O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu na última quarta-feira (22/5) a existência de assédio judicial contra jornalistas e veículos de imprensa. O julgamento foi realizado em razão de ações apresentadas pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
A decisão, tomada de forma unânime, considera inconstitucional o uso de múltiplas ações judiciais para intimidar ou dificultar o exercício da imprensa. Segundo a tese do ministro Roberto Barroso, presidente do STF, uma vez caracterizada essa prática, as ações podem ser reunidas no mesmo foro.
Também foi determinado que “a responsabilidade civil de jornalistas ou de órgãos de imprensa somente estará configurada em caso inequívoco de dolo ou de culpa grave (e evidente negligência profissional na apuração dos fatos)”.
O julgamento, iniciado em 2023, foi retomado na semana passada após o pedido de vista de Barroso. Na época, a ministra Rosa Weber, atualmente aposentada, votou contra a solicitação de unificação das ações em um único local, argumentando que isso implicaria na criação de uma nova regra e alteraria a estabelecida pelo Legislativo.
As ações foram motivadas por casos como o de Elvira Lobato, que, enquanto repórter da Folha em 2007, publicou uma matéria sobre o patrimônio de empresas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus. O ato fez a profissional e o veículo se tornarem alvo de diversas ações judiciais de membros da igreja, que alegavam danos morais.
O caso levou Taís Gasparian, advogada da jornalista na época e representante da Abraji na ação, a usar pela primeira vez o termo “assédio judicial”. Durante o lançamento do Monitor de Assédio Judicial contra Jornalistas no Brasil, ela revelou que, apesar de terem vencido todos os processos, o episódio paralisou sua agenda e a de Elvira por dois anos, já que tiveram que viajar pelo Brasil para participar das audiências.
Em um passado não muito distante, sempre que acontecia alguma tragédia relacionada a fenômenos naturais, como no caso das enchentes na Região Sul, a natureza era apontada como a principal responsável.
A compreensão dos efeitos da ação do homem sobre o planeta fez com que a mídia passasse a associar com mais frequência o que acontece na vida real ao que os cientistas escrevem em papers acadêmicos.
No entanto, a adoção da chamada “atribuição” ainda está longe do que recomendam especialistas em mudanças climáticas.
O desafio é que, literalmente no meio da tempestade, muitas vezes falta tempo ou espaço para explicações que podem mudar mentalidades, acelerar transformações e combater a desinformação.
E depois que as águas baixam, as estradas são desobstruídas e o comércio volta a funcionar, o jornalismo nem sempre acompanha os desdobramentos, cobrando responsabilidades e contribuindo para evitar que os danos se repitam.
Logo após o terremoto de 2023 na Turquia, que deixou mais de 40 mil mortos, a Global Investigative Journalism Network (GIJN) elaborou uma lista com perguntas que a imprensa não deveria deixar de fazer durante e depois de catástrofes semelhantes.
Terremoto na Turquia deixou mais de 40 mil mortos (Crédito: ACNUR/Hameed Maarouf)
O desastre foi agravado por ação humana antes, durante ou depois?
Essa pergunta pode desencadear vários ângulos de investigação – desde matérias factuais sobre falhas de planejamento e em sistemas de alerta até a falta de prevenção contra os efeitos previsíveis das mudanças climáticas.
O número de vítimas foi influenciado por corrupção ou clientelismo?
Segundo um estudo da Nature citado no guia, 83% das mortes causadas por quedas de prédios em terremotos nas últimas décadas ocorreram em países com corrupção sistêmica. Práticas construtivas são “em grande parte responsáveis por transformar terremotos moderados em grandes desastres”, conceito que se aplica ao Brasil, onde construções irregulares nem precisam de terremoto para virem abaixo.
Para onde foi o dinheiro da ajuda − e por que ele pode não ter chegado a quem precisava?
Quando milhões são liberados rapidamente em programas de ajuda, não são incomuns os casos de corrupção, favorecimento de fornecedores ou erros que adiam ou impedem a chegada do apoio a quem precisa. O GIJN recomenda atenção a problemas como venda de material de ajuda no mercado negro e cumprimento dos contratos por parte dos fornecedores.
O que os registros oficiais dizem sobre a atuação de órgãos de gerenciamento de emergências esobre uma possível desigualdade na assistência a desastres?
O guia recomenda verificar o histórico de liberação de pedidos de assistência para identificar possíveis declínios, e se houve discriminação contra comunidades menos favorecidas, comparando a ajuda aos dados populacionais.
O desastre pode ter causado contaminação?
Vendavais, deslizamentos de terra e enchentes podem contaminar reservatórios de água, causar vazamentos em refinarias de petróleo ou em fábricas de produtos químicos, fatos que muitas vezes não são revelados sem investigação jornalística.
Há ameaças futuras à saúde pública?
O GIJN sugere atenção a condições criadas por desastres que podem gerar ondas de doenças no futuro, resultantes de problemas como água que permaneça contaminada ou sistemas de saneamento atingidos pelo evento climático sem o devido reparo.
Como noticiar saques de maneira ética?
Os especialistas enfatizam que os jornalistas devem tomar cuidado para evitar estereótipos e relatar incidentes desse tipo no contexto das condições enfrentadas por cada comunidade afetada.
O que se pode aprender com novos atores que participam da resposta a emergências?
Voluntários e fóruns online podem ser fonte de informações independentes importantes e até denunciar más práticas. Sair da esfera das informações oficiais amplia o foco da apuração.
Quem lucra com o desastre?
Os desastres ambientais registram “casos alarmantes” de golpes e oportunistas tentando lucrar com a tragédia, salienta o GIJN, e isso deve estar no radar da imprensa.
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O Estadão, mais longevo dos grandes jornais brasileiros, levantou R$ 160 milhões, entre emissões de dívida e um aporte da família Mesquita. A informação é de Geraldo Samor e Pedro Arbex, no Brazil Journal. Segundo eles, a SA O Estado de S. Paulo, a empresa que controla o jornal, levantou cerca de R$ 142,5 milhões em duas emissões de debêntures junto a investidores institucionais e de private banking. Uma das debêntures tem prazo de dez anos, renovável por mais dez. Em vez de pagar uma taxa fixa, o papel dá a seu detentor uma participação de 12,5% na distribuição de lucros da empresa. A outra dívida levantada é um título perpétuo, conversível em ações, e também remunerado com base nos resultados da empresa.
Alinhando-se aos credores, informa o BJ, os 15 membros da quarta geração da família Mesquita aportaram R$ 15 milhões em dinheiro novo e cederam 10% de sua posição acionária na Agência Estado para a empresa que controla o jornal e que está tomando a dívida. Em dezembro, os Mesquita já haviam convertido em ações mais de R$ 100 milhões em créditos que tinham contra o jornal.
“O objetivo dessas transações é acelerar os nossos projetos de transformação digital, investir no nosso editorial e manter o Estado como uma empresa jornalística independente”, disse Francisco Mesquita Neto, diretor-presidente do Grupo Estado, ao Brazil Journal. Desde 2019, o Estadão contratou consultorias, mudou seus sistemas de produção, de CRM e paywall, comprou ferramentas de tecnologia e recrutou equipes especializadas no digital. “Agora vamos continuar investindo em novas tecnologias e contratar mais gente com experiência no mundo de conteúdo digital, editorial e processos”, afirmou Mesquita.
A Folha de S.Paulo anunciou nesta semana duas novidades em sua redação envolvendo as criações de uma editoria de Inteligência Artificial e do novo posto de correspondente climático.
Comandada por Daniela Braga, a editoria de IA estreará em 3 de junho e terá como objetivo principal acelerar e entender os melhores caminhos para uso da inteligência artificial tanto em processos internos, entre os jornalistas da Redação, como nos voltados diretamente para os leitores. A cobertura do tema continuará dentro da editoria de Tecnologia da Folha, mas em seu novo desafio Daniela responderá diretamente à Secretaria de Redação.
Na Folha há 16 anos, ela ocupa desde agosto de 2020 o cargo de editora-adjunta de Digital e Audiência. Antes, trabalhou na homepage, Novas Plataformas e em Mídias Sociais. Também foi repórter do Guia Folha e comandou o blog Enfim Sós..
Já o novo posto de correspondente climático, inédito no Brasil, será ocupado pela repórter Giuliana Miranda. Na Folha desde 2010, ela vinha atuando como correspondente em Lisboa e agora se muda para Madri onde passará a acompanhar o tema. Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa, a jornalista tratou em sua dissertação o papel da sociedade civil nas negociações climáticas internacionais.
Vale lembrar que a Folha tem uma editoria de Ambiente desde maio de 2022 e as reportagens sobre mudanças climáticas são publicadas com o selo Planeta em Transe. O jornal também conta com um correspondente na Amazônia, o repórter especial Vinicius Sassine, baseado em Manaus.
Faleceu na terça-feira (21/5) Daniel Japiassu Lins, aos 52 anos, em São Paulo, vítima de um câncer. O velório ocorre na manhã desta quarta-feira (22/5), no Cerimonial Pacaembu. Ele deixa a esposa Larissa Purvini e três filhas. Daniel era filho do também jornalista Moacir Japiassu, falecido em novembro de 2015.
Desde março de 2022, Daniel atuava como gerente de contas sênior na Inner Voice Comunicação. Em suas passagens pela comunicação corporativa, esteve também em Edelman, Paypal (duas vezes) e MSL Group.
No jornalismo, iniciou a carreira como repórter do caderno Divirta-se do Jornal da Tarde (SP), em 1993. No ano seguinte, acumulou a função de subeditor do Caderno de Sábado, dedicado à publicação de resenhas literárias. Após sair do JT, em dezembro de 1994, tornou-se colaborador de diversas revistas, como Claudia e Nova , da linha feminina da Editora Abril, e Conecta, dedicada à informática.
De abril de 1995 a julho de 1996, foi subeditor do caderno de Informática da Folha de S.Paulo, cobrindo feiras e eventos do setor. Posteriormente, foi para a CartaCapital, onde trabalhou por quase quatro anos. Passou por Época, Gazeta Mercantil Online e Custom Editora antes de chegar ao Estadão, veículo no qual trabalhou por quase quatro anos como editor da coluna Direto da Fonte, de Sonia Racy.
Vitor Sznejder faleceu em 10 de abril, aos 71 anos. Um mês antes, sofreu uma queda em casa, em Petrópolis, onde residia. Ficou três semanas internado e teve uma hemorragia no estômago. Foi sepultado no cemitério judaico Chevra Kadisha de Vilar dos Teles, em Belford Roxo. Deixou o filho Bruno, que mora na Inglaterra.
Bacharel em Comunicação Social pela PUC-Rio, era mestre em Jornalismo pela Universidade de Columbia, NY, EUA.
Em 1974, entrou para o Grupo Globo. De início no jornal O Globo, foi repórter, redator, colunista e coordenador de reportagem. Na TV, após rápida passagem pelo programa Bom Dia Brasil, integrou a equipe multidisciplinar que montou o primeiro site institucional da TV Globo. Em 1988, foi porta-voz do consórcio Globopar/Bradesco/Telecom Itália/AT&T, que venceu a licitação para operar a telefonia celular nos estados de Bahia e Sergipe. Com base em Salvador, criou a primeira diretoria de Comunicação da Maxitel, denominação da nova operadora, reportando-se à Globopar, holding das então Organizações Globo.
Esteve por 14 anos na Souza Cruz, saindo como gerente de Comunicação Corporativa. Em 2007, chefiou a comunicação do Governo da Bahia, durante a gestão de Jaques Wagner. Depois disso, atuou em sua empresa VS Consultoria. Entre outros trabalhos, assessorou o prefeito de Petrópolis, em 2018, quando se mudou definitivamente para a cidade serrana.
Foi professor convidado e palestrante nas Fundações Getulio Vargas e Dom Cabral, entre outras instituições de ensino. Pela Mauad, publicou o livro Jornalistas – Formação, informação, caminhos, tendências, opiniões, perfis, com prefácio de Alberto Dines.
A Gazeta de Bebedouro, cidade do interior de São Paulo, celebrará 100 anos de circulação em 6 de junho. Criado quando Bebedouro completava 40 anos, o jornal impresso foi testemunha e protagonista da história da cidade. O aniversário marca a renovação de seu compromisso em trazer informação ao povo bebedourense.
Fundado em 1924 pelo comunicador e político Lucas Evangelista, inicialmente como um órgão oficial do Partido Republicano, o veículo tornou-se independente somente posteriormente. Ele circulava aos domingos e contava com colaboradores como Elizário de Vasconcelos, Leal Filho, Eugenio Silva, Estácio Caldeira Cardoso e José Evangelista, seu filho. Permaneceu sob o comando de Lucas até sua morte, em 1940.
Em 1943, a Gazeta passou a ser comandada por José Caldeira Cardoso, mais conhecido como Juca Caldeira, juntamente com sua esposa e escritora Sarah Pacheco Cardoso. Durante 45 anos, ele não só utilizou o jornal como uma ferramenta de informação, mas também como um meio de prestar serviços à população.
Entre eles, a criação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionias (Apae) de Bebedouro. Em entrevista a J&Cia, Sarah Cardoso, filha de Caldeira e atual diretora, contou sobre o surgimento da ideia: “Nós temos uma relação muito próxima com nossos leitores. Lembro de quando ele recebeu um grupo de pais de alunos portadores de deficiência, eles desejavam a ajuda do jornal para criação de uma Apae na cidade e meu pai abraçou a missão”.
Juca formou um grupo que se dedicou à obtenção de um terreno e promoveu campanhas para adquirir o material de construção da instituição, da qual foi presidente até seu falecimento. Durante sua gestão também colaborou na reforma de uma praça, que culminou na criação da Fonte Sonoro Luminosa Gazeta de Bebedouro, batizada em reconhecimento à sua participação.
Sarah tomou posse após a partida do pai e apesar de trazer mudanças, manteve a cultura de proximidade com o leitor. “Introduzi outras retrancas e a Página Dois. Ela é composta por colaboradores especialistas de Bebedouro, eles nos procuram e se oferecem para publicar artigos, é muito bacana”, explica. “Em 2012, criamos o site e logo depois a assinatura digital. Atualmente somos uma publicação bissemanal, com entre 8 e 12 páginas”.
Questionada sobre a sensação de dar continuidade ao legado da família, ela declarou ser um privilégio: “É um prazer enorme poder documentar a história da nossa cidade e ver o resultado do nosso trabalho após a publicação de cada edição”.
Para celebrar o aniversário, será realizada uma comemoração em 6/6, às 20h, no Teatro Municipal de Bebedouro. Na ocasião, a equipe do jornal revelará os bastidores da redação e outras surpresas.
A Fundação José Luiz Egydio Setúbal abriu as inscrições para a quarta edição do Prêmio de Comunicação Fundação José Luiz Egydio Setúbal. A iniciativa valoriza conteúdos que abordem a saúde de crianças e adolescentes. Podem concorrer reportagens e materiais publicados de junho de 2023 até 26 de julho de 2024, data final para as inscrições.
Podem participar profissionais, estudantes, entidades governamentais e da área de saúde que não sejam comerciais. O prêmio distribuirá R$ 92 mil entre os vencedores das categorias profissionais: Texto, Áudio, Vídeo e Redes Sociais. Estudantes concorrem em Texto e Audiovisual.
Este ano, os segundos lugares também passarão a ser premiados, sendo o primeiro lugar com R$ 12 mil e o segundo, R$ 5 mil. Já os alunos em primeiro lugar recebem R$ 8 mil, e R$ 3 mil ao professor orientador; o segundo, R$ 4 mil, com R$ 1.500 para o professor.
A Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) anunciou nesta segunda-feira (20/5) os 25 finalistas do VII Prêmio de Jornalismo em Seguros. Foram ao todo 306 trabalhos inscritos que passaram por análise criteriosa dos membros do Comitê de Seleção do prêmio.
Os finalistas serão agora avaliados pela Comissão de Julgamento, que elegerão os vencedores em cada uma das cinco categorias, além do Vencedor Geral do Prêmio. A cerimônia de premiação está marcada para 11 de junho, na casa de espetáculos Blue Note, em São Paulo.
Estão abertas até 1º de outubro as inscrições para o 1° Prêmio Ibá de Jornalismo. Promovido pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a iniciativa visa reconhecer reportagens sobre o setor de árvores cultivadas e o meio ambiente.
Serão distribuídos R$ 36 mil em prêmios, juntamente com troféus e certificados, aos três melhores de cada uma das quatro categorias: Escrita, Rádio, TV e Veículo Setorizado. O primeiro lugar receberá R$ 4 mil, o segundo, R$ 2 mil, e o terceiro, R$ 1 mil. Haverá ainda quatro menções honrosas a reportagens regionais ou que tenham abordagem científica, que receberão R$ 2 mil cada.
A primeira edição do prêmio tem como tema O setor de árvores cultivadas como aliado no combate às mudanças climáticas. As produções submetidas devem ter sido publicadas pela primeira vez em 2024. Os finalistas serão divulgados em novembro.