Yvonne Maggie

    Yvonne Maggie Alves Velho é carioca, doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj/RJ) e tornou-se professora titular do Departamento de Antropologia Cultural da mesma instituição. É professora desde 1971,  pesquisadora do  Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Técnológico (CNPq) desde 1977 e cientista pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) desde 2008.
     
    Criada em uma família de origem católica, dedicou grande parte de sua carreira ao estudo das religiões afro-brasileiras. Sua dissertação de mestrado, cujo orientador foi Roberto DaMatta, deu origem ao livro Guerra de Orixá: Um estudo de ritual e conflito (Zahar, 1975). A obra foi sucesso editorial, teria uma segunda edição em 1977 e uma terceira em 2001.
     
    Conta no seu blog que começou a carreira “em um terreiro de Umbanda na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, antes da construção do Túnel Rebouças”. Passou 15 anos estudando a Umbanda na periferia do Rio, razão pela qual demorou a ingressar no doutorado em 1969. Começou a estudar, sobretudo, a Antropologia Social inglesa, que tem uma perspectiva a-histórica, como toda Antropologia, mas ao mesmo tempo é muito preocupada com a mudança e o conflito. O estudo foi tema da tese do dourado e publicada no livro Medo do Feitiço: Relações entre magia e poder no Brasil (Arquivo Nacional, 1992) que acabou por se colocar entre suas principais obras.
     
    Em 1988 trabalhou num projeto ligado às comemorações do Centenário da Abolição. Recebeu o Prêmio Arquivo Nacional 1992, pela coautoria do livro Raça Como Retórica: A construção da diferença (Civilização Brasileira, 2001), com Claudia Barcellos Rezende. Em outra coautoria, com vários autores, lançou o título Divisões Perigosas: Políticas raciais no Brasil Contemporâneo (Civilização Brasileira, 2007).
     
    Foi agraciada com a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico pelo Governo do Brasil em 2008.  Foi colocada pela revista Época entre os 100 brasileiros mais influentes de 2009. Recebeu mais dois prêmios nacionais de grande relevância: o Érico Vannucci Mendes 1992 e o Arquivo Nacional de Pesquisa 1991, do Ministério da Justiça.
     
    É autora do blog A vida como ela parece ser, alocado no portal G1, que foi para o ar no dia 1° de junho de 2012. No primeiro post, a antropóloga queria entender qual seria agora a sua tarefa e questionou: “Então o que é um blog? Não é um site, nem uma rede social, nem um jornal e está na Internet. Fácil de fazer? Como será o Blog da Yvonne Maggie? Pensei muito sobre o blog no G1. Quando fui convidada disse logo oba!!! Cinco minutos depois, opa!!!! Parei e me imaginei escrevendo. Como escrever num blog? Já participei de muitos, admiro alguns que acompanho e leio com reverência. Então imaginei uma conversa. Conversar é o que mais gosto de fazer”. E é conversando que ela analisa os fatos da sua área, coloca suas opiniões e abre para discutir outras colocações sobre o assunto, com o universo de pensamentos e conceitos manifestados. Propõe-se a comentar o cotidiano da cidade, do Brasil e dos acontecimentos com os quais nos deparamos todos os dias. Deixa para amanhã o que não deu tempo de falar hoje.
     
    Sobre o título do blog que foi pensado pela equipe do G1, diz que a frase foi incorporada imediatamente: A vida como ela parece ser é uma paródia ao título da coluna de Nelson Rodrigues (1912-1980) A vida como ela é, que foi publicada no jornal Última Hora, em 1950 e que durou cerca de uma década. Mas Yvone tem o cuidado de antecipar neste primeiro post do blog, que “longe de me comparar ao genial Nelson Rodrigues, achei boa a paródia porque vivemos hoje repletos de informações fragmentadas que nos chegam das inúmeras redes sociais e meios internéticos, além dos jornais, das revistas e das tevês. Transformar essas milhares de informações em crônicas simples da vida como ela parece ser será meu desafio”.
     
    Está (como não poderia se abster) no debate sobre as relações raciais no Brasil, no qual as cotas raciais assumem maior destaque no momento do nacional em que se discute o tema. É crítica da Lei de Cotas. Em seus depoimentos sobre a temática defende a sua posição afirmando: “O que nós estamos dizendo aos políticos é que raças não existem. Não se pode ficar calado diante da construção de toda uma engenharia social baseada na ideia de raça”.
     
    Lançou em 2001 o livro Guerra de Orixá/Zahar que narra a breve história de um terreiro de umbanda no Rio de Janeiro. Através desse estudo de caso aborda a cosmologia da umbanda, percebendo-a não apenas como crença mas como modo de vida. A presente edição desse clássico da antropologia, enriquecida por uma bibliografia vasta e atual, guia o leitor através de um universo cujas características são tão marcantes no cotidiano brasileiro. Disponível também no formato de e.book.
     
    Segue em 2015 como colunista do portal G1, pesquisadora do CNPq e bolsista Cientista do Nosso Estado pela Faperj.
     
     
    Atualizado em agosto/2015 – Portal dos Jornalistas
    Fontes: