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A Vida é Uma Maratona: Folha de S.Paulo promove debate sobre novo documentário de Drauzio Varella

A Vida é Uma Maratona: Folha de S.Paulo promove debate sobre novo documentário de Drauzio Varella
Claudia Colluci e Drauzio Varella

Por Gabriel Daniele, para o Portal dos Jornalistas

Foi realizada na noite de terça-feira (2/12) a exibição do documentário A Vida é Uma Maratona: Os novos limites da longevidade, que conta a história pessoal e profissional do dr. Drauzio Varella, utilizando como eixo central a relação do médico com a corrida, traçando paralelos entre a trajetória pessoal e as maratonas. Ao final da exibição, houve um debate entre o próprio Drauzio e Cláudia Collucci, repórter especial da Folha de S.Paulo. O  evento foi promovido pela própria Folha, nas dependências da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo.

Ao longo do filme, o médico relembra diferentes momentos de sua trajetória, como o falecimento precoce de sua mãe, quando tinha apenas oito anos de idade, a relação com os pais e irmãos, seu tempo como professor, as experiências como médico e comunicador, além de seu tempo prestando serviços médicos em presídios, como o Carandiru. Destaque para o envolvimento de Drauzio com as maratonas e as corridas. Ele começou a praticar atividades físicas com cerca de 50 anos, com o intuito de não se perceber em decadência com o passar dos anos. Graças a essa decisão, viu a prática de correr como sua principal aliada para um envelhecimento saudável e para o exercício da longevidade.

Já na comunicação, começou seu trabalho na Jovem Pan, quando gravou uma entrevista com o diretor da emissora na época, Fernando Vieira de Mello, sobre a AIDS, doença que estudava com afinco. A partir desse material, a emissora começou a soltar pequenas pílulas com mensagens de conscientização para a população sobre o vírus, transmissão e cuidados. Mais tarde, durante a pandemia do Covid-19, Drauzio fez diversos vídeos nas redes sociais informando as pessoas sobre as precauções, cuidados e avanços científicos. Desta vez, o foco foi o combate a desinformação, que agravou a confiança da população brasileira nas vacinas e na imunização.

Atualmente, elee segue participando de programas televisivos, como o Fantástico, da Rede Globo, além de manter a produção de vídeos informativos sobre saúde e medicina em suas redes sociais.

Debate 

Essa etapa foi dividida em dois momentos: uma bateria de perguntas com a repórter Claudia Collucci e dúvidas direcionadas pela plateia ao entrevistado. A jornalista focou suas perguntas nas histórias de maratonas de Drauzio. O médico contou que as maratonas mais bonitas são as corridas em que pôde apreciar as cidades. Ele declarou ainda que as corridas proporcionam movimento em sua vida, o que desperta calma e concentração, algo que ele “não troca por nada”. 

Na sequência, ao ser perguntado como engajar a população, contou que o exercício físico é contra a natureza humana e que a humanidade passou fome o tempo inteiro, disputando carne com animais ou com outros humanos. “O corpo é uma máquina que foi feita para o movimento e quando você encontra alimento o suficiente, você para”, concluiu o médico. 

Outro tema abordado por Drauzio foi a presença feminina e a compreensão da sexualidade, tópicos que estiveram presentes em sua vida. Ainda foi dito que a cadeia serviu de grande ensinamento para o entendimento de feminilidade e sexualidade como um todo. Como comunicador, valorizou a importância da comunicação ser objetiva e didática, pensando sempre na melhor compreensão das informações para seus ouvintes e telespectadores.

Por fim, respondendo à equipe deste Portal dos Jornalistas, Drauzio contou que há importância na convivência com diversas opiniões e pessoas: “A convivência com diferentes pessoas enriquece a vida. Se não fosse isso, a nossa existência seria muito pobre”.

Para conferir o documentário na íntegra, acesse o canal oficial de Drauzio Varella no YouTube.

BandNews estreia EmílIA, repórter criada com Inteligência Artificial

Crédito: Steve Johnson/Unsplash

A BandNews FM estreou na semana passada o projeto EmílIA, uma repórter criada com Inteligência Artificial que passa a fazer parte da programação esportiva da rádio. A estreia ocorreu durante a transmissão do jogo entre Flamengo e Palmeiras, pela final da Copa Libertadores da América, com a EmílIA trazendo, ao longo da cobertura, dados e curiosidades do confronto entre as duas equipes.

A inspiração para o nome EmílIA vem da personagem Emília da série Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato. Segundo a Bandeirantes, assim como a boneca de pano da história “a EmílIA também estará aprendendo no dia a dia e evoluindo conosco, a medida que essa tecnologia vai se transformando”.

A ideia, de acordo com a emissora, é utilizar, aos poucos, a repórter de IA em outras transmissões esportivas e programas, trazendo dados e detalhes obtidos com o uso de Inteligência Artificial, mas sempre com a checagem profissional dos jornalistas da Band.

Rita Lisauskas assume apresentação do Jornal da Cultura

Rita Lisauskas assume apresentação do Jornal da Cultura
Rita Lisauskas (Crédito: Instagram)

Rita Lisauskas é a nova apresentadora do Jornal da Cultura, da TV Cultura, principal telejornal da emissora, que vai ar às 21h. As informações são de Gabriel Vaquer, do F5 (Folha de S.Paulo). Rita substitui a Karyn Bravo, que comandava o Jornal da Cultura desde 2019 e deixou a emissora em novembro, após seis anos de casa.

Rita está na Cultura desde o ano passado. Ela comandava o programa semanal Opinião, que vai ao ar nas noites de quinta-feira. A apresentadora também comandava o Jornal da Cultura nas noites de sábado, e agora assume a apresentação do telejornal como titular. Desde a saída de Karyn Bravo, o programa vinha sendo comandado, de forma interina, por Rodrigo Piscitelli. Antes da Cultura, Rita passou por CNN Brasil, SBT, Record, Bandeirantes e RedeTV. Também trabalhou como repórter, colunista e editora do Estadão.

Segundo informações de Gabriel Vaquer, a TV Cultura fará um evento ainda nesta semana para anunciar novidades em sua grade de programação, com foco em novos projetos e programas e a cobertura das eleições de 2026.

Confira os vencedores do XIII Prêmio República

Confira os vencedores do XIII Prêmio República

Foram anunciados no final de novembro os vencedores do XIII Prêmio República, organizado pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que reconhece trabalhos relacionados à atuação do Ministério Público Federal (MPF). Entre os vencedores estão trabalhos premiados nas categorias de Jornalismo Escrito e Jornalismo Audiovisual.

Em Jornalismo Escrito, o vencedor foi a reportagem 61 candidatos concorrem às eleições mesmo sendo procurados pela Justiça, de Judite Cypreste e Camila da Silva, do g1. No texto, as jornalistas mostram que a maioria dos casos (46) tratava-se de assuntos de pensão alimentícia, e 14 envolviam processos criminais como homicídio, roubo e estupro de vulnerável.

E na categoria Jornalismo Audiovisual, o prêmio foi para Melissa Maria de Oliveira Duarte, Tácio Lorran Soares Silva e Manuel Mateus Marçal, do Metrópoles, com a reportagem O assédio sexual nos câmpus em 128 atos. Fruto de nove meses de investigação, o trabalho mostra o perfil e o modus operandi de assediadores que, com elogios constrangedores, piadas de duplo sentido, mensagens indiscretas, comentários inadequados, toques no corpo, investidas físicas e até estupros foram denunciados por estudantes de universidades e institutos federais de todo o País.

Série de reportagens sobre influência das bets na economia vence Prêmio IREE de Jornalismo

Série de reportagens sobre influência das bets na economia vence Prêmio IREE de Jornalismo

Foram anunciados no começo da semana os vencedores da 6ª edição do Prêmio IREE de Jornalismo, que reconhece trabalhos sobre a importância e o fortalecimento da democracia. O grande vencedor da premiação foi Vinícius Valfré, do Estadão, com uma série de reportagens que mostra a influência das bets na economia, no Estado, no futebol e nos poderes públicos do País.

Ao longo de oito reportagens, Valfré mostra como funcionam as apostas no Brasil, cujo consumo vem crescendo exponencialmente, destacando inclusive temas como fraudes, golpes e a relação das bets com o jogo do bicho.

Na categoria de Política, o primeiro lugar ficou com Rafael Soares, de O Globo, com a série de reportagens Os tentáculos do Comando Vermelho. Nos textos, o repórter abordou grandes esquemas da organização criminosa, mostrando conversas nas quais chefes do Comando Vermelho dão ordens até a policiais do Rio de Janeiro no Complexo do Alemão.

E na categoria Economia e Negócios, o troféu foi para Idiana Tomazelli, da Folha de S. Paulo, com a série Desafio fiscal de estados e municípios, sobre a relação entre gastos com emendas parlamentares e o aumento da despesa dos municípios.

Além das categorias, o Prêmio IREE de Jornalismo concedeu dois prêmios Hours Concours pelo conjunto da obra e carreiras de dois nomes muito importantes para o jornalismo: Ricardo Kotscho e Fausto Macedo.

SBT News contrata Larissa Alves e Luara Castilho

SBT News contrata Larissa Alves e Luara Castilho

O SBT News, novo canal do Grupo Silvio Santos que estreia em 15/12, anunciou as contratações de Larissa Alves, ex-Bandeirantes, e Luara Castilho, que até então atuava na TV Vanguarda, afiliada da Globo no interior paulista.

Larissa chega para integrar a equipe de reportagem do SBT News. Ela estava no Grupo Bandeirantes há sete anos, trabalhando nos telejornais Jornal da Band e Bora Brasil, e também na rádio BandNews FM.

Já Luara estava no Grupo Globo desde 2022. Começou como repórter da EPTV Campinas e, no fim de 2023, mudou-se para São José dos Campos para assinar com a Rede Vanguarda, afiliada da Globo no interior de São Paulo. Participou de coberturas especiais e chegou a comandar a bancada do Link Vanguarda, ao lado de Rogério Correa e Talita França.

Larissa e Luara se junta ao time de jornalistas do SBT News, que conta com nomes como Celso Freitas, Leandro Magalhães, Raquel Landim, Amanda Klein, Basília Rodrigues, Sidney Rezende, Roberta Russo e Lucio Sturm. Camila Mattoso, ex-Folha de S.Paulo, será a diretora de redação do novo canal.

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: O cego na História (33)

Por Assis Ângelo

Antes de os portugueses aportarem na nossa costa baiana, habitavam nossas matas, nossas terras, muito mais de cinco milhões de indígenas. A esse número também chegaram africanos e africanas trazidos à força para cuidar dos interesses dos ricos e poderosos aboletados na terra brasilis. Sim, essa mesma terra em que vivemos em nome de Deus e da paz.

O escriba Pero Vaz de Caminha, integrante da frota cabralina, enviou carta ao rei D. Manuel I dizendo das maravilhas que os seus olhos vislumbravam. Referindo-se ao Brasil, escreveu: “…querendo-a [a terra] aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”.

Tivemos, entre tantos, um escritor cearense da mais alta inspiração: José Martiniano de Alencar (1829-1877).

Alencar é considerado o pai da literatura brasileira. É considerado também o principal expoente do indianismo.

Sobre a temática indianista, José de Alencar escreveu o clássico O Guarani (1857), seguido de Iracema (1865), “a virgem dos lábios de mel”, e Ubirajara (1874).

No romance Ubirajara, o mestre cearense mostra quão valente é o personagem que dá título ao livro. Em luta com uma centena de indígenas de uma tribo inimiga, o herói de Alencar acaba com todos e ganha como prêmio Araci, a filha do cacique. Antes, o imbatível guerreiro vencera e cegara Pojucã, numa briga à toa.

As histórias do Brasil não são poucas e não são poucas as histórias criadas em prosa e verso por nossos intelectuais.

As histórias verdadeiras e inventadas no nosso Patropi ocorreram e ocorrem todos os dias, independentemente do mês.

O bom e velho Machado de Assis falou nos seus textos de tudo ou quase tudo, incluindo temas políticos e religiosos.

Em 1893, Machado escreveu e publicou na coluna A Semana, do jornal Gazeta de Notícias, um dos seus contos mais famosos: Missa do Galo, cujo enredo conta com um jovem chamado Nogueira e o amigo Menezes, casado em segunda núpcias com Conceição.

Nogueira tinha 17 anos e Conceição, 30.

O mocetão Nogueira achava-se hospedado na casa de Menezes. Só que Menezes trabalhava a semana inteira e nos fins de semana ia encontrar-se com uma amante. Todos em casa sabiam disso: dona Inácia, mãe de Conceição, dois escravos e a própria Conceição, que achava natural o que o maridão fazia.

A história desenvolve-se numa noite de Natal e entre Nogueira e Conceição rola um clima…

Machado de Assis escreveu em gêneros diversos incluindo romances, contos e poemas, além de peças para teatro e crônicas para jornais e revistas do seu tempo. Aliás, seu primeiro texto publicado num jornal foi um poema. Tinha 14 anos. Com o passar dos anos, ele tornou público o Soneto de Natal. Este:

 

Um homem – era aquela noite amiga,

Noite cristã, berço do Nazareno –,

Ao relembrar os dias de pequeno,

E a viva dança, e a lépida cantiga,

 

Quis transportar ao verso doce e ameno

As sensações da sua idade antiga,

Naquela mesma velha noite amiga,

Noite cristã, berço do Nazareno.

 

Escolheu o soneto… A folha branca

Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,

A pena não acode ao gesto seu.

 

E, em vão lutando contra o metro adverso,

Só lhe saiu este pequeno verso:

“Mudaria o Natal ou mudei eu?”

 

E por falar em soneto, é do Brasil o autor até agora com o maior número de sonetos escritos. São milhares. Seu nome? Glauco Mattoso, como todo mundo o conhece.

Glauco, de batismo Pedro José Ferreira da Silva, tem publicados em papel e no formato de PDF pelo menos 200 livros. É um tarado. Escreve todos os dias, incluindo feriados, sábados e domingos. É daqueles poetas que não vai dormir com a garganta apertada. Isto é: diz sempre o que quer, no papel e na fala ouvida.

Lá pelos anos de 1970, Glauco já era chamado de poeta maldito. Aliás, essa expressão foi cunhada por Alfred de Vigny (1797-1863), francês, de profissão dramaturgo e poeta. Depois, essa expressão foi popularizada por Paul Verlaine, ao publicar a seleta Les Poètes Maudits (1884).

O detalhe nessa história toda é que Glauco perdeu completamente a visão em 1995, vitimado que foi pelo glaucoma. E para não sofrer demais além da conta, o poeta reinventou-se de todas as maneiras. Trocou até de nome.

No Brasil, atualmente, há pelo menos 1,7 milhão de pessoas portadoras de glaucoma.

Bom, em vez da bandeira de Pedro I, Independência ou Morte, a bandeira de Glauco Mattoso sempre foi Independência e Arte!

Sobre tudo e também sobre o Natal, Glauco escreveu o soneto que aqui segue:

Glauco Mattoso, por Fausto Bergocce

SONETO 925 – NATAL

 

Nasci glaucomatoso, não poeta.

Poeta me tornei pela revolta

Que contra o mundo a língua suja solta

E a vida como báratro interpreta.

 

Bastardo como bardo, minha meta

Jamais foi ao guru servir de escolta

Nem crer que do Messias venha a volta,

Mas sim invectivar tudo o que veta.

 

Compenso o que no abuso se me impôs

(pedal humilhação) com meu fetiche

lambendo, por debaixo, os pés do algoz

 

Mas não compenso, nem que o gozo esguiche,

Masoca, esta cegueira, e meus pornôs

Poemas de Bocage são pastiche.

 

A partir da próxima semana publicaremos neste espaço, inspirado bate-papo que Glauco e eu tivemos. Aguarde, pois valerá a pena.

Ah! Sim: ia me esquecendo de dizer que Glauco é leitor contumaz de Sade, Masoch, Rimbaud e autodeclarado herdeiro intelectual do baiano Gregório de Matos e Guerra, o Boca do Inferno.

100 anos de Rádio no Brasil – Podcast: alcance, formatos e plataformas

(Crédito: LG)

Por Álvaro Bufarah (*)

Um dia você fazia download; hoje talvez espere a TV ou se acomode com o celular – o que importa é que o som continua chegando. O estudo The Podcast Landscape 2025, resultado da parceria entre Sounds Profitable e Signal Hill Insights, marca um ponto de inflexão no universo dos podcasts norte-americanos: a maioria dos adultos consome podcast pelo menos uma vez por mês, o vídeo firma-se como formato complementar e a smart TV surge como uma porta de entrada inesperada para o áudio. Para o mercado brasileiro e global, o dado principal é que o podcast não apenas cresceu – amadureceu.

Segundo o levantamento, 75% dos americanos já consumiram um podcast – praticamente o mesmo patamar, de 74%, em 2024 –, mas pela primeira vez o consumo mensal alcançou 55% dos adultos, e a escuta semanal subiu para 38%. Os ouvintes frequentes (semanais) gastam em média 6,3 horas por semana com podcasts, sendo que 21% deles relatam ouvir mais de 10 horas por semana. Em termos demográficos, a audiência tornou-se mais diversificada: 35% dos ouvintes mensais têm entre 18 e 34 anos, 37% entre 35 e 54 anos, e 28% têm mais de 55 anos.

(Crédito: Soundsprofitable)

Mas talvez a transformação mais significativa seja no formato e na plataforma. Ainda que 59% dos entrevistados esperem que podcast seja “apenas áudio” e 21% “geralmente áudio”, somando as categorias que permitem vídeo (“geralmente áudio, pode ser vídeo”, “pode ser qualquer um”, “geralmente vídeo, pode ser áudio” e “apenas vídeo”) chega-se a +79%. O formato audiovisual no podcast cresce. Na plataforma, o YouTube domina, com 40%, como plataforma primária de consumo de podcast, seguido pelo Spotify (18%) e Apple Podcasts (11%). O smartphone permanece no topo da preferência (34% iPhone, 25% Android), mas a smart TV aparece já como quarto dispositivo mais usado (9%) – e entre os que usam TV, 76% escutam via YouTube.

Esses números delineiam três vetores de reflexão: alcance amplo, formatos híbridos e plataformas além do fone de ouvido.

Quando mais da metade dos adultos diz usar o podcast mensalmente, não se trata mais de nicho. O podcast é mainstream. Essa maturidade dialoga com os dados brasileiros: o estudo Inside Audio 2025 da Kantar IBOPE Media registrou que 92% dos brasileiros consomem algum tipo de áudio digital ou rádio. Isso indica que o Brasil está no trilho dessa trajetória global – e que a formação de público já não é o gargalo, é a consolidação.

O salto do “apenas áudio” para “áudio + vídeo” não é moda – é adaptação. Muitos ouvintes esperam que o podcast ofereça imagem ou pelo menos a opção. Esse movimento é confirmado fora do estudo americano: segundo o relatório Streaming Media Market Report, da Futuresource Consulting, mais de 50% dos podcasts novos em 2025 são lançados simultaneamente em vídeo e áudio, com intenção clara de descoberta e visualização em tela grande. O podcast não é mais só “no fone” – ele entra na sala, no carro, no cowork, no grande painel.

O episódio do YouTube dominando consumo de podcast via smart TV revela uma mudança de paradigma: a televisão conectada vira canal de áudio, o rádio vira app, o streaming vira momento de curadoria. No Brasil, a penetração de smart TV cresce: dados da empresa de análise Omdia apontavam que em 2024 mais de 60% dos lares com banda larga fixa tinham televisor conectado à internet. Isso significa que o “áudio em tela” pode ser ponte para salas de estar, não apenas ouvidos nos fones.

Imagine uma mulher que sai do trabalho, pega o metrô, coloca o celular no bolso – não conecta fones. No corredor do apartamento ajeita o sofá, acende a smart TV, digita no controle de voz “meu podcast de hoje”. A tela acende, rostos no YouTube conversam, o áudio flui, ela se reclina, ouve. O podcast que a acompanhou no trajeto agora a segue para a sala. O smartphone ficou no bolso. O momento se alongou, virou ambiente.

(Crédito: LG)

Para o produtor, para o diretor de conteúdo, para a emissora de podcast, o recado é claro: o ouvinte está onde quiser ouvir – e assistir. A estratégia não é abandonar o áudio puro – é expandi-lo. Ter fone, ter tela, ter voz. E entender que o canal importa menos do que o contexto.

O podcast encontra a maturidade e, com ela, exige mais densidade, mais formatos, mais presença. A pergunta deixa de ser “tem podcast?” para ser “onde ele está, para quem, em qual tela, em que momento?”. E a resposta exige que quem produz não pense apenas em ouvidos, mas em “salas, trajetos, pausas e telas”. O som virou encontro. Ele vive em movimento – e agora na sala.

 

Fontes:

Sounds Profitable & Signal Hill Insights. The Podcast Landscape 2025.

Radio Ink – “Podcasting em maturidade alcança público abrangente e amplia presença multiplataforma” (26 out. 2025).

Kantar IBOPE Media – Inside Audio 2025 (92% dos brasileiros consomem áudio digital ou rádio).

Futuresource Consulting – Streaming Media Market Report 2025.

Omdia – Dados de penetração de smart TV no Brasil (2024).

Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Justiça de SP condena Jovem Pan por desinformação durante as eleições de 2022

Jovem Pan sofre ataque hacker e faz limpa de vídeos no YouTube

A Justiça de São Paulo condenou a Jovem Pan por danos morais coletivos devido às fake news propagadas pela emissora durante as eleições de 2022. Na decisão, a juíza Denise Aparecida Avelar, da 6ª Vara Cível Federal de São Paulo, obriga a Jovem Pan a pagar uma indenização de R$ 1,58 milhão por desinformação e incentivo a atos antidemocráticos. A ação foi protocolada pelo Ministério Público Federal e pela União. Cabe recurso.

Segundo informações do UOL, a juíza entendeu que, durante o período eleitoral de 2022, a Jovem Pan “extrapolou a liberdade de radiodifusão” e que seus principais programas promoviam e estimulavam ataques a autoridades públicas e instituições, além de questionarem a legitimidade do processo eleitoral. Na decisão, a magistrada destacou ainda que, após os resultados das eleições, os comentaristas da Jovem Pan fizeram “discursos de insurreição e apoio à hipótese de intervenção das Forças Armadas”.

“A emissora não teve por intenção suscitar debates críticos”, declarou a juíza. Segundo ela, foi possível detectar um grande modus operandi por parte dos comentaristas da Jovem Pan, que evidenciavam “descrença no processo eleitoral e no regime democrático como um todo”.

Apesar da condenação por danos morais, o pedido para o cancelamento das outorgas de radiodifusão da emissora foi rejeitado. Para a magistrada, apesar da conduta ser grave, a cassação das outorgas seria uma “medida extrema”. Procurada pela reportagem do UOL, a rádio declarou que não comenta questões judiciais.

Prêmio Europa de Comunicação muda resultado após denúncia de plágio

Prêmio Europa de Comunicação muda resultado após denúncia de plágio

A organização do 35º Prêmio Europa de Comunicação, que valoriza e reconhece o trabalho de jornalistas brasileiros sobre turismo na Europa, alterou o resultado da categoria Conteúdo Escrito após denúncia de plágio. O prêmio, inicialmente concedido ao casal de influenciadores brasileiros Deisi Remus e Gui Cury, do site experienciaspelomundo.com.br, foi retirado após uma declaração da blogueira britânica Kirstie Will Travel, que denunciou que o casal havia plagiado integralmente um guia de viagem produzido por ela.

Segundo reportagem do Estado de Minas, Travel afirmou que o casal plagiou um conteúdo publicado por ela em 2024 que mostrava a Rota dos Quadrinhos de Bruxelas, na Bélgica. A blogueira denunciou que os brasileiros não apenas traduziram palavra por palavra para o português, como também incluíram todas as fotos originais e supostamente alteraram algumas delas para apagar a presença de Travel. O post, publicado pelo casal em junho deste ano, não está mais no ar.

A blogueira britânica afirmou ainda que analisou o site do casal e encontrou mais conteúdos produzidos por ela que foram plagiados pelos influenciadores brasileiros. Ela apresentou uma notificação de violação de direitos autorais, e todo o conteúdo copiado já foi removido do site dos influenciadores. A reportagem do Estado de Minas tentou entrar em contato com o casal, mas não obteve resposta.

Após a denúncia, a organização do Prêmio Europa retirou o troféu do casal brasileiro e o concedeu a Marina Vidigal Brandileone, do blog Ideias na mala, pelo guia Fiordes Noruegueses: uma viagem por um dos destinos de natureza mais espetaculares do mundo, sobre passeios na Noruega.

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