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quinta-feira, março 28, 2024

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Bi no Jabuti, Laurentino Gomes escreverá 1889 nos EUA

Laurentino Gomes (ex-Abril) vencedor do 53º Prêmio Jabuti, categoria Livro do Ano em Não Ficção, com 1822 (Nova Fronteira), obra já vencedora na categoria melhor livro-reportagem, embarca no próximo dia 27/12 para os Estados Unidos com a mulher e sua agente literária. Durante um ano eles vão levar uma vida de estudantes, morando em um alojamento no campus da Penn State ? a Universidade Estadual da Pensilvânia ?, situado na pequena cidade de State College, a duas horas de Nova York e a três da Filadélfia. Laurentino vai aproveitar para terminar a pesquisa de 1889. Para isso, já encaixotou os mais de cem livros que ainda tem que ler sobre o tema. Voltarão para Itu, onde moram atualmente, só em dezembro de 2012. Se tudo correr bem, trará na bagagem a nova obra praticamente pronta. A seguir a entrevista que ele deu ao Jornalistas&Cia, em sua última edição (824) Jornalistas&Cia ? Quantos exemplares foram vendidos até agora de 1822, nos diferentes formatos? E qual a contabilidade do 1808? Laurentino Gomes ? Somados, os dois livros já venderam 1,2 milhão de exemplares no Brasil e em Portugal. Lançado em setembro de 2007 na Bienal do Rio de Janeiro, 1808 tornou-se o livro brasileiro recordista no ranking dos mais vendidos da categoria não-ficção. São 187 semanas na lista até agora. O recordista anterior era Estação Carandiru, do dr. Dráuzio Varella, com 160 semanas. Sozinho, 1808 já ultrapassou a marca de 800 mil exemplares vendidos, em 27 edições consecutivas. 1822 já chegou pelo menos à metade disso, com cerca de 400 mil exemplares de venda. J&Cia ? Como anda a produção do 1889. Será esse mesmo? Já tem data para lançar? Laurentino ? Será mesmo 1889, sobre a proclamação da República. O plano é lançar em 2013. Essa é uma ideia que foi ganhando corpo desde o lançamento do primeiro livro. O objetivo é fechar uma trilogia com datas que explicam a construção do Brasil durante o século XIX, ou seja, 1808, ano chegada da corte de D. João ao Rio de Janeiro, depois 1822, data da Independência, e por fim 1889, que marca da proclamação da República. O estudo dessas três datas é fundamental para entender o Brasil de hoje. Estou no começo das pesquisas. A bibliografia mapeada até agora envolve mais de 150 obras sobre o tema. É esse o trabalho que me espera no próximo ano e meio. Nesses últimos meses, no entanto, já venci algumas etapas importantes desse percurso. Li 32 livros, incluindo toda a obra do mineiro José Murilo de Carvalho, talvez o nosso maior especialista em Segundo Reinado e nos primeiros anos da República. Também li A República não esperou o amanhecer, de Hélio Silva; As barbas do imperador, de Lilia Schwarcz; e História da queda do império, de Heitor Lira, entre outros estudos que ajudam a iluminar o início da nossa tumultuada vida republicana. J&Cia ? Pode nos antecipar alguma curiosidade que você já descobriu em suas pesquisas e que abordará no livro? Laurentino ? Uma conclusão inevitável até agora: a proclamação da República brasileira foi resultado mais do esgotamento da monarquia do que do vigor dos ideais e da campanha republicanos. Incapaz de se reinventar e promover as reformas necessárias para atender as novas demandas geradas pela realidade brasileira, o império sucumbiu na manhã do dia 15 de novembro de 1889 em um golpe militar improvisado, sem participação popular e sem qualquer reação do próprio D. Pedro II, que parecia aceitar o rumo dos acontecimentos de forma passiva e resignada. ?O povo assistiu a tudo bestializado?, escreveu o jornalista Aristides Lobo ao descrever os acontecimentos daquele dia no Rio de Janeiro. A própria ideia de República não estava madura e os seus articuladores tinham pouca noção a respeito do que fazer com o país que herdavam do imperador. A abolição da escravatura, no ano anterior, tirou a base de apoio que a monarquia desfrutava na oligarquia rural brasileira. Os republicanos, que até então conseguiam precário apoio nas urnas, encontraram nos militares o elemento de apoio que lhes faltava. Havia enorme descontentamento nos quartéis desde o final da Guerra do Paraguai. Oficiais e soldados consideravam-se injustiçados pelo governo do império. Nada disso, porém, teria funcionado em 1889 caso a própria monarquia já não estivesse corroída nas suas bases. O império brasileiro caiu inerte, incapaz de mobilizar suas forças e reagir contra o golpe militar liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca. J&Cia ? Tem se dedicado apenas a escrever a próxima obra ou continua dividindo seu tempo em escrever e promover as edições lançadas? Laurentino ? A maratona de lançamentos de 1822 terminou há duas semanas. Foram 14 meses de viagens, nas quais visitei 80 cidades e participei de mais de cem eventos, incluindo palestras, aulas, feiras literárias e sessões de autógrafos. Desde que saí da Abril, em maio de 2008, já percorri 22 dos 27 estados brasileiros, além de dar palestras em Portugal, no Chile, no Canadá e em Belize. Mas agora chegou a hora de parar tudo e me dedicar ao próximo livro. No próximo dia 27, mudo-me para os Estados Unidos com a minha mulher e agente literária, Carmen.

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