Francisco Ornellas, que criou e por 22 anos esteve à frente do Curso de Focas do Estadão, hoje diretor Editorial do Diário de Mogi (SP), é o autor da colaboração desta semana. O Estadão no Museu Paulista Em janeiro de 1996 o então chefe do Arquivo do Estadão, Araldo Castilho, me procurou com um problema: havia duas coleções completas do jornal; eram 37.540 números duplicados e o diretor Júlio César Mesquita o havia incumbido de resolver dificuldades de espaço e preservação. Todos encadernados, organizados em ordem cronológica. Uma das coleções, no 6º andar do prédio da Marginal e a outra, no 1º mezanino. Elas já estavam microfilmadas, graças a um convênio do jornal com a Biblioteca do Congresso norte-americano. E não havia espaço para as que viriam em seguida. “O que a gente pode fazer com uma delas?”, perguntou-me Araldo. Pedi-lhe uma semana. “Professor, o museu aceita doações?” Do outro lado da ligação telefônica estava José Sebastião Witter, então diretor do Museu Paulista (o do Ipiranga) e que me havia dado aulas particulares ainda no curso primário. Bem antes da brilhante carreira acadêmica que o levaria a mestre, doutor, livre-docente, adjunto, professor titular e emérito da Universidade de São Paulo. À qual acresceria a direção do Arquivo Público do Estado, Centro de Apoio à Pesquisa em História e Instituto de Estudos Brasileiros. No Arquivo Público, foi o principal artífice da ação que impediu a queima do acervo do DOPS – a polícia política de São Paulo – e levou à sua preservação. Também de sua instalação no atual prédio do bairro de Santana. Witter aceitou de pronto a sugestão de transferir para o acervo do museu uma das coleções, com 122 anos de O Estado de S. Paulo. E o compromisso de sua permanente atualização. O contrato de comodato, que incluía cópias em microfilmes, com prazo de 50 anos, foi assinado pelo então reitor da USP Flávio Fava de Moraes e pelos diretores do Estado Francisco Mesquita Neto e Júlio César F. de Mesquita. Nos últimos anos, o acervo foi gradativamente transferido para a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, resultado de doação feita por seus criadores à Universidade de São Paulo, com mais de 60 mil volumes catalogados. José Sebastião Witter morreu há uma semana, em Mogi das Cruzes, dois meses depois da esposa, Geraldina Porto Witter; ela também uma acadêmica com graduação, licenciatura, bacharelado e doutorado pela Universidade de São Paulo.
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