William Bonner

    William Bonemer Júnior nasceu em 16 de novembro de 1963, em São Paulo (SP). Formou-se em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Ainda na faculdade, começou a trabalhar como redator publicitário na agência paulista Mass. Descoberto por um dos diretores da rádio USP FM, foi convidado para um teste e passou ao Radialismo, onde ficou de 1984 a 1986.
     
     
    Foi contratado pela TV Bandeirantes em 1986. Lia em off o resumo das notícias do dia no Oito e Meia, programa de variedades comandado por Roberto de Oliveira. Chegou a apresentar o programa, até ser transferido para o Jornal de Amanhã. Menos de um ano depois, foi convidado por Raul Bastos, editor regional da TV Globo em São Paulo, para trabalhar na emissora.
     
     
    Na Globo, começou apresentando o SPTV – 3ª edição. Paralelamente, terminava o curso de Comunicação e trabalhava na rádio Eldorado AM. Em 1987, passou a apresentar também o SPTV – 2ª edição. No ano seguinte, estava à frente também do Globo Rural. A projeção nacional viria logo em seguida, quando cobriu as férias do apresentador do Jornal Hoje, Marcos Hummel. Nessa época, ainda substituiu outros apresentadores titulares no Globo Esporte, Esporte Espetacular, Bom Dia São Paulo e Bom Dia Brasil.
     
     
    Em setembro de 1988, foi convidado para apresentar o Fantástico, ao lado de Sérgio Chapelin e Valéria Monteiro. As atividades nos jornais locais da capital paulista e no programa dominical obrigaram o apresentador a ficar durante algum tempo na ponte aérea entre São Paulo e Rio de Janeiro. Na época, o Fantástico tinha José Itamar de Freitas na direção geral e Ítalo Granato na direção de produção. O programa entrava, então, em uma nova fase, em que abandonava o lado de revista e procurava a forma de um grande jornal, com ênfase na atualidade, sem deixar de lado shows, música e humor. William Bonner permaneceu no Fantástico até 1991.
     
     
    Em julho de 1989, com a saída de Eliakim Araújo e Leila Cordeiro do Jornal da Globo, foi convidado por Alice Maria, diretora executiva da Central Globo de Jornalismo (CGJ), para apresentar o telejornal ao lado de Fátima Bernardes, com quem viria a se casar. Como também se dedicava ao Fantástico, mudou-se em definitivo para o Rio de Janeiro. À frente do Jornal da Globo, acompanhou coberturas de fatos importantes, como a Guerra do Golfo, o fim da URSS e o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello.
     
     
    Em abril de 1993, assumiu a apresentação do Jornal Hoje; em 1994, passaria a dividir a bancada com Cristina Ranzolin. Além da apresentação, ficou responsável pela edição geral do telejornal, tarefa que dividia com Carlos Absalão. Nesse período, participou da cobertura de dois acidentes trágicos: a morte de Ayrton Senna e a do grupo Mamonas Assassinas, para os quais preparou reportagens especiais.
     
     
    Em 1995, o diretor de Redação do jornal O Globo, Evandro Carlos de Andrade, assumiu a direção da Central Globo de Jornalismo. Evandro implementou mudanças no perfil editorial do Jornalismo da emissora. Uma das primeiras alterações foi a substituição dos apresentadores do Jornal Nacional, Cid Moreira e Sérgio Chapelin, por William Bonner e Lillian Witte Fibe, em março de 1996. A proposta era manter à frente do telejornal jornalistas diretamente envolvidos com a edição.
     
     
    Em março de 1998, Bonner passou a dividir a bancada do telejornal com Fátima Bernardes. Em 1999, além da apresentação, coube-lhe também a função de editor-chefe do Jornal Nacional, sendo responsável pela concepção e pelo conteúdo do telejornal. Entre os momentos marcantes desse período, destaca-se a entrevista exclusiva realizada com o então presidente Fernando Henrique Cardoso, reeleito em 1998. Bonner entrou ao vivo no Jornal Nacional, direto do Palácio da Alvorada. Em 1998, durante a Copa do Mundo, Bonner ancorou o telejornal direto da França, país que sediava o evento esportivo. Era a primeira vez na história do telejornal que um de seus apresentadores era deslocado para apresentá-lo fora dos estúdios. A experiência viria a se repetir outras vezes em coberturas jornalísticas de destaque.
     
     
    Em setembro de 2001, Bonner participou de um momento importante no Jornalismo da TV Globo: a cobertura do atentado às torres do World Trade Center, em Nova York, que ficou sete horas no ar. O Jornal Nacional do dia 11 de setembro teve uma edição especial, de uma hora de duração, e bateu o recorde de audiência naquele ano. De cada 100 televisores ligados no país, no horário, 74 estavam sintonizados na Rede Globo. A edição do Jornal Nacional sobre os atentados concorreu ao Prêmio Emmy Internacional, na categoria Cobertura Jornalística, levando a Globo a ficar entre as quatro emissoras finalistas.
     
     
    No ano seguinte, outro fato marcante em sua trajetória à frente do principal telejornal da emissora foi a cobertura das eleições presidenciais. O Jornal Nacional acompanhou o dia a dia dos quatro principais candidatos, levando ao telespectador as ações de campanha. Além disso, o programa se preocupou em realizar uma série de reportagens de serviço, ensinando o eleitor a votar ou explicando as funções de cada representante eleito, além de uma série jornalística especial sobre temas relevantes para a população, como educação, emprego, saúde e saneamento.
     
     
    O destaque da cobertura ficou por conta da série de entrevistas realizadas com os candidatos à Presidência da República. A experiência foi inédita tanto para os candidatos quanto para o histórico do jornal em eleições. A primeira edição do telejornal após o resultado das eleições também entrou para a lista dos grandes momentos do programa e da trajetória de William Bonner. O jornalista apresentou o telejornal direto de São Paulo, com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, sentado ao seu lado na bancada. Ao longo de toda a edição, Lula foi entrevistado por Bonner e também por Fátima Bernardes, que fazia perguntas do estúdio no Rio de Janeiro.
     
     
    Ainda em 2002, William Bonner acompanhou um dos momentos mais difíceis do Jornalismo da Globo, a morte de Tim Lopes. No dia 2 de junho, o jornalista foi morto enquanto realizava uma reportagem sobre tráfico de drogas em um baile funk na favela da Vila Cruzeiro, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro. Confirmada a morte dele, o Jornal Nacional produziu uma edição especial homenageando o jornalista e colega de trabalho. Além de depoimentos de amigos de Tim, o telejornal foi encerrado com um editorial lido por Bonner e, em seguida, com os aplausos de toda a redação, de pé, vestida de preto.
     
     
    Em 2005, viajou para Roma para acompanhar a cobertura da morte do Papa João Paulo 2º. Do Vaticano, no alto do Colégio Santa Mônica, em frente à Basílica de São Pedro, falou ao vivo com os telespectadores do Jornal Nacional daquela noite. No ano seguinte, o projeto da cobertura das eleições de 2006, também foi mais um momento importante em sua gestão à frente do Jornal Nacional. O destaque foi a Caravana JN. Entre os meses de julho e outubro, uma equipe de 15 profissionais, tendo à frente Pedro Bial, visitou 27 estados de cinco regiões do Brasil. A cada 15 dias, William Bonner e Fátima Bernardes se revezaram na apresentação do Jornal Nacional nos estúdios no Rio de Janeiro e no local onde a caravana estava.
     
     
    Em 2002 e 2005, William Bonner foi eleito Melhor Apresentador de Telejornal pela Associação Paulista dos Críticos de Arte e pelo Prêmio Qualidade Brasil, respectivamente. Lançou o livro Jornal Nacional: Modo de fazer (Globo, 2009), comemorativo aos 40 anos do telejornal, lançado por Armando Nogueira (1927-2010) em 1969. “Sempre ouvimos perguntas sobre os bastidores e essa é uma oportunidade de as pessoas entenderem melhor o que a gente faz”, explicou Fátima Bernardes, que escreveu o prefácio do livro.
     
    Em 3 de março de 2010, ganhou o Shorty Awards, na categoria Jornalismo. Considerado o Oscar do Twitter, o prêmio é concedido aos melhores perfis de usuários, celebridades, atores, ativistas e organizações que habitam o universo do microblog.
     
     
    Em 28 de março de 2010, ganhou o Prêmio de Melhores do Ano na categoria Jornalismo. A premiação veio ao ar no programa de Fausto Silva, o Domingão do Faustão.
     
     
    Ainda em 2010, foi finalista do Prêmio Comunique-se na categoria Âncora de TV, repetindo o destaque na edição 2011 da mesma premiação.
     
     
    Ganhou o International Emmy Awards, em 26 de setembro de 2011, junto com a equipe do Jornal Nacional, na categoria Notícias. A cerimônia de entrega da premiação, em Nova York, consagrou a reportagem vencedora sobre a operação conjunta das Forças Armadas na ocupação do conjunto de favelas do Alemão, em novembro de 2010, que contou com mais de 20 repórteres participando da cobertura. Na solenidade, estavam presentes o diretor geral de Jornalismo e Esporte Carlos Henrique Schroder e o âncora e editor-chefe William Bonner; os repórteres André Luiz Azevedo e Ana Paula Araújo, os chefes de Redação Carlos Jardim e Márcio Sternick, o cinegrafista Sérgio Costa e o operador de câmera do Globocop Francisco de Assis, que flagrou a impressionante cena dos traficantes em fuga.
     
    Pai de trigêmeos, é torcedor do São Paulo Futebol Clube.
     
    Em 2014 e em 2015 foi escolhido 'TOP 10' na classificação nacional da eleição dos '+ admirados jornalistas brasileiros'.  A eleição é feita por Jornalistas&Cia em parceria com a Maxpress.
     
     
     
    Atualizado em novembro/2015 – Portal dos Jornalistas
    Fontes:
    https://www.portaldosjornalistas.com.br/noticia/em-os-cem-mais-admirados-jornalistas-brasileiros%C2%A0-em-em-%C2%A0top-10-em
    Arquivo BPress/Engel Paschoal
    J&Cia Sp756 (agosto/2010) e Sp804A (julho 2011); Globo Online (22/9/09)
     
     
    Saiba mais sobre William Bonner em um bate papo com o homem por trás da bancada do JN – Globo Online, 22/9/2009
     
    RIO – William Bonner também sabe ser informal, principalmente quando está rodeado de estudantes de Jornalismo. Prova disso é esta entrevista. Meio em tom de confissão, o apresentador e editor-chefe do JN diz coisas como: “O dia da minha substituição vai ser um choque”, ou “Parei de trabalhar de jeans e tênis”. Bonner, que acaba de lançar o livro Jornal Nacional: Modo de fazer, foi generoso. Conversou por quase duas horas com Fabiana Paiva, Guilherme Amado e Rafael Oliveira e foi fotografado por Fernando Frazão, estagiários de O Globo. Entre os assuntos, vida pessoal, trabalho e Jornalismo.
     
    Como você lida com as críticas de que o Jornal Nacional trata os temas de maneira superficial?
    Um telejornal como o JN tem de 31 a 33 minutos líquidos e ali deve caber tudo o que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo. Portanto, é da natureza do Telejornalismo ser superficial. Acredito que podemos despertar interesse no espectador por um assunto relevante e, a partir daí, ele poderá buscar mais informações em outros meios.
     
    Já teve a sensação de que o JN falhou?
    Diversas vezes. Se fizesse um balanço dos dez anos na chefia do JN, já não lembraria de quando disse que uma edição ficou sensacional. Devo ter dito isso apenas dez vezes.
     
    O Jornalismo é um dos cursos mais procurados nos vestibulares. Por que há tanta gente querendo ser jornalista no Brasil?
    A maioria quer aparecer na televisão. Eles glamourizam demais. Muita gente se espelha nos apresentadores, mas veja quantas pessoas fizeram isso em 40 anos do JN. Se amanhã eu for demitido, vai abrir uma vaguinha só.
     
    O que achou do fim da exigência do diploma de Jornalismo?
    Sempre achei a exigência uma bobagem. Continuaremos buscando os contratados da Rede Globo nos cursos de Jornalismo. Mas o mais importante nisso tudo é a oportunidade histórica de os cursos serem totalmente reformulados. É inconcebível que você passe quatro anos dentro de uma universidade e saia de lá sem condições de assumir uma vaga no mercado de trabalho.
     
    Que mudanças sugere?
    Grande parte das faculdades de Jornalismo, sobretudo as públicas, se preocupam mais em fazer uma doutrinação ideológica de esquerda do que formar profissionais. A universidade deveria apresentar um cenário plural e não maniqueísta. Além disso, há duas áreas desprezadas pelos cursos de Jornalismo: português e história.
     
    Você e a Fátima têm um casamento público. As pessoas param vocês na rua para dar pitaco, falar sobre os trigêmeos?
    As pessoas perguntam sobre nossos filhos e realmente nos veem na rua como um casal. Mas aqui dentro somos uma dupla profissional. Eu pouco falo com a Fátima e o que falo é estritamente sobre trabalho.
     
    Foram vocês que estabeleceram isso?
    Nós nos impusemos isso num primeiro momento. Foi uma decisão para evitar traumas. É óbvio que vez ou outra ela entra na minha sala para falar de alguma coisa que diga respeito à nossa vida, mas isso não é feito publicamente.
     
    Você já pensou em como será o dia em que você e a Fátima tiverem que ser substituídos?
    Vai ser um choque, mas não podemos nos apegar ao cargo. Gostaria que essa decisão partisse de mim e não da empresa. Mas uma coisa eu aposto: quem vier para o meu lugar com certeza será muito melhor do que eu, pois terá que fazer mais do que apresentar e editar o jornal no ar.
     
    Durante a conversa você aparenta preocupação em separar o homem William da figura do apresentador do JN.
    Isso é uma coisa interessante à beça, pois por muitos anos o meu padrão de vestimenta era norteado por essa necessidade de mostrar para mim mesmo que sou diferente do apresentador. Mas hoje não tenho mais isso. E sabe por quê? Porque eu estou com 46 anos. Foi do começo do ano para cá que isso mudou. Eu usava jeans e vinha trabalhar de tênis. Aí, chegava o cônsul de não-sei-das-quantas e eu estava ridículo. Parei com isso. Tenho usado terno completo todos os dias. Desencuquei.
     
    Como chegou até a Globo?
    A minha carreira se desenhou muito por acaso. Trabalhei como redator publicitário até virar locutor na rádio USP. Fui parar na TV também por acaso porque tinha amigas do curso de Jornalismo que trabalhavam na Bandeirantes e me pediram para fazer a voz de um telejornal local. De novo por acaso, o apresentador saiu e tiveram a ideia de que eu apresentasse o noticiário. Aí, por acaso, eu precisei fazer um curso técnico de Radialismo, mas ele era no horário do tal telejornal. Para que eu pudesse fazer o curso, me transferiram para o Jornal de Amanhã, um noticiário de rede. E também foi por acaso que o Boni estava comendo macarrão com a mulher e ela, ao olhar para a TV, perguntou: “Vocês não estão procurando um apresentador para São Paulo?”. No dia seguinte, o Boni mandou um recado para a direção da Globo: “Achem o cara do jornal da noite da Bandeirantes”.
     
    Você acredita em destino?
    Eu acredito em perseverança e talento, mas acredito também em sorte. Se não acreditasse em sorte, eu seria injusto. Se tivesse demorado um mês a mais para fazer o curso de Radialismo, não teria ido para o jornal de rede. E, na noite em que o Boni estava jantando, eu não estaria no ar. Quem estaria apresentando seria um cara chamado Rafael Moreno. Eu não sei onde estaria agora.