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sábado, abril 20, 2024

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Roda Viva reestreia com entrevista polêmica

Agora sob o comando de Mario Sergio Conti, diretor de Redação da piauí, o programa Roda Viva, há 25 anos no ar pela TV Cultura, iniciou nova etapa na noite desta 2ª.feira (17/10). E que início polêmico! Conti trouxe para o meio da arena ninguém menos que o Cabo Anselmo, que fez história ao se transformar em agente duplo durante o regime militar. Por isso mesmo, segundo J&Cia apurou, não foram poucos os protestos contra o convite feito a um cidadão que, segundo ele próprio, não tem documentos até hoje, vive incógnito no interior de São Paulo e não se arrepende de nada. Cabo Anselmo ficou conhecido no movimento dos marinheiros, em 1964, episódio que incendiou as tensas relações entre as Forças Armadas e o governo João Goulart, culminando no golpe de 31 de março. Preso em seguida, foi posto em liberdade e buscou exílio em Cuba. Retornou anos mais tarde, foi preso e solto várias vezes, seguiu militando em organizações de esquerda ? àquela altura engajadas na luta armada ? e, cooptado pelo então delegado Sérgio Fleury, aceitou colaborar com a repressão. ?Eu só queria acabar com aquela insanidade?, alegou no programa, afirmando que o confronto entre guerrilheiros e militares não levaria a nada. Nessa reestreia (desde o início de setembro vinha reapresentando edições históricas ? ver J&Cia 810), o Roda Viva retomou sua concepção original, ao vivo, com o entrevistado pressionado por uma bancada de entrevistadores, instalados em degrau superior. Participaram Mônica Bergamo e Fernando Barros e Silva, da Folha de S.Paulo, Fausto Macedo, do Estadão, Hugo Studart, da UnB, e o jurista José Renato Nalini, do Tribunal de Justiça de São Paulo. A apresentadora anterior, Marília Gabriela, havia introduzido um cenário cool, com entrevistado e entrevistadores (dois deles permanentes) dialogando amigavelmente.   ProtestosRepresentantes de organizações de direitos humanos fizeram chegar à direção da Fundação Padre Anchieta sua discordância com a participação de Cabo Anselmo no programa, que admitiu ter delatado para a polícia política centenas de militantes, incluindo a própria mulher, Soledad Viedma, que foi morta em Recife. Anselmo, que chegou à emissora em transporte próprio, não deixou transparecer qualquer emoção em relação a esses fatos. A Cultura argumentou que a pauta faz todo sentido no momento em que se instala a Comissão da Verdade e se busca o esclarecimento de muitos fatos até hoje mal explicados.    Mario Sergio ContiConti foi, entre outros, diretor de Veja e do Jornal do Brasil e atuou como correspondente da Rádio Bandeirantes em Paris. Autor de Notícias do Planalto, sobre o relacionamento da imprensa no Governo Collor, atualmente dirige a revista piauí, publicação para a qual passará a escrever como repórter a partir de janeiro de 2012, cargo que manterá em paralelo com a apresentação do Roda Viva.

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