Morreu na madrugada desta 3ª.feira (31/7), aos 76 anos, Luiz Fernando Mercadante, que marcou o jornalismo brasileiro como autor de refinados perfis para a revista Realidade e como chefe de algumas das principais redações do País. Mercadante foi homenageado recentemente pelo especial Ícones do Jornalistas&Cia, dedicado ao Dia do Imprensa (edição 848A ? leia aqui). Nascido em São Paulo, Mercadante começou a carreira ainda adolescente, como correspondente do jornal carioca Tribuna da Imprensa. Mais tarde mudou-se para a capital fluminense, mantendo-se na Tribuna como repórter, sob supervisão direta de Carlos Lacerda, dono do jornal e, posteriormente, seu padrinho de casamento. No final da década de 1950 seguiu para o Jornal do Brasil, participando da reforma gráfica e editorial capitaneada por Amílcar de Castro entre 1957 e 1959. Passou por Manchete antes de retornar a São Paulo, no início dos anos 1970, para trabalhar em Veja. Pouco depois foi contratado pela Realidade, onde ganhou um Prêmio Esso por reportagem sobre as tropas brasileiras na República Dominicana. Foi para Nova York como correspondente da Abril, voltando a São Paulo poucos anos depois, primeiro para O Estado de S. Paulo, e depois ao Jornal da Tarde, em sua fase áurea. Em 1976, por indicação de Luiz Edgar de Andrade, foi trabalhar com Armando Nogueira e Alice-Maria Reiniger na TV Globo, assumindo como editor-chefe da emissora em São Paulo. Sua gestão foi marcante e colaborou para elevar a sucursal paulista ao nível de cabeça de rede. Trouxe do meio impresso repórteres de alto nível, como Chico Santa Rita, Eurico Andrade, Dante Matiussi, José Hamilton Ribeiro, Narciso Kalili, Paulo Patarra, Raul Bastos e Woyle Guimarães Em 1980 foi responsável, ao lado de Humberto Pereira, pelo projeto do Globo Rural. Tornou-se editor-chefe do programa e transferiu-se para a TV Globo do Rio de Janeiro, onde permaneceu por dois anos. Depois capitaneou a Abril Vídeo, projeto televisivo da editora. Foi ainda diretor de programação da TV Cultura e coordenador de TV do PMDB; autor do livro Victor Civita: Uma Biografia (em co-autoria com Marília Balbi); e de 20 Perfis e Uma Entrevista, coletânea de textos editada pela Siciliano em 1994. Mercadante morava com uma filha num sítio nas proximidades de São Paulo. Sofria de Parkinson e teve um AVC há um mês. Na noite de 2ª.feira passou mal e chegou a ser socorrido, mas acabou falecendo, provavelmente por parada cardíaca. Seu corpo foi velado no Cemitério da Quarta Parada e cremado no Cemitério da Vila Alpina. A missa de Sétimo Dia está marcada para próxima 2ª.feira (6/8), às 19h, na Igreja de Santa Terezinha, localizada à rua Maranhão, em Higienópolis, São Paulo. Luís Nassif, sobrinho de Mercadante, escreveu um belo artigo de despedida ao tio, disponível aqui.
Mentira em dose dupla
Dois casos de ?jornalismo enganoso? repercutiram internacionalmente na semana. Um referia-se ao escritor americano Jonah Lherer, que pediu demissão da revista The New Yorker após ser desmascarado pelo jornalista Michael Moynihan, colaborador da revista Tablet. Fã de Bob Dylan, Moyniham detectou aspas fictícias, atribuídas ao cantor, no novo livro de Lherer, Imagine: How creativity works, que vinha aparecendo entre os mais vendidos da lista do jornal The New York Times. Confrontado, Lherer admitiu a farsa, pediu desculpas publicamente e pediu demissão na 2ª.feira (30/7). A editora de seu livro, Houghton Mifflin Harcourt, mandou recolher a obra tão logo soube da mentira. Mais audacioso foi o jornal Kronen Zeitung, maior diário austríaco, que estampou uma foto manipulada da guerra civil na Síria em sua edição de sábado (28/7). A notícia versava sobre a fuga de moradores da cidade de Aleppo e a imagem mostrava um homem com um bebê num dos braços, seguido pela mulher, atravessando uma região arrasada da cidade, como atestavam os destroços ao fundo. Leitores identificaram, porém, que o cenário era de uma imagem da Reuters e os personagens, de outra foto, da agência EPA, cujo fundo não eram ruínas, mas uma parede com escritos em árabe. A montagem chegou ao Gizmodo, que repercutiu internacionalmente (veja aqui). O Conselho de Jornalismo Austríaco condenou a fotomontagem e encaminhou uma denúncia ao Senado, que deve decidir em setembro se vai recebê-la e aplicar alguma sanção. O editor-chefe do jornal, Christopher Dichand, pediu desculpas em editorial da edição desta 3ª.feira (31/7). Ele explicou que a montagem parecia explícita para a equipe, mas deveriam ter informado sobre o truque na página dois.
São Paulo ganha praça com nome e estátua de Herzog
Em homenagem a Vladimir Herzog, torturado e morto em 1975 pela ditadura militar, a Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou projeto de decreto legislativo, de autoria do vereador Ítalo Cardoso (PT), que batizará com o nome do jornalista paulistano a praça atualmente conhecida como Divina Providência (na rua Santo Antônio, próximo ao Terminal Bandeira, região central da cidade). Além disso, a Câmara Municipal deu o nome de Vlado à sua Comissão da Verdade. A praça ganhará uma estátua em bronze, com cerca de 2,20m de altura, que reproduz a imagem Vlado Vitorioso, criada para a ONU, em 2008; uma réplica do troféu entregue anualmente a vencedores do Prêmio de Jornalismo Vladimir Herzog e a reprodução em mosaico do quadro 25 de Outubro; obras do artista plástico Elifas Andreato. A inauguração oficial, com todas as obras de arte expostas e a devida homenagem Vlado, está prevista para outubro, quando serão anunciados os vencedores da 34º edição do Prêmio de Jornalismo Vladimir Herzog.
J&Cia Memória da Cultura Popular homenageia Luiz Gonzaga
Vai circular na próxima 2ª.feira (6/8) a edição nº 4 de Jornalistas&Cia Memória da Cultura Popular, parceria deste J&Cia com o Instituto Memória Brasil, de Assis Ângelo. Ela reproduz entrevista que Luiz Gonzaga, o ?Rei do Baião?, deu a Assis para o extinto suplemento D.O. Leitura, do Diário Oficial do Estado de São Paulo, em março de 1984, e marca o 23º aniversário de sua morte, neste 2 de agosto, além de integrar as homenagens por seu centenário de nascimento, em 13 de dezembro. Na edição, Assis também atualiza informações sobre Lua e reproduz o primeiro capítulo do livro infanto-juvenil sobre a vida do mestre-sanfoneiro que está prestes a lançar, entre outras novidades. Uma delas ele revelou a J&Cia nesta 3ª.feira (31/7): ?Por um desses felizes acasos com que a vida nos brinda, descobri que o rei do baião Luiz Gonzaga tocou e gravou disco ao lado de Pixinguinha e outros craques da nossa música, como João da Baiana, Dante Santoro e Luiz Americano, num conjunto do português José Lemos. Isso antes de ele ingressar como profissional contratado da extinta RCA Victor, em 1941, no Rio de Janeiro. Interessante, não é? Luiz realmente era de um talento enorme. Lembro que uma vez lhe perguntei sobre se tocava outros instrumentos. E ele, rindo: ?Naquele tempo, os cabras eram cobras e eles me engoliriam se eu não tocasse pelo menos um violãozinho, né??. Eis, pois, uma bela descoberta para os leitores do Jornalistas&Cia. Certamente traremos outras novidades no livro Luiz Gonzaga, o Divisor de Águas da Música Brasileira, ainda inédito e sem editora?.
Vitor Guedes, pra toda obra!
Na tarefa da imprensa de vistoriar as obras para a Copa do Mundo de 2014, Vitor Guedes (esq.) certamente tem papel de destaque. Com seu quadro Pra toda obra, exibido três vezes por semana pela BandNews FM, ele vem apresentando há quase um ano um retrato da transformação provocada pela construção do Itaquerão na Zona Leste de São Paulo, acompanhando o andamento da obra, as mudanças no bairro, as expectativas dos moradores e o dia-a-dia dos profissionais que trabalham na edificação do estádio que será palco da abertura daquele grande evento. Corintiano assumido e morador da região, Vitor, que também assina a coluna Caneladas do Vitão, no Agora São Paulo, defende essa postura, quase que rara no jornalismo esportivo, de não esconder sua preferência futebolística. ?Antes de ser jornalista é obvio que eu era leitor, ouvinte, e pra mim nada é mais irritante do que um profissional que mente, que diz que torce pro Milan ou pro Jabaquara. Todo mundo tem um time e acaba demonstrando isso mais cedo ou mais tarde. Como jornalistas, temos que dizer o que acontece de fato, e assumir seu time de coração não muda os fatos?. Na última 6ª.feira (27/7) ? em meio à enxurrada de jornalistas levada à obra pela visita do técnico Tite, do Corinthians, para pagar a promessa, feita durante as finais da Libertadores, de que trabalharia um dia junto com os operários se fosse campeão ?, Vitor Guedes nos recebeu para um bate-papo, em que falou um pouco sobre sua carreira, relação com o Corinthians e o acompanhamento das obras para a Copa 2014. Portal dos Jornalistas ? Como surgiu seu interesse pelo jornalismo?Vitor Guedes ? Quando adolescente eu queria mesmo era ser jogador de futebol. Mas aí, quando a gente vai chegando naquela fase de escolher o curso, eu já sabia que seria algo relacionado à área de humanas. Eu não era daqueles que pensava no jornalismo desde criança, e quando resolvi fazer o curso queria seguir pela área esportiva ou política. Ainda assim, acho que tive sorte, porque você não faz o curso sabendo se vai para aquela área ou não. Porém, um dos meus primeiros empregos foi no Lance, depois disso, todos os convites que tive foram na área esportiva. Mas é claro também que nunca fui procurar emprego no Valor Econômico, por exemplo (risos). Portal dos Jornalistas ? Você recebe cobranças de leitores por assumir seu time de coração?Vitor ? De vez em quando. Isso é normal e eu recebo com naturalidade. Mas, por incrível que pareça, a pergunta que mais me fazem é sobre o time de outro repórter que não revela. É engraçado, porque nenhum leitor tem interesse em saber em quem vota o repórter de política, mas no jornalismo esportivo essa curiosidade é muito grande. Portal dos Jornalistas ? Como reage nesses casos?Vitor ? Nunca deduro o time de ninguém, cada um que assuma o seu, mas a dica que dou é óbvia: você percebe para que time um jornalista torce muito mais pelas críticas do que pelos elogios. Com o seu time, você é mais corneteiro, mais crítico, mais exigente, tem mais lembranças afetivas das histórias e de bons momentos. Você compara e é sempre mais exigente com o que gosta. Portal dos Jornalistas ? E como surgiu essa oportunidade de fazer o Pra toda obra?Vitor ? Por ser repórter esportivo, morar na ?ZL? e brincar sempre com isso em minha coluna no Agora, acabou surgindo o convite do André Luiz Costa (N.R.: diretor de Jornalismo da BandNews FM). Fui lá, gravei, o pessoal gostou da ideia de tentar passar ao público como é o dia a dia do trabalho, o envolvimento das pessoas da obra com o local de trabalho, o crescimento que traz à região etc. Portal dos Jornalistas ? Dez meses depois do primeiro programa, como você percebe a evolução da obra?Vitor ? É tudo muito rápido, às vezes fico uma semana, dez dias sem vir gravar, e quando chego aqui muita coisa já está diferente. O ambiente aqui também tem ajudado muito para isso. O que percebo é que os trabalhadores se sentem não apenas como funcionários, mas como parte da obra. O clima realmente surpreende e você não vê gente reclamando. Para uma obra onde o trabalho não é fácil, há uma grande harmonia e o pessoal está sempre feliz, alegre. Isso eu gosto de mostrar em meu programa, o ambiente como ele é. Portal dos Jornalistas ? E como você sente que está a cobertura esportiva em relação aos assuntos da Copa? A imprensa está desempenhando bem o papel de fiscalizar o que está acontecendo?Vitor ? Primeiramente, acho que tudo em São Paulo é maior. A cobrança é maior, o acompanhamento é maior e repercute muito mais. Então, é lógico que por aqui as coisas estão diferentes do que em obras como as de Cuiabá e Manaus, por exemplo. Mas em relação à cobertura mais política do assunto e o uso do dinheiro público, vejo que a grande imprensa, ou boa parte dela, está fazendo o seu papel, prova disso foi a queda do Ricardo Teixeira. Claro que ela não foi a única responsável, mas as denúncias começaram por meio da imprensa. Fato é que toda profissão tem bons e maus profissionais, mas tenho a convicção de que nossa imprensa é formada por mais pessoas boas e bem intencionadas do que ruins. A imprensa não é polícia, não temos o papel de prender, mas sim uma importante obrigação de mostrar os fatos. * Em tempo: Vitor Guedes é irmão dos também jornalistas esportivos Marília Ruiz e Marcos Guedes, e autor do livro Paixão Corintiana ? A história de amor de um povo pelo seu time, contada em 100 histórias cotidianas (Publisher Brasil), lançado no começo do ano. Nascido em 1977, ano da quebra do jejum de 23 anos sem título do Corinthians, considera o jogador Basílio, autor do gol que deu a vitória do time paulista naquela ocasião, seu maio ídolo, tendo inclusive dado o nome do atleta ao seu filho.
Marta Salomon assume direção de IstoÉ no DF
Marta Salomon deixou na última 6ª.feira (27/7) a sucursal do Estadão em Brasília, onde desde abril de 2010 cobria Políticas Públicas, em sua segunda passagem pelo jornal, e começou hoje (30/7) no comando de Isto É/Editora Três no DF, na vaga deixada por Octávio Costa, agora diretor-adjunto do Brasil Econômico no Rio de Janeiro. Antes do Estadão, Marta esteve por 15 anos na sucursal da Folha de S.Paulo, como chefe de Redação e depois repórter especial, também respondendo por Políticas Públicas. Antes ainda, atuou, entre outros, em Rádio JB, Estadão, Gazeta Mercantil e TV Manchete. Sua substituição ainda não está definida.
Vaivém das redações!
São Paulo: Em Época Negócios, registro para a chegada do editor Marcelo Cabral (11-3767-7429 e [email protected]). Com passagens por Brasil Econômico, iG e G1, ele ocupava havia quase um ano o cargo de editor-assistente de Negócios da IstoÉ Dinheiro. Para sua vaga foi promovido Rodrigo Caetano, que estava em Mercado Digital e Online.Patrícia Visconti ([email protected] e 11-7109-9331) está disponível para frilas. Há mais de dois anos fazendo coordenação de pauta, reportagem, produção de fatos informativos sobre o mundo cultural, monitoramento de agendas culturais e edição para O Barquinho Cultural, ela passou anteriormente pelas redações de SP Balada, Acetur News e portal Music On Line. Patrícia também pilota os blogs http://patriciavisconti.blogspot.com e http://jornabest.blogspot.com. Rio de Janeiro: Bruna Talarico ([email protected]) passa a assinar na Veja Rio, a partir desta semana, a seção Crianças. Na pauta, exposições, oficinas, contação de histórias, passeios, atividades esportivas, circuitos especiais, shows, excursões e novos lugares que atendam à criançada, como um novo kart ou parque, aulinha de culinária, ateliê de arte ou moda, e todo o universo petit.Gilberto Nahum estreia em A Tribuna, de Niterói, a coluna Cais do porto. Todas as 5as.feiras ele vai tratar de temas da indústria naval, offshore, meio ambiente, marinha e portos, indústria do petróleo em geral e empresas que atuam na área. Gilberto aceita sugestões de notas no [email protected]. Minas Gerais: Maria Amélia Ávila e Jean Piter deixaram a BandNews FM na última semana e ainda não foram substituídos.A repórter do Aqui Betim Sara Lira passa a acumular a mesma função na TV Betim, na vaga de Karina Castro, que deixou o posto após quatro anos na empresa.Carlos Amaral, ex-Rede Mídia (ver J&Cia 855), começou na Produção de Jornalismo da Rede TV, no lugar de Natália Campos, que deixou a empresa.Na Produção da Band, Sharlene Chaves saiu e foi substituída por Laís Senna. Pernambuco: Kyzzy Siqueira é a nova contratada da Rede Globo Nordeste para a produção de reportagens. Ela foi estagiária, produtora e editora na TV Asa Branca, em Caruaru, e editora da Intertv Cabugi, em Natal. Ceará: Joanna Cruz deixou a TV Verdes Mares (afiliada da Rede Globo) para se dedicar à assessoria de comunicação da Defensoria Pública do Ceará.
Memórias da Redação ? A bela caminhada de Audálio Dantas
A história desta semana é de Antonio Contente, profissional desde 1960, com passagens por Shopping News, Última Hora, O Globo, O Cruzeiro, Folha de S.Paulo, Jornal da Tarde, Folha da Tarde, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Hoje escreve crônicas para o Correio Popular, de Campinas, de onde extraímos esta que ele publicou no último dia 16/7 em homenagem aos 80 anos de Audálio Dantas. É autor dos livros Um doido no quarteirão e O vampiro cantador, ambos pela Soma, e Antes da estação das chuvas (Abril). Divide seu tempo entre Campinas e uma ilha na foz do Amazonas, a cinco horas de barco de Belém, onde fica mais tempo do que na cidade. Vive sem energia elétrica. Como, na crônica, ele faz referência a ?amanhã? como sendo o dia do aniversário, vale a explicação da esposa de Audálio, Vanira Kunc: ?Com esse negócio de lançar o livro no dia 17 [N. da R.: Tempo de reportagem], muita gente acha que é exatamente o dia do aniversário do Audálio. Mas acho mesmo que ele fará 80 até o final do ano (rsrsrs). Ou, quem sabe, com tantas manifestações de carinho, ele não resolva fazer 80 também no ano que vem?. E renovamos o convite aos amigos para que enviem novas histórias, pois o estoque continua baixo. A bela caminhada de Audálio Dantas Segundo as previsões mais pessimistas, o jornalista e escritor Audálio Dantas viverá 160 anos. E caminha com passos firmes em tal rumo, pois exatamente amanhã estará completando a metade do tempo a ele reservado neste nem sempre sensato mundo. Dedicando-se de forma absolutamente integral a torná-lo melhor através do seu trabalho em nossa profissão. Com brilho que, como diziam os antigos, solta incontáveis cintilações de luz. Através de belíssimas reportagens que enriqueceram as trajetórias não só do profissional, como de duas das mais importantes revistas que este país já teve: O Cruzeiro e Realidade. O aniversariante, por largos anos, dirigiu a sucursal da revista dos Diários Associados em São Paulo. Onde, além de aprimorar o próprio talento, também cuidou de adubar muitos outros. José Maria do Prado e Hamilton Almeida Filho foram dois deles. Neste registro não vou biografar Audálio Dantas, autor de dez livros, líder sindical da nossa categoria, repórter impecável, ex-deputado federal (dos bons) e um dos maiores responsáveis pela denúncia do assassinato de Valdimir Herzog. Quero apenas reportar emoções que pintaram ao longo de nossa convivência. Como, por exemplo, a por mim experimentada quando, na Realidade, saiu uma de suas grandes reportagens. Entro, fim de tarde, no barzinho do Museu de Arte, na Sete de Abril. Lá encontro o poeta e crítico literário Paulo Bonfim. Como estava com a revista, perguntei se já lera a matéria de Dantas. ? Acabo de ler ? respondeu ? e acho que o Audálio está para a reportagem bem escrita como Machado de Assis para a literatura. E este, aliás, é um dos maiores atrativos da vasta produção do repórter: seus textos, sem perder o rigor jornalístico, exalavam encanto literário; igualzinho ao que se experimenta lendo um bom conto ou novela. O exemplo mais marcante que me ocorre é a saga que o agora octogenário escreveu sobre os catadores de caranguejos dos mangues nordestinos. Foi, certamente, a reportagem mais tocante que já li. Torna-se tão mais importante, assim, registrar que entre os eventos que marcam as fartas, cintilantes Primaveras do famoso colega, está o lançamento, pela Editora Leya, do livro Tempo de reportagem. No qual, em quase 300 páginas, são reproduzidos alguns dos grandes textos de AD. Oportunidade maravilhosa para que as novas gerações das redações conheçam a importante colaboração que ele deu para o aprimoramento do bom jornalismo no Brasil. Como este é um registro informal, vou fechá-lo com uma história que o aniversariante talvez tenha esquecido, porém gostará de lembrar, passados 40 anos. Numa quase madrugada, começo dos anos 70, eu, Audálio e nossa colega Agnes Roberta (já falecida) saíamos de um barzinho na Boca do Luxo paulistana. Chovia. Certamente não pelos dois ou três uísques que tomara, sim por causa do aguaceiro, enfiei o pé num buraco da Light bem em frente ao boteco. ? Droga ? bradei ? quebrei a perna! ? Bobagem, vaso ruim não quebra. Vamos jantar no Gigetto ? meus acompanhantes falaram ao mesmo tempo. De fato fizemos isso e, no restaurante, fomos incorporados à mesa na qual já estavam o ator Paulo Autran, o dramaturgo Plínio Marcos e o jornalista Samuel Wainer, com quem eu então trabalhava. Comemos, papeamos, tomamos vinho e, de repente, redescubro que a perna doía. Contei a Samuel o que acontecera, e ele pediu que eu levantasse a calça. ? Porra ? suspirou ? a tua canela está mais inchada do que o braço do Popeye. Audálio e Agnes, que se voltaram, arregalaram os olhos. E imediatamente me levaram para um PS de Fraturas, na avenida Angélica. Qualquer hora dessas, quando for a São Paulo, levarei a Audálio Dantas seu presente pelos 80 anos. Será o gesso da perna, que guardei por causa das pessoas que nele colocaram autógrafos. Lá estão várias assinaturas de colegas da Folha, amigos comuns, alguns falecidos, mas que não podem ser esquecidos. Entre eles Aroldo Chiorino, Flávio de Barros Pinto, Álvaro Pais Leme, Arlindo Piva, Zé Aparecido, Lourenço Diaféria, Gil Passarelli, Dirceu Salles, Nelson Coletti, Cláudio Abramo, Alexandre Gambirasio, José Nêumane, JB Lemos, Hamilton Almeida Filho, Carlos Marão e José Maria do Prado. Parabéns, meu alagoano predileto. E que assim seja.
Best Cars reformula visual e adiciona funções de navegação
A edição desta 6ª.feira (27/7) do Best Cars marca a estreia de reformulações em seu visual e funções de navegação. O editor Fabrício Samahá explica que parte das novidades resulta de pesquisa com leitores que apontaram o que poderia ser melhorado no site: ?Buscamos um visual moderno, que preservasse a facilidade de uso, um dos atributos que os leitores elogiavam no antigo Best Cars. Entre as novidades de navegação estão o menu rotativo na página inicial, um sistema de busca interna aprimorado com os assuntos mais frequentes e atalhos para conteúdos relacionados ao fim de cada matéria. As fotos de tela cheia estão maiores e visualizá-las em sequência ficou mais prático?.O site inaugura ainda uma seção de classificados gratuitos para carros, motos, peças e publicações, entre outros itens.
De papo pro ar ? Logo eu?
Logo eu? Essa historinha ocorreu há uns 30 anos, no extinto bar Vou Vivendo, cá em Sampa. Já era madrugada e Hermeto Pascoal estava num porre só. E não só ele, mas eu, Heraldo do Monte, Carlos Poyares e mais alguns. Lá pras tantas, o Bruxo levantou-se armado de um pincel atômico e tomba aqui, tomba acolá, abraçou-se à parede e nela escreveu uma partitura. Aos brados, dirigiu-se a mim ? logo eu! ? exigindo que lesse o que escrevera. ? Você não é jornalista, crítico, essas besteiras todas? ? Mas sou analfabeto de pai e mãe… Pronto! A turma toda caiu numa risada só. N. da R.: O personagem da quarta edição de Jornalistas&Cia Memória da Cultura Popular, que vai circular em 6/8, será Luiz Gonzaga, o ?Rei do Baião?. A terceira, que reproduz entrevista do maestro Eleazar de Carvalho a Assis Ângelo, publicada em 4/7/1985 no suplemento D.O. Leitura, do Diário Oficial do Estado de São Paulo, pode ser conferida no www.jornalistasecia.com.br.






