Faleceu na última 6ª.feira, 25/10, aos 44 anos, no Hospital Samaritano, onde estava internada, Carmem Santos, colega que atuou por 20 anos na Record (praticamente seu único emprego). Desempregada, desde que deixou a emissora, meses atrás, Carmem convivia com sequelas de um acidente ocorrido dois anos antes, num passeio de balão, em Boituva, interior de São Paulo, na comemoração de 23 anos de casamento. Houve mortes, mas Carmen e o marido se salvaram, ele ileso e ela com traumatismos diversos, que a fizeram ficar em coma por cerca de 25 dias e mais de um ano em tratamento médico, impedida de trabalhar. Quando teve alta e retornou ao trabalho, já não tinha as mesmas condições físicas e convivia permanentemente com fortes dores de cabeça. Na Record, ela deixou o link (entrada ao vivo de matérias de outras praças) e passou a realizar trabalhos mais leves, mas ainda assim acabou afastada novamente em decorrência dos problemas que enfrentava. Teve um segundo acidente de graves proporções, no dia em que regressaria ao trabalho, caindo nos trilhos do metrô, salvando-se, como dizem vários amigos, por milagre, não sem outros ferimentos. Mesmo adoentada e sem condições físicas ideais, teve alta e voltou à Record. Dada como apta para o trabalho pelo INSS, não conseguiu se manter no emprego pelos inúmeros problemas que enfrentava. Internada recentemente no Hospital Samaritano em decorrência das fortes dores de cabeça que a perseguiam, veio a falecer no dia do seu aniversário e às vésperas de ter nova alta. Deixou o marido Claudio e um casal de filhos. O velório reuniu mais de 150 pessoas, entre familiares, amigos e colegas de trabalho de várias emissoras, com quem ela conviveu nas duas décadas em que atuou pela Record. Foi sepultada no Mausoléu do Sindicato dos Jornalistas, localizado no Cemitério São Paulo, em Pinheiros.
Câmara paulistana inaugura praça Vladimir Herzog
Espaço vai se transformar no Memorial da Liberdade de Imprensa, com três obras de Elifas Andreato Sob uma leve garoa, cerca de cem convidados participaram na última 6ª.feira (25/10) da inauguração da praça Vladimir Herzog, localizada no começo da rua Santo Antônio, ao fundo da Câmara Municipal de São Paulo, no Centro da cidade. Nela já se vê com destaque, no paredão da Câmara, a reprodução, em mosaico de cerâmica, da tela 25 de outubro, que Elifas Andreato criou em 1981 para retratar o suplício dos que passaram pelo DOI-CODI. À sua direita, será afixada uma placa com o nome de todos os jornalistas ganhadores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos; e à esquerda, relação dos 1.004 jornalistas que, em 6 de janeiro de 1976, tiveram a coragem de assinar e publicar o manifesto Em defesa da verdade, contestando a farsa da versão de suicídio de Vlado dada pelo Exército. Inspirada em Guernica, de Pablo Picasso, 25 de outubro foi ao mesmo tempo uma homenagem de Elifas ao centenário de nascimento do pintor espanhol, que faria aniversário exatamente nessa data, e uma denúncia contra a foto farsante de 1975 de Vlado Suicidado. Patrimônio do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a tela está em exposição permanente na sede da entidade. Outras duas obras de Elifas integrarão o Memorial da Liberdade de Imprensa: ao centro, a reprodução em tamanho natural da escultura Vlado Vitorioso, que o artista concebeu, em 2008, a pedido das Nações Unidas, para celebrar os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos; e à esquerda, próximo à escadaria que dá para a praça da Bandeira, uma reprodução ampliada do Troféu Vladimir Herzog que, anualmente, desde 1979, é entregue aos vencedores do Prêmio Vladmir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. A praça foi inaugurada pelo presidente da Câmara Municipal, vereador e jornalista José Américo Dias, com as participações dos vereadores José Police Neto, Gilberto Natalini, (ex) Italo Cardoso, além do deputado estadual Adriano Diogo. Estiveram presentes ainda o atual presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo Guto Camargo, e os ex-presidentes Audálio Dantas, Lu Fernandes, José Hamilton Ribeiro, Antonio Carlos Fon, Everaldo Gouveia e Fred Ghedini, além de Ivo Herzog, filho de Vlado e presidente do Instituto Vladimir Herzog. ABI contestada – A celebração dos 38 anos de assassinato de Vladimir Herzog teve um momento de tensão, quando Ivo Herzog, ao fazer uso da palavra, reafirmou o que havia dito anteriormente sobre o uso dos veículos de comunicação da Fundação Padre Anchieta, da qual é conselheiro, para manifestações e ironias contra os que se empenham na defesa dos direitos humanos, caso do próprio instituto que preside: “Não podemos admitir que numa instituição como a Fundação Padre Anchieta, em que meu pai trabalhou e de onde saiu para ser assassinado, pessoas usem seus microfones e câmaras para achincalhar aqueles que defendem os direitos humanos. É um ultraje à memória do meu pai e daqueles que tanto se empenharam e se empenham pela justiça social nesse País. Não se pode admitir que numa emissora pública como a Fundação Padre Anchieta, cujos valores em defesa da pessoa humana todos nós conhecemos, esse tipo de coisa aconteça. E não aceito a pecha de censor, como me chamaram, porque não sou, tanto que estou aqui, nessa bela manifestação a favor das liberdades democráticas. Vou continuar incomodando e se as coisas não mudarem posso até entregar o mandato de conselheiro da Fundação”. O episódio que deu origem ao desabafo foi o repúdio manifestado por Ivo à Fundação Padre Anchieta em decorrência de comentários que considerou desairosos de Salomão Schwartzman, em seu programa Diário da Manhã, que vai ao ar de 2ª a 6ª.feira pela Cultura FM. Salomão referiu-se com ironia aos defensores dos direitos humanos como “aquela turma dos direitos humanos”, aludindo à parcela de culpa que esta teria pela triste realidade da segurança pública nos dias atuais. A manifestação de Ivo gerou manifestações de solidariedade a Salomão, entre elas uma da ABI-SP, assinada por seu presidente Rodolfo Konder, em que afirma ter causado espanto a notícia de que um “conselheiro da Fundação havia pedido que um jornalista seja banido de seu trabalho por ter feito um comentário sobre a triste realidade da segurança pública dos dias atuais” e que “querer calar um jornalista é algo parecido com o que faziam os censores do regime militar”. Curiosamente, a ABI é uma das instituições signatárias do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos desde que este foi instituído. E mais curiosamente ainda sua representação São Paulo teve como presidente, antes de Konder, Audálio Dantas, figura reconhecida nacional e internacionalmente por sua incansável luta pelos direitos humanos. Presente ao ato de inauguração da Praça Vladimir Herzog, Audálio, ao saber da manifestação contra Ivo e o Instituto Vladimir Herzog, repudiou veementemente a ABI e Konder, por entender que prestaram um grande desserviço à causa da democracia e dos direitos humanos. Pouco depois, Sérgio Gomes, diretor da Oboré e idealizador do movimento que levou a Câmara Municipal de São Paulo a dar àquele espaço o nome de praça Vladimir Herzog, tomou a palavra e, aplaudido, sugeriu que, a partir daquele momento e “enquanto essa diretoria da ABI estiver entronada no poder”, fosse afastada da organização do Prêmio Vladimir Herzog. Por triste coincidência, na mesma noite faleceu o presidente nacional da ABI Maurício Azêdo, que, acusado por vários de seus próprios pares de centralizador e autoritário, levou, em 2007, Audálio e todo o Conselho Consultivo da Representação São Paulo a renunciar – no caso de Audálio, houve ainda a renúncia ao mandato de vice-presidente nacional que ocupava. Logo depois, Azêdo nomeou Konder para o cargo. Recentemente, o próprio Azêdo protagonizou outro embate, desta vez com a oposição liderada por Domingos Meirelles, que, ao ser impedida de concorrer, levou as eleições da entidade à Justiça, onde ainda aguarda decisão. Aniversário da sentença – E no dia 27/10, completaram-se 35 anos da histórica sentença do juiz Marcio José de Moraes que, ainda em plena ditadura militar, considerou a União responsável pela morte de Herzog, também um marco no processo de redemocratização do País. A propósito desse episódio, a GloboNews exibiu o especial A sentença que mudou o Brasil, que teve produção e reportagem de Cláudio Renato (confira em http://glo.bo/1azVRbu).
Vaivém das Redações!
Veja o resumo das mudanças que movimentaram nos últimos dias as redações de São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará: São Paulo Fábio Pescarini, que teve passagens por Correio Popular, Bom Dia Jundiaí e Jornal de Jundiaí, entre outros, é o novo editor-chefe da Tribuna Impressa, de Araraquara. Daniel Dotoli, editor do Jornal Propmark, passou a integrar o time de colunistas do programa Reclame no Rádio, na Estadão 92,9 FM), em que fará todas as 2as.feiras o Intervalo com Dotoli, trazendo informações sobre o mercado de comunicação, o que as agências estão fazendo de novo e as últimas notícias sobre a publicidade mundial. Há quase 20 anos escrevendo sobre o setor, Daniel começou na área de esportes do extinto Diário Popular (atual Diário de S. Paulo) e passou pelas rádios Transamérica e Bandeirantes antes de ingressar na Editora Referência, onde antes do Propmark atuou nas revistas Propaganda e Marketing. O Reclame tem apresentação de João Faria. Distrito Federal Patrícia Portales, ex-Rádio Justiça, TV do STJ, TV Brasília e TV Brasil, além de assessorias de órgãos públicos, integrou-se recentemente à equipe do Aqui-DF como subeditora de Cultura e Geral. Ainda por lá, Letícia de Souza entrou de licença-maternidade. Minas Gerais O repórter Cedê Silva deixou Veja BH e está de volta ao mercado. Formado também em Relações Internacionais, segue atualizando o blog 1000grandesleads.wordpress.com e quer voltar a organizar simulações da ONU em colégios. Enquanto não define seus novos passos profissionais, atende pelo [email protected]. Após sete anos no Grupo Band Minas, Elói Oliveira despediu-se da BandNews MG, onde ultimamente era chefe de Reportagem. A substituição dele ainda não foi definida. Rio Grande do Sul Dança de cadeiras de apresentadores na Record/RS. De volta à emissora, Simone Santos é a nova âncora do Rio Grande Record, substituindo a Rafael Rocha, que segue para o Direto da Redação no lugar de Gisa Guerra, que passa a apresentar o Esporte Record, pela manhã, dentro do Rio Grande no ar. A repórter da Rádio Gaúcha Giane Guerra estreou nesta 3ª.feira (22/10) uma coluna semanal sobre Economia no Diário Gaúcho. O espaço, semanal, batizado de Acerto de Contas, leva o mesmo nome de seu quadro na rádio. Na coluna ela aborda questões que refletem diretamente no bolso do leitor, com dicas e orientações sobre contas, dívidas e compras, além de temas relacionados aos direitos e comportamento do consumidor. Santa Catarina A apresentadora do Jornal do Almoço da RBS SC Laine Valgas estreou em 21/10 como colunista do jornal Hora de Santa Catarina, onde aborda temas relacionados a questões comunitárias. No impresso, a exemplo do que já acontece na bancada do JA, divide o espaço com Mário Motta, No quadro diário ela esclarece dúvidas de leitores e telespectadores, compartilha histórias de vida e dialogar com o público do jornal. Bahia Depois de quase vinte anos no Correio – com algumas idas e vindas –, Cláudia Pedreira deixa a edição do Vida, editoria de variedades. Ela continua na Revista Lets GO. Milene Rios, que integrava o quadro de produção do Jornalismo da Record Bahia, seguiu para a Rádio Metrópole como produtora do programa Bom Dia, com Mário Kertész. Márcia Luz está de volta ao iBahia, agora como editora de Cidade. Andrea Santana, editora do A Tarde Online, deixa o portal. Flávio Oliveira, que também já passou pelo jornal A Tarde, não mais integra a Comunicação da Bahia Mineração. Monique Marins passou a integrar a equipe de produção artística da Rádio Bahia FM, da Rede Bahia. Ela também é responsável pelo conteúdo do portal Tudo de Axé. Ceará Dalwton Moura assumiu a assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura do Ceará. Carolina Campos já responde pela assessoria de imprensa da Secretaria de Esporte do Estado. Camila Garcia responde pela divulgação das atividades dos 14 anos do Shopping Benfica.
Memórias da Redação ? Foto? Que foto?
A história desta semana é de Francisco Ornellas, que criou e por 22 anos esteve à frente do Curso de Focas do Estadão, hoje diretor Editorial do Diário de Mogi (SP). Foto? Que foto? Corriam as eleições de 1986. A um tempo em que internet nem sonho era e rede social se limitava a clubes recreativos e grêmios estudantis, a campanha de guerrilha ficava por conta de boatos. E eles existiam. Ainda antes da definição de candidaturas, foi um boato que levou a uma corrida bancária na praça de Ribeirão Preto e fez com que um dos principais candidatos ao governo de São Paulo desistisse da disputa, à vista da ameaça que pairava sobre seu principal negócio – o banco vítima da corrida. Então, o pleito acabou disputado mesmo por cinco nomes: os experientes Orestes Quércia (PMDB), Paulo Maluf (PDS) e Eduardo Suplicy (PT), mais o debutante Antonio Ermírio de Moraes (PTB), em sua primeira e única incursão pela seara política e o desconhecido Francisco Teotônio Simões Neto (PH). As pesquisas estavam apertadas às vésperas do 15 de novembro, dia da eleição, quando um boato começou a circular pelas redações do jornais, dando conta de que havia foto de um dos candidatos sambando de odalisca em um baile de carnaval em Campinas. A mim, que editava Cidades no Estadão mas, nesse período, reforçava a Política, pelo menos oito coleguinhas telefonaram, perguntando se tínhamos a foto. Outros tantos ligaram para a chefia da Redação com a mesma pergunta. Em pouco tempo, o boato ganhava detalhes e a garantia de que a foto estava no Estadão, para ser publicada no dia das eleições. Foi um corre-corre. Primeiro, para achar a foto; que ninguém conseguiu. Em seguida, para saber o que fazer ante eventual iniciativa do candidato em impedir sua publicação. Estratégia definida, só nos restava esperar o improvável. Que se tornou fato: passava das 23h30 quando a portaria telefonou, informando que havia um oficial de Justiça para entregar intimação ao jornal. Fui o escalado para recepcionar o prestante servidor. Li o texto, assinei o recebimento e fiquei com o original. Era uma liminar que impedia a publicação da foto inexistente. Até hoje me arrependo de não ter guardado uma cópia. A que recebi, deve ter sido enviada ao competente advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, que cuida de causas congêneres no Estadão. A propósito: nesse ano elegeu-se Orestes Quércia, com 36,1% dos votos. Ainda não havia segundo turno. Os demais: Antonio Ermírio (23,78%), Paulo Maluf (17,27%), Eduardo Suplicy (9,76%) e Francisco Teotônio Simões Neto (1,62%).
Fábio Amorim comanda novo programa na TV Mar (AL)
A TV Mar – nova emissora fechada do grupo alagoano Arnon de Mello – estreou em 19/10 o programa Acelerando por aí, extensão do site homônimo (www.acelerandoporai.com.br), que está na rede desde 1º/1/2010.
“A (honrosa) equipe continua a mesma: eu e meu melhor amigo, JC! (Jesus Cristo)”, diz Fábio Amorim, que produz, edita e apresenta o conteúdo de site e tevê. Ele também edita há sete anos o Gazeta Auto, suplemento que circula às 5as.feiras na Gazeta de Alagoas.
Acelerando por aí vai ao ar aos sábados às 9h, com reprises às 16h e às 21h, e nos mesmos horários aos domingos, também podendo ser conferido online com acesso livre no www.gazetaweb.globo.com.
Leandro Álvares deixa o Jornal do Carro e vai para a Autoesporte
Durou oito meses a segunda passagem de Leandro Álvares pelo Jornal do Carro (Estadão). Ele despediu-se novamente do caderno e desde o começo do mês vem atuando como editor-assistente da revista Autoesporte, assumindo assim a vaga aberta após a ida de Ricardo Sant’Anna para o Webmotors. “Estou muito empolgado e motivado para desenvolver pautas diferenciadas, bem ao estilo da Autoesporte. Já na edição de novembro teremos novidades exclusivas”, promete. Além do Jornal do Carro, em seus quatro anos cobrindo o setor automotivo Leandro teve passagens pelas revistas Carro Hoje e Racing.
Notícias da TV, de Daniel Castro, passa a integrar plataforma do UOL
O site Notícias da TV, lançado há pouco mais de um mês pelo colunista Daniel Castro (ex-Folha de S.Paulo e R7), passou a integrar a partir de 21/10 a plataforma de notícias do UOL.
Com foco em notícias sobre o mercado televisivo, a página traz informações sobre celebridades, bastidores, notícias de programação, aparelhos de tevê, além dos negócios e movimentações envolvendo a indústria televisiva.
De papo pro ar ? Pra não apanhar
Pra não apanhar Outro dia no Rio de Janeiro, em volta de uma mesa atulhada de comes e bebes, alguns artistas da música popular davam pareceres curiosos sobre mulher. Falavam sobre as magras e as gordas, sobre as loiras, morenas, cariocas, paulistas, nordestinas e as de gostos esquisitos, como apanhar ou bater, assim, simples, à toa. Em dado momento alguém perguntou a Oswaldinho do Acordeon, à queima-roupa: – E você, já apanhou de mulher? Com aquela calma que Deus lhe deu, o sanfoneiro nem piscou e respondeu, rindo: – Não, eu corro.
“Aprendi a ser jornalista no Brasil”, diz o francês Edouard Bailby
Nicolas Tamasauskas, ex-Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo, que passa uma temporada de estudos em Paris, entrevistou para Portal dos Jornalistas Edouard Bailby, repórter francês que começou a carreira em jornais do Rio no final dos anos 1940.
Aos 84 anos, relembrando episódios de uma carreira vivida parte na França e parte no Brasil, ele organiza seus arquivos para fazer um livro de memórias a partir do extenso material que produziu para diferentes veículos, como os brasileiros Correio da Manhã, Jornal do Brasil, O Semanário e Gazeta de Notícias, além dos franceses Le Monde e as revistas Marianne e L´Express.
Depois de sua experiência no Rio ele se firmou como jornalista especializado em política internacional, viajando bastante e também produzindo análises a serviço de publicações francesas – sobre o regime de Franco, na Espanha, guerras coloniais na África e a União Soviética e outras histórias. Também produziu conteúdo sobre a América Latina e outros países para os Cadernos do Terceiro Mundo.
Bailby, que vive hoje em Paris, já publicou, entre outras obras, Niemeyer par lui-même (Niemeyer por ele mesmo, resultado de entrevistas feitas com o arquiteto no início dos anos 1990), Cuba e Samambaia – aventuras latino-americanas.
A seguir, os principais trechos da entrevista: “Aprendi a ser jornalista no Brasil”
“Vivi a ocupação da França pelos nazistas, e naquela época me sentia muito ‘encurralado’. Havia a sensação permanente da ocupação, e não tínhamos liberdade de fato. Estudei no Liceu Louis Le Grand, em Paris, até hoje considerado o melhor da França, e era ótimo aluno em línguas. Após a guerra, resolvi me corresponder por carta e cheguei a trocar correspondência nessa época com cem pessoas do mundo, sobretudo garotas (risos) e estava ali plantada a semente da ideia de ser correspondente internacional. Aos 19 anos, resolvi viajar o mundo e embarquei num navio para a América Latina. Com 50 dólares no bolso e apenas o visto de trânsito no Rio de Janeiro, consegui hospedagem na Casa do Estudante. Tive o apoio de Álvaro Lins, que era escritor, e também de Paschoal Carlos Magno, diretor da casa. Logo consegui escrever alguns artigos para o Correio da Manhã, e isso era formidável para um rapaz dessa idade. Na imprensa no Rio de Janeiro é que fui formado.”
A imprensa no Rio nos anos 1950
“Desenvolvi muita experiência como repórter. Naquela época no Brasil o repórter escrevia sobre tudo. A Última Hora do Samuel Wainer e outras experiências na época, em que se convivia com figuras muito inteligentes, foi onde eu me formei, onde aprendi a exercer o ofício, e isso me marcou por toda a trajetória profissional. Depois, de volta à França, trouxe a grande experiência que os jornais do Rio me proporcionaram. Uma experiência muito interessante era a de responsável pela cobertura e entrevistas com personalidades que circulavam pelo Galeão. Entrevistei muita gente que passava pelo aeroporto em visita ao Brasil. Lembro de uma entrevista com Sammy Davis Junior, o cantor norte-americano, e ele estava completamente de porre.”
Denunciando a tortura
“Uma vez, em 1969, fiz uma reportagem para o L´Express contando que no Brasil havia tortura deliberada, e deu uma grande confusão. O Exército me acusou de ser um agente a serviço da contrapropaganda do Brasil na Europa. Pouco depois eu faria outra viagem ao Rio e senti que correria algum risco. Avisei a todos os amigos no Brasil o horário em que chegaria e fiz saber na França que se algo acontecesse, se eu fosse preso, isso deveria ser imediatamente publicado. Na época, as ditaduras latino-americanas temiam as informações que circulassem na Europa.”
A fonte “quente” no regime de Franco
“Sempre consegui conversar com todo mundo, e isso muitas vezes me ajudou a escrever boas reportagens. Na Espanha do ditador Francisco Franco, para a qual eu chegava a viajar até 20 vezes em um mesmo ano, fiz uma fonte que era um sobrinho do ditador, que por sinal tinha exatamente o mesmo nome que ele. Certa vez surgiu um boato de que o Franco estava com um problema grave de saúde, internado por conta do coração e alguns jornais publicaram que ele poderia morrer. Mas por ter acesso a alguém próximo dele, consegui mostrar a verdade.”
Aos jovens jornalistas
“Na vida você precisa ter paixão por fazer algo, tem que ser atraído por alguma coisa. Eu sempre tive paixão pelo jornalismo e pelas histórias. E sempre achei que preciso escrever melhor. Até hoje acho. Leio muito, gosto de escrever e estou sempre pensando que posso escrever melhor.”
Organizando arquivos
“Tenho muitas coisas publicadas ao longo de todos esses anos. Estou organizando e acho que escrever um livro que coloque ordem em uma vida de jornalista pode ser uma boa forma de preservar essas memórias, que permitam ler o que eu escrevi e também quem eu sou e porque escrevi essas reportagens.”
Homem de esquerda
“Sempre fui de esquerda e para mim o conceito de esquerda não se perdeu, como às vezes dizem por aí. É preciso que o mundo mude e melhore.”
(*) Nicolas Tamasauskas ([email protected]), que até junho trabalhava na Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo e foi da equipe de campanha de Fernando Haddad, está em Paris para uma temporada de estudos. Além de estudar francês na Sorbonne, tem acompanhado seminários sobre política e comunicação nessa universidade e também na Sciences Po. Está disponível para frilas.
De mudança para os EUA, Sobel recebe homenagem por contribuição à democracia
Por iniciativa conjunta da família de Vladimir Herzog, da Congregação Israelita Paulista e da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico, o rabino Henry Sobel, que voltará a morar nos Estados Unidos no final do ano, será homenageado no próximo dia 31/10, às 19h, no Memorial da América Latina, em São Paulo, por seu papel na abertura democrática do País. Vale lembrar que ele, dom Paulo Evaristo Arns e o reverendo James Wright lideraram e celebraram em 31/10/1975 um ofício inter-religioso pela alma de Vladimir Herzog, torturado e assassinado no DOI-CODI no dia 25 daquele mês. O ato religioso marcaria o início do processo de abertura política no País. Mais de oito mil pessoas se reuniram na Catedral da Sé e em seus arredores para o culto, mesmo com a imprensa censurada e a cidade sitiada pela polícia. A versão da ditadura para a morte de Herzog foi de suicídio. A tradição judaica manda que suicidas sejam sepultados em local separado, mas Sobel se negou a fazê-lo, o que significou desmentir publicamente a versão dos militares.






