A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar o repórter Luiz Vassallo, do portal Metrópoles, após a publicação de reportagens sobre o patrimônio do delegado Fábio Pinheiro Lopes, o Fábio Caipira, ex-diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em março.

Nas reportagens, Vassallo mostrou que o ex-diretor do Deic blindou cerca de R$ 10 milhões em patrimônio, como fazendas, usando uma empresa de sociedade anônima, após ter sido citado em delação premiada por Vinícius Gritzbach, o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), assassinado no Aeroporto de Guarulhos, em novembro de 2024. O inquérito sobre este caso foi arquivado. Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o inquérito contra o repórter foi aberto pelo próprio Fábio Caipira por “suposta prática de crime contra a honra”.

Vassallo foi intimado a prestar esclarecimentos na quinta-feira (5/6) na 2ª Divisão de Crimes Cibernéticos. O documento, que não especifica o motivo da investigação, dizia que “o não comparecimento estará sujeito às penas previstas no artigo 330 do Código de Processo Penal”.

Em seu perfil no X (ex-Twitter), Vassallo comentou sobre o inquérito: “É muito comum que pessoas descontentes nos processem, inclusive no criminal. Respondo a mais de uma dezena dessas demandas. Mas essa é a primeira vez que me encontro nessa condição: Alvo de um inquérito. Um inquérito sobre crime contra a honra sendo apurado por uma divisão especializada em ‘Crimes ciberneticos’, que usualmente apura fatos bem maiores”.

“Em inquérito, ao contrário da ação penal privada, delegados podem nos investigar. Podem, se quiserem, pedir até medidas cautelares”, escreveu o repórter do Metrópoles. “Ou, como foi feito, pedir um interrogatório seu sem você sequer saber que é investigado para daqui a dois dias. Nas reportagens, por mais que envolvam temas sensíveis, tudo está descrito com base em documentos. E, por apuração própria, eu mesmo banquei a informação de que ele era alvo de um inquérito capenga de provas no caso Gritzbach. Ou seja, fiz meu trabalho, dei espaço à ampla defesa, e fui justo em meu texto”.

Entidades defensoras da liberdade de imprensa repudiaram o inquérito contra o jornalista. Para a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), “trata-se de uma tentativa evidente de intimidação e censura, que agride frontalmente a liberdade de imprensa e o direito da sociedade à informação.

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments