Por Assis Ângelo
Voltando, voltando, devo dizer que essa história de reis é pra lá de curiosa. Tem lá a sua importância, mas nem tanto.
Rei disso, rei daquilo…
Édipo tinha dois olhos e os furou desesperadamente ao descobrir que cometera um erro, um crime imperdoável: matou o pai e desposou a mãe. Antes, tinha dois olhos vivos…
E o que tem a ver D. Manuel I com Édipo?
- Manuel I tinha dois olhos sadios como os tinha Édipo.
E o que tinha a ver tudo isso com Lampião, o rei brasileiro do Cangaço?
Lampião e Pontaria diziam que não precisavam de dois olhos para acertar o alvo.
- Manuel I não usava pistola e não sei que lá de outras armas de fogo. No entanto, em tudo que mirava acertava.
Em 1498, um ano e meio antes de Pedro Álvares Cabral desembarcar na Bahia, o navegador e cosmógrafo Duarte Pacheco Pereira pôs os pés no norte do Brasil.
Enquanto Duarte Pacheco punha os pés no Brasil, ali na divisa de Maranhão e Pará, Vasco da Gama naquele mesmo ano de 1498 desembarcava com força nas terras da Índia.
- Manuel I era certeiro nos alvos que escolhia.
Foi esse mesmo D. Manuel que apostou e patrocinou a esquadra que chegou ao Brasil em 1500.
Muita coisa aconteceu desde então.
E aqui não vou falar daquele cara chamado Pinzón, espanhol, que passou dando adeus sem saber a Pernambuco três meses antes de Cabral desembarcar na Costa baiana.
Vocês devem, a essa altura, pensar o que estou querendo dizer com isso.
Sim, não estou fugindo da temática cego, cegueira.
Rei é uma coisa, imperador é outra.
Já falamos de reis disso e daquilo.
Os nossos primeiros e grandes intelectuais desabrocharam com obras marcantes e inesquecíveis como Teixeira e Sousa.
O tempo foi passando e outros autores da literatura brasileira foram surgindo.

Em 1886, Júlia Lopes de Almeida publicou o primeiro livro de literatura infantil, junto com a irmã Adelina Lopes Vieira.
Até então, vivíamos o segundo Império, com D. Pedro II.
Julia Lopes de Almeida começou a marcar de modo mais visível a sua vida literária depois da proclamação da República, em 1889.
Estamos aqui falando do tempo da Belle Époque.
Foi nesse período que Júlia Lopes escreveu belos textos que com o tempo enriqueceram a literatura brasileira. Foi ela, por exemplo, a primeira escritora a gerar textos abordando a condição em que viviam as mulheres de seu tempo.
Bom, Júlia Lopes de Almeida foi a primeira intelectual brasileira a escrever contos sobre mulheres que sofreram terrivelmente pelo fato de serem cegas. E sem sombra de dúvida foi ela também a primeira mulher a criar personagens cegas. Exemplos: A Caolha, A Pobre Cega, A Morte da Velha e O Último Raio de Luz.
Muitos e muitos anos depois foi publicado mundo afora o romance intitulado Toda Luz que Não Podemos Ver, obra-prima do norte-americano Anthony Doerr. Virou filme. Trata de uma garota de seis anos, órfã de mãe e criada com todas as atenções pelo pai. Claro, ela é cega e a história se passa no correr da II Guerra Mundial.
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