O jornalista brasileiro Fabrício Vitorino participou, no início de outubro, do Donbas Media Forum (DMF), maior encontro de mídia da Ucrânia, realizado em Kiev. Criado em 2015, o evento chegou à sua 10ª edição reunindo jornalistas, acadêmicos e analistas de mais de vinte países para debater jornalismo, liberdade de expressão e guerra informacional. Nascido em meio à ocupação russa da região do Donbas, o DMF consolidou-se como um fórum de resistência simbólica e profissional à desinformação e à censura – um espaço em que o jornalismo reafirma sua função essencial: defender a verdade em tempos de guerra.
Mestre em Cultura Russa pela USP e doutorando em Relações Internacionais pela UFSC, Vitorino foi um dos palestrantes do painel Is victory possible in the fight against Russian propaganda and disinformation?, ao lado de Andreas Umland (Stockholm Centre for Eastern European Studies), Svitlana Slipchenko (Vox Ukraine), Clara Marchaud (Le Figaro), Diana Petriashvili (Free Press for Eastern Europe) e Adam Sybera (The Kyiv Independent Insights). A moderação ficou a cargo de Yulia Dukach, especialista em desinformação da organização OpenMinds. O debate, que encerrou o primeiro dia do fórum, discutiu os limites e significados de uma possível “vitória” na guerra informacional – campo em que a Rússia atua como principal antagonista global.
Em sua fala, o jornalista destacou que o chamado Sul Global – conceito problemático, mas ainda funcional, segundo ele – tornou-se zona cinzenta da disputa informacional internacional. Países como Brasil, México e Colômbia, afirmou, são hoje peças-chave nesse tabuleiro: geograficamente distantes do conflito, mas politicamente relevantes e culturalmente vulneráveis. Vitorino defendeu que o combate à desinformação precisa ir além da alfabetização midiática tradicional, propondo o conceito de “alfabetização cultural” – uma abordagem que compreenda de que forma narrativas de pertencimento e ressentimento são manipuladas por regimes autoritários.
Diz ele que o público reagiu com atenção especial ao exemplo brasileiro, quando mencionou o golpe frustrado de 2023 e a crescente presença de narrativas pró-Rússia em redes e meios locais. Segundo Vitorino, essas campanhas não se limitam à mentira, mas se baseiam na apropriação da linguagem da verdade, incorporando termos como “transparência”, “checagem” e “multipolaridade” para legitimar desinformação. O argumento teria repercutido entre os demais painelistas, que abordaram a necessidade de reconstruir narrativas democráticas sem recorrer aos mesmos mecanismos da propaganda.
Realizado sob o monumento da Batkivshchyna-Maty (Mãe Pátria) – símbolo da resistência ucraniana –, o evento reafirmou a força e a resiliência do jornalismo ucraniano, que, segundo ele, segue atuando de forma colaborativa e ética mesmo em meio à guerra. Para Fabrício Vitorino, participar do fórum foi “um lembrete do valor político do jornalismo – não como instrumento de poder, mas como exercício cotidiano de liberdade”.










Coincidentemente, o prêmio para Daniela veio menos de uma semana após a
Em O ouvidor do Brasil, Ruy Castro se debruça na vida e obra do músico Tom Jobim, explorando um lado muitas vezes inesperado e desconhecido, que emerge sob diferentes ângulos em cada crônica. Em conjunto, os textos formam uma espécie de perfil biográfico fragmentado de um dos maiores artistas que o Brasil já teve. Também é a segunda vez que o autor vence o Jabuti. Em 2023 o prêmio veio na categoria Romance, com o livro Os Perigos do Imperador: Um Romance do Segundo Reinado.














