O marcador do Word Press informou a Ricardo Kotscho na manhã de 1º/6 que o seu Balaio do Kotscho passara de 1.000 textos publicados. Segundo ele próprio postou no blog, ?para ser mais exato, foram 1.004 matérias, com 120.362 comentários (li todos antes de editar), desde que o blog foi ao ar pela primeira vez no portal iG, no dia 11 de setembro de 2008. Isso dá uns dois Morumbis ou Maracanãs lotados de leitores comentaristas…?. Ricardo, que levou todo esse arquivo para o R7, onde está há um ano, afirma ter tratado de todo tipo de assunto no espaço, exatamente como fazia quando trabalhou durante mais de quatro décadas nas principais redações do País, ?com exceção da revista Veja. Para mim, pouco importa o meio ou a plataforma, como se diz hoje em dia. Meu ofício é contar o que está acontecendo e descobrir histórias inéditas, lugares e personagens que não costumam sair na mídia. Jornal, revista, televisão e, agora, internet, passando por 20 livros publicados, qualquer espaço é bom quando a gente tem uma história para contar?. Ele está de folga esta semana, comemorando seus 40 anos de casamento com Mara, e volta a atualizar o Balaio em 11 de junho.
Nelson Sirotsky anuncia Duda Melzer na Presidência Executiva da RBS
O Grupo RBS anunciou na semana passada que a partir de 3/7 Nelson Pacheco Sirotsky passará o comando do Grupo ao sobrinho Eduardo Sirotsky Melzer, o Duda, atual vice-presidente executivo, conforme antecipado no final de 2011. Em mensagem a todos os colaboradores da empresa, Nelson, que também preside o Conselho de Administração, informou que o nome de Eduardo foi ratificado em reunião do Conselho, realizada em São Paulo, concluindo o processo de sucessão iniciado há dois anos. Atualmente com 59 anos e há 41 na RBS, Nelson preside a empresa desde 1991 e acumula o comando do Conselho de Administração desde 2008. A partir de julho, passará a se dedicar integralmente a este, além de continuar na Presidência do Comitê Editorial, responsável pelas diretrizes editoriais de todos os veículos do Grupo. Duda, que é neto do fundador Maurício Sirotsky Sobrinho, atua na RBS há oito anos, tendo ingressado em 2004 como diretor-geral para o Mercado Nacional, atuando em São Paulo. Em 2008 assumiu a Vice-presidência de Mercado e Desenvolvimento de negócios e foi responsável por ampliar nacionalmente o Grupo RBS. Desde 2010 é vice-presidente executivo. Nesse período, desenvolveu operações nas áreas de comunicação e expandiu os mercados nos segmentos digital e de educação executiva. O Grupo RBS opera 18 emissoras de tevê aberta, afiliadas à Rede Globo, duas tevês locais, um canal segmentado, 24 emissoras de rádio e oito jornais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Raphael Fernandes e Abel lançam Ditadura no ar #2
O roteirista e editor Raphael Fernandes (Mad) e o cartunista Abel (CecilleVeronika) lançam o segundo número da série Ditadura No Ar, história em quadrinhos que se passa na época do regime militar brasileiro. ?A escolha pelo período da ditadura militar foi estética. Queria escrever uma história noir e precisava de um clima extremamente desagradável?, comenta Raphael, que classifica o regime militar como o período ?mais tenebroso do Brasil?. A série começou como tiras semanais no blog Contraversão, também de Raphael, para desenvolver o hábito de escrever periodicamente e não se deixar atropelar pela corrida rotina de trabalho (além de editor da Mad, ele está na Assessoria de Imprensa da Editora Aleph). Em conversa com o amigo Abel, que vivia a mesma dificuldade, nasceu Ditadura no ar. A versão impressa nasceu em 2011 ? atualmente as histórias não são mais publicadas na internet ?, quando Raphael resolveu juntar o dinheiro que gastaria na Rio Comicom para investir no projeto. ?Houve até vaquinha para pagar a tiragem?, conta. Os exemplares foram, então, levados para o Festival Internacional de Quadrinhos e ? para surpresa dos autores ? vendidos rapidamente. No segundo dos quatro números por hora previstos, o leitor se debruça mais uma vez sobre as aventuras do fotógrafo Félix Panta, que busca notícias sobre o paradeiro de sua namorada Nina, comunista presa durante uma manifestação. O formato da série remete às tiras de jornais de antigamente e tem forte influência de clássicos como Sin City e Agente Secreto X-9. Raphael também comemora sua indicação na categoria Roteirista Novo Talento do Troféu HQ Mix, cuja premiação ocorrerá em 30 de junho: ?Isso me estimula a produzir mais e melhor. Eu havia acabado de perder uma oportunidade de trabalho e a indicação veio para me dar ânimo novo?. SERVIÇO Ditadura no ar #2, de Raphael Fernandes e Abel Número de páginas: 28 (coloridas) Preço: R$ 8 Disponível para compra aqui Mais informações pelo [email protected]
Geraldo Vandré é tema do 2º Memória da Cultura Popular
Para os que vão além dos 50 anos de vida, Geraldo Vandré é lembrança viva, obrigatória. Suas músicas instigantes e sua presença intensa nos palcos brasileiros marcaram época e embalaram sonhos de liberdade de toda uma geração, que até em armas pegou na defesa de ideais socialistas. Perseguido pela ditadura e descrente da democracia, que ajudou a reconquistar, Vandré nunca quis retornar à plenitude da vida artística, deixando que corressem soltos os mais diversos rumores sobre sua sanidade mental, posicionamento político, vida pessoal. Nunca se importou com o que dele se falava. Com vida reclusa e um turbilhão de incertezas sobre seus caminhos, mesmo sem o querer transformou-se em mito. Um mito apegado apenas às coisas comuns e uns poucos amigos, como o paraibano Assis Ângelo, a quem conhece há quatro décadas. Nesta 2ª edição, Jornalistas&Cia ? Memória da Cultura Popular traz, do baú do Instituto Memória Brasil, a entrevista de capa feita por Assis Ângelo com Geraldo Vandré para a edição de 17 de setembro de 1978 do Folhetim, antológico suplemento da Folha de S.Paulo, que foi descontinuado. Prepare o seu coração! Jornalistas&Cia Especial Memória da Cultura Popular
Agência de Notícias da Aids celebra dez anos na Parada Gay de SP
A Agência de Notícias da Aids vai comemorar no próximo dia 10/6, na Parada Gay de São Paulo, a décima edição do Camarote Solidário que monta no mezanino do Conjunto Nacional, na av. Paulista. Artistas, jornalistas, ativistas, gestores públicos e amigos são convidados para assistir à parada e levar alimentos que são doados a ONGs e casas de apoio que trabalham diretamente com pessoas vivendo com Aids. Segundo Roseli Tardelli ([email protected]), editora-executiva da agência, ?para marcar os dez anos produzimos a revista Camarote Solidário Dez Anos. Registramos o trabalho de 11 ONGs que, no decorrer desses dez anos, receberam ajuda com os mantimentos arrecadados no camarote. A concepção da revista é minha e de Fátima Cardeal, com edição de Thiago Calil, Lucas Buonanno e minha, e reportagens de Thiago, Lucas, Luciano Testa, Talita Martins, Fernanda Teixeira e Fábio Serrato. O projeto gráfico é de Silvio Testa. A revista registra um capítulo importante da história que as principais ONGs da cidade de São Paulo construíram nesses 30 anos de existência do HIV?. Serão três mil exemplares distribuídos gratuitamente no dia da Parada e em bancas de jornais na av. Paulista. Impressa na Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, a revista foi produzida com apoio de Petrobras, MSD, Governo do Estado de SP e Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP.
Roberto Muylaert lança novo livro sobre a 2ª Guerra
Roberto Muylaert lança em São Paulo, nesta 4ª.feira (6/6), seu novo livro, 1943 ? Roosevelt e Vargas em Natal. Atual presidente da Aner e publisher da RMC Editora, Muylaert também é autor de livros sobre comunicação e obras históricas. Neste novo trabalho, retorna ao período da 2ª Guerra Mundial como já fizera em Alarm!, que conta o caso do desembarque de um submarino alemão em Praia Grande, litoral paulista, em 1942. Desta vez, ele parte da famosa foto do encontro entre os presidentes americano e brasileiro em 1943, na capital do Rio Grande do Norte, visando negociações sobre a base aérea que serviu de lançamento de jatos americanos rumo às batalhas no norte da África. ?Sempre me chamou a atenção essa foto, que rodou o mundo inteiro, com todas as autoridades dando risada?, conta Muylaert. ?Descobri que eles davam risada porque o Roosevelt fez, naquele momento, uma piada com o almirante [Jonas] Ingram, aquele alto no banco de trás. Ele disse algo como: ?Você é muito grande e vai estourar a suspensão do jipe??, relata. Natal, que viria a ser conhecida como ?O Trampolim da Vitória?, chegou a ter cinco mil soldados americanos na época, parcela significativa da então população de 40 mil pessoas. Essa e outras histórias sobre o período ? pesquisadas por Muylaert ao longo de um ano e meio ? estão no livro, que será autografado a partir das 19h na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073).
Marcelo Monegato retorna ao DGABC
Marcelo Monegato (11-4435-8119/9969-6679 e [email protected]) assumiu na última 4ª.feira (30/5) o cargo de editor de Automóveis do Diário do Grande ABC, vaga aberta com a saída de Sueli Osório. Ele retorna à equipe após pouco mais de um ano, período em que passou pela reportagem do G1 e também pela XComunicação, onde atendeu à conta da Nissan. Na editoria, tem o apoio do repórter Vagner Aquino e do estagiário Lukas Kenji.
Ícones – Com eles, o jornalismo brasileiro foi mais brilhante
Comemorando o Dia da Imprensa, celebrado na última 6ª.feira (1º/6) Jornalistas&Cia voltou ao tema Ícones, completando o time que integrou a edição especial anterior, que celebrou o Dia do Jornalista. Sendo uma e outra as duas principais efemérides do jornalismo e dos jornalistas brasileiros, J&Cia aproveita para outra vez destacar em suas páginas ícones do nosso jornalismo, nomes que já fazem parte da história de nossa atividade e que por isso merecem ir para uma galeria de mestres. E outra vez a tarefa coube a Pedro Vencescelau, colunista do Brasil Econômico e nosso assíduo colaborador, com o apoio de Karina Padial. São 30 nomes, uma seleção de fazer inveja. Somados aos outros 71 da edição anterior, chegamos aos cem (quer dizer, 101) jornalistas brasileiros que estão entre os maiores de nossa história moderna. Alguns já se foram, mas suas marcas permanecem entre nós. Outros seguem suas respectivas trajetórias, contribuindo para a construção de um jornalismo de qualidade, plural, livre. Certamente seria possível fazer outra lista de cem nomes. E mais outra. E ainda outras mais. Esses foram os nomes escolhidos e com eles queremos homenagear a todos: Jornalistas&Cia ? Especial Dia da Imprensa
Vaivém das redações!
Confira o resumo das mudanças que movimentaram nos últimos dias as redações de São Paulo (capital e litoral), Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará. São Paulo: Samantha Maia, saída do editoria de Brasil do Valor Econômico, chegou a CartaCapital no começo de maio como repórter em Economia, cobrindo principalmente negócios, na equipe liderada por Luiz Antonio Cintra.Thais Moreira deixou a redação do Brasil Econômico para atuar em assessoria de imprensa, na Atitude Press. Ela estava no jornal desde a sua fundação, em outubro de 2009, inicialmente como coordenadora de pesquisa de imagens e desde 2011 como repórter do caderno de Empresas e de Inovação. Seus contatos pessoais são [email protected] e 11-8403-3233.Natália Manczyk, da revista Fotografe Melhor, foi promovida de repórter a editora-assistente. A revista integra o portfólio da Editora Europa, que tem como diretor de Redação Sérgio Branco. Natália teve passagens pelas revistas Viaje Mais e Veja.Sandra Annenberg estreou no comando do Globo Cidadania no último sábado (2/6), no lugar de Serginho Groissman, que está na atração há 13 anos (desde quando se chamava Ação), deve concentrar-se no Altas Horas, que este ano tem produzido minidocumentários. A informação é de Cristina Padiglione, do Estadão. São Paulo ? Litoral: Carlos Dias assumiu no começo de abril como coordenador de Esportes de A Tribuna, de Santos (versões impressa e online), e do Expresso Popular, que pertence ao mesmo grupo. Com passagens por publicações como Estadão, JT, Veja, Exame e Superinteressante, ele assume na vaga de Gerson Moreira Lima, que deixou o jornal. Rio de Janeiro: Depois de quase 11 anos no Lance, Eduardo Tironi deixou o jornal e foi para a ESPN, contratado como editor-executivo do canal. Na prática, será o responsável pela coordenação editorial da produção carioca da emissora. No Lance, fez um pouco de tudo: foi editor do site, editor da edição carioca do diário e ultimamente editor-executivo nacional, cuidando de todas as edições e mídias. Seu novo contato é [email protected]ós seis anos editando a home da Globo.com, Fabrício Vitorino, que mantém o blog Falando Russo, mudou de área na empresa e passou a editor-chefe do TechTudo, segmento do portal especializado em tecnologia. Vitorino ([email protected]) teve passagens pela revista Construir e portais Coffee Business e JB Online.Lizzie Nassar deixou a TV Brasil e foi para a Produção do Fantástico, na TV Globo.Alex Cunha, repórter do RJTV, também na Globo, deixou a emissora. Minas Gerais: Cláudio Rezende deixa a editoria de Esportes da CBN e vai para a Rádio Itatiaia. Dimara Oliveira o substitui na cobertura diária do Cruzeiro nas rádios Globo e CBN.Cecília Kruel deixou o Portal Uai, dos Diários Associados, e seguiu para a redação do Diário do Comércio.Junia Brasil, ex-portal O Tempo, começou na reportagem do portal Hoje em Dia. Rio Grande do Sul: Tássia Kastner é desde esta 2ª.feira (28/5) correspondente do jornal O Estado de S.Paulo em Porto Alegre, passando a atuar com Elder Ogliari, que excerce a função na sucursal gaúcha há mais de dez anos. Oriunda do Zero Hora, Tássia entra na vaga que foi reaberta e antes era ocupada por Sandra Hahn. Ceará: A repórter Anésia Gomes deixou a TV Jangadeiro para atuar em projetos especiais.Gilda Barroso saiu da assessoria de imprensa do Hospital Geral de Fortaleza e está indo estudar na Inglaterra. O repórter e apresentador de tevê Reginaldo Aguiar segue o mesmo caminho.
Memórias da Redação – Saudade de mim
Mais uma vez, Plínio Vicente da Silva ([email protected]), que fez carreira no Estadão e desde 1984 vive em Roraima, nos brinda com um belo texto. Saudade de mim Ao acordar hoje, 29 de abril, completando 70 anos de uma longa existência, dei-me o privilégio de me entregar por mais um tempo ao aconchego das cobertas. Um pouco também pela indolência provocada pela chuva que caía mansa, transformando as goteiras que desciam das telhas num instrumento de percussão, ressoando batuques ritmados sobre os vasos de plantas da minha mulher. Enquanto os papagaios faziam explodir gritos onomatopaicos na mangueira bem ao lado do meu quarto, meus olhos, fixados no forro de PVC, atravessaram a barreira branca e encontraram do outro lado um horizonte em que pude ver desfilando um pouco do meu passado. Do recente ao mais longínquo. Foi quando senti saudade de mim. Pelo muito do que vivi e que aqui me permito relembrar algumas passagens. Escolhi algumas poucas, mas todas com ingredientes que me ligaram, de alguma forma, à profissão que, sem qualquer outro ganho, a não ser meu salário, me permitiu construir um futuro, criar uma família e educar os filhos, fazer dois deles doutores com o meu ?paitrocinio?, um aqui e outro em terras de Espanha. Não lhes deixarei como herança bens materiais, além de uma casa modesta e um carro usado. Mas tenho orgulho por vê-los, como homens feitos, seguindo os exemplos que lhes pude legar, todos assentados em virtudes como a preservação da dignidade, a pregação intransigente da retidão de caráter, a defesa incondicional da honestidade e a prática permanente de valores éticos. Sei que este espaço é reservado a memórias dos tempos em que vivemos nas redações. Mas hoje me reservo o direito de escrever estas linhas para falar da saudade que sinto do tempo que passou. Afinal, já se vão 70 anos e, como disse Mário de Andrade, nessa idade eu tenho muito mais passado do que poderei ter futuro. Todavia, ainda quero e espero viver o suficiente para, enquanto me aceitarem, contar histórias, memórias que aos poucos tenho registrado neste J&Cia. Minha saudade começa lá longe, bem longe, no tempo e no espaço, na pequena vila de Guatapará, às margens do rio Moji Guaçu, região de Ribeirão Preto. Eu era um molequinho franzino, deformado pela polio, que andava feito um sapo com as duas pernas em cima do pescoço. Mas isso não me impedia de todos os dias, menos às segundas-feiras, ir comprar o jornal para o meu pai, missão que eu cumpria com muita seriedade para tão pouca idade. Para eu poder me locomover ganhei uma charretezinha de madeira, com rodas de bicicleta, puxada por um bodezinho preto, de nome Capeta. Assim, quando dava 2 da tarde eu percorria dois quilômetros por uma estrada de terra e ficava na esplanada à espera do comboio e do jornaleiro, que chegavam à estação sempre por volta das 2 e 40. O ritual era sempre o mesmo: Faustino ? esse era o nome dele ? descia do trem, entregava-me o Estadão, recebia as moedas e desaparecia vagão adentro. Não sem antes recomendar um abraço aos meus pais. Ele era meu primo, filho de tia Matilda, irmã mais velha de minha mãe, como ela nascida em Duisburg. Era um ofício que me dava satisfação ainda maior quando, no final da tarde, meu pai se sentava na escada da frente da nossa casa, numa pequena fazenda onde era empregado, e abria o jornal. À medida que, com sua voz claudicante de pouco saber do oficio da leitura, recitava em voz alta cada manchete e cada notícia, eu também ia lendo o diário. Jamais me esqueci das suas palavras, conselho que me segue até hoje e que procuro transmitir a todos os jovens estudantes de Comunicação: quem quiser aprender a escrever tem primeiro que aprender a ler. Foi assim, lá pelos nove anos, que decidi: aprenderia a ler, aprenderia a escrever e um dia seria jornalista do Estadão. E fui… Tenho saudade de mim quando fiz minha primeira reportagem, aos 13 anos, transmitindo por telefone um texto rascunhado numa folha de caderno. A um desconhecido do outro lado da linha, na redação de O Diário de Ribeirão Preto, contei, com a voz embargada pelo pranto incontido, o suicídio de Idalina de Oliveira, que não suportou ser estuprada por um oleiro brutamontes e atirou-se nas águas do Mogi Guaçu. Foi uma noticia dolorosa, que transmiti misturando a frieza do jornalista com a emoção de ser humano, pois tínhamos a mesma idade, estudávamos juntos e éramos mais que amigos, quase irmãos. Tenho saudade de mim quando voltei para Guatapará depois de vários anos internado na Santa Casa de São Paulo. O que minha pobre mãe, roceira e analfabeta, só conseguiu esmolando ajuda financeira a muita gente e por conta e obra de dona Leonor Mendes de Barros, que atendeu a um apelo feito por carta por meu pai, militante do PSP. A mulher do dr. Adhemar mandou que me fosse aberta uma vaga no Pavilhão Fernandinho Simonsen a fim de que, depois de uma dezena de cirurgias, eu pudesse ter consertadas as minhas pernas, mesmo que parcialmente. Tenho saudade de mim na volta para casa, já lá pelos 17 anos, quando decidi enveredar definitivamente pelos caminhos do jornalismo, indo trabalhar como copy da editoria de Polícia em O Diário, em Ribeirão Preto. Depois de três meses sem receber nem mesmo um muito obrigado, deixei de ser jornalista para ser jornaleiro e fui vendendo jornais e revistas no noturno da Mojiana entre Ribeirão e Uberaba. Tenho saudade de mim por ter sido um lutador, que na juventude matou um leão por dia para poder estudar um pouco, trabalhar bastante e finalmente, embora com apenas a experiência adquirida nos serviços de alto-falante das quermesses juninas da minha vila, chegar à Rádio Difusora de Jundiaí como locutor. Foi um grande aprendizado, pois ali também tive mestres da maior competência, como José Paulo de Andrade, meu companheiro por vários anos num programa matinal. Tenho saudade de mim já repórter esportivo do Jornal da Cidade, também em Jundiaí, onde bebi da sabedoria de um grande mestre, Ademir Fernandes, que não só me ensinou o ofício do jornalismo, mas porque principalmente me legou a humildade própria dos grandes seres humanos, virtudes que levei para o cargo de editor-chefe tempos depois. E que também me abriria as portas do JT como frila do Caderno de Esportes, ponte que cruzei para chegar ao outro lado do corredor. Tenho saudade de mim quando, humilde caipira, entrei na redação do Estadão e recebi todas as oportunidades para fazer uma carreira. Uma nova vida durante a qual Deus me concedeu a suprema graça de conviver com profissionais tão famosos quanto simples, que me ajudaram a ser um deles e com os quais pude cultivar uma amizade verdadeira, única, indestrutível. Não me atrevo a citar nomes, pois cometeria várias injustiças. Tenho saudade de mim, aventureiro e inconsequente, que decidiu largar tudo e mudar radicalmente de vida ao trocar São Paulo por Roraima. Mas foi aqui que, mesmo sofrendo com as limitações impostas por minha deficiência física, acabei descobrindo o repórter que não sabia existir em mim. Foi aqui onde pude escrever meus melhores textos, com os quais ganhei as manchetes do jornal e prestígio para poder estruturar uma vida pacata na aposentadoria. Tenho saudade de mim, esta mais recente, do escritor que ainda tenta pôr no papel tudo o que guarda na memória, sentimento frustrado de não ter transformado em livro tantas experiências, agradáveis ou não. Como as que deram origem à serie de reportagens sobre a ditadura argentina, que em 1983 ganhou Prêmio Rey de España, para orgulho e honra de uma equipe chefiada por Marcos Wilson e que tinha, além de mim, José Maria Mayrink, Luiz Fernando Emediato e Roberto Godoy. [N. da R.: Plínio contou a saga dessa reportagem neste mesmo espaço, na edição 774, de dezembro de 2010] Tenho ainda mais saudade de mim, de quem fui, quando começo a sentir intensamente a certeza de que já não tenho tanto tempo mais para fazer tudo o que planejo, mas que continuo sonhando em fazê-lo. Tenho saudade de mim, do jovem pacífico e esperançoso, num momento em que a maldade, a violência e a corrupção vicejam lá fora. E então vejo que ainda sou o mesmo ser humano que jamais fez mal a alguém, nem mesmo com palavras, fruto de um caráter que muitos me ajudaram a moldar: meus pais, meus irmãos, meus mestres, meus amigos… Por isso tudo e muito mais, que não cabe neste espaço, é que sinto saudade de mim.






