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quinta-feira, abril 25, 2024

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Memórias da Redação – O texto do Didi

Vicente Alessi, Filho, editor-chefe da Autodata ([email protected]), presta uma homenagem a Edilson Coelho, falecido no último dia 6/4. O texto do Didi Concordo amplamente com a síntese que Zé Paulo Kupfer fez do personagem Didi, Edílson Gomes Coelho, no J&Cia 892. Conheci a figura em 1982, na redação de Quatro Rodas, ainda na rua do Curtume. Ele se apresentava como estudante de jornalismo e aprendiz de jornalista e sua função era auxiliar o mal-humorado Waldemar Shoen na produção gráfica da revista na própria redação, numa época ainda de laudas e pestapes, na companhia do louquinho Duílio – tudo sob a coordenação do Gordo Luizinho, Luiz Antônio Pereira Franco. A primeira vez que seu nome saiu no expediente foi na edição de abril de 1982. O Didi cumpria, então, a sua via dolorosa de trabalhar e de frequentar a faculdade, e logo, logo, ficou claro que seus escritos requeriam muito, muito lustro. Sou testemunha disso: cansei de redigir trabalhos de escola para ele. Didi sobreviveu até os 54 anos driblando as dificuldades da vida, irmão mais velho que criou os mais novos dentro da rota da melhor civilidade enquadrando um a um, mas naquela época, escrever, para ele, era exercício além das suas capacitações. Mas todos nós dávamos força ao garotão que desejava abandonar o aprendizado para tornar-se militante. A oportunidade surgiu quando a revista Moto, trimestral, ganhou periodicidade mensal: lá se foi o Didi, feliz como criança, achando que agora se tornaria jornalista. Aquele foi seu primeiro emprego como repórter, é verdade, e terminou em poucos meses com o insucesso da revista nas bancas e a sua descontinuação. Era preciso buscar recolocações para as pessoas e o primeiro alvo eram as outras redações da própria Editora Abril. Sabia que o amigo e companheiro Wílson Palhares, um dos editores da revista Exame – dirigida por Guilherme Velloso, Zé Roberto Nassar e Rui Falcão – tinha uma vaga de repórter júnior e tratei de vender a ida do Didi para lá. Foi uma negociação um pouco confusa pois implicava que eu não dissesse a verdade toda ao Palha, que tinha uma boa pergunta a fazer a respeito do candidato: “Mas ele sabe escrever?”. Escapei dizendo que Didi tinha as deficiências típicas de qualquer iniciante e que se destacava pelo caráter, pela lealdade, pela solidariedade, pelo empenho, pela vontade de aprender. Ele acreditou, Didi foi elevado ao décimo-segundo andar do Edifício Panambi e eu logo sumi de circulação diante da fúria do Palhares ao descobrir que Didi tinha algumas deficiências a mais do que aquelas consideradas comuns. Edílson voltou à escola, fez cursos e, com a assistência e a paciência de Cida Damasco e do próprio Palhares, e de tantos outros, tornou-se, sim, o jornalista militante que perseguia ser descrito pelo Zé Paulo. E eu perdi um amigo que não precisava se identificar ao telefone. Ele só dizia: “O Palhares ainda está atrás de você!”.

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