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Preciosidades do acervo Assis Ângelo: Licenciosidade na cultura popular (LXXXVI)

Por Assis Ângelo


Em tempo…

Mulheres brasileiras na literatura foram poucas, no início.

A primeira delas nem o próprio nome assinou no seu primeiro livro.

A nossa primeira romancista, já falei lá atrás, foi Maria Firmina dos Reis. O livro que essa pioneira publicou, sob o pseudônimo de “Uma Maranhense”, teve como título Úrsula.

Bom, o tempo passou e continua passando.

Continuamos aqui mergulhados na história da literatura brasileira, mais especialmente na chamada literatura erótica feita por escritores e escritoras.

O livro de Firmina dos Reis já aborda a questão amorosa dividida entre homens e mulheres. Tem até um triângulo amoroso nessa história.

No dia a dia brasileiro do século passado, retrasado, tivemos no Brasil mulheres como Nísia Floresta. E por aí vai…

A luta da mulher pela equidade de gênero data de muito tempo. Mas é agora que essa luta tem apresentado vitórias.

Amor, sexo, adultério, sensualidade, palavrões…

O palavrão é expressão que carregamos desde quando nos conhecemos por gente. É pra lá da antiguidade. Homens e mulheres, crianças e adultos.

Há dicionários de palavrões publicados mundo afora. Não são muitos, mas expressivos e necessários.

Na metade dos anos de 1970, o estudioso da cultura popular Mário Souto Maior publicou Dicionário do Palavrão e Termos Afins. Foi censurado, proibido. O Brasil, à época, vivia momentos terríveis de uma ditadura militar que durou 21 anos.

Esse livro, disse-me um dia o autor, existiu por sugestão do escritor e coisa e tal Gilberto Freyre. Seu amigo.

Palavrão faz parte do dia a dia, na rua ou/e em casa. É da língua.

No dia 16 de novembro de 2024 Rosângela Lula da Silva mandou um sonoro “vá se foder!” ao cara que mais dinheiro tem no mundo: Elon Musk, pra mim um cabra safado e sem escrúpulos.

Rosângela, 1ª dama do País, por todo mundo chamada de Janja, disse o que disse numa palestra sobre fake news.

O “vá se foder!” de Janja repercutiu enormemente. Ora positivamente, ora negativamente.

Eu, por mim, acho que Janja está coberta de razão.

Acho que foi em 1979, abril ou maio, quando eu e o amigo Ricardo Kotscho varamos uma madrugada na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Eu, Kotscho e Lula. Fumávamos igual Caipora. E dá-lhe café. Pernas arribadas na mesa, espontaneamente.

Ali pelo comecinho da manhã, cujo dia não me lembro, um assessor de Lula, então presidente do Sindicato, entrou dizendo que o interventor acabara de chegar.

Foi então que eu disse, cantarolando mal e desafinadamente a canção do Roberto, que diz: “O show já terminou…”. Foi eu dizendo isso e o Lula berrando: “FELA DA PUTA! VÁ SE FODER!”.

Surpreso, eu nem sabia bem o que dizer, mas disse: “Vá você!”.

Lula repreendeu Janja pela fala que falou ao mandar o todo poderoso Elon Musk se foder.

Eu acho Lula do caralho.

Nenhum presidente do Brasil fez o que faz Lula, ainda hoje.


Leolinda Figueiredo Daltro (1859-1935) foi uma das primeiras brasileiras a lutar a favor da cidadania feminina em todos os sentidos. Era baiana e de profissão enfermeira. Fundou jornais e pelo menos uma revista, Tribuna Feminina, no Rio, para onde se mudou em fins dos anos 80 do século 19. Promoveu discussão e até passeata que tinha a mulher como figura central.

Luiza Alzira Teixeira Soriano

Ao lado da poetisa Gilka Machado fundou o Partido Republicano Feminino (PRF).

Pouco antes da Revolução de 30 o voto feminino foi legalizado no Rio Grande do Norte. Desse Estado saiu a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul: Luiza Alzira Teixeira Soriano (1896-1963), eleita no dia 2 de setembro de 1928 com 60% dos votos válidos do município de Lajes.

Meses antes da eleição, mais precisamente no dia 12 de maio 1928, o jornal Folha da Manhã publicou o seguinte:

 

O feminismo continua a sua propaganda.

Hoje, a cidade assistiu a um interessante e inédito acontecimento. Distinctas senhoras, que fazem parte proeminente da diretoria da “Federação Brasileira pelo Progresso Feminino”, voaram sobre a cidade em aeroplano, distribuindo cartões postaes e manifestos de propaganda do voto feminino.

Foram as sras. Bertha Lutz, sua brilhante presidente, d. Maria Amália Bastos, primeira secretária e dra. Carmen Velloso Portinho, thesoureira.

Um dos postaes tinha os seguintes dizeres:

“As mulheres já podem votar em trinta paizes e um Estado brasileiro porque não hão de votar em todo o Brasil?

Paizes nos quaes as mulheres exercem direitos eleitoraes: Allemanha, Argentina (S.Juan), Austrália, Áustria. Bélgica, Birmânia, Canadá…”

 

A bióloga Bertha Lutz (1894-1976) foi uma espécie de Leolinda Daltro. Filha da enfermeira Amy Lower e do cientista Adolfo Lutz, chegou a ocupar o cargo de deputada constituinte em 1936, como vice na chapa de Cândido Pessoa, que morrera nesse mesmo ano.

A primeira deputada federal eleita pelo voto popular foi Carlota Pereira de Queirós (1892-1982), em 1934.

Nascida em 1893, Gilka foi uma mulher pobre e negra. Depois de perder o marido e ficar incumbida de manter dois filhos, passou a manter-se como diarista na Central do Brasil. Morreu em 1980. É dela o poema Ânsia Múltipla:

 

Gilka Machado

Beija-me Amor,

beija-me sempre e mais e muito mais,

– em minha boca esperam outras bocas

os beijos deliciosos que me dás!

 

Beija-me ainda,

ainda mais!

Em mim sempre acharás

à tua vinda

ternuras virginais.

 

Beija-me mais, põe o mais cálido calor

nos beijos que me deres,

pois viva em mim a alma de todas as mulheres

que morreram sem amor!…

 

Mário de Andrade

Curiosidade: Mário de Andrade nasceu no mesmo ano em que nasceu Gilka e morreu em 1945. Na sua obra o erotismo é algo muito presente. Macunaíma, por exemplo, tem no personagem-título um diletante do sexo incurável, insaciável, chegando a possuir até a mulher de um irmão. Era explícito, ao contrário do seu criador.

No decorrer de toda a sua vida, Mário ocultou com toda a discrição possível sua homossexualidade. Porém, em 2015, decisão da Controladoria Geral da União (CGU) quebrou o segredo autorizando a divulgação de uma carta em que o autor confirma o que já se suspeitava:

 

Mas em que podia ajuntar em grandeza ou milhoria pra nós ambos, pra você, ou pra mim, comentarmos e eu elucidar você sobre a minha tão falada (pelos outros) homossexualidade? Em nada. Valia de alguma coisa eu mostrar o muito de exagero que há nessas contínuas conversas sociais? Não adiantava nada pra você que não é indivíduo de intrigas sociais. Pra você me defender dos outros? Não adiantava nada pra mim porquê em toda vida tem duas vidas, a social e a particular, na particular isso só me interessa a mim e na social você não conseguia evitar a socialisão absolutamente desprezível duma verdade inicial. Quanto a mim pessoalmente, num caso tão decisivo pra minha vida particular como isso é, creio que você está seguro que um indivíduo estudioso e observador como eu, ha-de estar bem inteirado do assunto, ha-de te-lo bem catalogado e especificado, ha-de ter tudo ‘normalisado’ em si, si é que posso me servir de ‘normalisar’ neste caso. Tanto mais, Manú, que o ridículo dos socializadores da minha vida particular é enorme. Note as incongruências e contradições em que caem. O caso da ‘Maria’ não é típico? Me dão todos os vícios que, por ignorância ou por interesse de intriga, são por eles considerados ridículos e no entanto assim que fiz duma realidade penosa a ‘Maria’, não teve nenhum que não [palavra não estava riscada no original] caçoasse falando que aquilo era idealização pra desencaminhar os que me acreditavam nem sei o quê, mas todos falaram que era fulana de tal.

 

Mas si agora toco neste assunto em que me porto com absoluta e elegante discrição social, tão absoluta que sou incapaz de convidar um companheiro daqui, a sair sozinho comigo na rua (veja como eu tenho a minha vida mais regulada que máquina de previsão) e si saio com alguém é porquê se poderia tirar dele um argumento para explicar minhas amizades platônicas, só minhas. Ah, Manú, disso só eu mesmo posso falar, e me deixe que ao menos pra você, com quem apesar das delicadezas da nossa amizade, sou duma sinceridade absoluta, me deixe afirmar que não tenho nenhum sequestro não. Os sequestros num caso como este onde o físico que é burro e nunca se esconde entra em linha de conta como argumento decisivo, os sequestros são impossíveis.

 

Eis aí uns pensamentos jogados no papel sem conclusão nem sequência. Faça deles o que quiser.

 

Mário de Andrade foi um dos artífices da Semana de 22, junto com o pintor Di Cavalcanti (1897-1976) e Oswald de Andrade (1890-1954).

Não custa aqui retirar da gaveta a história de um conto intitulado Frederico Paciência, que Mário escreveu e reescreveu no decorrer de 18 anos. Trata da história de dois jovens amigos. Amizade ambígua. Pra Juca, Frederico é o seu homem.

Di Cavalcanti entrou na história das artes plásticas como “o pintor das mulatas”.

Sobre o erotismo na obra de Mário, foi publicado em 2022 o livro Seleta Erótica de Mário de Andrade, organizado por Eliane Robert Moraes. Tem oito partes.

Oswald foi casado com a pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), que a traiu e dela se separou para juntar-se a Patrícia Rehder Galvão, a Pagu. Mulher politicamente antenada e bem relacionada com artistas da sua época. Polêmica.

Oswald de Andrade era filho de uma irmã de Inglês de Sousa: Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade.

 


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

Jornalistas no Pará lançam agência com foco em jornalismo afroamazônida

Jornalistas no Pará lançam agência com foco em jornalismo afroamazônida
Crédito: Reprodução/Facebook

Os jornalistas paraenses Adison Ferreira, Eraldo Paulino e Cecilia Amorim lançam nesta terça-feira (19/11) a agência de comunicação Carta Amazônia, dedicada à pauta socioambiental e à valorização das vozes afroamazônidas. O evento de lançamento será às 19h, no Espaço Cultural Manoel Amaral, em Belém.

Criado por profissionais negros e periféricos, o projeto teve início em 2020 como um podcast e evoluiu para um veículo de comunicação independente em 2023, com a chegada de Cecilia Amorim. Atualmente, a agência atua em três frentes principais: um portal de notícias, um podcast e o curso Escola Carta Amazônia de Jornalismo.

Para celebrar o lançamento, os cofundadores promovem a festa Kizomba, cujo nome, de origem kimbundo (idioma angolano), representa celebração e resistência, valores que refletem o propósito da agência.

“Falar de Amazônia é falar de vários assuntos ao mesmo tempo”, explica Eraldo Paulino. “De política a meio ambiente, de cultura a economia, todos esses temas atravessam a temática amazônica e revelam a imensa diversidade da região. Mas, além disso, é essencial demarcar politicamente o lugar de onde falamos. Somos uma agência idealizada e liderada por pessoas negras, que atuam em um território historicamente marginalizado e estereotipado pelo Brasil, especialmente pelo centro-sul. Por isso, fazemos questão de reforçar quem somos e de afirmar que praticamos um jornalismo socioambiental afroamazônida”.

Paula Litaiff sofre ameaça de morte e entidades cobram autoridades

Paula Litaiff sofre ameaça de morte e entidades cobram autoridades
Crédito: Reprodução/Linkedin

Paula Litaiff, fundadora da Revista Cenarium, de Manaus, denunciou que ela e membros de sua família foram alvo de ataques e ameaças, supostamente realizados pela blogueira e proprietária do portal de notícias CM7, Cilleide Moussalem. Um áudio contendo as ameaças foi entregue à polícia e divulgado por veículos locais. Contudo, a blogueira alegou que se trata de uma montagem e solicitou uma perícia.

A tentativa de intimidação seria uma resposta a reportagem publicada por Litaiff na Cenarium, que revelou contratos com possíveis irregularidades envolvendo o marido de Moussalem, Janary Wanderlei Gomes Rodrigues, sócio-administrador da empresa Provisa, no valor de 87 milhões de reais.

Litaiff registrou um boletim de ocorrência em 13/11 e aguarda a investigação das autoridades. Entidades como Ajor, Sinjor/AM, Fenaj e Abraji publicaram notas reiterando a importância da apuração da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e demais autoridades locais, dada a gravidade do caso, para que seja resolvido o mais rápido possível.

Transmídia é o primeiro portal jornalístico focado em pautas trans no Brasil

Foi ao ar agora em novembro o Transmídia, o primeiro portal jornalístico focado exclusivamente em pautas trans no Brasil. Com uma equipe composta integralmente por profissionais trans, o projeto tem o objetivo de trazer informações confiáveis sobre a comunidade, além de valorizar a cultura da população trans e travesti no Brasil.

Em entrevista para a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Caê Vatiero, cofundador e Diretor Institucional, explica que a ideia do projeto surgiu a partir do fato de que mídia como um todo não sabe cobrir com profundidade a temática da comunidade trans, e que a imprensa só aborda a pauta quando é algo benéfico para si ou quando se trata de violência.

Caê, que em 2023 se tornou um dos primeiros transmasculinos a participar do programa Roda Viva, da TV Cultura, entrevistando a cartunista Laerte Coutinho, explicou que a ideia do projeto Transmídia surgiu em 2020, em plena pandemia, e foi se desenvolvendo ao longo do caminho até o lançamento do portal em 2024. Nas últimas eleições estaduais, o Transmídia foi um dos 10 veículos selecionados pelo edital da Énois Jornalismo para fazer uma cobertura focada no combate à desinformação. O projeto focou em candidaturas envolvendo pessoas trans.

Além de Caê, faz parte da equipe do Transmídia Sanara Santos, cofundadora e diretora de Jornalismo e diretora do Laboratório Énois, que participou da segunda temporada do #Diversifica videocast deste Portal dos Jornalistas, sobre Diversidade, Equidade e Inclusão no Jornalismo.

Também integram a equipe Agatha Lotus, cofundadora e diretora de Design, ex-coordenadora do FAB LAB CiteBauru; e Hela Santana, cofundadora e diretora de Conteúdo, ex-TV Globo, onde trabalhou na sala de roteiro das séries Histórias (im)Possíveis e Encantado’s, quadro de animação para o Fantástico e foi consultora dramatúrgica do remake da novela Elas por Elas.

Record RS muda nome para Record Guaíba

A Record RS mudou seu nome para Record Guaíba. A novidade foi divulgada em 14/11, durante o Rio Grande Record, um dos principais telejornais da emissora. A mudança foi feita com o objetivo de aproximar o canal com o público gaúcho.

A novidade foi anunciada pelo presidente da Record Guaíba, Gustavo Paulus, e o apresentador Felipe Bueno. O nome Record Guaíba foi escolhido em referência à antiga TV Guaíba, emissora gaúcha que foi renomeada como Record em 2007. Durante o Rio Grande Record, foram exibidas reportagens históricas e entrevistas com personalidades que fizeram parte da trajetória da TV Guaíba.

Tiago Fraga, coordenador de Marketing da Record Guaíba, ressaltou que a mudança tem o objetivo de reforçar o elo com a comunidade gaúcha em um ano marcado por desafios, como as enchentes que afetaram o estado. Além disso, a emissora também trará conteúdos focados para o povo gaúcho disponibilizados no portal R7.

Programa de Proteção Legal para Jornalistas abre inscrições

Programa de Proteção Legal para Jornalistas abre inscrições
Crédito: Abraji

Estão abertas as inscrições para o Programa de Proteção Legal para Jornalistas, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) em parceria com o Instituto Tornavoz. A iniciativa oferece apoio jurídico a comunicadores brasileiros que sofrem ameaças ou processos judiciais abusivos pelo exercício da profissão.

A assistência gratuita é destinada a profissionais que divulgam informações de interesse público, mas não possuem recursos financeiros para custear sua defesa diante de represálias. O programa é voltado especialmente para jornalistas independentes e residentes fora dos grandes centros urbanos.

Serão priorizados candidatos que comprovem insuficiência financeira e promovam a diversidade racial e de gênero. Veículos de comunicação pequenos ou independentes também podem ser contemplados pelo projeto. Os interessados em obter o apoio devem enviar seus casos por meio do formulário ou pelo e-mail: [email protected].

Ulisses Neto narra, em primeira pessoa, a vida e carreira de Adriano, o Imperador

Já está em pré-venda Adriano: meu medo maior (Planeta), obra que retrata a vida e a carreira do ex-jogador de futebol Adriano, o Imperador. O livro, escrito em primeira pessoa pelo jornalista e documentarista Ulisses Neto, traz detalhes da infância do jogador, o começo da trajetória no futebol, o auge na Inter de Milão e na Seleção Brasileira e as dificuldades que o levaram a um fim precoce de sua carreira.

O livro tenta de certa forma humanizar a figura de Adriano ao narrar histórias vividas por ele, revelando suas fragilidades, sonhos, desejos e arrependimentos. A obra destaca lembranças de infância do ex-jogador nas favelas do Rio de Janeiro, os problemas com bebida e a depressão, o carinho pela família, a morte do pai e o choque que sentiu ao receber o apelido de Imperador na Itália.

A obra narra histórias que abordam desde problemas pessoais até episódios cômicos envolvendo amigos que Adriano fez na carreira, com detalhes nunca antes revelados pelo ex-jogador. O livro fala, por exemplo, de quando a diretoria da Inter de Milão, praticamente impotente diante das recaídas de seu grande astro, decidiu propor uma internação em uma clínica de reabilitação na Suíça. Ao mesmo tempo, conta, também, o episódio em que Ronaldo, o Fenômeno, deixou Adriano na mão e acabou não indo a uma festa. Adriano teve que beber todas as latinhas de energético que havia no local para não desagradar o anfitrião.

“Talvez por isso eu tenha decidido escrever este livro. Escrever, não, porque eu não sei fazer isso. Repeti de ano três vezes e larguei a escola na sétima série, porra. Mas quero contar a minha história. A única que tenho propriedade para contar. Aqui vão as minhas versões dos fatos. E quem ficar com raiva, morde as costas”, provoca o biografado.

A obra marca a estreia de Ulisses Neto no mundo da literatura. Jornalista e documentarista, focado em esportes, foi produtor-diretor das séries Capitães do Mundo (Netflix), Capitães (Netflix), e Earthshot Prize (BBC / Discovery+). Foi também diretor de conteúdo visual na plataforma norte-americana The Players’ Tribune.

Times Brasil/CNBC estreia no País

Christiane Pelajo e Fábio Turci (Crédito: Times Brasil/YouTube)

Estreou no domingo (17/11) a Times Brasil/CNBC, novo canal focado em jornalismo de negócios. Anteriormente, era esperado que o nome oficial fosse CNBC Brasil, mas a emissora passou a adotar o nome Times Brasil em todas as suas plataformas, na televisão, nas redes sociais e no site que transmite a programação ao vivo.

A empresa Times Brasil Media, do jornalista Douglas Tavolaro, é responsável pela operação do novo canal no País. O acordo entre a Times e a CNBC é de licenciamento de conteúdo, ou seja, a Times pode usar todo o material produzido pela empresa americana, mas não somente sua logomarca. Em outras palavras, é como se a Times fosse uma afiliada da CNBC no Brasil, não exatamente o próprio canal.

O Times Brasil foi ao ar pela primeira vez por volta das 20h. Fábio Turci e Christiane Pelajo comandaram o especial de estreia. Na primeira hora de programação foram exibidas reportagens e uma apresentação do grupo Times Brasil/CNBC, com o anúncio de um documentário focado na trajetória da criação do canal. Foi ao ar também uma entrevista com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O Times Brasil já está disponível no canal 562 da Claro TV+ e no site Times Brasil. A partir de 21/11, chega também ao canal 562 da Sky. E nas próximas semanas, deve ser disponibilizado no canal 592 da Vivo, 187 da Oi, YouTube Live, e nas plataformas de streaming Samsung TV Plus, Pluto, TCL e LG Channels.

Sérgio Ramalho se une a ex-policial em livro que expõe crise moral na PM do Rio

O jornalista investigativo Sérgio Ramalho, ganhador dos prêmios Vladimir Herzog e Esso, está lançando em parceria com o ex-policial militar Sargento Silva (nome fictício) Oficiais do Crime (Matrix), livro que denuncia esquemas corruptos conduzidos por oficiais de altas patentes dentro da Policia Militar do Rio de Janeiro e como estes exemplos se espalham por corporações de todo o país.

Silva, que opta pelo anonimato por questões de segurança, traz à tona denúncias e relatos vivenciados por ele e por colegas de farda. Para garantir a proteção de todos os envolvidos, o livro traz alterados nomes, datas e locais. Ainda assim, os episódios narrados na obra são verídicos e expõem um cenário alarmante de corrupção institucionalizada.

O título faz alusão aos oficiais de alta patente que são o maior exemplo de desrespeito às leis. Vários deles, mesmo condenados pela justiça, continuam a receber seus salários, quando não promovidos. Existem diversos casos nacionalmente conhecidos e amplamente divulgados pela mídia dos que cometeram os mais diversos crimes, muitos deles gravíssimos, e que até hoje não tiveram seus processos de exclusão instaurados ou concluídos. Do outro, lado, os praças (policiais de baixo escalão), são sumariamente colocados para fora da corporação ao menor deslize.

Oficiais do Crime apresenta ainda exemplos devastadores dos abusos cometidos e mostra como a “doutrinação para o mal” começa logo na formação dos policiais, com a criação de um ambiente de extrema rigidez e obediência cega. Desde os primeiros dias na academia, os alunos são submetidos a extenuantes sessões de exercícios físicos, como flexões e abdominais, usadas frequentemente como forma de punição para qualquer falha percebida. “Praças trabalham doze, catorze horas em pé, muitas vezes sem alimentação, água ou qualquer pausa para descanso. Já os cavalos e cachorros da corporação só podem trabalhar até seis horas por dia e são alimentados de quatro em quatro horas”, diz um dos trechos da obra.

Os autores expõem uma rede de subornos dentro da própria formação, em que cadetes são obrigados a pagar quantias em dinheiro ou oferecer presentes caros para conseguir folgas ou dispensas. Ao longo das páginas, fica evidente como esse ciclo infinito de coação molda os futuros oficiais, já imersos em um sistema que valoriza a lealdade aos superiores e a manutenção de privilégios, acima da ética e do cumprimento das leis.

Dentre as atividades ilegais apontadas estão o envolvimento de oficiais de alta patente com a exploração de máquinas caça-níqueis, a distribuição clandestina de serviços de internet e TV por assinatura e a garantia de segurança de figuras criminosas. Há também descrições de práticas misóginas e de abuso de poder, como a imposição para que policiais mulheres participem de orgias organizadas como “ritos de iniciação”.

O livro mergulha também nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que, segundo Silva, tornaram-se verdadeiros territórios de corrupção. A Coordenadoria de Polícia Ostensiva é apresentada como um batalhão a serviço do crime organizado, enquanto o corporativismo entre os oficiais corruptos é destacado como a raiz de muitos problemas no órgão. O título evidencia o contraste gritante entre a excelente condição de vida dos marginais protegidos por esses esquemas e as péssimas condições de trabalho enfrentadas pelos policiais honestos.

Oficiais do Crime é um alerta contundente para a sociedade. Ao romper o silêncio, o Sargento Silva joga luz sobre a degradação moral em setores que deveriam zelar pela ordem. Uma leitura que reforça a necessidade do constante debate sobre a ética na segurança pública, questiona o papel fundamental de uma instituição bicentenária e enfatiza a urgência de uma reforma completa na estrutura da Polícia Militar.

Sérgio Ramalho, vale lembrar, é autor também de Decaído (Matrix, 2024), livro que conta a história de Adriano da Nobrega, aspirante a oficial da Polícia Militar, infiltrado no Batalhão de Operações Especiais, o temido e famoso Bope, para servir à máfia do jogo do bicho, e sua relação com o clã Bolsonaro.

Aos 20 anos, Prêmio Engenho de Comunicação anuncia mudanças

Aos 20 anos, Prêmio Engenho de Comunicação anuncia mudanças
Crédito: Reprodução/Divulgação

Idealizadora do Prêmio Engenho de Comunicação – O Dia em que o Jornalista Vira Notícia, Kátia Cubel reuniu convidados nessa terça-feira (12/11), na Embaixada de Portugal, para celebrar os 20 anos do prêmio. Ao lado do embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, ela recebeu cerca de 120 convidados para anunciar um novo formato para o Prêmio a partir de 2025.

Entre as mudanças estão um festival de jornalismo, com etapa inicial de premiação para mobilizar faculdades de Comunicação e de Jornalismo do DF a debaterem a formação acadêmica, valores e paradigmas e a atuação dos profissionais no mercado de trabalho.

Nesta etapa, informou Katia, haverá o lançamento de um concurso de redação baseado no documentário Escola Base, do jornalista Walmir Salaro, com o tema E se fosse eu, o que eu faria diferente?. Também a realização do prêmio em praça pública, como uma grande celebração para projetar os valores da notícia bem estruturada e do jornalismo para a sociedade da capital do País.

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