16.3 C
Nova Iorque
quinta-feira, agosto 21, 2025

Buy now

Início Site Página 3

STJ extingue ação contra Octávio Costa e Tábata Viapiana

Condenação do STJ a Tábata Viapiana e Octávio Costa é mácula à liberdade de imprensa no País

Conforme a nota de Lauro Jardim em O Globo, a Terceira Turma do STJ extinguiu a ação de indenização por danos morais movida por Gilmar Mendes contra a revista IstoÉ e os jornalistas Tábata Viapiana e Octávio Costa, atual presidente da ABI.

As partes chegaram a um acordo que inclui uma declaração dos jornalistas de que não tiveram a intenção de ofender o ministro. Além disso, os dois ressaltaram que a edição final do texto da reportagem foi de exclusiva responsabilidade da redação de São Paulo da IstoÉ, bem como que ambos, lotados na sucursal de Brasília, não participaram da escolha da capa da revista que veiculava a matéria objeto do processo.

Como indenização simbólica pelo acordo, Tábata e Octávio realizaram o pagamento de R$ 10 mil em favor do IMDH − Instituto Migrações e Direitos Humanos. (Saiba+)

Globo contrata Jorge Iggor e Mariana Spinelli para o GE TV

Globo contrata Jorge Iggor e Mariana Spinelli para o GE TV
Jorge Iggor e Mariana Spinelli (Crédito: Instagram)

O Grupo Globo deve lançar em breve o GE TV, canal no YouTube que transmitirá gratuitamente eventos e programas esportivos. Entre os contratados para o novo projeto, estão o narrador Jorge Iggor, ex-TNT Sports, e a apresentadora Mariana Spinelli, ex-ESPN. As informações são de Gabriel Vaquer, do F5 (Folha de S.Paulo).

Jorge Iggor será o narrador principal do GE TV, comandando transmissões de jogos e outros eventos esportivos do projeto. Além de ser a voz titular, ele deve ser um dos principais rostos de divulgação do novo canal. Em paralelo ao trabalho na Globo, Iggor seguirá com seus projetos no digital, incluindo seu canal no YouTube, que tem quase 400 mil seguidores.

Iggor era um dos principais nomes da narração esportiva da TNT Sports e o segundo na hierarquia, atrás apenas de André Henning. Estava na emissora desde 2007, quando o canal ainda se chamava Esporte Interativo. Comandou transmissões de jogos da Champions League e do Campeonato Paulista, com diversas narrações marcantes nos últimos anos. Apresentava também os programas De Sola a Dez, De Zero a Dez e Arquibancada TNT.

Quem também chega para o GE TV é Mariana Spinelli, apresentadora do SportsCenter da ESPN. Ela será um dos principais rostos do projeto, à frente de programas esportivos e jornadas com eventos ao vivo. Além do trabalho como apresentadora, Mariana atuou nos últimos anos como comentarista de futebol feminino, função que deve ser aproveitada no GE TV. A jornalista também seguirá tocando seus projetos no digital. Segundo apurou o F5, a Globo está incentivando que os contratados do GE TV tenham forte atuação nas redes sociais.

Considerada uma das grandes revelações da ESPN, Mariana chegou à emissora em 2017, como estagiária. Em 2019, após terminar a graduação, foi contratada de forma efetiva, atuando em diferentes programas da casa. Em 2021, virou apresentadora, à frente de uma das edições do SportsCenter, ao lado de Bruno Vicari. No mesmo ano, foi a mais jovem apresentadora do Bola de Prata, prêmio que escolhe anualmente os melhores jogadores do futebol brasileiro. Além de apresentadora, comentava jogos de futebol feminino.

Sobre o GE TV

O GE TV é uma iniciativa do Grupo Globo, que deve ser lançada em breve. Trata-se de um canal no YouTube que transmitirá programas e eventos esportivos de forma gratuita. A ideia da emissora é atingir novos públicos, em especial os mais jovens, e competir com projetos esportivos concorrentes que atuam principalmente na internet, como a CazéTV.

A ideia do canal é utilizar um projeto esportivo semelhante a outros canais que atuam da mesma forma, com linguagem informal e transmissões descontraídas em debates e grandes eventos do Esporte. Segundo apurou o F5, a Globo não pretende utilizar quase ninguém de sua equipe esportiva da TV aberta e do SporTV. Serão escalados profissionais que atuam no setor de internet da empresa, além de influencers esportivos.

O principal atrativo do canal será a exibição de eventos, jogos e torneios esportivos, de forma gratuita. A oferta, porém, será limitada para manter a exclusividade de certas transmissões para a televisão.

O adeus a Moura Reis

O adeus a Moura Reis
Moura Reis (Crédito: Thayna Gomes/Mackenzie/Facebook)

Morreu em São Paulo em 9/8, aos 86 anos, Antonio Epifânio Moura Reis – ou simplesmente Moura Reis −, piauiense de Oeiras, que começou a carreira como repórter no jornal Unitário, de Fortaleza, onde ficou de 1958 a 1960. Depois de dois anos, retomou-a no Correio de Minas, de Belo Horizonte (MG), onde trabalhou de 1962 a 1964 e, além da atividade de repórter, atuou como diagramador e iniciou-se como crítico de Cinema, aproveitando a sua ligação com o Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais (CEC). Foi um dos fundadores do jornal Claquete (MG) e da Revista do Cinema (MG), lançados à época.

Ainda em 1964 mudou-se para o Rio de Janeiro, para atuar como repórter de Política no Correio da Manhã. Em 1966 migrou para o Última Hora, onde ficou até 1968. Passou depois pela revista Manchete e foi crítico de Cinema na Tribuna da Imprensa.

Mudou-se, novamente, então para São Paulo, trabalhando entre 1970 e 1972 na redação de O Estado de S.Paulo. Entre 1972 e 1980, atuou como chefe da sucursal paulistana de O Globo, voltando ao Rio para ocupar o cargo de editor de Política. Optando por morar em São Paulo, assumiu a Gerência de Comunicação da Corporação Bonfliglioli. Criou e dirigiu empresa de comunicação institucional, trabalhando simultaneamente como crítico de Cinema no Jornal da Tarde. Posteriormente, quando das primeiras eleições diretas para a Presidência da República após o período da ditadura militar, retomou o cargo de repórter de Política no Estadão, onde ficou até 1994.

Voltou a atuar na comunicação institucional integrando a área de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo, inicialmente como editor do jornal Serviço Público e depois como coordenador das Assessorias de Imprensa dos órgãos da administração direta do governo estadual. Retomou, posteriormente, a atividade de crítico de Cinema colaborando com a revista Vip.

Em 1996, tornou-se diretor executivo do Diário do Comércio (SP), cargo que ocupou até 1999, onde implantou projeto de reformulação editorial e gráfica. Foi editor de Suplementos e Cadernos Especiais e crítico de Cinema do Diário de S.Paulo de 2001 a 2008.

Lançou o livro Ozualdo Candeias: Pedras e sonhos no Cineboca (Imprensa Oficial, 2010), retratando o mais marginal dos cineastas da Boca do Lixo paulistana, dono de apurado censo estético, aclamado pela crítica e estigmatizado pela censura. Foi membro atuante do Movimento Cine Belas Artes (MBA), que reuniu frequentadores e admiradores do espaço cultural da Rua da Consolação, em São Paulo, fechado em março de 2011 e retomado em julho de 2014.

Foi diretor da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em São Paulo e depois diretor de Jornalismo da entidade, na gestão de Domingos Meirelles.

Inscrições para o SAE Brasil se encerram nesta quinta-feira (14/8)

Termina nesta quinta-feira (14/8) o prazo para concorrer ao Prêmio SAE Brasil de Jornalismo 2025. A iniciativa, que tem como objetivo reconhecer o trabalho de jornalistas e publicações sobre tecnologia da mobilidade, chega à sua 18ª edição premiando reportagens nas categorias Mídia Impressa, Internet e Vídeo.

Podem concorrer reportagens veiculadas entre 1º de julho de 2024 e 1º de julho de 2025, sobre os avanços tecnológicos em diferentes modais – automotivo, aéreo, ferroviário e naval –, que abordem mobilidade urbana, veículos autônomos, sustentabilidade, soluções energéticas, mineração e aplicações no agronegócio.

Regulamento e inscrições em saebrasil.org.br/premios.

Jeduca abre inscrições para o 9º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação

9º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação

Estão abertas as inscrições para o 9º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca). O evento será realizado nos dias 25 e 26 de agosto na Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), em São Paulo, e reunirá jornalistas, educadores, estudantes e pesquisadores para debater temas atuais da cobertura de educação no Brasil.

Entre os assuntos em destaque estão educação matemática e alfabetização, os impactos da crise climática nas escolas em um ano marcado pela COP 30, o papel dos influenciadores na educação midiática e os desafios enfrentados pela imprensa diante da crise da democracia e do ambiente nas redes sociais. A programação inclui palestras, mesas de debate, apresentações de cases de produções jornalísticas de veículos locais e periféricos e oficinas presenciais.

As taxas de inscrição variam de R$ 25 a R$ 50, e o congresso será realizado nos formatos presencial e online, com parte da programação transmitida a distância.

A inscrição e programação completa podem ser conferidas aqui.

Brasil 247 firma parceria de conteúdo com jornal chinês Global Times

Brasil 247 firma parceria de conteúdo com jornal chinês Global Times

O Brasil 247 anunciou uma parceria de conteúdo com o Global Times, jornal chinês especializado em cobertura internacional. O acordo entre as partes garante intercâmbio de conteúdo jornalístico: O Brasil 247 terá uma seção fixa com notícias do Global Times, enquanto o jornal chinês abrirá espaço em suas plataformas para conteúdo produzido pelo site brasileiro.

A ideia da iniciativa é trazer informações confiáveis e de qualidade sobre as visões e os desafios do chamado Sul Global, com foco no Brasil e na China. A parceria trará aos leitores brasileiros e chineses notícias sobre geopolítica, economia, meio ambiente e cultura, sempre a partir de perspectivas próprias de seus contextos nacionais.

Para Leonardo Attuch, presidente do Brasil 247, o acordo representa um passo importante para a democratização da informação mundial: “Faremos o máximo para sempre oferecer conteúdo da mais alta qualidade aos leitores do Global Times”, declarou. E Fan Zhengwei, presidente do Global Times, destacou a importância de aproximar leitores chineses das realidades brasileiras e latino-americanas: “Estamos ansiosos para ver como as reportagens aprofundadas do Brasil 247 abrirão novas janelas para os leitores do Global Times observarem o Brasil, revelando perspectivas latino-americanas únicas sobre questões globais”.

Confira a nova seção no Brasil 247.

Dulcineia Novaes, referência do jornalismo no Paraná, comemora 70 anos

Dulcineia Novaes (Crédito: Instagram)

Dulcineia Novaes, referência do jornalismo no Paraná, comemora neste mês de agosto 70 anos de vida, sendo mais de 40 deles dedicados à carreira como jornalista. Sua trajetória se confunde com a própria história da televisão no Estado. Novaes trabalha há 44 anos na RPC Curitiba, afiliada da Rede Globo no Paraná.

A repórter iniciou a carreira em 1979, na Folha de Londrina. Dois anos mais tarde, recebeu o convite para trabalhar na televisão, na TV Coroados, hoje a RPC Londrina. Em 1987, assinou com a RPC Curitiba, onde trabalha até hoje. Cobriu eventos e acontecimentos marcantes, e produziu diversas reportagens para o Jornal Nacional e o Globo Repórter, neste último gravou em países como Romênia, Noruega, Havaí, Madagascar, Ilhas Canárias, Ilha Madeira e Paraguai.

A RPC Curitiba produziu uma série de reportagens especiais relembrando a vida, trajetória e carreira da jornalista. Além disso, Novaes assinou uma matéria no Globo Repórter sobre a República Dominicana, que revelou os contrastes do país caribenho e roteiros turísticos, mostrando histórias de luta, sonhos e oportunidades. Assista aqui.

100 anos de Rádio no Brasil – De Gutenberg a Alexa: a nova revolução sonora da leitura

(Crédito: Futurimedia)

Por Álvaro Bufarah (*)

Depois da prensa tipográfica e do Kindle, o audiolivro é a mais recente expressão da revolução do texto. E a Audible, com sua base de mais de 500 mil títulos e alcance global, agora aposta na inteligência artificial para acelerar e democratizar essa experiência. O plano é ousado: permitir que editoras produzam audiolivros com narração automatizada, traduções por IA e múltiplas vozes sintéticas − tudo com qualidade editorial e alcance multilingue.

Segundo a empresa, as soluções já disponíveis permitem duas modalidades: produção gerenciada pela Audible, em que todo o processo é operado internamente; ou o modelo self-service, no qual as editoras utilizam a tecnologia de forma independente. Em ambos os casos, são mais de 100 vozes geradas por IA − com sotaques diversos em inglês, espanhol, francês e italiano − capazes de adaptar a leitura ao estilo e à emoção do texto.

O passo seguinte é igualmente ambicioso. A Audible lançou, em versão beta, uma funcionalidade de tradução por IA. Inicialmente disponível do inglês para espanhol, francês, italiano e alemão, o recurso visa internacionalizar obras de maneira rápida e econômica. A promessa é que o autor que publica hoje em Nova York possa, em questão de dias, ser ouvido em Paris, Roma ou Berlim − com tradução contextualizada e interpretação fiel.

Há duas opções de tradução: o modelo texto-para-texto, que transforma o conteúdo original para outro idioma e permite narração humana ou por IA; e o modelo fala-para-fala, que preserva a identidade vocal do narrador original, traduzindo o conteúdo e mantendo o tom, o ritmo e a expressividade − um feito notável, que depende de avanços recentes em deep learning e voice cloning.

Mais do que eficiência, essas inovações ampliam o acesso. No Brasil, onde quase 50% da população declara ter dificuldades em leitura contínua (IBGE, 2023), o audiolivro surge como porta de entrada para o conhecimento, e a produção automatizada permite a disponibilização de obras que antes seriam economicamente inviáveis de gravar.

Especialistas como o professor Daniel Gatti, da Universidade de Buenos Aires, argumentam que “a IA pode ser a ponte entre o conteúdo e o leitor ausente – aquele que não lê por limitação física, cognitiva ou econômica”. A Audible, nesse ponto, acerta ao colocar a tecnologia a serviço da inclusão.

Com essa virada, o mercado editorial global sente os impactos. Produzir um audiolivro tradicional pode custar entre US$ 5 mil e US$ 15 mil, dependendo do tempo, da complexidade e do narrador. Com IA, esse custo cai para menos de 10%, abrindo espaço para pequenas editoras, autores independentes e novos gêneros literários explorarem o áudio como forma primária de publicação.

Empresas como Apple Books, Google Play Books e Kobo já testam soluções semelhantes. A startup canadense Respeecher oferece dublagens automatizadas para obras literárias e até reinterpretações com vozes históricas. É a voz de Shakespeare renascendo em francês − com sotaque de Marselha, se desejar.

(Crédito: Futurimedia)

Ainda que o avanço seja bem-vindo, críticos alertam para os riscos. Como garantir que uma voz sintética transmita a emoção de um narrador humano? Como assegurar que a tradução por IA respeite nuances culturais, gírias, ironias e sotaques regionais? E mais: como proteger autores e artistas das clonagens vocais não autorizadas?

Segundo a pesquisadora Helen Slater, da Universidade de Oxford, “o futuro dos audiolivros será definido pelo equilíbrio entre personalização automatizada e curadoria ética”. A Audible, ciente disso, já oferece a opção de revisão humana nas traduções − feita por linguistas especializados − e garante que autores mantenham controle sobre as vozes e idiomas escolhidos.

O que se inicia com tecnologia termina em estética. Será que os ouvintes aceitarão a beleza da voz sintética como legítima? Ou será sempre uma simulação imperfeita da emoção humana? A julgar pela velocidade das transformações e pela qualidade dos resultados já apresentados por plataformas como ElevenLabs, Speechki e Murf AI, a resposta pode ser surpreendentemente afirmativa.

Na prática, a IA está criando uma nova linguagem sonora para a literatura, em que a voz não precisa ser humana para ser comovente. E nesse cenário híbrido, os ouvintes − agora também usuários − tornam-se coautores de sua experiência narrativa.

A Audible avança como protagonista de um novo pacto entre tecnologia e cultura. Ao oferecer produção e tradução automatizadas, ela abre uma nova porta para autores, amplia o alcance do conteúdo literário e desafia os modelos tradicionais de criação.

Ainda que a jornada esteja apenas no início, uma coisa é certa: a leitura em voz alta, que já foi privilégio de poucos, agora pode ecoar em muitos idiomas, estilos e vozes − inclusive aquelas que nunca existiram de verdade. Porque, no fim das contas, o que importa não é quem lê, mas o que se ouve.


Fontes consultadas:

  • Audible. Press Release – AI Narration and Translation Launch, jun. 2025.
  • IBGE. PNAD Contínua – Educação, 2023.
  • Gatti, Daniel. “La accesibilidad del contenido digital en América Latina”, Universidad de Buenos Aires, 2024.
  • Slater, Helen. “Artificial Narration and Literary Fidelity”, Oxford AI & Literature Review, vol. 17, 2025.
  • The Verge. “Audible AI Voices Could Reshape the Audiobook Market”, maio 2025.
  • Wired. “Synthetic Voices, Real Emotions: The Ethics of Audio AI”, mar. 2025.
  • ElevenLabs, Speechki, Murf AI – Whitepapers institucionais e estudos de caso.
Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: O cego na História (18)

Por Assis Ângelo

As mil e uma noites é um livro conhecido por quase todo mundo, ou quase todo mundo. Reúne o número de histórias que o título indica. Nessa obra destacam-se o rei Shariar e a bela e astuta Sherazade.

Eu cresci ouvindo aqui e ali histórias do mundo de Alá. Ainda guardo na memória algumas delas. Tem umas de cego, muitas.

Conta-se que um ambicioso mercador do Iraque antigo tudo que queria na vida era, simplesmente, ser o cara mais rico da sua região. Já tinha 80 camelos e dificuldade financeira nenhuma. Seu nome: Baba-Abdala.

Esse Baba um dia topou no caminho com um velho de fala e movimentos brandos. Seu modo simples era tocante. Do bem, como se diz.

O ambicioso mercador contou do seu sonho de ser o cara mais rico. O velho riu e disse que poderia ver isso. Assim dito, levou Baba a uma caverna atulhada de ouro e prata e tudo o mais. Encurtando a história:

Baba-Abdula encheu de joias tudo quanto era saco que tinha, carregando o quanto pôde nos seus camelos.

O trato era que os camelos carregados fossem divididos em duas partes iguais. Mas o mercador findou por ficar com tudo. Até com um vaso de ouro contendo uma pomada ou coisa que o valha o ambicioso mercador resolveu ficar. O velho avisou que se passasse a pomada no olho esquerdo veria tesouros e tesouros que estariam à sua disposição. Se passasse no olho direito, ficaria completamente cego.

Não crendo no que ouvira, Baba-Abdala continua cego até hoje.

Pois é, né?

Quem já não ouviu falar da capital da Síria, hein?

Damasco é uma cidade citada na Bíblia.

Em junho de 2025, Damasco foi atacada por forças de Israel.

Foi a caminho dessa cidade que Saulo teve um “encontro” com Deus. Ouviu Saulo uma voz perguntando-lhe porque perseguia os cristãos.

Sami era um cristão e Muhammad, mulçumano. O primeiro tinha o corpo disforme, como o nosso mineiro barroco Aleijadinho. Seus olhos eram perfeitos. O segundo era grandão e de corpo atlético. Era cego. Tornaram-se amigos e durante o tempo que Samir viveu, Muhammad o carregava às costas.

Sem Samir às suas costas, Muhammad não podia ver. Enfim, ambos se completavam pelas ruas estreitas de Damasco.

Mais uma historinha:

Tinha um rei que reinava num lugar qualquer do Oriente Médio. Havia muitos roubos nas ruas do tal reino. Um dia, o rei decidiu fazer uma lei determinando que todo e qualquer sujeito que roubasse teria os olhos arrancados.

E bom tempo se passou sem que roubo algum fosse praticado.

Porém − há sempre um porém: um jovem foi preso em flagrante com a mão na cumbuca.

Até aí tudo bem. O diacho é que o preso vinha a ser o filho do rei.

Neste nosso mundinho de Deus e do diabo há histórias do arco da velha.

Não é de se duvidar de que não nascemos para nos salvar.

Dentro e fora da Bíblia há casos de arrepiar.

Na Antiguidade teve um cara chamado Constantino. O pai morreu quando ele tinha nove anos de idade. A mãe, Irene, ocupou o lugar de rainha enquanto o filho não podia assumir o trono deixado pelo pai. É uma história sangrenta, de tortura e morte. De pessoas pagando com os olhos os pecados dos outros.


Contatos pelos assisangelo@uol.com.br, http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

Ataque de Israel mata seis jornalistas em Gaza

Ataque de Israel mata seis jornalistas em Gaza
Anas Al-Sharif (Crédito: Instagram)

Pelo menos seis jornalistas foram mortos em um ataque israelense à Cidade de Gaza no domingo (10/8). Segundo informações da Al Jazeera, o bombardeio foi direcionado a uma tenda que abrigava profissionais da imprensa, localizada em frente ao portão principal do Hospital al-Shifa. O Exército Israelense admitiu o ataque, alegando que o alvo era o correspondente Anas Al-Sharif, considerado terrorista pelo governo de Benjamin Netanyahu.

Entre os mortos, cinco deles trabalhavam na Al Jazeera, incluindo Al-Sharif, que se dedicou nos últimos anos a trazer informações sobre o conflito em Gaza. O Exército Israelense alegou que o jornalista era terrorista e liderava uma célula do Hamas. Em comunicado, a Al Jazeera condenou o assassinato de Al-Sharif e dos outros jornalistas que perderam a vida no ataque, e repudiou as acusações de Israel.

Anas Al-Sharif (Crédito: Instagram)

“A ordem para matar Anas Al-Sharif, um dos jornalistas mais corajosos de Gaza, juntamente com seus colegas, é uma tentativa desesperada de silenciar vozes antes da ocupação de Gaza”, dizia o comunicado da Al Jazeera. Além de Al-Sharif, perderam a vida no ataque Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa, que também trabalhavam na emissora. A sexta vítima é Mohammad al-Khaldi, que criava conteúdo noticioso no YouTube.

Momentos após a morte de Al-Sharif, um texto de despedida foi publicado em seu perfil no X (ex-Twitter), que dizia que o jornalista sempre buscou informar o que de fato estava acontecendo no conflito entre Israel e o Hamas: “Se estas palavras chegarem até você, saiba que Israel conseguiu me matar e silenciar minha voz. (…) Alá sabe que dediquei todos os meus esforços e todas as minhas forças para ser um apoio e uma voz para o meu povo. Eu vivi a dor em todos os seus detalhes, experimentei o sofrimento e a perda muitas vezes, mas nunca hesitei em transmitir a verdade como ela é, sem distorção ou falsificação”.

Entidades defensoras do jornalismo lamentaram a morte dos jornalistas e condenaram o ataque direcionado de Israel. O Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) declarou que o governo israelense não tinha evidências para respaldar suas alegações contra Al-Sharif: “Este é um padrão que temos visto por parte de Israel — não apenas na guerra atual, mas nas décadas anteriores —, em que normalmente um jornalista é morto pelas forças israelenses e, depois, Israel afirma que ele era um terrorista, mas fornece muito poucas evidências para respaldar essas acusações”.

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) descreveu Al-Sharif como “a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinos de Gaza”. A entidade denunciou “com veemência e indignação os assassinatos reivindicados” pelo Exército Israelense. E o Escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) classificou o ataque israelense como uma “grave violação do direito internacional humanitário”.

Últimas notícias

pt_BRPortuguese