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quinta-feira, abril 25, 2024

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São Paulo, Ah! São Paulo…

São Paulo, Ah! São Paulo… Por Assis Ângelo                              São Paulo é Paulo                            De São Paulo eu vim de lá                            Quem não gosta de São Paulo                            De que é que vai gostá?                            (Do pernambucano Manezinho Araújo, rei da embolada)   Faz mais de 20 anos que desenvolvo pesquisas sobre a música em que aparece a cidade de São Paulo, que me acolheu desde o princípio da segunda metade dos anos de 1970. Essa pesquisa, que já rendeu mais de três mil títulos, está no ponto para um ponto final. Por meio da música é possível contar a história de uma cidade, de um estado, de um país. Compositores e intérpretes daqui e de fora têm cantado a capital de tudo quanto é jeito, gêneros e ritmos, desde sambas e batuques a dobrados, marchas e pagodes; valsas, choros e forrós; baiões, xotes e lambadas; toadas, modinhas e lundus; maxixes, tangos, emboladas, corridos, polcas e rancheiras. Loas à cidade em que nasceram a Jovem Guarda, o Tropicalismo e os festivais de música – e QG do baião, segundo o seu criador, Luiz Gonzaga – se acham espalhadas nos martelos e redondilhas dos artistas improvisadores do Nordeste, como Sebastião Marinho, Andorinha, Oliveira de Panelas; e do Sul, como Gildo de Freitas e Teixeirinha; nas chulas, lundus e fandangos e nas batidas inconfundíveis do pop-rock e do heavy metal.  Blues, reggaes e ragtimes são mais estilos notados nos temas a Sampa. Anhanguera, do compositor alagoano Hekel Tavares, para orquestra, coro e solistas, sob o belo argumento de Marta Dutra e texto de Murilo Araújo, é um dos mais belos poemas sinfônicos já feitos para a cidade fundada por jesuítas como Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, em 1554. Digo como Nóbrega e Anchieta porque junto com eles estava mais uma dezena de jesuítas. Com versos do carioca Fagundes Varela, o paulistano Francisco Mignone também deixou marca numa música de concerto para a cidade. O manauara Cláudio Santoro fez o mesmo. Idem, o maestro Erlon Chaves e o seu parceiro Mario Fanucchi, sem falar do paulistano Mário Albanese, criador do Jequibau com o gaúcho Ciro Pereira. Mário compôs, entre outras obras, Canção para o rio Tietê (com Geraldo Vidigal; 1990) e São Paulo coração da minha terra (com Sílvio Tancredi; 1981). DJs e MCs que se multiplicam nas zonas Sul e Norte da megalópole paulistana não se esquecem nunca da temática. Enfim, nas obras em referência – repito: mais de três mil –, há citações a ruas, avenidas, parques e pontes; estádios de futebol, bairros, praças e ônibus; camelôs, favelas e filas de banco; delegacias, HC, bares e chuvas – e enchentes – fora do tempo; fábricas, construções e buzinas; o metrô, a garoa, hoje sem graça; igrejas, largos e vilas; escolas de samba, Martinelli e Copam; Masp, USP, museus e monumentos; heróis, paisagens e rios; trabalho, trabalho, trabalho e hinos e odes para agremiações esportivas como Corinthians, São Paulo e Palmeiras. Tudo ou quase tudo da cidade, sua gente e cotidiano, tem sido abordado desde o Século 18 nas obras de grandes artistas. São Paulo tem sido cantada em todos os gêneros musicais, por meio de títulos de compositores e intérpretes que vão desde um DJ Hum a Thaíde, passando por Mano Brow, Rappin Hood, Emicida, Sabotage, Criolo e Negra Li; Cornélio Pires, Roberto Marino, Adoniran Barbosa, Mário Zan, Geraldo Filme, Germano Mathias, Paulinho Nogueira, João Portaro, José Domingos, Juca Chaves, Juvenal Fernandes, Lauro Miller e Osvaldinho da Cuíca e tantos e tantos mais, como Ary Barroso, Sílvio Caldas, Nélson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Tom Jobim, Hermeto, Gil, Caetano e Vinicius, que uma vez caiu na besteira de dizer que São Paulo é o túmulo do samba.

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