Cícero Sandroni morreu na manhã de 17/6, em casa, no Rio de Janeiro, aos 90 anos, em decorrência de choque séptico causado por uma infecção urinária. Deixa viúva, Laura de Athayde Sandroni, cinco filhos e um neto. O velório foi na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde ocupava a cadeira nº 6, às 10h, nesta quarta-feira (18/6).

Nascido na cidade de São Paulo, mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança. Iniciou a carreira em 1954, na Tribuna da Imprensa, e passou depois ao Correio da Manhã. Trabalhou ainda no Jornal do Brasil e em O Globo, principalmente na cobertura da política exterior, e nas revistas O Cruzeiro, Fatos e Fotos, Manchete e Tendência, como editor. Colaborou com a revista Elle e com resenhas literárias em O Globo.

Participou da cobertura da inauguração de Brasília e, convidado pelo primeiro prefeito da nova capital, assumiu a Secretaria de Imprensa da cidade. Quando Franco Montoro era ministro do Trabalho de João Goulart, em 1962, foi seu subchefe de gabinete, entre outros cargos públicos que exerceu.

Foi conselheiro e secretário da ABI − Associação Brasileira de Imprensa, nas gestões de Barbosa Lima Sobrinho, de quem era muito próximo. Eleito para a ABL em 2003, ocupou a presidência da entidade em 2007.

Entre outras obras, é autor de O diabo só chega ao meio-dia, de 1985, e O peixe de Armana, de 2003, ambos de ficção, e um perfil biográfico de Carlos Heitor Cony, também em 2003. Era genro de Austregésilo de Athayde, que presidiu a ABL durante 34 anos. Juntamente com a mulher Laura publicou, em 1998, a biografia Austregésilo de Athayde, o século de um liberal.

Com Odylo Costa, filho, Álvaro Pacheco e o diplomata Pedro Penner abriu uma empresa gráfica de onde saíram as duas primeiras edições da revista de contos Ficção. Com Penner, fundou ainda a editora Edinova, que trouxe ao Brasil mais autores latino-americanos, e franceses do gênero nouveau roman.

Em 1976 coordenou, com outros escritores, um manifesto contra a censura da ditadura aos livros, assinado por mais de mil intelectuais brasileiros, conhecido como o Manifesto dos Mil. Publicado na imprensa, o documento impediu a continuação da censura aos livros, que proibira a circulação de mais de 400 títulos de autores brasileiros e estrangeiros. Entre os signatários do manifesto estavam Carlos Drummond de Andrade, Nélida Piñon, Antonio Carlos Jobim, Oscar Niemeyer, Heloneida Studart, Jorge Amado, Sérgio Buarque de Hollanda, Mário Lago, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Dias Gomes e Milton Nascimento.

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