O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, retirou na quinta-feira (19/6) o sigilo do relatório da Polícia Federal sobre a atuação de uma estrutura clandestina da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), chamada de Abin paralela, que investigou ilegalmente, durante o governo de Jair Bolsonaro, adversários políticos e críticos ao ex-presidente. A lista inclui jornalistas, parlamentares e ministros do STF.

Entre os jornalistas espionados estão profissionais que investigaram ações do governo Bolsonaro, como Alice Maciel (Agência Pública), José Vitor de Castro Imafuku (assessor da Central dos Sindicatos Brasileiros), Luiza Alves Bandeira (Atlantic Council), Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo), Pedro Cesar Batista (aReinaldo Azevedo (UOL e BandNews FM), Ricardo Noblat (Metrópoles) e Vera Magalhães (TV Cultura e O Globo).

Alice Maciel, por exemplo, rotulada como “jornalista left“, foi monitorada em maio de 2022 por investigadores que queriam determinar uma suposta afinidade política da repórter. Segundo a Agência Pública, dias antes da investigação, Alice havia publicado reportagens investigativas que revelaram que o então secretário nacional de Incentivo e Fomento à Cultura do governo Bolsonaro prometeu usar 1 bilhão de reais via Lei Rouanet em conteúdos pró-armas; e que verbas do orçamento secreto do Ministério da Educação tinham sido destinadas à empresa do pai de aliado de Arthur Lira.

No caso de Ricardo Noblat, o monitoramento ocorreu em 23 de julho de 2020, no mesmo dia em que o jornalista havia publicado uma matéria na qual refletiu sobre a forte presença de militares no governo Bolsonaro. A esposa dele, Rebeca Scatrut, também foi alvo de investigação.

Outro exemplo é o de Luiza Bandeira, que foi investigada por um estudo coordenado por ela, publicado em julho de 2020, que levou o Facebook e o Instagram a removerem perfis e páginas ligados a um assessor do gabinete do então presidente Jair Bolsonaro.

Já Pedro Batista e José Vitor de Castro Imafuku foram investigados por suas atuações na mobilização de atos contra o governo Bolsonaro. Batista foi um dos organizadores do ato Fora Bolsonaro e Imafuku teve forte atuação em mobilizações contra a Reforma da Previdência, aprovada em 2019.

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