Pelo menos seis jornalistas foram mortos em um ataque israelense à Cidade de Gaza no domingo (10/8). Segundo informações da Al Jazeera, o bombardeio foi direcionado a uma tenda que abrigava profissionais da imprensa, localizada em frente ao portão principal do Hospital al-Shifa. O Exército Israelense admitiu o ataque, alegando que o alvo era o correspondente Anas Al-Sharif, considerado terrorista pelo governo de Benjamin Netanyahu.
Entre os mortos, cinco deles trabalhavam na Al Jazeera, incluindo Al-Sharif, que se dedicou nos últimos anos a trazer informações sobre o conflito em Gaza. O Exército Israelense alegou que o jornalista era terrorista e liderava uma célula do Hamas. Em comunicado, a Al Jazeera condenou o assassinato de Al-Sharif e dos outros jornalistas que perderam a vida no ataque, e repudiou as acusações de Israel.

“A ordem para matar Anas Al-Sharif, um dos jornalistas mais corajosos de Gaza, juntamente com seus colegas, é uma tentativa desesperada de silenciar vozes antes da ocupação de Gaza”, dizia o comunicado da Al Jazeera. Além de Al-Sharif, perderam a vida no ataque Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa, que também trabalhavam na emissora. A sexta vítima é Mohammad al-Khaldi, que criava conteúdo noticioso no YouTube.
Momentos após a morte de Al-Sharif, um texto de despedida foi publicado em seu perfil no X (ex-Twitter), que dizia que o jornalista sempre buscou informar o que de fato estava acontecendo no conflito entre Israel e o Hamas: “Se estas palavras chegarem até você, saiba que Israel conseguiu me matar e silenciar minha voz. (…) Alá sabe que dediquei todos os meus esforços e todas as minhas forças para ser um apoio e uma voz para o meu povo. Eu vivi a dor em todos os seus detalhes, experimentei o sofrimento e a perda muitas vezes, mas nunca hesitei em transmitir a verdade como ela é, sem distorção ou falsificação”.
Entidades defensoras do jornalismo lamentaram a morte dos jornalistas e condenaram o ataque direcionado de Israel. O Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) declarou que o governo israelense não tinha evidências para respaldar suas alegações contra Al-Sharif: “Este é um padrão que temos visto por parte de Israel — não apenas na guerra atual, mas nas décadas anteriores —, em que normalmente um jornalista é morto pelas forças israelenses e, depois, Israel afirma que ele era um terrorista, mas fornece muito poucas evidências para respaldar essas acusações”.
A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) descreveu Al-Sharif como “a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinos de Gaza”. A entidade denunciou “com veemência e indignação os assassinatos reivindicados” pelo Exército Israelense. E o Escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) classificou o ataque israelense como uma “grave violação do direito internacional humanitário”.