A FSB Holding anunciou em 9/6 a aquisição da produtora de filmes Santeria. Fundada há cinco anos e com mais de cem trabalhos anuais, firmou-se como uma das produtoras mais premiadas do Brasil internacionalmente, conforme o ranking do Meio & Mensagem. O empresário Edgard Soares Filho e o diretor de criação Felipe Luchi são os fundadores da Santeria, que seguirá sob a liderança executiva de ambos. Eles também conduzirão a expansão e estruturação de um novo grupo dentro da holding, especializado no audiovisual.
“É a nossa estratégia desenhada, de construir um ecossistema mais completo na área de reputação, pois pretendemos chegar a 1 bi em 2027”, definiu Marcos Trindade, CEO da FSB Holding. O grupo detém o maior faturamento bruto – R$ 735 milhões em 2024 – entre as agências brasileiras de comunicação corporativa. Trindade conversou com Cristina Vaz de Carvalho, editora do Portal dos Jornalistas no Rio de Janeiro, sobre mais esse passo.

Jornalistas&Cia – Por que o audiovisual?
Marcos Trindade – A parte de vídeo tem uma demanda grande dos clientes. O vídeo é muito eficiente – uma pesquisa do LinkedIn mostrou que cresceu 52% na comunicação dos CEO, tanto interna como em relatórios para os clientes. É a mídia mais potente e mais autêntica. E estamos aqui para investir em um negócio dentro do projeto de gestão de reputação. Já tínhamos feito uma parceria com a Santeria, que tem sinergia com o que fazemos. Resolvemos, então, adquirir, trazer para dentro.
J&Cia – A aquisição foi anunciada como sendo o início de um “novo grupo audiovisual com ambição nacional”. Seria o primeiro passo para ser o maior do Brasil? Concorrer com a Globo?
Trindade – Se é para sonhar, vamos sonhar grande. Edgard e Luchi são os dois sócios que vão tocar a operação. Não se trata de concorrer com a Globo, mas de podermos produzir para a Globo. Ter como parceiro uma plataforma de streaming como o Globoplay.
J&Cia – Quando começou a negociação?
Trindade – Temos parceria há um ano e meio com a Santeria; montaram um bureau dentro do nosso escritório. Essa experiência mostrou-se lucrativa e demandada pelos clientes sob dois pontos de vista. Em primeiro lugar, a realidade de atender à carteira de clientes. Depois, uma necessidade de mercado, de poder construir um hub na área do audiovisual.
J&Cia – O anúncio afirma que a FSB pretende ainda “criar e incorporar novas produtoras audiovisuais” e ter uma “estrutura dedicada exclusivamente à produção de conteúdo para entretenimento”.
Trindade – Pretendemos adicionar mais produtoras. Na produção de streaming, na área de incentivo fiscal, tem também muita gente especializada. São produções bonitas, como a do Ayrton Senna. Outro dia vi uma produção muito boa sobre Osama Bin Laden. Na medida em que se consegue viabilizar isso na plataforma de streaming, temos ganhos efetivos. É uma operação casada: projeto, produtor, plataforma, recursos. Uma decisão olhando para a frente no mercado. Mas, em primeiro lugar, essa área passa a atender à carteira de clientes, o institucional, olhando também para o produto de incentivo.
J&Cia – Foi divulgada a formação de um conselho consultivo com nomes relevantes do mercado. Quantos serão e com que perfil? Mais voltados para o negócio em si ou para o mercado?
Trindade – O conselho que avalia os projetos da Santeria está investindo muito na questão de governança, processo que vai alavancar o crescimento da produtora. Só entra no negócio gente para tocar essas competências.
Nosso modelo de crescimento é por meio de partnership na holding e sócio nas operações. São coisas diferentes. No grupo, são 11 sócios da holding e cerca de 20 sócios nas operações. Temos mais de 50 pessoas líderes de negócios de frente. E há muita troca entre as lideranças. Atualmente, só existe o conselho para o grupo dos sócios. O conselho da holding está se formando ainda.
A operação ficou grande, precisa de gente participando. Fazemos isso para investir no negócio, dentro do projeto de gestão de reputação.
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