha para treinar modelos de IA, e fornecendo resumos e conteúdos na íntegra para usuários do ChatGPT, incluindo textos exclusivos para assinantes, sem qualquer consulta pela autorização do uso do conteúdo ou pagamento pelo material. A Folha pede que tais modelos que foram treinados com o conteúdo do jornal sejam deletados.

Na ação, a Folha acusa a OpenIA de “concorrência desleal e violação de direitos autorais”, afirmando que o ChatGPT “desenvolve a aprimora sua ferramenta de IA com base e conteúdo alheio, sem autorização e sem o pagamento de qualquer remuneração”. A ação também destaca que os resumos e conteúdos disponibilizados na íntegra para usuários afeta diretamente o trabalho e a audiência da Folha, uma vez que “desvia a clientela de forma ilegítima”.

Em julho, a Folha detectou cerca de 45 mil acessos a seu site por meio de GPT bots, cuja finalidade era o treinamento de modelos de IA. O jornal declaro que tentou fazer um acordo com a OpenIA para a utilização do conteúdo produzido, mas não obteve retorno, o que fez com que a publicação optasse por entrar na justiça contra a empresa.

A discussão sobre como o jornalismo será afetado pelo uso de IA por parte de big techs, principalmente no que se refere aos mecanismos de buscas, vem crescendo significativamente. Sérgio Dávila, diretor de redação da Folha de S.Paulo, já havia alertado para os perigos da tecnologia à atividade jornalística, em evento sobre inteligência artificial e reputação de empresas, realizado em comemoração aos 30 anos da agência Máquina e do Jornalistas&Cia.

Na ocasião, Dávila falou justamente sobre como a IA pode afetar a audiência dos veículos: “A IA causa uma grande disrupção no nosso negócio, pois com os mecanismos de pesquisa e resultados perdemos muita audiência e cliques, e as pessoas têm acesso aos nossos conteúdos sem que recebamos por isso, sem que tenhamos algum tipo de retorno. Então, é preciso regulamentar isso, impedir que a IA faça com que o jornalismo deixe de ganhar em termos financeiros e de audiência”.

Recentemente, publicações internacionais também processaram a OpenIA por uso indevido de conteúdo, incluindo o treinamento do ChatGPT. Jornais como The New York Times, The Chicago Tribune e The Orlando Sentinel processaram a OpenIA. Em maio do ano passado, a empresa firmou um acordo pelo uso do conteúdo dos jornais The Wall Street Journal, The Times, The Daily Telegraph, New York Post e The Sun.

Romance de Claudio Ferreira marca estreia da Editora Artesanias, de Paula Quental

Romance de Claudio Ferreira marca estreia da Editora Artesanias, de Paula Quental

Está chegando às livrarias Memórias do Mar − Durante a tormenta, romance de estreia de Claudio Ferreira. A obra gravita em torno do número 7, a partir da simbologia do algarismo, tendo como ponto de partida a mitologia dos “sete mares” e o mar como um personagem oculto e de arrebatamento. O autor, além disso, usa para a construção do livro outros signos que remetem ao 7, como as cores do arco-íris e os pecados capitais.

Claudio Ferreira

Além de ser o primeiro livro de Ferreira, atualmente coordenador de Comunicação Corporativa da XCom, a obra marca o lançamento da Editora Artesanias, projeto comandado por Paula Quental (ex-O Globo, JB, JT e Estadão). Ela explica que criou a Artesanias como resposta a uma inquietação profissional e acadêmica: “Me despertou a vontade de fazer mais livros quando editei a obra da minha mãe sobre a história da nossa família, chamada Brasileiros Há Muitas Gerações. Mas o que realmente impulsionou a criação da editora foi o que vi na universidade: uma quantidade imensa de trabalhos relevantes que não são publicados nem pelas editoras universitárias”.

Com foco inicial em não ficção e temáticas das humanidades − economia, política, sociologia, história e estudos da cultura −, a editora apostará em autores que reflitam o mundo de forma crítica e inovadora, tanto no campo acadêmico como na literatura em geral. “Vejo muitos autores novos ansiando por serem publicados. Por isso, começamos com um romance”, complementa Paula.

Daniela Grelin assumiu a liderança da Rede Brasil do Pacto Global da ONU

Daniela Grelin assumiu em junho a Diretoria Executiva da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, uma das mais importantes iniciativas de sustentabilidade corporativa do mundo. Chegou com a missão de engajar o setor empresarial na promoção dos Dez Princípios Universais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção, e na aceleração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Antes, foi diretora executiva dos Institutos Natura e Avon e líder de public affairs na Dow.

“Venho construindo minha trajetória na interseção entre propósito e estratégia, com foco em inovação, transformação social e reputação institucional”, escreveu Daniela no LinkedIn. “Para quem é movido pela esperança criativa diante dos grandes desafios do nosso tempo, juntar-me ao time brilhante e comprometido do Pacto Global – Rede Brasil é fascinante. Uma grande honra. Uma grande responsabilidade. Com iguais medidas de gratidão e desejo genuíno de contribuir com transformações que nos ajudem a construir um mundo mais justo, sustentável e inclusivo, sem deixar ninguém para trás, abraço essa convocação global”.

Morreu Jaguar, o humor cáustico que revolucionou o cartum na imprensa brasileira

* Por Cristina Vaz de Carvalho

Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, morreu neste domingo (24/8). Ele foi internado há três semanas, com pneumonia, no hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. O quadro evoluiu para complicações renais e passou os últimos dias sob cuidados paliativos. Jaguar deixa viúva e a filha Flávia Savary, escritora. O corpo foi cremado na tarde da segunda-feira (25/8) no Memorial do Carmo, na Zona Portuária do Rio.

Carioca, começou a carreira aos 20 anos, desenhando para a revista Manchete em 1952. Adotou o pseudônimo por sugestão do cartunista Borjalo. Na época, Jaguar trabalhava no Banco do Brasil e seu chefe, o cronista Sérgio Porto, convenceu-o a não abandonar o emprego para se dedicar exclusivamente ao humor. Jaguar só deixou o BB em 1971. Consagrou-se como cartunista na revista Senhor. Colaborou ainda com as revistas Civilização Brasileira e Pif-Paf, e os jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa.

Aos 37 anos, foi um dos fundadores de O Pasquim e deu nome ao semanário. Jaguar já era então um nome de primeira linha nas artes gráficas. Naqueles anos, revolucionou o humor feito na imprensa, por retratar com acidez – em traço e texto – a sociedade brasileira. E foi o único da equipe original a permanecer até a última edição, 22 anos depois, em 1991. A partir de O Pasquim, ele formou sucessores como Chico e Paulo Caruso no Rio e, em São Paulo, Angeli e Laerte.

Márcio Pinheiro, autor de Rato de redação: Sig e a história do Pasquim, citado no Globo, afirma que “muito da irreverência e da competitividade do semanário se deviam ao cartunista”. Jaguar criou vários personagens, mas poucos como o rato Sig, mascote do jornal, tiveram tanta repercussão. O nome do herói safado, redução de Sigmund Freud, foi inspirado numa piada da época: “Se Deus criou o sexo, Freud criou a sacanagem”. O traço tinha sido originalmente feito por encomenda para um comercial da cerveja Skol, mas sem a mesma conotação.

Jaguar descrevia O Pasquim como o seu ‘auge do sucesso’. Ele disse em entrevista: “Até a censura era um barato. Feita pelo Coronel Juarez, um bonitão, sósia do Gary Cooper. Recebia a gente na garçonnière dele. Pegava o material e riscava a lápis. A gente argumentava. Havia diálogo. O pessoal torcia para chegarem as garotas. Ele apresentava: ‘Esses são meus amigos do famoso Pasquim’. Aí liberava as maiores atrocidades! Ele tinha uma turma de coroas na praia, a gente contratou uma loura espetacular de biquíni. Ela levava o material, e ele censurava na praia! E ela, alisando o velho, dizia: ‘Ah, meu bem, não faz isso, os meninos vão ficar tão tristes…’ Ele ficava orgulhoso e liberava”.

Em 1970, Jaguar ficou preso durante três meses. Em 2008, ele e outros 20 jornalistas que foram perseguidos durante a ditadura militar, tiveram seus processos aprovados pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Ele e o cartunista Ziraldo receberam as maiores indenizações, de R$ 1 milhão cada um, além de uma pensão mensal de R$ 4 mil. Jaguar foi criticado pelo valor da indenização e respondeu que ‘não esperava levar tanta porrada’.

Nos anos 1990, fez animações para as vinhetas do Plim Plim da TV Globo. Com Ziraldo, aventurou-se no lançamento da revista Bundas, título que debochava da revista Caras, de celebridades. Já em 2008, passa a ter uma coluna no jornal O Dia e colabora com charges para a coluna de Ivan Lessa no Jornal do Brasil.

Jaguar publicou cinco livros. O primeiro deles, Átila, você é bárbaro, usava de sarcasmo para contrapor-se ao preconceito, à ignorância e à violência. O cronista Paulo Mendes Campos descreveu a obra como ‘um livro de poemas gráficos’. Confesso que bebi é um roteiro afetivo dos bares da cidade, de casas chiques a simpáticos pés-sujos. Mas aos 82 anos, tornou-se abstêmio por causa de um tumor no fígado. Escreveu ainda Nadie es perfectoIpanema, se não me falha a memóriaÉ pau puro! – O Jaguar do Pasquim.

Jaguar lia muita poesia, gostava de jazz e de futebol.

Mídia digital cresce e deve ultrapassar TV aberta no próximo ano, segundo dados do Cenp

Mídia digital cresce e deve ultrapassar TV aberta no próximo ano, segundo dados do Cenp
Crédito: Rami Al-zayat/Unsplash

Dados recentes do Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário (Cenp) indicaram que a mídia digital alcançou 36,5% dos investimentos publicitários em 2025, chegando muito perto do índice referente à TV aberta, de 37,1%. A tendência é que a mídia digital ultrapasse a TV aberta já em 2026.

Para efeito de comparação, enquanto a participação da TV aberta em investimentos publicitários caiu de 50% em 2022 para 37,1% em 2025, o digital saltou de 27,6% para 36,5% no mesmo período. Isso representa um aumento de quase nove pontos percentuais no ambiente digital, enquanto a TV perdeu mais de 12 pontos em três anos.

Segundo especialistas da área, essa virada ocorre devido a uma mudança fundamental tanto no comportamento do consumidor como na expectativa das marcas. Nos dias atuais, os consumidores não seguem uma jornada de mídia linear, pelo contrário: eles estão constantemente conectados a múltiplas telas, consumindo conteúdo de formas e em momentos distintos. E no caso das marcas, exige-se cada vez mais clareza e retorno sobre o investimento, me detrimento dos relatórios sem correlação direta com os resultados do negócio.

“O que sustenta essa virada é a migração da expectativa de entrega. As marcas passaram a exigir mensuração granular e prestação de contas mais direta, algo que o digital entrega com mais clareza”, declarou Bruno Almeida, CEO da US Media, hub de soluções de valor entre marcas e audiências. “Além disso, o consumidor deixou de ter uma rotina linear de mídia e está permanentemente conectado. Isso desloca o investimento para onde a atenção está”.

Outro ponto a ser observado é que o crescimento do digital vai além da popularidade das redes sociais e das ferramentas de busca. O próprio ambiente digital se diversificou muito, com diversas oportunidades de consumo e de investimento para das marcas. O digital hoje engloba streamings, TVs Inteligentes, podcasts, games, Digital Out-of-Home (DOOH), Retail Media, social commerce, marketing de influência, entre outros.

PRGN anuncia a criação do Latam Up, hub de agências especializadas

PRGN anuncia a criação do Latam Up, hub de agências especializadas
Rogério Artoni

A Rede Global de Agências de Relações Públicas (PRGN) anunciou recentemente a criação do Latam Up, hub de agências ibero-americanas especializadas em comunicação, assuntos públicos e assuntos corporativos, integradas por agências da América Latina e da Península Ibérica. A brasileira Race, de Rogério Artoni e Wilson Barros, é uma das integrantes, ao lado de Eje Comunicación (México), Global (Portugal), Identia PR (Argentina), Marlow (Espanha), Rumbo Cierto (Chile) e The Moore Agency (Estados Unidos ).

O objetivo, segundo informa o comunicado distribuído ao mercado, “é oferecer soluções personalizadas que combinem experiência local com perspectiva global, além de garantir uma execução padronizada e a entrega efetiva de resultados para clientes de uma região multicultural como a latino-americana ou ibérica”.

Natacha Clarac

“A Latam Up é uma resposta eficaz para a realização de uma comunicação regional diferenciada, eficiente e inovadora, que combina uma coordenação regional com uma execução local de sucesso, por profissionais experientes e fluentes em espanhol, português e inglês”, destaca Artoni.

A opinião é complementada pela presidente da associação, Natacha Clarac: “Na PRGN, celebramos esse esforço sem precedentes, em que agências independentes de diferentes partes do mundo se unem para oferecer serviços unificados a clientes com necessidades de relações públicas em diversos países. Ao unir as forças de agências de alto nível da América Latina e da Península Ibérica, transformamos a diversidade em sinergia, oferecendo aos nossos clientes uma solução integral, multilíngue e multicultural, impulsionada pela experiência global”.

Últimas notícias

pt_BRPortuguese