A produção de Como salvar a Amazônia − Uma busca mortal por respostas (Companhia das Letras), de Dom Phillips, foi um dos destaques da 20ª edição do Congresso da Abraji. Durante o encontro, promovido de 10 a 12 de julho, em São Paulo, os coautores da obra Andrew Fishman, presidente do Intercept Brasil, e Beto Marubo, líder e ativista indígena do povo Marubo e membro dos Povos Indígenas do Vale do Javari, trouxeram detalhes dos bastidores do livro, relembrando os passos de Dom no Brasil e o envolvimento deles com o restante da narrativa.
Após o assassinato de Phillips e do indigenista Bruno Pereira em junho de 2022 no Vale do Javari, Andrew Fishman, Jonathan Watts, Jon Lee Anderson, Eliane Brum, Tom Phillips, Helena Palmquist e Stuart Grudgings reuniram-se para finalizar os capítulos do livro a partir das anotações que Dom havia deixado.
Na palestra, Andrew disse que não achou certo publicar o livro incompleto: “Ele tinha uma visão, uma missão. Os assassinos queriam silenciar essa visão e essa missão. Então, nós tínhamos a obrigação de garantir que o projeto fosse finalizado”. Assim, os jornalistas tomaram para si o objetivo de levar adiante a narrativa de Dom sobre os desafios que a população local sofre devido à política, à pressão do agronegócio e às crises climáticas.

O livro também contou com os conhecimentos e experiência de Beto Marubo, que atuou como guia de Dom em outras explorações na Amazônia. Os dois se conheceram durante a pandemia em uma coletiva de imprensa no Acre. Beto procurava um jornalista que pudesse relatar os problemas da Amazônia e levar a pauta para o resto do mundo.
A partir desse encontro, Beto, Bruno e Dom tiveram a ideia de escrever um livro que denunciasse a violência crescente na região, a exploração ilegal de recursos naturais e o abandono das populações indígenas pelo Estado. A proposta não era apenas jornalística, mas profundamente política e humanitária.
Durante a palestra, Marubo relembrou os dias com Dom e Bruno nas comunidades indígenas e na exploração da Amazônia; “O Dom era essa pessoa que queria ver e ouvir em campo. Não pelo telefone”. Ao final da apresentação, fotos que registram os últimos momentos de Dom e Bruno foram mostradas, arrancando aplausos dos presentes.










