Por Assis Ângelo
Bom, meu amigo minha amiga: alguma vez você ouviu dizer que num passado remotíssimo existiu um sujeito doido para ver pessoas cegadas e ele próprio cegava, quando não mandava cegá-las?
O sujeito a quem me refiro tinha por nome Basílio. Era imperador, Imperador Basílio II. Era o mandachuva, o bambambã absoluto daquelas plagas onde hoje se acha Istambul.
Refiro-me ao Império Bizantino, cuja área territorial ia da Península Balcânica ou Balcãs até o norte da África, passando antes por Ásia Menor, Síria, Palestina e norte da Mesopotâmia.
Houve um tempo em que parte da Itália e o sul da Península Ibérica fizeram parte daquele império, que chegou a adotar a língua grega como oficial.
Conta a história que, durante uma guerra, Basílio II teve sob as suas ordens cerca de 15 mil prisioneiros. De uma hora pra outra, o tal determinou que os presos fossem cegados. Esles foram divididos em grupos de 100. Apenas um em cada um desses grupos tinha só um olho cegado. Isso porque o preso transformado em caolho era obrigado a levar de volta à pátria os seus colegas búlgaros.

Quando o rei búlgaro viu os seus soldados em estado deplorável, humilhados, cegos, sofreu um ataque do coração e caiu duro, morto, no chão.
Isso ocorreu, ainda segundo a história, em 1014 d.C.
É impossível, completamente impossível, que se saiba o número, mesmo aproximado, de conflitos, revoltas, revoluções e guerras ocorridos desde que o homem desceu das árvores. Aliás, sequer é conhecido o número de feridos e mortos em conflitos e tal no Brasil.
O paulista Hernâni Donato (1922-2012), autor da obra Dicionário das Batalhas Brasileiras (1996), dizia que pelo menos um tumulto popular ocorria diariamente no Brasil. Mas essa é outra história…
Completamente diferente de Sonho de Uma Noite de Verão é o conto Sonho de Uma Noite de Natal, de Maximo Gorki (1868-1936).

O conto de Gorki começa com um autor na sua casa escrevendo mais uma história. Passa-se na Rússia. O texto diz que uma velha e o seu marido cego, de quem era guia, saíram numa véspera de Natal para pedir aos corações solidários alguma coisa para matar a fome.
O tique-taque intermitente do relógio o fez cochilar… de repente o autor teve a atenção atraída por um certo bulício que vinha de fora. Da janela foi como se visse vultos em movimento. A velha do conto recém-escrito bradou irritada, raivosa mesmo, atirando impropérios contra quem a criara:
“Não nos reconheces?… Não me reconheces?… Nós somos os heróis dos contos que passas a vida escrevendo; somos os tristes e desgraçados filhos da tua imaginação… Ali estão os dois meninos que fizeste morrer de frio, diante das janelas de uma casa onde fulgia, magnífica e opulenta, uma árvore de Natal. Aquela mulher, ali, é a desgraçada que fizeste morrer sob as rodas de um trem, quando corria, ansiosa por levar aos filhos um presente de Natal. Aquele ancião…”
No dia seguinte, logo cedo, o autor pegou os originais e os rasgou, jogando tudo fora.
Contatos por http://assisangelo.blogspot.com.
- Leia também: Luís Nassif receberá título de Cidadão Paulistano




















