Mauri König

    Mauri König nasceu em Pato Branco (PR), em 26 de agosto de 1967. É graduado em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste/PR), em 1991, e em Jornalismo pela União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC/PR), em 2004, com pós-graduação em Jornalismo Literário pelas Faculdades Vicentinas (Favi/PR) e Associação Brasileira de Jornalismo Literário (Abjl/SP), em 2008.
     
    Começou a carreira, em 1991, como repórter do Jornal de Foz (PR). Na época, ainda cursando Letras pela Unioeste e ministrando aulas na rede pública, foi convidado a trabalhar no semanário devido à sua experiência na edição do jornal do Centro Acadêmico de Letras da Unioeste. Em 1994, transferiu-se para a sucursal local do jornal Folha de Londrina (PR), onde trabalhou como repórter de Geral por três anos.
     
    Migrou para o rádio em 1997, como repórter da afiliada da rádio Bandeirantes (SP) na cidade. A volta à mídia impressa ocorreu no ano seguinte, quando, durante seis anos, foi correspondente no Paraná de O Estado de S.Paulo (SP). Em seguida passou pela reportagem dos jornais Gazeta Mercantil (SP) e O Estado do Paraná (PR), veículo pertencente ao Grupo Paulo Pimentel.
     
    Quando correspondente do Estadão, atuava na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. “Fiz algumas coberturas longas sobre violência e conflitos de terra entre paraguaios e imigrantes brasileiros, os brasiguaios. Mas foi na Folha de Londrina que fiz minhas primeiras reportagens de cunho mais investigativo, algumas em parceria com o jornalista paraguaio César Palácios. Percebi que davam mais repercussão e o processo de produção instigava em mim um antídoto contra o conformismo. Comecei a pesquisar assuntos relevantes e passei a estudá-los melhor, a fazer apurações nas horas de folga e nos fins de semana. Muitas vezes, só quando estava com a reportagem quase toda apurada é que a sugeria ao jornal. Fiz isso muitas vezes, em vários jornais onde trabalhei. Dessa forma, fui driblando a falta de tempo e de recursos, e ia emplacando uma reportagem atrás da outra”, recorda-se.
     
    Passou por uma situação drástica quando ainda atuava em O Estado do Paraná: “Em 19 de dezembro de 2000, no Paraguai, fui espancado quase à morte por três homens, um deles vestido com a farda da polícia nacional do país. Estava investigando o recrutamento ilegal de adolescentes para o serviço militar no Paraguai. Fui interceptado na minha quinta ida ao país, quando estava sozinho com o carro do jornal O Estado do Paraná. Parei numa suposta blitz numa estrada vicinal, os três me arrancaram do carro e começaram a me chutar e a bater com uma corrente e pedaços de pau. Um deles forçou o joelho nas minhas costas e enlaçou a corrente no meu pescoço. Começou a forçar enquanto os demais continuavam chutando. Quando eu estava praticamente perdendo os sentidos, ele puxou a corrente, levantou e deu mais alguns golpes com a corrente nas minhas costas. Eles riam muito e falavam em guarani (a língua nativa do Paraguai). A única coisa que disseram numa mistura de espanhol e português foi logo no início, quando tentei argumentar: 'Você nunca mais vai voltar ao Paraguai'. De repente, foram embora. Destruíram minha máquina fotográfica e amassaram o carro. Com uma faca ou pedra, escreveram no capô: Abajo prensa de Brasil. Mesmo dolorido, consegui dirigir por uns 80 quilômetros até a sucursal do Diário Notícias em Ciudad del Este. O jornalista Juan Carlos Salinas avisou à imprensa paraguaia, que cobriu a agressão, e depois me levou ao consulado brasileiro. No Instituto Médico-Legal de Ciudad del Este encontraram mais de cem hematomas no meu corpo. O Ministério Público paraguaio abriu um inquérito, arquivado um ano depois por falta de provas.”
     
    No Estado do Paraná, conquistou o Prêmio Esso de Jornalismo 2001, na categoria Regional Sul, pela matéria Mãos às armas, meninos!, o Prêmio Embratel de Jornalismo 2001, na categoria Região Sul, e o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos 2001, pela matéria Dossiê Paraguai: Mentira encobre crime no quartel.
     
    Em 2002, começou como repórter especial do Gazeta do Povo (PR), onde permaneceu até agosto de 2015. No começo, residia em sua cidade natal, porém oito meses após ser contratado foi transferido para Curitiba (PR). Lá venceu o Prêmio Esso de Jornalismo 2004, com Franco Iacomini, na categoria Regional Sul, com a matéria Devorados pela miséria, dois Embratel de Jornalismo – em 2005 e em 2013, na categoria Região Sul –, três Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos – de 2004, pela matéria Terra da discórdia, de 2005, pela série de reportagens Infância no limite, e de 2011, pela reportagem Infância à deriva –, três Lorenzo Natali Prize – em 2002, 2006 e 2007 –, dois Concursos Tim Lopes – em 2004 e 2012 –, dois Prêmios Brasil Ambiental, da Câmara de Comércio Americana – em 2008 e 2010 –, dois Prêmios Sangue Bom Jornalismo – em 2005 e 2009 –, o Jornalista Amigo da Criança 2003, da Andi – Comunicação e Direitos, o Prêmio Reportagem Biodiversidade da Mata Atlântica 2008  e o Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo 2004, da Sociedade Interamericana de Imprensa em 2004, entre outros. Também ganhou o prêmio J&Cia – Grande repórteres 2010, um certificado entregue aos 15 mais premiados jornalistas brasileiros no período 1995-2010. Em 2012 foi agraciado com o International Freedom Press Awards, oferecido pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas, pouco antes de ser ameaçado de morte, junto com Felippe Aníbal, Diego Ribeiro e Albari Rosa, em razão de reportagens denunciando corrupção na Polícia Civil do Paraná. Teve que passar dois meses fora do País e ficou afastado da cobertura de Segurança Pública, escrevendo apenas sobre Cidades e Cotidiano.
     
    No período publicou o livro Narrativas de Um Correspondente de Rua (Pós-Escrito, 2008), finalista do Prêmio Jabuti de Literatura 2009, e participou da antologia Lo Mejor del Periodismo de América Latina II (FNPI, 2010). Foi homenageado em 7 de abril de 2013, Dia do Jornalista, pelo J&Cia (veja em Galeria). Em setembro do mesmo ano, recebeu nos Estados Unidos o Prêmio Maria Moors Cabot, promovido pela Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia, um dos mais cobiçados do mundo jornalístico, pelo conjunto de reportagens produzidas ao longo de sua carreira. Lançou o livro O Brasil Oculto: Crime das fronteiras obscuras aos paraísos à beira-mar (ComPactos, 2013), com fotos de Albari Rosa.
     
    Venceu, com Albari Rosa e Diego Antonelli, o Global Shining Light Award 2015, entregue durante a 9ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo, realizada em Lillehammer (Noruega), pela reportagem Império das cinzas, sobre o contrabando de cigarros na América; o Grande Prêmio Heitor Stockler de França do Sistema Fiep de Jornalismo 2015, pela matéria Vida e morte no trabalho, e o Prêmio Petrobras de Jornalismo 2016, na categoria Responsabilidade Socioambiental/Regional São Paulo/Sul, pela matéria Quando viver é um ato de rebeldia. Foram suas últimas premiações recebidas enquanto trabalhava como repórter especial da Gazeta do Povo. Desde então, radicou-se em Foz do Iguaçu (PR) e atua como freelancer. Os seus contatos pessoais são [email protected]  e 41-9519-2345.
     
    Tem presença marcante nos rankings de Os +Admirados Jornalistas Brasileiros, de Os +Premiados Jornalistas Brasileiros e de Os +Premiados Jornalistas Brasileiros de Todos os Tempos, apurados pelo J&Cia. Foi diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), entre 2010 e 2015
     
     
    Atualizado em janeiro de 2017
    Fontes:
    Informações passadas pelo jornalista
    Jornalistas&Cia – Edição 914
    Jornalistas&Cia – Edição 1029
    Jornalistas&Cia – Edição 1013