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sábado, dezembro 6, 2025

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Memórias da redação ? Huguinho, Zezinho, Luizinho e Fleury

Esta semana recebemos a colaboração de um estreante no espaço, Luiz Fernando Gomes, editor-chefe do Grupo Lance, que teve passagens por JB e O Dia, no Rio, e JT e TV Globo, em São Paulo. É um texto que escreveu em homenagem a Sérgio Fleury, falecido em novembro passado, para um grupo seleto de ex-JB que mantém uma página no facebook, “com algumas adaptações para o grande público”. Huguinho, Zezinho, Luizinho e Fleury Éramos três moleques. Eu, Bruno Thys, Jorge Antônio Barros. Sentávamos num mesão próximo à janela do velho prédio da avenida Brasil, 500. Bem distante da mesa da chefia de Reportagem, do outro lado do amplo salão. Era ali, naquele cantão, que a gente aprendia a lidar com a notícia naquela escola de jornalismo que, ainda nessa época, era o nosso JB.  Eu, Jorginho e Bruno estávamos sempre juntos. Um lia o texto do outro, um ajudava o outro a fazer o lide, a dar um fecho na matéria. Éramos focas numa redação onde os focas eram Paulo Mota, Roni Lima, Mônica Freitas, Alexandre Medeiros e tantos outros, que, claro, vou esquecer aqui. Cobríamos Cidade. Primeiro uma editoria, mais tarde um caderno pioneiro na grande imprensa brasileira. Por vezes, como nas guerras de traficantes que começavam a pipocar nas favelas do Rio ou nos quebra-quebras de ônibus a cada novo aumento do preço das passagens, no Centro do Rio, corríamos juntos. Eu gostava daquilo, da nossa “oficina coletiva” de trabalho. Muita gente na redação levava na brincadeira – não faltavam as tradicionais gozações vindas sobretudo dos mais velhos, o Heraldo Dias, o Israel Tabak, o Fritz Utzeri, E o Fleury. Quarteto da pesada. Fleury – só podia ser ele, quem mais? – foi quem melhor captou o espírito do que se passava ali no nosso cantão. E, com a espirituosidade de sempre, foi além das gozações. Criou uma marca. Numa noite de fechamento complicado, quando eu demorava a entregar uma matéria (Jorginho e Bruno dependurados nas minhas costas, ajudando no texto), ele soltou, lá da sua cadeira, alguma coisa assim: “Ô Huguinho, Zezinho e Luizinho, vão ou não vão acabar com isso?”. Não precisa dizer que a redação foi uma risada só. E os apelidos ficaram. Por anos. Nunca esqueci dessa história. Muitos que viveram aqueles tempos deliciosos e criativos da avenida Brasil certamente se lembrarão dela. Bruno, hoje diretor do Sistema Globo de Rádio, e Jorge Antônio, que até recentemente foi um dos parceiros de Ancelmo Gois na coluna do Globo, vão se lembrar mais do que todos. É assim que dá vontade de falar do Fleury-com-quem-convivi, com quem todos nós convivemos antes de cada um mudar de ares, tomar um destino na vida. E o JB degringolar. Fleury repórter, Fleury chefe de Reportagem. Mestre. Mas o Fleury que também era um pouco – ou muito – da alma e do espírito daquela redação. E almas e espíritos não morrem.

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