A Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, em Nova York, anunciou os vencedores do Prêmio Maria Moors Cabot 2025, que reconhece e valoriza o trabalho de jornalistas nas Américas. Entre os vencedores está Natalia Viana, cofundadora da Agência Pública. É a primeira vez que uma jornalista de um veículo brasileiro independente vence o prêmio.
Em texto publicado no site do Maria Moors Cabot, a organização do prêmio descreveu Natalia como “o tipo de jornalista que nossos tempos exigem: repórter, editora, contadora de histórias e mentora das novas gerações”.
Natalia fundou em 2011, ao lado de Marina Amaral, a Agência Pública, veículo de comunicação independente e sem fins lucrativos. Ao longo da carreira, Natalia assinou reportagens investigativas de fôlego, liderou equipes de reportagem e expôs ilegalidades, trabalhando em diferentes formato de mídia, em texto, áudio e vídeo.
Antes, também integrou a equipe de Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, durante o Cablegate, vazamento de telegramas diplomáticos dos Estados Unidos que detalhavam correspondências entre o Departamento de Estado e embaixadas estadunidenses ao redor do mundo. Durante a divulgação dos dados, ela foi a responsável pela edição dos documentos publicados no Brasil e nas Américas do Sul e Central.
Foi responsável também por trabalhos que tiveram impactos profundos na sociedade brasileira, como reportagens sobre ilegalidades na Operação Lava Jato e parcialidade da Justiça Militar em casos de morte de cidadãos por parte de militares. A organização do Maria Moors Cabot declarou que Natalia recebeu o prêmio “por sua liderança, inovação e ética jornalística intransigente”.
Pela segunda vez em 86 anos de história da premiação, todas as vencedoras são mulheres. Além de Natalia Viana, venceram o Maria Moors Cabot 2025 Isabella Cota, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (México); Nora Gámez Torres, de Miami Herald e El Nuevo Herald (Estados Unidos); e Omaya Sosa Pascual, do Centro de Jornalismo Investigativo (Porto Rico).
Natalia se junta a um seleto grupo de jornalistas brasileiros que também venceram o prêmio. No ano passado, o fotojornalista Lalo de Almeida, da Folha de S.Paulo, esteve na lista de vencedores. Além deles, entre os brasileiros que já receberam o Maria Moors Cabot, estão nomes como Adriana Zehbrauskas, Assis Chateaubriand, Carlos Lacerda, Clóvis Rossi, Dorrit Harazim, Eliane Brum, Fernando Rodrigues, José Hamilton Ribeiro, João Antonio Barros, Lucas Mendes, Mauri Konig, Merval Pereira, Miriam Leitão, Otavio Frias Filho, Patrícia Campos Mello, Paulo Sotero, Roberto Civita, Roberto Marinho e Rosental Calmon Alves.