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quarta-feira, julho 23, 2025

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Um dia para a BBC esquecer: relatórios sobre cobertura de Gaza e conduta no MasterChef aprofundam crise da emissora

Por Luciana Gurgel

Na segunda-feira, 14 de julho, a BBC enfrentou um dos dias mais difíceis de seus mais de 100 anos de história, aprofundando uma crise que ameaça seu futuro − ou ao menos sua existência no formato atual.

Luciana Gurgel

Dois relatórios devastadores para a reputação da emissora vieram a público simultaneamente, escancarando fragilidades editoriais e institucionais da rede pública britânica.

Em um deles, a BBC admitiu ter cometido uma grave falha ao exibir um documentário sobre a guerra em Gaza narrado por um adolescente que é filho de um integrante do Hamas.

No outro, um relatório independente confirmou denúncias de comportamento abusivo do apresentador Gregg Wallace nos bastidores do MasterChef, levando a BBC a anunciar que não voltará a trabalhar com ele.

Como se não bastasse, no dia seguinte a emissora voltou às manchetes com outra polêmica envolvendo o programa: o também apresentador John Torode foi acusado de ter usado linguagem racista em circunstâncias não totalmente esclarecidas.

Um episódio que provavelmente passaria despercebido, não fosse a ligação com a BBC, ilustrando a extensão de sua crise de imagem. Ele acabou demitido. Os reflexos dessa crise aparecem no relatório anual publicado no mesmo dia.

Apesar de distintos, os casos de Gaza e do MasterChef expõem uma mesma fragilidade: a dificuldade da BBC em equilibrar seu papel como emissora pública financiada por contribuintes com a obrigação de manter credibilidade editorial e tolerância zero a abusos internos.

As pressões sobre sua imparcialidade, independência editorial e padrões de conduta se intensificaram nos últimos anos, alimentadas por críticas de diferentes setores políticos e da sociedade civil.

Desde o governo de Boris Johnson, o modelo de financiamento da BBC − baseado em uma taxa de licença obrigatória, inclusive para quem assiste pela internet − tem sido alvo de questionamentos, com ameaças de reformulação que poderiam comprometer sua sobrevivência.

A emissora tem buscado alternativas para se reposicionar, como cortes de pessoal, paywall nos EUA, adoção da IA, terceirização de produção e investimentos em streaming.

Mas casos como os mais recentes só agravam o desgaste da marca, em um cenário cada vez mais adverso.

O relatório de 2025 informa que 300 mil residências deixaram de pagar a taxa em um ano. O baque financeiro, de £50 milhões, parece grande. Mas é pequeno perto do baque institucional.

Leia o artigo completo em MediaTalks.


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Relatório do Instituto Reuters indica aumento do uso de IA nas redações brasileiras

O Instituto Reuters para o estudo do jornalismo, da Universidade de Oxford, divulgou no mês passado o seu Relatório de Notícias Digitais 2025, que traz análises, dados e as principais tendências do mercado do jornalismo e da comunicação ao redor do globo. No caso do Brasil, um dos destaques do relatório foi o aumento no uso de Inteligência Artificial (IA) nas redações.

O estudo explicou que a IA tem sido cada vez mais utilizada em diferentes frentes dentro das redações brasileiras, como na tradução de artigos; em converter conteúdo escrito em vídeos curtos; e na produção de insights a partir de grandes quantidades de dados não estruturados. Um exemplo citado pelo relatório é o do jornal O Globo, que publicou uma série de reportagens baseadas em 600 mil discursos proferidos na Câmara dos Deputados e no Senado entre 2001 e 2024. Durante quatro meses, os jornalistas de O Globo utilizaram Inteligência Artificial para avaliar e analisar mais de 255 milhões de palavras e expressões utilizadas nesses discursos.

O relatório destaca, porém, que o uso desta tecnologia por parte dos veículos jornalísticos é sempre feito de forma limitada, controlada e sob supervisão humana direta. Alguns dos principais grupos de mídia do País, como o Grupo Estado e o Grupo Globo, publicaram diretrizes sobre o uso da tecnologia.

Outro recorte destacado pelo Instituto Reuters é o aumento do uso de chatbots como fonte de informação no Brasil. Cerca de 9% dos brasileiros utilizam tecnologias do tipo para buscarem informações. Em 2025, o meio mais utilizado pelos brasileiros para buscar informação são veículos digitais, utilizados por 78% dos participantes da pesquisa. Na sequência, aparecem as redes sociais, que servem como fonte de informação para 54% dos brasileiros. E cerca de 45% dos participantes se informam via grandes emissoras de TV.

Destaque para a queda dos veículos impressos como fonte de informação no Brasil. Em 2025, apenas 10% dos brasileiros utilizam o impresso para se informarem. Um grande contraste em relação aos dados de dez anos atrás, em 2015, quando 45% dos brasileiros se informavam com jornais impressos.

O estudo identificou que o índice de confiança na imprensa entre os brasileiros é de 42%. Os números seguem uma tendência dos últimos três anos, nos quais foram registrados índices de confiança em 43% nas notícias publicadas pela imprensa brasileira. Além disso, 42% é um índice maior do que a média de confiança global na imprensa, que ficou em 40%.

Confira mais dados do relatório aqui.

E leia mais sobre o Relatório de Notícias Digitais 2025 em MediaTalks by J&Cia.

Primeiro turno dos 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros termina em 24/7

Um dos mais relevantes e prestigiados projetos da história do Jornalistas&Cia, o prêmio Os 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros, receberá indicações para sua primeira fase até 24 de julho. A iniciativa retorna em 2025 como parte das celebrações de 30 anos da newsletter.

Nesta etapa, jornalistas e profissionais de comunicação poderão indicar livremente até dez nomes de sua admiração, de qualquer veículo, plataforma e região do País. Os mais citados classificam-se para o segundo turno, em que os eleitores poderão escolher os cinco profissionais de sua preferência, do 1º ao 5 º colocado.

“Mais do que uma premiação, o 100 +Admirados é um gesto coletivo de reconhecimento a quem honra diariamente a missão de informar com ética, coragem e profundidade”, destaca Eduardo Ribeiro, diretor deste Jornalistas&Cia e idealizador do projeto. “Num momento em que o jornalismo enfrenta ataques, descrédito e transformações profundas, celebrar os profissionais mais admirados do País é também afirmar, com todas as letras, que sem imprensa livre não há democracia possível”.

Realizada nos anos de 2014 e 2015, a eleição consagrou em suas duas primeiras edições Ricardo Boechat como o +Admirado Jornalista do Ano. Apesar do hiato de dez anos, ela deu origem nessa última década a sete premiações segmentadas: +Admirados da Imprensa Automotiva; Imprensa de Economia, Negócios e Finanças; Imprensa de Tecnologia; Imprensa Esportiva; Imprensa do Agronegócio; Imprensa de Saúde, Ciência e Bem Estar (com patrocínio exclusivo do Hospital Israelita Albert Einstein); e Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira (em parceria com os sites 1 Papo Reto e Neomondo e a Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação).

Participe, dê seu voto e seu apoio ao Prêmio Os 100+ Admirados Jornalistas Brasileiros. Vote aqui!

Uber será a transportadora oficial dos homenageados

Em uma parceria inédita, a Uber será a transportadora oficial dos jornalistas homenageados na eleição, e que residem em São Paulo, para se locomoverem ao Clube Homs, local da festa de premiação. A empresa junta-se à Syngenta como patrocinadora do prêmio, que também conta com as colaborações da Cogna e JTI.

Empresas interessadas em apoiar a iniciativa podem entrar em contato com Vinicius Ribeiro (vinicius@jornalistasecia.com.br).

O adeus a Antônio Graça

O adeus a Antônio Graça

Por Alzira Rodrigues

Generoso, de humor irreverente, bom amigo, gente boníssima, excelente jornalista. Esses são alguns dos adjetivos atribuídos por amigos ao jornalista Antônio Graça, que nos deixou nesta terça-feira, 16 de julho, às 11h30.

Nascido em Belém do Pará em 14 de agosto de 1950, Graça – como era conhecido por todos – fez jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo, atuando nos principais jornais do Estado, em diferentes editorias, de Cidades à Economia. Também teve passagens importantes em assessorias de imprensa, dentre as quais as da IBM e da Telefônica.

Teve uma carreira brilhante ao longo de quase cinco décadas, ocupando o cargo de editor de Economia no Jornal da tarde nos anos 1990, onde também atuou como revisor e sub-editor. Nos anos 1980, trabalhou na Folha de São Paulo, em várias editorias, incluindo as de Educação e Cidades.

Como disse Ulisses Capozzoli ao saber de sua morte, o Graça justificou seu nome com a gentileza/delicadeza com a qual tratava a todos que estavam em seu redor. Com um humor refinado e uma inteligência que chamava a atenção de todos, discorria sobre os mais variados temas, de medicina à política ou literatura, sempre com competência.

Adorava cinema e, como recorda a jornalista Rosane Pavam, que trabalhou com ele na Folha de São Paulo entre 1985 e 1988, adorava a Shiley McLaine. Para falar sobre ele, não faltaram bons adjetivos por parte de todos que lamentaram sua morte.

O jornalista Fábio Steinberg, com quem trabalhou na IBM, resumiu  Graça em poucas mas expressivas palavras: um bom amigo, cara generoso, ótimo jornalista, íntegro e bom caráter.

Como diz a também jornalista Denise Lima, uma criatura culta, de humor irreverente, “que às vezes surpreendia ouvindo de Cole Porter a Ritchie, ou declamando Edgard Allan Poe”.

Deixa saudades em todos que com ele conviveram, seja profissionalmente ou pessoalmente. Vá em paz.

Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal lança a Rede Jornalistas pela Primeira Infância

Crédito: Marisa Howenstine/Unsplash

A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, organização voltada à causa da primeira infância, comemora neste ano seis décadas de trabalho. Para celebrar, lançou a Rede Jornalistas pela Primeira Infância, iniciativa que visa a fortalecer e incentivar a cobertura jornalística sobre a primeira infância no Brasil e no mundo.

Os integrantes da rede terão acesso a pesquisas inéditas, dados atualizados, oportunidades de formação especializada e conexões com especialistas e outros profissionais do setor, com o objetivo de valorizar e qualificar o trabalho jornalístico sobre a primeira infância.

“Queremos criar um espaço de troca, fortalecimento e reconhecimento para quem cobre a primeira infância com seriedade e sensibilidade”, declarou Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em texto sobre a iniciativa. “Como aliados na defesa da primeira infância, juntos, nós podemos informar, inspirar e transformar a realidade das crianças nos primeiros anos de vida. O jornalismo tem o poder de inspirar um olhar mais sensível da sociedade para as múltiplas primeiras infâncias brasileiras. Afinal, cuidar de cada criança é cuidar do País inteiro”.

A idealizadora da rede é Paula Perim, diretora de Sensibilização da Sociedade da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. O projeto é tocado por Sheila Calgaro, gerente de Comunicação e de Sensibilização da Sociedade da Fundação; e Luana Rodriguez, assessora de imprensa e analista de comunicação.

Confira a lista de jornalistas que integram a rede:

Adriana Miranda da Silva Amâncio, Alexia Vitoria Castro Vieira, Alice Sousa da Silva, Aline Rodrigues da Silva, Aline Sgarbi, Amanda Audi, Amanda Lüder, Ana Beatriz Rocha, Ana Carolina Moreno, Ana Livia, Ana Paula Lisboa, Bianca Gonçalves de Freitas, Brenda Gomes, Camila Saccomori, Camila Salmazio, Camilla Hoshino, Carla Bittencourt, Carlos Nhanga, Carmen Victoria Inojosa Sierra, Carolina Cerqueira, Carolina Pelegrin, Caroline Lima dos Santos Saron, Célia Fernanda Lima, Cristine Gallisa, Cynthia Martins, Daniel Nardin Tavares, Daniel Paulino Mota, Daniele Ribeiro Moura, Díjna Andrade Torres, Eduarda Nunes, Edvan Lessa dos Santos, Eleni Maria dos Santos, Élida Silva de Oliveira, Erica Chaves, Evandro Almeida Jr, Fábio Takahashi, Felipe Migliani, Fernanda da Escóssia, Franciele Rodrigues, Gabriel Andrade, Gabriela Lian, Géssika Costa, Gisele Ramos, Graziela França, Helena Kruger, Hélio Euclides, Isabela Gomes de Freitas, Jean Albuquerque, Jill Langlois, Joanna Cataldo, Júlia Rodrigues Endress, Juliana Causin, Kaliny Santos Bonfim Correia, Karen Ramos Viana, Kátia Brasil, Lara Machado, Letícia Calovi Fagundes Soares, Ligia Guimarães, Ligia Xavier, Lílian Beraldo, Lola Ferreira, Luana Lisboa, Lucas Veloso, Ludmila Pereira de Almeida, Luisa Ferreira de Sa, Luiza Tenente, Maiara Ribeiro da Silva, Marcela Tosi, Mariama Correia, Mariana Fabrício, Mariana Kotscho, Matheus Freitas Coimbra, Mayara Penina, Mayara Teixeira, Nalu Saad, Natália Ariede, Natalia Cuminale, Nathalia Bini, Nathália Braga, Patrícia Carvalho, Patricia Volpi, Paula Felix, Paula de Souza Melech, Pedro Henrique Gomes da Paz, Raphael Preto Alves Pereira, Raquel Vieira, Raphael Vazquez, Rebecca Moura Souza, Rebeka Lúcio e Neves, Rosana Silva de Jesus, Rosilene Serafim Carneiro, Ruam Oliveir, Samartony Costa Martins, Sara Rebeca Aguiar de Carvalho, Sarah Fernandes, Suellen Maria Barbosa de Melo, Tácita Muniz, Talita Bedinelli, Tatiana Bertoni, Tércio Saccol, Thais Bilenky, Thays Martins, Vanessa Fajardo, Vanessa Vieira, Venicio Jesukewixe, Vitor Hugo Brandalise, Victor Eduardo Ribeiro de Oliveira e Yuri Euzébio.

Webinário debate Inteligência Artificial e Comunicação Pública em lançamento de e-book

Webinário debate Inteligência Artificial e Comunicação Pública em lançamento de e-book

A Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) e a Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA/USP) promovem, no dia 18 de julho (sexta-feira), o webinário IA e Comunicação Pública: um diálogo essencial, evento online e gratuito que marca o lançamento do e-book Inteligência Artificial e Comunicação Pública: Abordagens Transversais. A iniciativa reúne autores e especialistas para discutir o impacto da inteligência artificial no campo da comunicação, cidadania e produção de conhecimento.

Com duração de 2h30, o encontro contará com apresentações rápidas e debates focados, divididos em sessões temáticas, abordando desde as aplicações práticas e éticas da IA na administração pública até os desafios da comunicação científica e acadêmica em um mundo cada vez mais digital. Além disso, o público poderá participar ativamente por meio de uma sessão exclusiva de perguntas e respostas com os autores do livro.

Quando
Data: 18/07/2025
Horário: 09h às 11h30 (Horário de Brasília)

Onde
Transmissão ao vivo pelo YouTube
Inscreva-se gratuitamente: https://doity.com.br/webinario-inteligencia-artificial-e-comunicacao-publica

Por que participar?
• Conheça os principais achados e reflexões do e-book, diretamente apresentados pelos autores.
• Entenda como a inteligência artificial está transformando as dinâmicas da comunicação pública no Brasil.
• Debata questões éticas, sociais e democráticas relacionadas à IA com especialistas da área.

Público-alvo

O evento é direcionado a pesquisadores, estudantes, gestores públicos e profissionais de comunicação pública, inteligência artificial e áreas afins, além de qualquer pessoa interessada em compreender o impacto da IA na sociedade contemporânea.

Participe e conecte-se com ideias que irão inspirar o futuro da comunicação!


Preciosidades do acervo Assis Ângelo: O cego na História (14)

Friedrich Nietzsche (Ilustração de Antonio Marín Segovia, do Flickr, CC)

Por Assis Ângelo

Kant foi influenciado por Aristóteles, que influenciou Artur Schopenhauer, que influenciou Richard Wagner e Friedrich Nietzsche.

Schopenhauer e Nietzsche, além de grandes filósofos que foram, encontraram na música momentos de paz e conciliação consigo mesmos. O primeiro era flautista e o segundo, pianista.

Muito possivelmente, Wagner seria apenas compositor e copista, mas depois que descobriu Schopenhauer mergulhou fundo no mundo da música.

A ópera Tristão e Isolda, um tema medieval, foi musicalmente desenvolvida sob inspiração de Schopenhauer.

Composta entre 1857 e 1859, Tristão e Isolda estreou no Teatro da Corte de Munique no dia 10 de junho de 1865.

Bom, é sabido que Schopenhauer (1778-1860) tinha problemas com a religião católica.

Arthur Schopenhauer

É sabido também que Schopenhauer batia e assoprava no item Catolicismo.

Schopenhauer referia-se a Platão como “o Divino”.

Meu amigo, minha amiga, Schopenhauer escreveu coisas interessantíssimas sobre visão e cores. Escreveu também sobre o cego de nascença, o cego de “vista curta”, o estrábico… É dele: “A vontade é um cego robusto que carrega um aleijado que enxerga”. Dizia também que não adiantaria nada curar a visão de um cego que não quer ver, até porque “tudo que um ressentido possui é a dor, a raiva”.

Saber é pensar, pensar é saber.

E Friedrich Nietzsche, hein?

Como Schopenhauer, Nietzsche (1844-1900) era ateu e misógino de primeiro grau. Rousseau também.

Um dos motivos que levaram Nietzsche a ser “ressuscitado” na primeira metade do século 20 foi a crença de que ele inspirou Hitler a fazer o que fez do começo ao fim da 2ª Guerra Mundial. Mas faltam provas.

Friedrich Nietzsche (Ilustração de Antonio Marín Segovia, do Flickr, CC)

Todo mundo sabe que o autor do livro Para Além do Bem e do Mal morreu com a idade de 55 anos, em 1900, louco. O que pouco se sabe é que a sua única irmã, Elizabeth, apossou-se dos inéditos do irmão, alterando-os.

A mesma Elizabeth era nacionalíssima dos pés à cabeça e casou-se com um militar de patente do exército alemão e com ele foi morar no Paraguai, onde tentou com o maridão criar um ambiente parecido com o que faria depois o sangrento “Führer”.

Ao contrário de Nietzsche, Wagner (1813-1883) caiu nas graças de Hitler, que o adotou e fez de sua música a trilha dos seus horrores.

Friedrich Nietzsche não chegou a ver a tragédia que deixou milhões e milhões de mortos, até porque morreu cego. Antes, porém, matou Deus. Disse: “Deus morreu. Deus está morto. Nós matamos Deus…”.



Contatos pelos assisangelo@uol.com.br, http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

100 anos de Rádio no Brasil: Os bastidores algorítmicos da nova era sonora

Por Álvaro Bufarah (*)

O relatório State of Data 2025, do Interactive Advertising Bureau (IAB), mais parece uma lupa voltada para os bastidores da indústria midiática global. Ali, entre números e infográficos, desponta um paradoxo: nunca se ouviu tanto áudio… e nunca foi tão difícil saber exatamente quem está ouvindo o quê, onde, como e por quê.

O documento, que se tornou referência anual para anunciantes, plataformas e agências, acende alertas sobre a urgência da governança de dados na publicidade digital. Em 2025, mais de 70% das empresas norte-americanas ainda enfrentam desafios na unificação de dados entre canais – problema que afeta diretamente o setor de áudio digital, onde a multiplicidade de players (Spotify, YouTube, podcasts independentes, rádios digitais, plataformas de áudio programático) tornou a medição mais difusa do que nunca .

O áudio – outrora filho bastardo do audiovisual – agora é protagonista, mas ainda luta por ferramentas de mensuração compatíveis com sua nova relevância. É aí que o dilema se agrava. Conforme o IAB, mesmo com o crescimento exponencial no investimento em áudio programático, poucos anunciantes conseguem ter uma visão holística do retorno efetivo dessas inserções. O dado que salta aos olhos: apenas 23% das marcas afirmam ter total confiança nos modelos atuais de atribuição de resultados em áudio.

No Brasil, o cenário ecoa esses ruídos. Segundo pesquisa da Kantar Ibope Media (2024), 57% dos brasileiros ouvem rádio todos os dias e mais de 40% consomem conteúdo em áudio digital regularmente, entre podcasts e streaming musical. No entanto, a mensuração dessa audiência – especialmente fora dos grandes centros – ainda é um desafio hercúleo. Os dados são fragmentados, as metodologias variam e os critérios de performance digital muitas vezes ignoram a complexidade cultural do som que se espalha pelo país continental.

Enquanto isso, as grandes plataformas tentam dar conta do recado com soluções proprietárias. Spotify investe pesado em adtechs sonoras; Google e Amazon aprimoram assistentes de voz e interfaces de escuta personalizada. Mas a desconfiança persiste. O relatório do IAB mostra que 63% das empresas estão preocupadas com a crescente dependência de plataformas fechadas (walled gardens), como Meta e Google, que concentram dados, ditam métricas e limitam a transparência para o mercado publicitário.

Para as emissoras de rádio brasileiras – especialmente as comunitárias e educativas – o desafio é duplo: entrar na lógica dos dados sem perder sua vocação pública. Emissoras como a Rádio MEC ou a Cultura FM ainda pautam seu valor pela relevância social e diversidade de conteúdo, e não pela performance algorítmica. Mas até elas começam a se debruçar sobre dashboards e CRMs, pressionadas por editais, patrocinadores e governos que exigem resultados quantitativos, mesmo em projetos de missão educativa.

A discussão é urgente. Afinal, o dado não é neutro. Ele é estruturado, selecionado, interpretado. E, como ensina a professora Shoshana Zuboff (2019), vivemos na era do “capitalismo de vigilância”, onde até mesmo o som da sua risada num podcast pode virar métrica de engajamento e, em última instância, produto à venda. O que o relatório do IAB nos revela, portanto, não é apenas um desafio técnico, mas um embate ético: quem controla os dados sonoros? A quem eles servem?

No fim das contas, o som resiste. E talvez, nessa resistência, esteja sua maior força. No rádio de pilha do interior de Minas, no podcast gravado no quarto de um estudante na periferia de Recife ou na playlist personalizada que te acorda todo dia, o áudio continua pulsando. Agora, mais do que nunca, é hora de escutarmos não só o que se ouve… mas o que se mede.


Fontes consultadas:

  • Interactive Advertising Bureau (IAB). State of Data 2025: Reinventing Data Collaboration. March 2025. Disponível em iab.com
  • KANTAR IBOPE MEDIA. Inside Radio 2024. Disponível em kantaribopemedia.com
  • ZUBOFF, Shoshana. The Age of Surveillance Capitalism. New York: PublicAffairs, 2019.
Álvaro Bufarah
Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no r, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Bastidores do livro de Dom Phillips são revelados no Congresso da Abraji

O mediador Rubens Valente recebe Beto Marubo e Andrew Fishman no Congresso da Abraji (Foto: Ana Laura Ayub)

A produção de Como salvar a Amazônia − Uma busca mortal por respostas (Companhia das Letras), de Dom Phillips, foi um dos destaques da 20ª edição do Congresso da Abraji. Durante o encontro, promovido de 10 a 12 de julho, em São Paulo, os coautores da obra Andrew Fishman, presidente do Intercept Brasil, e Beto Marubo, líder e ativista indígena do povo Marubo e membro dos Povos Indígenas do Vale do Javari, trouxeram detalhes dos bastidores do livro, relembrando os passos de Dom no Brasil e o envolvimento deles com o restante da narrativa. 

Após o assassinato de Phillips e do indigenista Bruno Pereira em junho de 2022 no Vale do Javari, Andrew Fishman, Jonathan Watts, Jon Lee Anderson, Eliane Brum, Tom Phillips, Helena Palmquist e Stuart Grudgings reuniram-se para finalizar os capítulos do livro a partir das anotações que Dom havia deixado. 

Na palestra, Andrew disse que não achou certo publicar o livro incompleto: “Ele tinha uma visão, uma missão. Os assassinos queriam silenciar essa visão e essa missão. Então, nós tínhamos a obrigação de garantir que o projeto fosse finalizado”. Assim, os jornalistas tomaram para si o objetivo de levar adiante a narrativa de Dom sobre os desafios que a população local sofre devido à política, à pressão do agronegócio e às crises climáticas.

O mediador Rubens Valente recebe Beto Marubo e Andrew Fishman no Congresso da Abraji (Foto: Ana Laura Ayub)

O livro também contou com os conhecimentos e experiência de Beto Marubo, que atuou como guia de Dom em outras explorações na Amazônia. Os dois se conheceram durante a pandemia em uma coletiva de imprensa no Acre. Beto procurava um jornalista que pudesse relatar os problemas da Amazônia e levar a pauta para o resto do mundo. 

A partir desse encontro, Beto, Bruno e Dom tiveram a ideia de escrever um livro que denunciasse a violência crescente na região, a exploração ilegal de recursos naturais e o abandono das populações indígenas pelo Estado. A proposta não era apenas jornalística, mas profundamente política e humanitária. 

Durante a palestra, Marubo relembrou os dias com Dom e Bruno nas comunidades indígenas e na exploração da Amazônia; “O Dom era essa pessoa que queria ver e ouvir em campo. Não pelo telefone”. Ao final da apresentação, fotos que registram os últimos momentos de Dom e Bruno foram mostradas, arrancando aplausos dos presentes. 

André Azeredo assina com o SBT

André Azeredo (Crédito: Divulgação/SBT)

O SBT anunciou nesta segunda-feira a contratação de André Azeredo. Ele atuará como repórter e apresentador dos telejornais da casa. Com mais de 20 anos de experiência no jornalismo, ele passou anteriormente em veículos como Globo, Band, RedeTV e Record TV.

Minha expectativa é a melhor do mundo. É uma casa muito boa, tradicional e com excelentes profissionais. Peço licença para chegar até o público do SBT e contribuir com tudo: seja com ao vivo, reportagem, participação especial. Eu faço o que eu gosto de fazer. Rua é uma paixão que eu não quero parar de fazer nunca“, declarou André em release enviado pelo SBT à imprensa.

Natural do Rio de Janeiro, André formou-se pela PUC-RS e iniciou a carreira em 2006, no Grupo RBS. Em 2015, mudou-se para São Paulo e se tornou repórter na capital paulista. Seu último trabalho antes do SBT foi na Record, atuando como âncora do SP no Ar e repórter investigativo do Domingo Espetacular. Comandou também algumas edições do Balanço Geral SP.

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