Jornalistas de todo o globo lançaram o manifesto Freedom To Report, que exige o acesso “imediato e irrestrito” da imprensa estrangeira à Faixa de Gaza. A iniciativa explica que não se trata apenas de permitir o acesso de jornalistas à região, mas de garantir a livre circulação de informações confiáveis e bem apuradas em qualquer zona de conflito no mundo. Mais de mil jornalistas já assinaram o documento.
O principal objetivo do manifesto é defender o direito à informações sobre o que de fato está acontecendo na Faixa de Gaza, em meio à Guerra entre Israel e o Hamas. O documento defende que o governo de Netanyahu suspenda o bloqueio imposto à imprensa estrangeira, que impede o acesso de jornalistas de outros países a Israel; que as autoridades garantam a segurança dos profissionais de imprensa dentro da zona de conflito; e que entidades e jornalistas defensoras do exercício da imprensa ao redor do globo apoiem e assinem o manifesto.
“Estamos profundamente preocupados com a crescente onda de censura em todo o mundo. E, sob todos os aspectos, Gaza é o caso mais urgente, mas não é o único. Este conflito reflete o padrão mais grave de silenciamento de jornalistas e restrição da imprensa”, diz o manifesto. “Se o mundo democrático realmente pretende combater essa erosão da liberdade, não deve fechar os olhos para Gaza. O jornalismo não pode parar. O mundo tem o direito de saber o que de fato está acontecendo”.
Coordenador da iniciativa chama a atenção para a baixa participação de jornalistas brasileiros
O fotojornalista brasileiro André Liohn, coordenador da iniciativa, destacou a baixa quantidade de profissionais brasileiros entre os jornalistas que assinaram o manifesto. Para ele, a percepção pública no Brasil sobre o que está acontecendo em Gaza está diretamente relacionada a práticas de desinformação e manipulação seletiva de dados, que impedem que as pessoas saibam o que de fato está acontecendo no conflito.
“Discutir abertamente as restrições de acesso impostas aos jornalistas que tentam documentar os fatos em Gaza não é uma questão de alinhamento ideológico, mas de compromisso com os princípios fundamentais do jornalismo”, explicou André. “A não participação do jornalismo brasileiro nesse esforço coletivo evidencia uma desconexão preocupante, não apenas com o debate global, mas com os próprios fundamentos da profissão. Informar continua sendo uma tarefa essencial. E a escolha de não informar é, também, uma forma de posicionamento”, disse o coordenador.